Elas vestiam roupas de praia, algo estranho até mesmo para os frequentadores daquele lugar e todas eram de Min Su (Em seu mundo, coreanas) com a pele mais clara que porcelana. A primeira moça usava um chapéu de praia, uma camisa branca grande que chegava até as nádegas e uma calcinha de biquíni listrada. Seus cabelos eram laranjas e seus olhos amendoados. Já a segunda usava biquíni e calcinha vermelha, com uma jaqueta feminina preta feita de seda, seu cabelo era dourado, semelhante ao ouro. A terceira mulher usava biquíni cor de rosa com bolinhas vermelhas e uma camisa pequena com mangas curtas gordinhas, seu cabelo era negro como carvão. Vestida com uma espécie de biquíni com saia curtinha verde com listras brancas e uma camisa simples que deixava o umbigo exposto, a quarta tinha cabelo roxo. Por fim, a quinta mulher usava biquíni e calcinha cor de rosa com listras brancas e uma camisa tomara que caia bem curtinha, seu cabelo era verde como esmeralda. Os homens ficaram perdidos com tamanha beleza, chamando atenção até de algumas mulheres!
— De onde saiu essas gostosinhas? — perguntou Thadeu.
— Você é nojento! — respondeu Melina.
— Somos Brunilda, Sigfrida, Hilda, Roskva e Truda! — gritou as mulheres rebolando a cada vez que seu nome era citado.
Instrumentos mágicos flutuou sobre as cabeças e, como mágica, tocava sozinho uma música fofa que se intensificou quando a chefe do grupo, a moça de cabelo laranja avermelhado chamada Brunilda, iniciou a música com as seguintes palavras:
Não resisto
ao seu sorriso,
Será maldição?
Ou eterno juízo?
A terceira mulher, Sigfrida, a moça de cabelo cor ouro, entrou logo em seguida, fazendo as outras acompanharem a música numa dança engraçada:
Quando te vi
Naquele jardim,
Seus olhos negros
Olharam para mim.
Todas cantaram juntas como se fossem uma só:
Meu Doce, docinho.
Te amo com carinho!
Meu doce, docinho.
Vamos de carrinho!
Meu doce, docinho.
Como dois passarinhos!
Meu doce, docinho.
Nos amar no ninho!
A terceira mulher, Hilda, a de cabelo cor preto, assumiu a vez e cantou:
Com um sorriso,
Você me ganhou.
Nossos corações,
O amor apanhou.
Em seguida, a quarta mulher, Roskva, a de cabelo roxo, continuou a canção:
Tentei me aproximar,
Vergonha de amar.
Tomei toda coragem
E fui até o lírio-do-mar.
Mais uma vez, todas assumem a canção:
Meu Doce, docinho.
Te amo com carinho!
Meu doce, docinho.
Vamos de carrinho!
Meu doce, docinho.
Como dois passarinhos!
Meu doce, docinho.
Nos amar no ninho!
Por fim, a quinta moça, Truda, a de cabelo verde, contou sua parte na canção:
Suas mãos segurei,
Teus lábios beijei.
Naquele dia Prometi,
Que sempre te amarei.
A partir daqui, todas as mulheres cantaram juntas:
Que linda lembrança,
Meu doce brigadeiro.
Hoje vamos nos casar,
Que grande desespero!
Meu Doce, docinho.
Te amo com carinho!
Meu doce, docinho.
Vamos de carrinho!
Meu doce, docinho.
Como dois passarinhos!
Meu doce, docinho.
Nos amar no ninho!
Todos bateram palmas. A canção era ruim, simples e a dança desengonçada, mas elas eram bonitas e todo mundo sabe que a maioria das pessoas não vê talento, mas boniteza. Thadeu se deixou levar e batia palmas como um menino que acabou de encontrar o seu herói de infância. Melina apenas mostrava seu desprezo por aquelas mulheres, acredito que a maioria das moças não gostou nada de ter toda atenção roubada daquele jeito.
— A gente arrasou! — gritou a de cabelos dourados.
— O Isniffi está muito feliz!!!! — berrou a de cabelo laranja avermelhado.
Aquela folia cessou. Todos ficaram em silêncio. Aquele nome… por que diabos elas disseram esse nome? Isniffi era temido, mesmo sem saber, pelos bandidos de Miragem. Ninguém queria o retorno dos heróis, ainda mais nesse momento que a ditadura de QianQian estava pegando no pé dos vendedores de perimpimpim. Thadeu se levantou e fez sinal para Melina o acompanhar. Em resposta, ela mostrou o dedo do meio com a língua de fora. Ele não era homem de levar desaforo. Thadeu a puxou pelo braço com uma expressão de fúria. Já era tarde demais, a multidão de bandidos sacaram suas armas e foram em direção às mulheres.
— Vocês estragaram tudo — gritou o velho que parecia mulher, arrancando o bigode falso —, falei para ele que vocês cinco era problema.
— Que isso, Emiquinha, a gente te ama! — disse a mulher de cabelo verde.
— Emika? Corram, é o gato e a fada!!! — anunciou um dos bandidos saindo correndo logo em seguida
Os dois responsáveis pela derrubada de Abrek voltou dos mortos para erguer os antigos heróis. Isso não era bem-visto pelos traficantes, na verdade, eles temiam ser os próximos alvos do semideus e sua super mãe virgem. Thadeu, puxando Melina pelo braço, correu rumo à porta. Alguns corajosos resolveram tentar a sorte. Eles atiraram contra Emika e suas cinco companheiras.
— Para debaixo da mesa! — gritou Thadeu para Melina.
— Vamos passar logo pela porta, ainda dá tempo!
— Seremos pisoteados se tentarmos passar por aqueles malucos.
Thadeu tinha razão. As pessoas que não foram corajosas, estavam esmagando umas às outras. O som de desespero tomou a rua, fazendo as pessoas fugirem das próprias casas com medo, não do gato e da fada, mas da possível retaliação de Malphas.
— Emiquinha, o Isniffi mandou você pegar de uma vez o elfo informante! — disse a mulher de cabelo preto.
— Até que enfim! — comemorou Emika.
— Mas ele também disse para você não matar ninguém — falou a de cabelo verde, para tristeza de Emika.
— Inferno!
Os bandidos atiraram contra a fada assassina, mas as balas caíram no chão amassadas. A pele de Emika é mais dura que diamante, nem mesmo a arma mais forte deste mundo pode perfurá-la. Aproveitando de seu poder, Emika começou seu massacre sem mortes. Ela espancou um por um, sem os levar a óbito, mas deixando alguns traumatismos cranianos. Thadeu não sabia o que fazer. Aquela missão não podia chegar ao fim!
— Me segue! — disse Thadeu puxando Melina.
— Você não disse que aqui é mais seguro do que lá fora.
— Aquela psicopata está quase chegando até a gente, se não sairmos daqui, o próximo a ter os braços quebrados será eu!
Emika escutou o som da discussão de Thadeu com Melina. Ela puxou a mesa e a jogou para longe dali. Nosso herói não pensou duas vezes. Ele respirou fundo e deu dois tiros, acertando os olhos de Emika.
— Meus olhos! — gritou Emika — Tá ardendo, peguem ele, suas idiotas!
Thadeu correu para fora do bar segurando a mão de Melina. Ele abriu a porta do carro e acelerou o mais rápido que conseguiu. Contudo, isso não foi o suficiente. As cinco mulheres corriam feito loucas atrás dele. Melina gritou. Aquilo parecia cena de filme de terror! A mulher de cabelo verde surgiu na frente deles, Thadeu não reduziu. “Vou mandar essa coisa para casa do… esquece, não posso xingar nem em pensamentos!” O carro colidiu com a mulher, mas ela continuou imóvel. Melina bateu a cabeça e desmaiou. Thadeu pegou sua arma e se preparou para matar aquelas doidas, mas elas o puxaram do carro como se fosse um boneco de pano.
— Vocês a mataram! — gritou Thadeu.
— Não se preocupe, ela tem a cabeça forte — respondeu a mulher de cabelo roxo.
— O que vocês vão fazer comigo?
— Eu li seus pensamentos — falou a de cabelo dourado —, você está sofrendo e o chefe quer bater um papo com você.
— Chefe? Vocês estão sozinhas!
As cinco mulheres se abraçaram, se tornando uma espécie de argila cor de pele flutuante. A argila começou a se misturar, formando a silhueta de uma pequena pessoa. Roupas cor de rosa surgiram e um sorriso doce e inocente de uma garota feliz. Seu rosto era de uma mulher, formato oval, delicado e com bochechas fofas que dava vontade de apertar. Olhos que lembravam amêndoas e grandes cílios postiços com pupilas de um gato; seu sorriso era doce e fofo, ainda mais com seus dentinhos da frente que eram mais longos e proeminentes, lembrando dentes de coelho. Ele tinha orelhas e um rabo de gato. Sua fisionomia era de uma moça magra com pelos de gato espalhados pelo corpo. Esse era Isniffi Ikari, o gato das lendas!
— Minha Sýnpam… que loucura está acontecendo aqui — sussurrou Thadeu enquanto as suas pernas tremiam.
— Olá, moço! Meu nome é Isniffi e quero propor um acordo — disse a voz aguda e estridente de uma garota fofa.
— Um acordo? Você matou a Melina!
— Perdão, Isniffi não sabia que suas valquírias iriam fazer isso! Mas elas me garantiram que Melina continua viva, alguma coisa envolvendo cabeça forte.
— O que diabos você quer de mim? — perguntou Thadeu, tentando distrair o pequeno enquanto seus dedos caminhavam em direção ao revólver.
— Brunilda me contou tudo sobre você e como esse desejo de vingança está te destruindo — respondeu Isniffi enquanto se sentava ao lado dele. A rua estava escura e algumas partes do carro estavam espalhadas pelo caminho.
— Como você sabe disso e por que diabos aquelas gostosas se transformaram em você? — perguntou Thadeu.
— Essa capa que estou usando era do meu pai. Ele prendeu todas as valquírias aqui dentro. Elas não podiam sair, já que era uma prisão, mas o Isniffi deixa elas saírem com a condição de devolverem meu corpinho!
— Devolver seu corpo?
— Quando elas saem para o mundo real, o meu corpo se divide em cinco partes e minha alma fica na prisão onde elas vivem.
— O que garante que elas não vão traí-lo? — perguntou Thadeu se esquecendo que iria tentar matar o bichinho de pelúcia.
— Isniffi gosta de confiar nas pessoas, além disso, se elas me traíram, Emika mata elas!
— Emika deve ser a louca que está matando todo mundo.
— Ela não está matando! Precisávamos de um documento que um dos homens naquele bar havia escondido. QianQian está na capital, aproveitamos para pegar antes dela.
— QianQian? Pensei que ela ainda estaria aqui até eu cumprir a missão.
— Essa QianQian não é a verdadeira, Mãos turbina é a verdadeira! Ela manda a secretária se vestir de QianQian, enquanto usa o pseudônimo de Mãos Turbina!
Mãos Turbina, a general, não era somente uma comandante do exército do império, ela mesma era a própria QianQian! Para poder fazer suas loucuras, QianQian criou esse pseudônimo e mandou sua secretária se vestir com uma fantasia que cobria sua face, desse modo, as pessoas nunca iriam desconfiar que a general é a verdadeira imperadora. Ela age ao lado de “QianQian” e as pessoas acreditam que se trata de duas pessoas distintas. É claro que isso funcionou por anos, mas agora, essa identidade estava prestes a se quebrar.
— Mudando de assunto — disse Thadeu —, você vai me prender ou encher meu saco com essa vozinha?
— Você acha que matar é a solução para tirar esse sofrimento do coração, mas você só está ficando igual ao homem que deseja a morte.
— Isso não faz nenhum sentido! — gritou Thadeu.
— Isniffi gostou de você! — respondeu o pequeno batendo palmas com uma expressão entusiasmada.
Uma música começou a tocar. Thadeu procurou a origem do som, mas, de repente, todo cenário mudou. Era como se ele tivesse entrado num clipe musical daqueles fofos e irritantes. Pequenas fadas de pele avermelhadas correram na direção do nosso herói cantando:
Por que tanto ódio
Nesse seu coração?
Será que posso te curar
Com minha doce canção?
Uma fada usando as roupas de Thadeu atirava em outras fadas com uma arma de brinquedo, elas caiam no chão fazendo caretas engraçadas.
Vingança pode parecer
Um remédio para sua dor.
Mas ela não desaparecerá.
Será apenas seu manipulador!
Enquanto a fada vestida de Thadeu obedecia cegamente uma fada vestida de morte, surge uma fada trajando as roupas do Malphas. A fada Thadeu se ajoelhou diante dele, como se estivesse o agradando.
O mesmo mal que odeia,
Com a vingança você dita.
O que te fará diferente
Daquela alma maldita?
Isniffi surgiu num palco e começou a dançar com suas pequenas bailarinas aladas. Thadeu queria se mexer, mas alguma coisa naquela canção fazia sentido ao ponto de deixá-lo imóvel.
Compaixão é a chave
Que fará você melhor
Do que esse homem
Com crueldade maior.
Isniffi deseja com amor,
Que a doce compaixão,
Encha seu vaso vazio
chamado coração.
A família de Thadeu surgiu diante dele com rostos magoados. Ele tentou abraçá-los, mas eles apenas sentiram nojo e se afastaram.
A Vingança não trará
Seus entes queridos.
Apenas os deixarão
Nos mortos ofendidos.
Thadeu olhou para trás e viu uma fada vestindo suas roupas salvando a vida de outras fadas contra o Malphas.
Honre sua mãe e pai,
Usando a compaixão
Para salvar pequenas
Almas da tua podridão.
Isniffi abraçou Thadeu e lhe entregou uma máscara e uma pequena estátua de uma mulher nua, cujos cabelos eram tão grandes que cobria todas as partes que não devem ser mostradas.
Por que tanto ódio
Nesse seu coração?
Espero que tenha cura
Com minha doce canção!
— O que significa isso? — perguntou Thadeu.
— Se você quer se tornar alguém melhor, use essa máscara e salve crianças de terem o mesmo destino que o seu. Mostre que a tragédia e a maldade de uma única pessoa não pode moldar nosso destino.
Thadeu acordou. Seu coração batia como um tambor. Ele olhou ao seu redor e percebeu que estava no quarto de Melina. Sentada ao seu lado, com os olhos trêmulos, estava a própria. Ela segurava a máscara estranha junto daquela estátua. Thadeu se levantou e tentou respirar. Nada fazia sentido para ele. Melina apenas o encarava com uma expressão de choque.
— O que aconteceu? — perguntou Thadeu, perplexo.
— Eu não sei… — respondeu Melina —, só me lembro de tudo ficar preto e acordar bem aqui, ao seu lado.
— Então não foi um sonho… vi o gato e a fada.
— O gato e a fada estão em Boombayacles! Isso não faz nenhum sentido.
— Por que essa expressão? Tá devendo alguma coisa aos novos supers?
— Pior, meu pai vai pirar — ela se levantou da cadeira e jogou a máscara nas pernas de Thadeu.
— Não se esqueça de nossa conversa, vai ser difícil esquecer você e suas amiguinhas.
— Se você contar a ele, eu conto seu encontro místico com o gato e a fada. Sou a filha dele, você é só o capanga. Quem você acha que sairá vivo dessa história?
— Que se dane! — resmungou Thadeu se levantando do colchão — Se você sair de novo sem me consultar, vou acabar com sua brincadeirinha.
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