Naquela noite, o quarto de Cora estava iluminado apenas pela suave luz de um abajur na mesa de estudos, criando uma atmosfera calma, quase íntima. Ambas estavam inclinadas sobre os livros e anotações, concentradas em entender as regras da gramática inglesa. Mas o cansaço já se fazia presente; Maria, não resistindo mais, soltou um longo bocejo, tapando a boca com a mão. Cora, observando-a, soltou uma risadinha contida.
Maria lançou um olhar de reprovação para Cora, cruzando os braços.
— Qual é a graça? — perguntou, com uma ponta de embaraço.
Cora encolheu os ombros, tentando disfarçar.
— Não é nada... Só acho engraçado o quanto você está se esforçando para não dormir — respondeu, sorrindo. Em seguida, Cora esticou os braços para se espreguiçar e lançou um olhar casual para o relógio na parede. Seu rosto se iluminou com uma expressão de surpresa. — Uau.
— O que foi? — Maria perguntou, curiosa.
— Já são quase duas da manhã! — disse Cora, arregalando os olhos de forma dramática.
Maria ergueu uma sobrancelha, incrédula.
— Duas da manhã? Tá mentindo, né?
— Olha você mesma, se não acredita — desafiou Cora, sorrindo levemente, quase divertida com a incredulidade de Maria.
Pegando o celular, Maria abriu a tela e, ao ver o horário, arregalou os olhos.
— Nossa... É sério! Já é quase duas! — exclamou, finalmente acreditando. Sua expressão mudou de surpresa para um leve embaraço enquanto ela olhava para Cora, sem saber bem como formular o que queria dizer. — Hum... Cora, eu... Posso dormir aqui hoje?
A ideia de sair naquela hora realmente não parecia boa, e ela se sentia mais segura com Cora. Cora deu um meio sorriso, já esperando por esse pedido.
— Você ia dormir aqui de qualquer jeito, Maria. Nem pense em sair agora, é perigoso lá fora.
Maria sorriu, um pouco aliviada e um pouco envergonhada.
— Obrigada, Cora.
Com um ar tranquilo e acolhedor, Cora se levantou, estendendo a mão para Maria.
— Vamos lá, levanta. Vamos arrumar as coisas e preparar o colchão pra você.
Maria fez o mesmo, levantando-se e juntando os materiais de estudo na mesa. Quando terminou, ela seguiu Cora para a parte de trás do quarto, onde a amiga já puxava um cobertor extra e algumas almofadas para improvisar um espaço confortável no chão.
Cora se agachava no chão enquanto ajustava o colchão queensize com cuidado, alisando cada canto do lençol para que ficasse perfeito. Os travesseiros de penas e o cobertor de linho suave já davam um toque de conforto luxuoso ao espaço improvisado, e Maria, observando, não conseguia evitar um leve sorriso ao ver o cuidado com que Cora arrumava tudo. Ela sabia que Cora era de uma família rica, mas sempre se surpreendia com a atenção que ela colocava em cada detalhe.
Quando Cora terminou e olhou para Maria, percebeu a expressão dela.
— O que foi? — perguntou Cora, com um sorriso curioso.
Maria mexeu no cabelo, um pouco embaraçada.
— É que... eu não trouxe nada pra dormir. Nem roupa, nem escova de dentes. Achei que fosse voltar pra casa.
Cora deu um passo em direção a ela, passando uma mecha de cabelo de Maria para trás da orelha e tocando de leve em seus ombros. O olhar dela era firme, mas ao mesmo tempo, cheio de um afeto que a fazia se sentir segura.
— Maria, mesmo que fosse mais cedo, eu não teria deixado você ir. A noite é perigosa, e eu quero que você fique bem aqui.
Maria desviou o olhar, sentindo o coração bater mais rápido. Limpando a garganta, murmurou um tímido “obrigada”, e Cora sorriu, satisfeita.
— Vem cá, vou pegar uma roupa pra você — disse Cora, enquanto caminhava até o guarda-roupa.
Maria seguiu, e, movida pela curiosidade, espiou por cima do ombro de Cora, notando como o interior do armário era meticulosamente organizado. A roupa estava separada por cores, e os acessórios pareciam cuidadosamente dispostos em pequenas caixas. Sem se conter, Maria soltou um comentário espontâneo:
— Para alguém que deixa as coisas espalhadas, você até que é bem organizada.
Cora soltou uma risada nasal e balançou a cabeça.
— As coisas que deixo espalhadas são só aquelas sem tanto valor. Aqui dentro, é diferente. O valor dessas coisas vai além do preço, entende?
Maria assentiu, um pouco impressionada. Ainda sorrindo, esticou o braço e pegou uma camisa que Cora havia deixado à mostra no armário, notando que era da sua boyband favorita. Com um olhar travesso, virou-se para Cora.
— Acho que vou roubar essa aqui. É da minha banda favorita!
Cora arqueou uma sobrancelha e cruzou os braços, olhando para Maria de forma incrédula.
— Vai me roubar, é? — brincou Cora, fingindo estar ofendida.
Maria riu, apertando a camisa contra o peito.
— Bom, você disse que quer que eu me sinta em casa, então… Acho que estou só aceitando a hospitalidade!
Cora riu e balançou a cabeça.
— Ok, vai lá. Mas se dormir aqui acabar virando rotina, vou ter que te cobrar aluguel por cada camiseta que você pegar.
Ambas riram e, por um instante, o silêncio se fez enquanto trocavam olhares.
Maria desviou o olhar, sentando-se na cama de Cora. Seus olhos foram atraídos para o pôster do vocalista da boyband que ambas adoravam, fixado na parede. A imagem trouxe à tona lembranças do beijo que tinham compartilhado naquele mesmo quarto, em um momento impulsivo e inesperado. Enquanto passava os dedos pela colcha macia da cama, Maria sentiu um arrepio ao recordar o toque suave dos lábios de Cora contra os seus, a forma como os dedos dela exploravam seu corpo, despertando sensações que ela ainda não conseguia compreender totalmente.
Tentando afastar os pensamentos, Maria balançou a cabeça, mas as memórias persistiam, trazendo uma mistura de calor e constrangimento. Nesse instante, a voz de Cora interrompeu sua distração, chamando-a de volta para o presente.
— Tava longe, hein, astronauta! - disse Cora, sorrindo e estalando os dedos.
Maria piscou, confusa, e jogou um travesseiro em Cora, que riu com aquela risada despreocupada que era tão característica dela. Cora, então, estendeu uma camisola rosa de cetim para Maria, e ela pegou o tecido suave entre os dedos, examinando a peça antes de olhar para Cora com uma sobrancelha levantada.
— Sabia que você é uma viciada em rosa Cora provocou, lançando um olhar brincalhão. — Então, escolhi uma especial pra você.
Maria revirou os olhos e mostrou a língua, tentando disfarçar o sorriso que insistia em surgir.
— Você acha que me conhece bem demais, hein? brincou Maria, mas o tom leve entregava seu divertimento.
Cora riu e apontou na direção do banheiro.
— Vai lá. Tem uma toalha lá pra você.
Maria assentiu, levantando-se com a camisola em mãos. Quando se aproximou da porta do banheiro, lançou um último olhar para Cora, que a observava com um sorriso sereno.
Cora percebendo o olhar de Maria sobre si arqueia uma sobrancelha de forma provocativa
— O que foi? Quer que eu vá tomar banho com você?
Maria faz uma expressão incrédula, sua boca fazia um “O” perfeito enquanto Cora ria da expressão que a amiga fazia.
— Vai a merda, Cora! Para com essas brincadeiras!
Cora levanta os braços em rendição ainda rindo, seu olhar ainda era provocativo.
— Relaxa, não farei nada que você não queria.
Maria ri um pouco e entra no banheiro. O lugar era grande o suficiente pra caber 6 pessoas e muito bem organizado. Um suspiro leve escapa e então Maria se dispõe a tomar seu banho, deixa suas roupas separadas em um canto e liga o chuveiro deixando a água cair pelo seu corpo sentindo a tensão muscular se dissipar, Maria fecha os olhos se sentindo relaxada e limpa.
Historia com foco em um casal específico do Uni Fruits, independente da ordem em que leia tudo fará se tudo pois cada capítulo é uma história diferente.
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