Krodo caminha pelo jardim escuro, indo em direção a mansão, enquanto observa a lua cheia e tenta limpar sua mente. Ele para por um instante e deixa um longo suspiro sair, nesse breve momento de distração, alguém se aproxima e o segura pelo antebraço.
Surpreendido com um ataque repentino, Krodo se vira de repente, pronto para atacar, mas para ao ver o rosto de Adelea, deixando sua mão a centímetros do seu rosto.
- Preciso falar com você. - ela fala em um tom sério, sem desviar a atenção dos seus olhos.
- Está louca ? Eu poderia ter te matado! - ele a repreende, mais preocupado com a sua atitude imprudente, do que irritado.
- Se eu te chamasse, você não viria. - Adelea o segura com mais força.
- Tudo bem, vamos conversar. - Krodo gira seu rosto para o lado, não queria que ela visse seu rosto, e muito menos que notasse que ele estava nervoso.
- Vamos para a cozinha, lá podemos conversar tranquilos. - ela o solta e lhe dá as costas, indo para o interior da mansão.
- Não vou te oferecer café, porque sei que não bebe nada além de sangue, mas sente-se. - ela fala enquanto se serve com um pouco de café.
- Não precisa, eu estou…
- Sente, Krodo. - Adelea ordena e o encara com um olhar mortal. Ele apenas suspira e puxa uma cadeira, se sentando.
- Obrigada! - ela lhe mostra um sorriso gentil.
- Já está tarde, você não deveria estar dormindo ?Sobre o que quer falar ? - Krodo abaixa a cabeça, escondendo seu rosto.
- Não posso ir para o meu quarto, o Sr. Solaram está lá.
- Por que ele…? Ah! - Krodo pensa em perguntar o porquê, mas logo entende o motivo que o levou até o quarto dos empregados.
- Estou um pouco preocupada, tenho certeza de que tem algo errado acontecendo com Henry. - Adelea fala preocupada e logo depois se aproxima, puxando uma cadeira e se sentando ao seu lado
- Com o Henry ? - ele questiona confuso, não esperava que esse fosse o assunto urgente.
- Se tiver algo errado, tenho certeza de que o Sr. Solaram vai cuidar disso. - Krodo fala indiferente e se levanta, mas Adelea o segura pelo antebraço e o impede de ir.
- Ele quase desmaiou bem na minha frente, Krodo… - ela murmura visivelmente preocupada com o que aconteceu, e o encara com um olhar aflito, que faz seu coração moribundo, derreter.
- Tudo bem… - Krodo sussurra e se senta novamente.
- O que você quer que eu faça ?
- Pode só ficar de olho nele ? Sei que está ocupado, mas assim eu ficaria mais tranquila.
- Não sei se posso fazer isso, aquele garoto sente a minha presença a quilômetros de distância, mas vou tentar. Eu prometo. - ele segura sua mão direita, acariciando os nós dos seus dedos. Adelea se surpreende com seu toque repentino e entrelaça seus dedos com os dele.
- Krodo… - ela murmura e se inclina para frente, tentando ver seu rosto por debaixo do seu capuz.
- Eu ainda estou esperando sua resposta. - Adelea tenta afastar seu capuz, mas ele agarra o seu pulso e afasta sua mão.
- Você já sabe qual é. - Krodo fala indiferente e se levanta.
- Espera! - ela também se levanta e o segura pelo braço, o puxando para trás.
- Você não vai fugir de mim!
- Adelea… - Krodo gira seu rosto para o lado, evitando a todo custo encará-la diretamente nos olhos.
- Não me diga para desistir e nem me dê desculpas esfarrapadas, por favor… - ela murmura com a voz trêmula.
- Por favor, me deixe ir. - Krodo fala em um tom sério.
- Não, você não vai…!
- Adelea! - ele grita, a interrompendo.
- Por favor, pare…- ele sussurra com a voz embargada, nervoso com aquela situação. Não queria rejeitar seu amor e feri-la, no entanto, não podia aceitá-la.
- Eu não quero te machucar e te dar falsas esperanças…
- Eu te amo, Krodo! Estou apaixonada por você! - Adelea fala de repente. O vampiro se surpreende com sua confissão repentina e ergue a cabeça, a encarando com os olhos arregalados.
E mesmo com o capuz, ela consegue ver o que Krodo sempre tenta esconder, uma pele de cor acinzentada e um rosto cheio de cicatrizes, olhos escuros como a noite e uma grande cicatriz em sua bochecha direita, que deixa alguns dos seus dentes visíveis.
- Krodo… - Adelea murmura e franze o cenho, sentindo pena e preocupação ao ver todas aquelas cicatrizes. Ela estende sua mão devagar, hesitando se devia ou não tocá-lo, mas ao notar que ele não havia recuado, a moça toca seu rosto gentilmente e o acaricia.
- O que aconteceu ?
- Acha mesmo que pode me amar ? Com essa aparência ? - Krodo fala visivelmente magoado, sempre que estava perto dela, precisava encarar a dura realidade da maldição que o atormentava.
- Quanto mais o tempo passa, pior fica.
- Krodo, isso não…
- Não! Não minta dizendo que não se importa. A aparência importa para todos. - ele fala alto, a interrompendo. Adelea se assusta e se sente decepcionada consigo mesma por não conseguir transmitir seus sentimentos corretamente.
- Isso nunca daria certo. Você é uma humana, e eu sou um ser imortal amaldiçoado. - Krodo desabafa, com a voz trêmula e os olhos marejados, logo depois abaixa a cabeça e segue em direção a saída. Adelea permanece em silêncio, ciente de que nada do que dissesse o convenceria do contrário, e ao vê-lo cruzar a porta, as lágrimas começam a brotar em seus olhos.
- Você nem me deixou falar, idiota…
Dia seguinte.
Henry abre seus olhos devagar e tenta se mover, mas Octavian o segura com mais força e o aconchega próximo ao seu corpo.
- Não se levante, durma mais um pouco. - o vampiro sussurra.
- Certo… - Henry murmura e fecha seus olhos novamente. Depois de uma noite agitada, não tinha energia para nada.
Octavian abre seus olhos e inclina um pouco sua cabeça, observando o ratinho enquanto ele lentamente adormece mais uma vez. Ao notar que Henry já estava profundamente adormecido, ele sorri e beija o topo da sua cabeça, satisfeito e feliz por tê-lo em seus braços.
- Acho que está na hora de admitir, Octavian… - o vampiro murmura para si mesmo e suspira, era inútil negar seus sentimentos. O queria só para ele.
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