Casa da Sayuri, sábado de manhã, 13 de março.
A casa de Sayuri estava novamente pronta para receber novas pessoas. Os eventos ocorridos envolvendo as modelos trouxeram o aparecimento de novas Potentia.
Elas marcaram para se apresentarem. Para as habitantes de Utopia, o conceito daquele tipo de poder era claro, mas para as terráqueas era tudo ainda muito abstrato ainda. Além disso, era melhor que as aliadas se conhecessem e pudessem tirar possíveis dúvidas.
Todas foram convidadas, porém Aino decidiu não revelar seus poderes, nem mesmo para Yukino, e por isso optou por continuar no anonimato, sem aparecer.
A campainha tocou e Sayuri atendeu às convidadas Hitomi, Nami e Hana.
— Sejam bem-vindas! Sintam-se em casa!
— Licença. — pediu Hitomi, entrando na casa, percebendo que havia muitas pessoas, arregalou os olhos. — Meu Deus, que população!
— Vou começar as apresentações então! — Sayuri abriu as apresentações sorrindo. — Meu nome é Sayuri Ishikawa, sou virginiana e faço aniversário no dia 31 de agosto, tenho 30 anos. Meu poder é o Ar. Sou de Utopia, mas moro na Terra há um tempo, estudei aqui e hoje trabalho como musicista. Ah, sou casada com Ghuang, que conheci aqui mesmo!
— Sou Naoko Mizuno. Escorpiana. Nasci no dia 16 de novembro. Tenho 17 anos, sou de Utopia e estou na Terra pela primeira vez. Meu poder é a água. — se apresentou com calma. — Estou terminando o ensino médio… gosto de escrever.
— Akiko Yajima, muito prazer! — cumprimentou acenando. — Faço aniversário no dia 14 de fevereiro. Sou aquariana, tenho 15 anos. Meu poder é de Cristal. Tô no primeiro ano do ensino médio… curto muito jogar. Meu sonho é um dia trabalhar com games.
— Megumi Hoshino — falou de maneira com postura elegante. — Sou uma libriana clássica que nasceu no dia 10 de outubro. Tenho 22 anos. Sou Potentia de Luz e essa é minha primeira vez na Terra também.
— Oi, sou a Miyu Ikeda. — disse com educação. — Taurina do dia 18 de maio, tenho 14 anos e meu poder é de Planta. Vim de Utopia, estou no primeiro ano do ensino médio. Gosto muito de ciências e botânica!
— Sou a Matsui Yajima, irmã da Akiko! — falou sorridente. — Faço aniversário dia 12 de novembro, sou de Escorpião. Tenho 7 anos, minha Potentia é de Flores. Estou na primeira série e é minha primeira vez aqui também.
— Meu nome é Yukino Umi. — se apresentou, percebendo que já era a sua vez. — Taurina do dia 6 de maio. Tenho 14 anos, nasci aqui na Terra, estudo no primeiro ano do ensino médio. Minha Potentia é de Gelo… gosto de desenhar. Trabalho com minha mãe no escritório.
— Eu sou a Hana Hikari! — cumprimentou sorridente, olhando para as suas mães. — Sou geminiana! Nasci dia 9 de junho, tenho 6 anos e meu poder é de Flores. Moro aqui na Terra e já mudei de cidades um monte de vezes! Agora tô com a Matsui na primeira série!
— Hitomi Hikari. — falou com firmeza. — Leonina colérica de 24 de julho. Tenho 25 anos e minha Potentia é de Fogo. Trabalho como modelo e atuo no mercado nacional e internacional, nasci aqui na Terra. Já vivi em muitos países... Mas agora estou morando aqui.
— Eu sou a Nami Hawk. — disse com um sorriso discreto. — Leonina também, mas mais calma. Faço aniversário dia 26 de julho, tenho 22 anos e minha Potentia é de Ar. Trabalho com design de estampa, e nas horas vagas pinto. Algumas das minhas pinturas viram tecido. Moro com Hitomi, somos casadas e viajamos bastante juntas. Mas algo me chamou atenção….Pelo que vi, os poderes se repetem, é normal isso?
— Sim, se repetem, e existem dois tipos de poderes, os que nós mesmas geramos e os que precisam de um meio externo. — respondeu Sayuri e respirou, colocando a mão na cabeça e mostrando um pouco de preocupação. — Parece que somos todas do primeiro tipo. Deste, costumam ser sete, mas eu não tenho mais certeza de nada. Esse lugar é diferente.
— E nem todas são amáveis, né! Fomos violentamente atacadas por Yesenia. — apontou Hitomi.
— O que percebemos é que estas que nos atacam parecem vir de um planeta distante! — respondeu Megumi.
— DE OUTRO PLANETA AINDA? — se assustou Nami.
— TÁ CHEIO DE ALIENÍGENAS, ENTÃO? — exclamou Hitomi, espantada.
— Olha, nós não gostamos desse termo, apesar de ser tecnicamente correto. — respondeu Naoko, de braços e pernas cruzadas, demonstrando sua irritação.
— MAS TEM UMA COISA QUE EU NÃO ENGOLI AINDA! COMO VOCÊS SÃO ETS MAS PARECEM HUMANAS COMO NÓS? — perguntou Hitomi.
A modelo estava incisiva, não queria sair dali com dúvidas sobre o que estava acontecendo. Porém, não demonstrava filtro algum em sua fala.
— Ei, ei, a humanidade é uma etapa evolutiva dos seres. Não é exclusiva da Terra. Nós somos humanas iguais a vocês. — respondeu Miyu de maneira ríspida, pois estava incomodada com esse papo de quem era humano.
— As coisas parecem muito complexas, eu sei. Mas vamos tentar responder o máximo possível. — explicou Sayuri, tentando manter os ânimos para não criar uma discussão acalorada.
A manhã se sucedeu com uma série de perguntas. Hana e Matsui ficaram brincando durante esse tempo. Foi explicado mais sobre os poderes, expuseram sobre os ataques anteriores, contaram sobre o planeta Utopia e seu fim.
Não havia respostas ainda para todas as dúvidas, mas se esforçaram para que Nami, e principalmente Hitomi, a mais desconfiada, compreendessem o cenário que estavam inseridas da melhor forma possível.
E assim a manhã continuou até o momento de irem embora.
Apartamento de Ren, depois do almoço.
Era um momento animado de convívio na casa de Ren. Todos haviam comido bem e agora estavam conversando e jogando cartas.
— A-HA! +2! — comemorou Maureen, animada.
Ren, Maureen, Dylan e Kenta estavam jogando cartas na mesa da cozinha. O jogo estava disputado, a moça estava ainda compreendendo como funcionam as regras. Estava quase perdendo, quando em uma jogada de sorte tirou a carta certa, tendo a conhecida “sorte de principiante”.
— Olha, virou o jogo! — comentou Dylan, olhando para ela, impressionado.
— Ah, eu ia ganhar... — lamentou Ren, chateado.
Kenta permanecia calado e sem expressão, Maureen sorria com sua jogada de sorte. Eles continuaram a jogar até que Itzel chegou e abriu a porta.
— Boa tarde, voltei! — cumprimentou Itzel.
— Itzel, bem vindo! — cumprimentou Maureen.
— Ah, Maureen, tenho boas notícias. Liberaram o apartamento da frente. Já vi o contrato, você vai morar lá a partir de segunda. — informou Itzel.
— Quê!? Não vou ser sua amiga de aluguel? — reclamou Maureen, com cara de choro.
— Não fique triste, Maureen, posso ir te visitar todos os dias. — flertou Dylan, se intrometendo na conversa e entrelaçando a mão na de Maureen, sorrindo.
— Vai mesmo? — provocou Maureen, percebendo as intenções do rapaz, e entrelaçando os dedos nos dele, olhando para ele e dando um leve sorriso de lado.
— Mano, pelo menos disfarça. — alertou Ren, que já conhecia o jeito galanteador de seu amigo e estava sentindo vergonha pela situação.
Itzel ficou vendo a cena claramente desconfortável, mas não se meteu, pois já conhecia o jeito namorador de sua amiga e sabia que nada ia adiantar tecer comentários.
— Ah! Já vai começar a chover. — informou Itzel.
Maureen sorriu, mostrando ter compreendido o recado.
Avenida Principal, fim da tarde
O céu estava repleto de nuvens carregadas, deixando a cidade cinzenta. Mas isso não impediu que Nami e Hana saíssem juntas para fazer compras no mercado.
Após uma manhã agradável na casa de Sayuri, Hitomi havia voltado ao apartamento e as duas foram ter um momento de mãe e filha.
— E aí!? Se divertiu com Matsui hoje? — perguntou Nami.
— Sim! Muito! Posso convidar ela pra ir lá em casa outro dia? — perguntou Hana, animada.
— Claro! Nossa casa vai ficar bem animada com vocês duas! — comentou Nami, sorrindo.
— Oba! Vou chamar ela no sábado. — respondeu Hana, feliz.
Elas voltavam a pé, conversando animadas e despreocupadas, quando de repente, as gotas começaram a cair do céu. Rapidamente uma chuva forte se formou e pegou as pessoas desprevenidas.
— Ah, começou a chover... — Nami se abaixou e ficou de costas para Hana. — Sobe nas costas!
Ela fez o sinal e logo Hana subiu rapidamente, as gotas geladas já caíam sobre as duas. Nami apressou o passo para chegar na marquise da farmácia o mais rápido possível e se proteger da enxurrada que estava caindo, pelo menos até baixar um pouco o nível da chuva.
Haviam muitos raios e logo um estrondo foi ouvido de não tão longe. Tinha sido um trovão, que assustou a pequena, que se agarrou apavorada à sua mãe.
— Fique tranquila! Logo vamos pra casa! — disse Nami, tentando acalmar Hana.
Enquanto observava o céu, ela percebeu que os raios estavam se unindo em cima de um prédio, de maneira estranha.
— Me parece aquilo que Sayuri falou... Sobre os diferentes tipos de Potentia. — murmurou Nami.
Ela entrou na farmácia e colocou Hana no chão. Então se ajoelhou, ficando na altura da pequena e falou com carinho:
— Hana, espera a mamãe aqui na farmácia.
— Tá... tá bom. — respondeu Hana um pouco triste.
Nami saiu da farmácia e correu em direção ao local onde os raios se juntavam. Antes de atravessar a avenida, olhou para cima do prédio e viu a silhueta de uma mulher drenando os raios em suas próprias mãos, "É... era mesmo!", confirmou.
A mulher, que concentrava a energia dos raios em seu corpo, se mostrava compenetrada em sua missão. "Quase o suficiente", pensou Maureen, se preparando.
Sabendo já da existência de uma rival de eletricidade, que havia sido contada na conversa pela manhã, Nami não perdeu tempo. Lançou sua Potentia de Ar em direção à mulher de cabelos rosa claro.
Maureen foi levantada e levada pelos ventos. A experiência de batalha que possuía fez com que isso não a abalasse, e ela conseguiu se segurar na escada de emergência da loja de peças de carro.
"Como previsto! Elas apareceram!" pensou Maureen. Ela não parecia se abalar com o ocorrido. Na verdade, enquanto se firmava, buscava a fonte dos ventos.
"Perdi ela de vista." A Potentia de Ar cessou seu ataque e começou a procurar sua rival.
Não foi necessário muito tempo. Logo Maureen apareceu na sua frente e as duas jovens ficaram cara a cara. Nami sentiu um frio percorrer sua espinha, mas não fugiu.
— É você a Potentia de Ar com quem Itzel conversou? — perguntou Maureen.
"Ah não, ela é daquele grupo." Nami recuou alguns passos. Ela ia fugir, mas acabou encontrando coragem e a atacou com navalhas de vento.
Maureen desviou o rosto, mas mesmo assim acabou recebendo um corte na bochecha. O corte havia sido leve, mas gotas de sangue escorriam de seu rosto.
— Pelo visto, não. — disse Maureen, que levantou o dedo indicador, aparentemente sem motivo algum.
De seu dedo começam a aparecer pequenos raios e luzes. Nada muito ameaçador a princípio, mas ainda sim, era preciso manter a cautela.
Percebendo que a mulher iria atacar, Nami se posicionou para preparar um contra-ataque. Porém, o que ela não esperava, era que o golpe não viria do dedo da inimiga.
Um raio rasgou o céu e atingiu diretamente Nami, que caiu no chão machucada e tremendo. O que Maureen havia feito foi atrair e direcionar através de seu controle de Potentia.
— Não se preocupe. Foi mais luz mesmo, apenas um pequeno choque, uma Potentia consegue aguentar. Então, vamos conversar? — propôs Maureen.
O que a mulher falou parecia desproporcional ao tamanho do dano que Nami sentia, pois continuava no chão, tremendo. Maureen se aproximou dela para conversarem.
Mas antes que pudesse chegar perto, duas esferas de fogo foram lançadas em sua direção. A mulher percebeu o golpe com antecedência e deu um salto, desviando da grande explosão e das chamas geradas.
As chamas haviam sido lançadas por Hitomi, que, após atacar a Potentia de Raio, correu em disparada em direção a Nami, que se encontrava trêmula e sem conseguir se levantar direito.
— NAMI! VOCÊ TÁ BEM? Consegue se levantar? — perguntou Hitomi, assustada, quase que em desespero.
Ela se abaixou, mas não sabia se poderia tocar na moça de cabelos azuis, pois ela ainda parecia sob o efeito do choque elétrico.
— Estou trêmula... — respondeu Nami, com voz fraca, mostrando dificuldade para falar.
"Fogo... apenas Yesenia citou uma desse elemento... Se for a mesma, é uma Potentia mais agressiva." Maureen analisava a situação a partir dos dados que haviam sido relatados por seus colegas anteriores.
Hitomi se enfureceu com a situação de sua companheira e sem nem muito pensar lançou um ataque de fogo carregado contra sua inimiga.
Maureen rapidamente defendeu o ataque, bloqueando-o com raios. O choque dos dois golpes fez com que o local ficasse repleto de uma nuvem densa de fumaça.
As três tossiam muito e a visão estava um pouco prejudicada. Mas logo Maureen, percebendo a localização das outras duas, voltou a lançar seus raios para atingi-las. Hitomi, atenta, se adiantou e rebateu os golpes.
Nami, percebendo que o efeito do choque já estava passando, começou a se levantar. Ela olhou para o céu e percebeu que as nuvens estavam se dissipando e a chuva cessando.
— A CHUVA TÁ PARANDO! ELA PRECISA DOS RAIOS PARA ATACAR! — informou Nami, ainda no chão.
— NAMI NÃO SE FORCE! VOCÊ ESTÁ MACHUCADA! — gritou Hitomi, a plenos pulmões, preocupada.

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