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Sara [e] Alana (cancelada; em breve na Amazon)

Capítulo 15 - O preço de um amor proibido (2)

Capítulo 15 - O preço de um amor proibido (2)

Dec 07, 2024

Sara permaneceu imóvel, com um pé em frente ao outro, surpreendida por estar na mira do aurano Mostar. Não ousou sequer abrir a boca. Temia que um único movimento seu pudesse desencadear o ataque. Sabia que a energia aurânica, disparada à queima-roupa, lhe traria consequências graves — poderia deixá-la inconsciente, ou pior, matá-la.

— Espere. Ela está conosco — declarou uma voz familiar. 

Embora paralisada de medo, Sara arriscou mover levemente o pescoço, espiando de soslaio.

— Pai? — disse ela, reconhecendo-o ao lado do vulgar que havia visto em casa. Uma esfera de luz branca flutuava acima deles, lançando uma pálida iluminação no interior da cabana.

O alívio inundou seu peito quando o aurano amarelo desvaneceu a energia que cintilava na mão e abaixou o braço.

— O que está fazendo aqui, Sara? — indagou Camilo, o tom severo, mas com um leve traço resignado. — Não deveria estar na cama a essa hora?

— É que eu acordei e escutei barulhos. Quando fui ver o que era, vi esse cara na sala — explicou, apontando o dedo para o vulgar. Logo deu um passo em direção ao pai, buscando esclarecimentos. — O que está havendo? Por que o Mostarda tá aqui? 

— Do que você me chamou? — disse o aurano, estreitando os olhos.

Uma risada preencheu o interior da cabana. Vinha do garoto vulgar, de aparência franzina e estatura baixa.

— Não tem graça, Lipe — protestou Juan, melindrado.

O jovem levou alguns segundos para se recompor.

— Desculpa, Mô… Mas achei engraçado — disse ele, os lábios ainda curvados em um sorriso, tentando disfarçar o riso.

— Foi mal — disse Sara, voltando sua atenção para o aurano. — É só um apelido que criei quando minha…

— Espera, você é vulgar? — interrompeu Juan, ignorando a justificativa dela. — Não estou vendo madeixas azuis no seu cabelo. — Em seguida, olhou para Camilo. — É sua filha, não é? Foi adotada? Ou é mestiça?

— Nem uma coisa nem outra — respondeu o aurano vermelho, com firmeza. — Sara Buarque é minha filha legítima, e a mãe dela também era fidalga. Mas, por causa de uma condição congênita, a aura dela é mais equiparável à do Felipe do que à sua. 

— Então ela é uma vulgar igual a mim? — perguntou o rapaz chamado Felipe.

— Não! Não sou — Sara protestou, erguendo a voz. — Sou fidalga, igual ao meu pai. 

Felipe comprimiu os lábios, claramente arrependido por ter contrariado a garota. Juan, no entanto, permaneceu cismado.

— Camilo… Mesmo sendo sua filha, podemos confiar nela?

— Tanto quanto vocês confiam em mim — respondeu ele, trocando um olhar rápido com a garota. — Agora vamos indo. Estamos correndo contra o tempo.

— Mas por que a pressa? — Sara perguntou, desorientada. — O que estão fazendo aqui, afinal? Esse lugar não era um segredo de família?

Camilo suspirou, impaciente.

— Explico depois, Sara. Vamos.

Ele abriu a porta da cabana, permitindo ao vento frio da noite percorrer o recinto. Juan apanhou uma bolsa de viagem jogada no chão e seguiu atrás de Camilo, acompanhado de Felipe. 

Curiosa e inquieta, Sara saiu atrás deles. Assim que seus pés descalços tocaram a areia, deu uma boa olhada na vastidão sombria do mar e na escuridão que abraçava o interior da ilha, torcendo para que a caminhada na praia não se tornasse um passeio na mata. Antes que pudesse acelerar a passada para alcançar o pai, que andava à frente dos rapazes, Sara flagrou o vulgar segurando a mão do fidalgo, ambos entrelaçando os dedos como um casal de namorados. E a visão da bolsa de viagem pendurada no ombro de Mostar a fez compreender toda a situação

Recordou-se da entrevista de Juan durante o teste de graduação, sobre ele ter mencionado que seu coração já pertencia a alguém. Nunca imaginou, porém, que esse alguém seria um homem. Mais que isso, um vulgar! Era a primeira vez que testemunhava um casal como aquele. Era… estranho. Errado? Seu tio Célio se apaixonara por uma humana, o que era um tabu ainda maior. Mas isso? Um relacionamento entre castas distintas? Entre um fidalgo e um vulgar? Ainda lhe soava… anti-natural. Juan e Felipe não deveriam estar juntos. A lei era clara. “É terminantemente proibido o relacionamento amoroso entre um membro da casta vulgar e um membro da casta fidalga”. Se forem descobertos pela polícia, seriam condenados a passar anos na prisão. Só que seu pai era policial. E estava ajudando os dois!

— Quer um autógrafo? — Juan interrompeu seus pensamentos, lançando-lhe um olhar zombeteiro por cima do ombro. — Está me encarando bastante.

— Não, obrigada. Não sou sua fã, na verdade — respondeu ela, apressando o passo para se alinhar ao aurano. — Mas minha irmã é. Ela é apaixonada por você.

— Muitas garotas são.

— Bem, pelo que vejo, acho que as mulheres nunca teriam chance com você.

Juan soltou uma risada curta.

— Teriam se eu estivesse solteiro. Eu sou bi. Por isso, o Lipe morre de ciúmes delas.

— Ah, Mô. Não exagera — retrucou o vulgar. — Só fico irritado com as malucas que se aproximam de você só pra te beijar bem perto da boca.

Juan consolou o namorado dando-lhe um beijo rápido nos lábios.

— Se preocupa não, Lipe. Pra onde vamos, eu não terei nenhuma fã tentando me assediar. Na verdade, meu único fã vai ser você.

— E pra onde vocês estão indo? — Sara quis saber. A bolsa de viagem era um sinal óbvio de que estavam usando o espelho de Greine para deixarem o país sem serem notados pelas autoridades.

— Hmm… — O aurano parecia relutante em responder.

— Liberfil — disse Camilo, sem se virar, sua voz firme cortando a noite.

Um ponto de interrogação despontou na cabeça de Sara. Liberfil? Esse era o único país do além-Leviatã que proibia a entrada de neriquianos. Como os dois fariam para entrar lá? E por que justo aquele lugar? Ela entenderia se fosse qualquer outra região, um refúgio onde pudessem passar um tempo juntos, escondidos dos olhares da sociedade neriquiana. Até mesmo a ilha onde estavam iria servir, tal como seu tio Célio fizera com a humana, embora isso pudesse colocar a família Buarque em risco por ser cúmplice daquele relacionamento. 

Sara então compreendeu que Juan e Felipe estavam planejando algo muito mais ousado. 

— Vocês dois… estão fugindo de Neriquia?

O aurano trocou um olhar cúmplice com o namorado antes de responder:

— Só queremos um lugar onde possamos ficar juntos. Nada mais.

A simplicidade daquela resposta não suavizou o choque que Sara ainda sentia. Ela franziu o cenho e encarou o fidalgo que sua irmã tanto adorava.

— Sério que está desertando? Um aurano famoso como você?

Ainda que compreendesse a situação, algo dentro de Sara relutava em aceitá-la. Juan Mostar estava disposto a abandonar sua fama e seu status por algo proibido segundo a lei. Ele estava disposto a jogar tudo isso fora, arriscando não apenas a carreira, mas a própria vida, por amor.

— Não conte para ninguém, está bem? Nem para sua irmã — disse o aurano, num tom mais sério, quase suplicante.

Sara encontrou o olhar de seu pai. Ele caminhava um pouco à frente, mas os olhos dele a miravam, como se buscasse silenciosamente a compreensão da filha.

— Acho que não tenho escolha, tenho? — concordou ela, com um suspiro.

Ainda bem que não acordara Alana para trazê-la junto. Não saberia a reação da irmã ao descobrir que seu amor platônico namorava um rapaz vulgar e que ambos estavam deixando o país para nunca mais voltarem. 

O grupo continuou percorrendo a encosta da ilha. A lua alta refletia sua luz pálida sobre o mar, delineando as ondas que se quebravam, enquanto o vento agitava suavemente as folhas das árvores. Quando finalmente chegaram a um pequeno cais de madeira, uma embarcação modesta os aguardava, balançando levemente ao ritmo da maré.

 O casal subiu a bordo, conferindo o estado do barco e as provisões estocadas para a viagem. Camilo, pelo visto, já havia preparado a fuga deles. Sara observava em silêncio, aceitando a realidade de que eles estavam realmente partindo para o continente eldriano, deixando para trás Neriquia e todo o mundo que conheciam.

 — Quando estiverem perto de aportar em Eldria, não se esqueçam de tomar a droga para se misturarem entre os humanos — alertou Camilo

Sara arqueou as sobrancelhas. Droga? Misturar-se entre os humanos? Como isso seria possível? Apesar das dúvidas, manteve-se calada, enquanto o pai continuava:

— Não percam tempo em Talares. Procurem chegar a Liberfil o mais rápido possível.

— Certo. Vamos fazer isso — assentiu Juan, na beirada do barco. — A gente agradece de coração pela ajuda. A Sola…

— Ah, deixe para agradecer quando estiverem morando no sítiozinho de vocês, certo? Embora eu provavelmente nunca vá saber — disse Camilo, com uma risada leve.

Juan sorriu de volta, seus olhos encontrando brevemente os de Sara antes de se voltarem mais uma vez para o aurano vermelho. Em seguida, enquanto Felipe arrumava algumas caixas na proa, Juan levantou âncora e deu partida no motor. O barco começou a se afastar lentamente, ganhando distância do cais.

— Bo-boa sorte! — gritou Sara, movendo a mão em despedida. 

Ela foi respondida por dois acenos e um grito de “adeus” de Juan Mostar enquanto a embarcação ia se apequenando sobre o vasto oceano. A visão do casal partindo deixava um sabor agridoce em sua boca.

— Será que verei eles de novo algum dia? — Sara perguntou ao pai, sem tirar os olhos do mar. 

— Espero que não. Os únicos neriquianos que eles querem ver pelo resto da vida são eles mesmos.

— Que pena. Eu devia ter aproveitado e pego um autógrafo do Mostarda — comentou num tom de leveza, ainda que resignado.

Camilo riu, mas logo lhe perguntou com seriedade:

— Quero que seja sincera, Sara. Ver aqueles dois juntos te incomodou?

Ela não respondeu de imediato, mas quando o fez, sua voz saiu firme.

— Não.

— Ótimo. Bom saber que não vai me delatar por ajudar num crime de deserção.

— Não me importo de ser sua cúmplice.

Pai e filha, então, começaram a caminhar de volta pela praia, os pés afundando na areia fria e úmida. O vento soprava mais forte agora, carregando consigo o cheiro salgado do mar. De repente, algo leve e pequeno flutuou diante de Sara, chamando sua atenção.

— O que foi? — perguntou Camilo, ao perceber que a filha havia parado.

Era uma folha, grande e comprida, balançando suavemente no ar como se guiada por mãos invisíveis. Sara a apanhou e, ao segurá-la mais de perto, notou algo escrito nela. Seus olhos se estreitaram para enxergar aquelas palavras à luz do luar: “Juan Mostarda”.



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Luiz F. Teodosio

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SINOPSE:

Sara e Alana Buarque são irmãs gêmeas de uma família fidalga em Neriquia, onde as duas castas que compõem a sociedade são hereditárias e medidas pela quantidade de aura nos corpos. Mas enquanto Alana ostenta uma aura intensa que tinge seu cabelo de azul, Sara, sem qualquer traço de cor nos cabelos, enfrenta o peso de uma condição rara que a limita, colocando em dúvida seu valor na casta fidalga ao ponto de algumas pessoas considerarem-na uma neriquiana de casta vulgar.

À medida que a idade adulta se aproxima, Sara almeja ingressar na Academia da Aura, uma instituição militar que forma os auranos - guerreiros mágicos destinados a proteger as terras humanas contra monstros conhecidos como desgarrados. No entanto, se apenas os neriquianos com cor nos cabelos têm a capacidade de manipular a própria aura, Sara questiona se poderá realmente trilhar o mesmo caminho de sua irmã.

Com doses de slice of life, romance, drama e ação, "Sara [e] Alana" é uma saga de identidade e autodescoberta, onde o sangue e os sonhos se entrelaçam para além das convenções.

CRONOGRAMA:

Os capítulos são publicados aos sábados.
A 1º temporada terá 33 capítulos.

RECOMPENSAS PARA LEITORES:

Ganhe pontos ao deixar comentários nos capítulos e/ou realizando atividades extras. Ao final de cada temporada, os leitores com as maiores pontuações ganharão ebooks de autores nacionais.

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Capítulo 15 - O preço de um amor proibido (2)

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