Please note that Tapas no longer supports Internet Explorer.
We recommend upgrading to the latest Microsoft Edge, Google Chrome, or Firefox.
Home
Comics
Novels
Community
Mature
More
Help Discord Forums Newsfeed Contact Merch Shop
Publish
Home
Comics
Novels
Community
Mature
More
Help Discord Forums Newsfeed Contact Merch Shop
__anonymous__
__anonymous__
0
  • Publish
  • Ink shop
  • Redeem code
  • Settings
  • Log out

Marca da Vontade

Capítulo 16 (Parte 1) - Herdeira de Katharos

Capítulo 16 (Parte 1) - Herdeira de Katharos

Dec 29, 2022

10 anos atrás...

 

Tudo estava limpo naquele dia, mais uma reunião de todas as famílias serventes para realizar a purificação de praxe. Entretanto, devido à proximidade com o casamento do atual líder Buloke, todos haviam se reunido na mansão para fazer um aquecimento e conhecer a felizarda.

A mesa da cozinha está cheia, reunindo tanto as crianças da casa quanto figuras que estão batendo papo entre si em família. Porém, alguns espaços estavam livres devido à falta de fome anunciada pelos ali presentes. Sendo assim, distantes, tagarelavam baixinho longe do ambiente de pura recepção e sorrisos.

Nessa conversa, o líder da família Gilwell, Johan Gilwell e o líder da família Buey, Sérgio Buey perdem um tempo papeando aos cochichos, sendo uma oposição a harmonia criada no espaço após a parede que estavam debruçados.

— Não entendo esses Bulokes, sempre se envolvendo com eles. — O tom de voz rasgado de Sérgio faz parecer que ele está raivoso com frequência, então, destacou seu claro incomodo com Sabrina.

— Bizarro que foi o Adriano que iniciou esse costume, decidindo ir pro meio do mato ficar com aquela Nadiu.

— Pois é... No final das contas, tal pai, tal filho, né?

— Apesar da escolha do pai ser mais doida, já que sabia que iria perder a esposa posteriormente.

— Olhando por esse lado, até que faz sentido ele ter escolhido uma Valente pra casar. Olhando em retrospecto, eles não deixam de servir a gente, não é mesmo? — Ao final de sua sentença, puxou uma sutil risada que contaminou o jovem Johan.

Assim, os dois se voltaram em direção ao banquete, observando de longe com as mãos cobrindo as bocas enquanto fitavam os detalhes das crias do futuro casal que estava próximo de confirmar seu matrimônio.

— Dá uma olhada naquela menina. — Sérgio, o homem mais velho, mexe os ombros de maneira disfarçada, destacando a garota, de pele escura com longos cabelos cacheados que chegavam a cintura, utilizando um vestido de jardineira com a estampa florida.

— O que tem?

— Tipo, ela é totalmente diferente do irmão dela e a cara da mãe. Pra mim, está muito claro que ela não é filha do Luiz.

— Você está supondo que ela é uma filha fora da relação deles? Uma criança que veio junto?

— Estou te falando... Vai dizer que nunca ficou sabendo dessas histórias? Sem contar que esses Valentes são selvagens, obviamente trepam igual o diabo entre eles.

— Não duvido nada, viu? Eu não me envolveria por nada, risco de pegar doença. Sai pra lá. — Johan satirizava com seriedade na voz, parecia que não estava falando sobre um ser humano, sim, um perigo a ser combatido.

— Pra mim, um Fiel a Sândalo, uma posição tão honrada, casar com uma “pecadora” dessas é um ultraje! — Aproveitando da sua distrição, Sérgio revirava os olhos com nojo.

De certo modo, não era apenas eles que se incomodavam com a presença de Sabrina ali. Embaixo das cortinas, cada um detestava pensar que a “pureza” da família estava sendo ameaçada. Enquanto transvestiam sorrisos na frente dos inquilinos, esperavam o primeiro “erro” para expor seu ódio.

— Mamãezinha, acabei! — A garota estendia os braços com entusiasmo.

— Tá bem, Raissa.

A mãe, do lado da baixinha, assente enquanto acariciava os lindos cachinhos da sua filha, liberando que ela saísse para descansar o almoço. Sendo assim, a sapeca levantou rapidamente, girou toda a mesa contente e subiu para seu quarto. Os ligeiros passos de Raissa despertaram um desconforto instantâneo em quase todos os membros não simpatizantes com a presença da dupla ali.

Porém, apenas a esposa de Sérgio, Raquel Buey externou um desconforto que estava perturbando-a desde quando chegou.

— Por que você não faz dreads na sua filha também?

— E que ela tem um...

— Ou alisa, sei lá! O cabelo ruim dela me dá uma agonia, sabe? Ainda mais cheio do jeito que tá, não parece combinar com o rosto dela.

— Hm... — O brilho nos olhos da loira desapareceu.

Afinal, considerava o cabelo de Raissa, um dos legados mais lindos que poderia ter dos seus pais, entretanto, como tinha escolhido amar um homem, que apesar de esbanjar gentileza, vivia num cenário tão destoante do que estava acostumada. O seu pensamento fazia ela abaixar a cabeça perante aquelas palavras.

“Tudo bem, eu preciso dar um jeito nisso.”

(...)

 

O almoço encerra.

Uma luz escapava de fresta da janela, batendo na mesa que estava a escova progressiva separada para a mãe iniciar seu processo. Dessa forma, Sabrina estava separando os itens necessários para finalmente iniciar o processo demorado em prol de transformar o cabelo da filha.

— Mamãezinha, o que você vai fazer comigo?

A jovem adulta respira fundo, recolhendo forças para seguir comentando sobre suas duras escolhas.

— Irei dar um tapa no seu visual!

— Um tapa? Mas eu não fiz nada de errado! Eu comi bonitinho na mesa. — Raissa faz beicinho.

— Não, tonta. A mamãe não vai te bater, eu vou fazer uma alteraçãozinha no seu cabelo pra você ficar ainda mais bonita, sabe?

— Mais bonita?

— Sim... A titia Raquel que deu a ideia.

Sabrina tentava disfarçar o vazio sem sentido que sentia com um singelo semblante de alegria que não conseguia enganar ninguém. Muito menos, sua pequena cria que recepcionou aquela informação com confusão, mas, entendeu que sua mãe estava se esforçando pra algo e pressionou suas pequenas mãozinhas com doçura.

— Tudo bem, mamãe. — Erguendo seu rostinho mostrando seu largo sorriso, a pequena completa: — Confio em você pra ficar lindona, tá bão’?

O consentimento que sua filha lhe concebeu rasgou o interior até o âmago de Sabrina como uma motosserra, fazendo-a ignorar as palavras dela e partindo para sua posição, atrás da menina. Pegando uma cadeira e segurando os longos cabelos de Raissa.

“Tá tudo bem. Vamos.”

— Minha filha. Posso te contar uma história?

— Pode, mamãe. — Raissa fechou os olhos, tentando lidar com a quentura do secador da sua mãe que rebate nos produtos químicos.

— Há muito tempo, na outra parte do oceano, existia um forte país chamado Cygnus, onde vivia um povo alegre, inteligente que se destacavam dos demais. Eles eram conhecidos como Valentes. A principal característica dos Valentes era a facilidade deles nas descobertas graças a uma habilidade de desmaterializar a matéria que ajudava eles no avanço do conhecimento geral sobre o mundo, até eles estabelecerem a criação da hoje, conhecida “tecnologia”.

— Uau! Então, eles eram iguais os cientistas de hoje?

— Quase isso, porque as engenhocas deles também mexia com arte. Eles se divertiam fazendo gravuras, esculturas e pinturas mexendo com as matérias primas de cada objeto.

— Que doido... Como eles eram?

— Eles eram iguaizinhos a gente com a cor de pele mais escura, a diferença eram suas roupas que tinha muito tecido e diversas camadas.

— Oxi! Então, somos Valentes, mamãe? — Raissa abria os olhos, questionando com empolgação na voz.

— Parentes deles, filhota.

— Nossa...

Um pequeno silêncio no ar, consagrando vários pontos de interrogação na mente da garotinha e estabelecendo um amargor na Sabrina, que não se segura para contar o lado sombrio da história.

— Mas, tudo mudou quando algumas pessoas más da época se incomodaram e invadiram Cygnus com objetivo de atrapalhar o desenvolvimento das pesquisas. Então, eles capturaram os casais como escravos.

— Poxa...

— Essa escravidão durou por um bom tempo... Mas, nem tudo foi desespero, pois um homem chamado Lucian, um dos Valentes que não foi capturado, revoltado com a opressão do seu povo, invadiu Lyra, o lugar onde essas pessoas más ficavam e num ataque corajoso, derrotou os súditos e forçou o rei a decretar o fim da escravidão.

— Ele derrotou todos sozinho?

— Algumas histórias dizem que sim, porém, o relato mais próximo do que aconteceu diz que ele conseguiu vencer com a ajuda dos seus companheiros próximos. Um desses, inclusive, relatou que os pais foram mortos por rejeitarem a condição que estavam.

— Que triste... Pelo menos as próximas pessoas foram salvas, né?

— Por um tempo... Porque, futuramente, eles revidaram com ataques velados em algumas vilas dos libertos e assim, catequizaram muito deles.

— O que é catequizar, mamãe?

— Hm... Depende muito da situação. — Sabrina tenta não pisar em espinhos ao esclarecer isso para sua filha. — Às vezes, catequizar significa você ensinar alguém sobre algum Deus que acredita. Tentando... levar essa pessoa pro seu lado, sabe?

— É tipo formar um time?

— Olha que garota esperta! — Raissa tem a cabeça cariciada por sua mãe, orgulhosa. Entretanto, mesmo com esse cuidado, não conseguia conter a angustia que sentia ao lembrar do que estava relatado na história. — Só que nesse caso, catequizar está mais ligado a “obrigar” alguém seguir exatamente aquilo que você acredita ser o certo, mesmo que a pessoa não concorde.

Enquanto o emaranhado de palavras sai da sua boca é como se elas entrelaçassem no pescoço dela como uma corda sendo apertada, tudo estava tão sufocante que utilizou suas lagrimas como escape sutilmente como um sussurro.

“O que eu estou fazendo com ela?”

Seu pensamento evoca num garrancho na voz que deixa sua dor ao observar sua situação atual.

— Nesse sentido, você apaga os vestígios do que faz aquelas pessoas serem aqueles pessoas e adequam elas a sua maneira de viver... tal como... — Lutava contra suas próprias forças sendo drenadas enquanto finalizava o primeiro passo do processo de alisar o cabelo de Raissa, sendo assim, fraquejou com o peso do seu corpo cedendo.

— Tal como? Mamãe, o que foi? — A menininha questiona com o olhar aéreo, virando o corpo ao mesmo tempo que tenta entender a súbita reação da sua mãe.

— Fuuu... — O nó em sua garganta cresce, por isso, fachada de Sabrina racha. Assim, ela salta na sua filha, segurando-a pelos ombros com um abraço sufocado de culpa. — M-me desculpa, meu amor...

“Mamãe?”

— Eu queria ser mais forte por você, mas não consigo.

As várias perguntas que ocupavam a cabeça da jovem Raissa talvez fossem apenas uma vírgula em tudo que ela iria viver posteriormente, dado que não enxergava o significado daquelas lágrimas e nem do real motivo que motivou sua mãe de abandonar os cachinhos dela. Só poderia fazer biquinho enquanto retribuía o abraço da sua mãe, numa tentativa de confortá-la.

(...)

 

Alguns dias depois, num dia ensolarado onde a criança preferia buscar um refúgio longe dos fortes raios que fadigavam qualquer um, Raissa escolheu se pendurar nos galhos de uma grande árvore, sentada, usando as folhas como um véu que filtrava o calor como um guarda sol natural. Dessa forma, se reunia com sua amiga, uma menina de mesmo tom de pele que ela, porém, com olhos de um verde delicado, quase diáfano que realçava seu entorno castanho quando rebatia nos raios solares, assim como aproveitava daquela fresta para encorpar numa beleza única.

A Buloke sempre perdia parte do seu raciocínio quando cruzava o olhar com Júlia, aquela que esbanjava juventude e alegria nas suas ações, tal como seu nome indicava.

— Uii... Parece que encontramos um refúgio aqui em cima. Esse calor tá de matar!

— Já até acostumei a subir aqui por conta disso.

Uma corrente de ar impetuosa cruza aquele espaço abruptamente, cortando o ar com uma potência esquisita, mas sem ameaçar o equilíbrio de nenhuma das duas. Apenas ocasionava no balanço suave dos seus fios de cabelo, ressaltando a meiguice de Raissa, criando um instante perfeito que pedia uma fotografia.

— Raissa, — Júlia, segurou uma parte dos fios da companheira com uma elegância refinada, tal como um príncipe em um conto de fadas antigo — por que você alisou seu cabelo? Seus cachos eram tão lindinhos, poxa...

— Bem, foi minha mãe que decidiu... Mesmo assim, ela ainda parecia meio triste. — Com a cabeça abaixada, um pouco perplexa, a garota sorriu com certa melancolia, mostrando um pouco da sua confusão.

“Por que ela ficaria triste? Hm... Será que ela...”

— Entendi, que pena... Além de deixar seu rosto ainda mais lindo, ele fazia mais sentido com você, sabia?

— Como assim?

— Já te explico. — Júlia usava o dedo indicador esticado para encostar nos lábios da sua amiga, estando bem próxima para usar o baixo tom de sua voz. — Antes, vamos brincar de esconde-esconde. Duvido você me achar!

Aquele sorriso travesso, cheio de malícia, funcionava como um convite irresistível, no qual, instigava Raissa a seguir a menina de longos cabelos crespos em formato black power para qualquer atividade que ela for propor. Júlia tinha o total domínio sobre ela.

— Tô dentro!

Elas descem da árvore rapidamente, e a menina que aceitou a proposta começa uma contagem de quinze segundos, com o objetivo de partir mata adentro em busca da sua amiga.

— Aqui vou eu!

De forma surpreendente, ela tinha desaparecido e sumido com qualquer vestígio da sua presença com uma certa velocidade. Porém, o silêncio daquele local entregava a força dos seus passos que guiavam Raissa que estava com os ouvidos atentos a anormalidades que fossem ficar evidentes.

Um passo de cada vez, ela se distanciava da região próxima à casa dela, onde ela sabia que levaria a cidade. E se aproximava de uma região montanhosa, que escondia tantos segredos quanto a figura que ela estava a procura. Sem dúvidas, ali era o esconderijo perfeito para qualquer um.

“Ela nunca chegou a se esconder por aqui. É o único lugar onde ela deve pensar que eu não iria me aproximar...”

Tensa, ela se desestabilizou com uma mexida no arbusto perto de uma caverna, sendo assim, correu em direção para emboscar Júlia, entretanto, fora surpreendida por uma ameaça de cima que fechou uma chave de perna na menina Buloke.

— Te peguei, favo de mel.

— M-me larga! Isso não vale! — Os gritos de Raissa estavam abafados pela força que a Júlia estava exercendo, suficiente apenas para imobilizá-la, mas que tirava o ar da menina delicada que não era acostumada com um cenário de batalhas.

— Ok.

— Huff... puff... — Ela suspirava agachada com as mãos no pescoço.

De pé, Júlia adentrava caverna com passos lentos e controlados, demonstrando sua mansidão em aguardar Raissa se recuperar, deixando suas mãos entrelaçadas nas costas. Olhando de soslaio para atrás, a jovem enuncia com certa animação no olhar que serviria como um incentivo para a menina ajoelhada:

— Depois daqui, você vai encontrar um lugar onde irão te explicar a beleza dos seus cachos... Onde estão seus ancestrais, o nosso povo. Convida sua mãe e vamos embora daqui, favo de mel.

Olhando adiante, Raissa pensava nas respostas que poderia encontrar sobre os Valentes que sua mãe havia lhe apresentado, porém, tinha medo de dar aquele passo sem ela, principalmente a ideia de conhecer o desconhecido por conta própria. Ainda faltava coragem para aquela criança que ainda precisava da sua progenitora para bastante coisa. Em contraste a Júlia, inabalável que parecia conhecer o inferno e o encarava de volta. Mesmo assim, os olhos de Raissa brilharam, mas o aperto em seu peito deixava claro que seu coração ainda hesitava.

custom banner
othi_oficial
O Thi

Creator

Comments (5)

See all
AoiTakashiro
AoiTakashiro

Top comment

Passado da Raissa! Finalmente!

0

Add a comment

Recommendation for you

  • Secunda

    Recommendation

    Secunda

    Romance Fantasy 43.1k likes

  • Silence | book 2

    Recommendation

    Silence | book 2

    LGBTQ+ 32.2k likes

  • The Sum of our Parts

    Recommendation

    The Sum of our Parts

    BL 8.6k likes

  • Siena (Forestfolk, Book 1)

    Recommendation

    Siena (Forestfolk, Book 1)

    Fantasy 8.3k likes

  • What Makes a Monster

    Recommendation

    What Makes a Monster

    BL 75.1k likes

  • Find Me

    Recommendation

    Find Me

    Romance 4.8k likes

  • feeling lucky

    Feeling lucky

    Random series you may like

Marca da Vontade
Marca da Vontade

23k views214 subscribers

Raimundo e Raissa são dois irmãos de uma das doze famílias serventes, aquelas que recebem os poderes dos discípulos de Sândalo pelo passar das gerações. Raimundo é o primogênito da família Buloke, sendo taxado como escolhido para seguir o legado da família e proteger todos do mal. Entretanto, o mesmo não desperta as cores da sua "marca da vontade" e tenta fugir de seu destino sendo um garoto normal, porém alguns inimigos da família não querem deixar isso barato.

Autor: O Thi (@othi_oficial) - Ilustrador: Rren (@rren_san)
Subscribe

120 episodes

Capítulo 16 (Parte 1) - Herdeira de Katharos

Capítulo 16 (Parte 1) - Herdeira de Katharos

47 views 5 likes 5 comments


Style
More
Like
List
Comment

Prev
Next

Full
Exit
5
5
Prev
Next