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Marca da Vontade

Capitulo 17 (Parte 1) - Como Fogos de Artifícios

Capitulo 17 (Parte 1) - Como Fogos de Artifícios

Dec 29, 2022

Enigmática por natureza, uma peça surpresa em um tabuleiro de xadrez carrega consigo inúmeros mistérios que trazem um peso. Normalmente lhe atribuem uma reputação macabra, principalmente quando tememos movimentos inesperados que alteram o rumo de uma partida. Algo que é irônico, dado que as peças sagradas que ganham evidência no jogo são aquelas que seguem regras claras — o rei, a rainha, as torres, que dominam os quatro cantos do tabuleiro com sua influência ubíqua. Indo por essa linha de raciocínio, como uma simples peça inesperada poderia incomodar tanto o curso natural das coisas?

Para compreender esse temor que a peça surpresa provoca, é preciso considerar sua simbologia no plano estratégico, onde é caracterizada por marcar uma transição, uma transformação ou uma reviravolta. Ou seja, não passava de um cursor do caos que destrói tudo onde toca. Porém, apenas levar em mente que as mudanças do cotidiano são assustadoras é uma inocência de quem pouco lidou com a complexidade da vida. Mesmo assim, essa percepção não alterava a aura assustadora daquele elemento surpresa que emergia como um ponto fora da curva. De fato, era como se Raissa fosse uma peça fora do tabuleiro que surgiu inesperadamente, roubando algo que não era verdadeiramente dela. O que poderia caracterizar melhor do que toda essa definição aquilo que se opõe ao celestial?

Realmente, essa era a melhor definição do que Raissa havia se tornado.

Numa velocidade anormal, a garota pulou no pescoço do loiro com uma raiva tão profunda que conseguiu destruir a parede, levando eles para fora do quarto de Aiyra. Aquela investida foi tão estranha que se assemelhava a uma ação divina. Já que não poderia rebater os ataques da cacheada, Gabriel somente se defendeu enquanto fora lançado pros céus, entretanto, nenhum dos dois despencou para o solo.

Isso era explicado por uma dupla de asas longas nas cores do arco-íris que surgiram ao entorno do corpo da garota, que parecia estar revestido por uma energia que formava um peitoral de armadura medieval.

“Desde quando essa garota voa?”

O questionamento mais supérfluo se adiantou em comparação ao seu instinto natural naquela situação crítica, só que, esse sentimento ainda emergiu, estremecendo sua inércia para fazer suas pernas agirem quanto antes.

“Raissa! Gabriel! O que eu estou pensando?! Tenho que correr para separar esse mal-entendido deles!”

O suor desceu pela testa, mas não se manteve por muito tempo. Aiyra desceu as escadas com agilidade, pondo as sandálias e partindo em perseguição aquele ponto distante no céu, no qual, se distanciava quanto mais a cada segundo. Pensar que um único descuido no alto, seria capaz de ceifar a vida de alguma das pessoas que mudaram a vida dela para todo o sempre. Sentia-se punida por Sândalo, os espíritos ancestrais ou pela força motriz do universo.

“Tudo isso é por culpa minha. Eles estão indo para longe de mim cada vez mais... As coisas poderiam ter continuado como estavam...”

Cogitar num retorno no tempo para alguns minutos atrás, fazia a dona dos cabelos pretos acreditar que ao escolher uma sequência de palavras completamente diferente, mantendo seu relacionamento com Gabriel evitaria com que ele socasse a parede, deixando Raissa longe, assim salvando ambos desse cenário catastrófico.

Para além disso, com o objetivo de apagar qualquer vestígio desse embate, seria melhor retornar para alguns dias atrás e evitar qualquer misero contato com aquela morena deslumbrante que mexia com cada centímetro do seu corpo apenas com singelos toques na amizade.

“Por que diabos não respeitamos o nosso acordo estabelecido no terraço?”

O arrependimento parece com uma comida entalada na garganta; não importa a maneira que você vai tentar solucionar seu problema, você será obrigado a digeri-la já que tomou a iniciativa. Com esse pensamento servindo como um combustível, ela acelerou os passos para seguir o foco de luz no céu até onde ele fosse parar.

“Vou alcançá-los! Não importa o quanto minhas pernas queimem a partir de agora e o quão longe vocês cheguem. Tenho que impedi-los!”

Ela jurou ao vento enquanto seguia eles pelo chão.

 

No céu estrelado que era escondido devido as luzes ofuscantes da cidade, o portador da graça de Saint-Florença lutava para não cair se segurando na herdeira da graça de Saint-Katharos. Assim, Gabriel puxou a garota pelo colarinho.

— Então é por você que ela está me trocando, hein?! — Cuspia deboche como um cão sarrento. — Quem diria que iriamos nos confrontar depois de tudo! Que irônico!

— Cala a sua boca! — Já que seu oponente não desgrudava, Raissa desferiu um golpe com a cabeça. Desestabilizado, Gabriel se soltou por alguns milésimos, quase rodopiando.

No entanto, ele se apoiou nas asas da garota, escalando enquanto pegava nas penas de energia com violência. Não havia qualquer remorso nas suas ações que estavam tão rígidas quanto suas palavras.

— Pensando bem, aquelas desculpas que eu pedi foram inúteis, não é?! Pelo que fiquei sabendo, era melhor que você não fosse uma Buloke mesmo!

— Seu loiro irritante, por mais que você seja mais velho que eu, você não sabe de merda nenhuma! A Aiyra é minha amiga e ela respeitou o cacete do seu relacionamento com ela como se fosse a própria vida. Ela te ama e você não tem vergonha na cara pra conseguir levantar a mão em direção a ela? — Raissa, enfurecida, tentava juntar suas asas num movimento semelhante a um freio para jogar Gabriel o mais distante possível. — Pra mim, você é um covarde!

Resistindo a pressão do vento, a dona das asas radiantes quase lançava o garoto em queda livre pela vizinhança de Miragem. Ato que era um convite a morte, dado que as residências da região estavam bem abaixo da zona de voo padrão.

Sem pestanejar, o Huberi aproveitou o equilíbrio dela no ar, ganhando impulso e partindo pra ofensiva, mudando o curso do voo de Raissa empurrando-a em direção ao centro de Jardim dos Desejos.

— Mas que merd-

“Essa desgraçada conseguiu desenhar o pior dos cenários com a graça de Saint-Katharos na mão. Como ela conseguiu um poder desse que era limitado apenas aos homens da família? Ela é tão astuta que me assusta. As coisas não podem ficar dessa forma, tenho que conter essa anomalia e relatar ao papai. Pra isso, tenho que chegar na cidade. Lá tenho recurso para seguir com essa batalha.”

A estratégia dele era óbvia para qualquer um que não tivesse liberdade para atuar numa certa região, partir para a seguinte.

 

Enquanto perto da pista, Arthur Huberi encontra seus companheiros de invasão num reagrupamento urgente. Aparentemente, a dupla de chefe e empregada da casa Buloke estava sem muitos danos em comparação ao jovem Raimundo atônito nas costas da ruiva.

— Por Sândalo, queridos! Fico aliviado que todos vocês estejam bem... — Analisando em uma visão panorâmica, o dono dos cabelos cheios, porém, tão elegantes sente a ausência de uma figura atípica do seu cotidiano. — Ué, onde o Johan se meteu? Ele ainda está lá?

Não havia hipótese alguma de expor a real situação ocorrida naquele galpão, principalmente para alguém tão renomado para as famílias serventes. Até porque, no final daquela situação, eles decidiram fazer uma troca para ganhar mais liberdade na fuga e salvar Raimundo, utilizando de uma atitude perversa e covarde com alguém de “menor importância”.

Layla suspirou, procurando os olhos castanhos de seu chefe que a encarava com uma sobriedade tão assustadora que parecia um coveiro quanto o assunto era acobertar mortes.

— Acabamos perdendo ele na batalha...

Arthur franziu o cenho, socando a coxa de frustração.

— Aconteceu durante a fuga, bem na muvuca, perto da entrada. — O dono do cavanhaque encarou o companheiro com o mesmo semblante da última conversa deles após purificação dos serventes. Luiz não aparentava estar inventando qualquer detalhe. — O grito dele segue alto na minha cabeça, como se estivesse ecoando...

— Pois, bem... — Arthur suspira com pesar — irei arrumar o melhor cenário para dar essa lamentável notícia para os Gilwell. Enfim, ocorreu um imprevisto comigo também, o Gabriel simplesmente desapareceu.

— Oxi... Tem ideia de onde ele deve ter se metido?

Em réplica, o loiro nega com a cabeça, demonstrando seu total desconhecimento sobre o padrão do seu filho para além do natural.

— Quase sempre ele está comigo ou resolvendo alguma questão para a mãe dele. Não faz nenhum sentido o Gabriel me abandonar para qualquer contexto supérfluo que não envolva missão. Conheço a peça.

A estranheza contagiou todos como uma bactéria se espalhando rapidamente. A preocupação imperou por alguns segundo, mas logo decidiram tomar uma atitude. Não tinha razão para que eles se mantivessem inertes.

— Vamos indo pro ponto de encontro? Lá a gente tem o carro pra procurar por ele pela cidade.

— Bora!

— Vamos!

Assim, eles se encaminharam para o ponto de encontro que estabeleceram antes da invasão, procurando o veículo estacionado na beira da pista.

 

Ao se aproximarem do veículo da família Huberi, organizaram-se de forma que Raimundo fosse acomodado no banco traseiro, deitado nas coxas da empregada responsável por cuidar dele. Arthur, por sua vez, assumiu o volante, pois ele era o único que teria ciência dos lugares que supostamente seu filho poderia estar.

— Pra viagem não ficar silenciosa, vou ligar o rádio, ok?

— Pode ligar! — Arthur respondia educadamente o seu copiloto que pela surpresa dele, sintonizou numa rádio de notícias. — Olha!

— ... Algo anormal está se aproximando dos prédios do centro de Jardim dos Desejos, na divisa entre os bairros de Miragem e Reflexos. Pelo visto, são dois jovens em uma batalha feroz pelo ar e me parece que uma das figuras é o jovem influente no Sandalismo, Gabriel Huberi. — Um dos repórteres do programa de rádio enunciava com um leve tom energético na voz.

— Pelo ar?

O questionamento de Luiz refletiu o clima criado naquele ambiente, pois ainda estavam desconfiados com a fácil chegada. Precisavam de mais detalhes sobre o ocorrido. Sem hesitar, Arthur ajustou a rota, buscando a via mais rápida para o centro da cidade.

Ao mesmo tempo, o locutor do programa de rádio dava sequência para a matéria urgente que eles estavam cobrindo:

— A polícia já foi acionada e trazemos essas informações inéditas para o senhor e a senhora que estão sintonizados com a gente. Pelo visto, confirmaram que é isso mesmo. O jovem Gabriel Huberi está num confronto com uma aparente garota com asas das cores do arco-íris, ou seja, as cores da marca da vontade.

Em cada avanço daquelas aspas, surgiam mais indagações sobre o que estava realmente ocorrendo. Contudo, o conhecimento das graças de Sândalo levava a um frio na espinha dos antigos usuários das mesmas. Não restava dúvida que a oponente do jovem loiro estava utilizando o poder de Saint-Katharos para sobrevoar a cidade. Mas...

— O único que poderia ter a graça de Katharos não era apenas o Raimundo? — A pergunta de Layla e Arthur veio em uníssono, deixando o homem Buloke pressionado para responder o que ele sabia sobre a herança da família.

— Sim! Tanto que ele foi a única pessoa presente na passagem da graça. — Outra hipótese levou Luiz pôr a mão a frente de sua boca. — A menos que a Raissa tenha herdado ela.

— ...

Um completo silêncio se estabeleceu ali como se todos estivessem tentando calcular as probabilidades de alguma anomalia ter rolado. Em todos os registros deixados pela igreja de Sândalo desde sua fundação até aquele momento era uma unanimidade que nunca houve alguém do sexo feminino utilizando a graça, já que a cultura deles normalmente beneficiavam os principais herdeiros ao trono. O máximo de histórias que surgem são de um leve compartilhamento da energia quando os usuários possuíam alguma relação sexual.

Porém, aquela suposição de Luiz ganhava um respiro de vida caso Raissa estivesse presente em algumas das tentativas falhas de passar aquela graça para quem ela era designada, ou seja, Raimundo. Afinal, existem relatos que comprovavam a existência de “herdeiros escolhidos” que fugiam da escolha feita pelo patriarca. Só que a pergunta que ficava ecoando pelos cantos da cabeça do moreno era intrigante para ensinar algo que talvez fuja da mediocridade da mente humana.

“Por que a graça escolheria logo uma garotinha? E ainda por cima com quinze anos de idade?”

— E por qual motivo eles estariam brigando no alto do céu? — Arthur questionava.

— Eu tenho noção do que pode ser!

De forma inesperada, essa confirmação intensa não veio daquele que levantou a hipótese, mas daquele que estava inerte até então. Raimundo finalmente havia despertado para realidade novamente quando ouviu o nome de Raissa ser citado. O jovem observava sua marca da vontade apagada com um pesar.

“Não consigo entender a lógica por trás disso. Por que ela e não eu? Me dediquei tanto...”

 

— Muita atenção! O conflito parece estar se aproximando da região de Reflexos que irá acontecer o Festival de Katharos. Todos que se encontram no local, redobrem a atenção!

Aquele informativo do apresentador deu um norte ainda maior para que eles direcionassem melhor a trajetória, entretanto trouxe uma preocupação ainda maior no irmão da Raissa que já sabia que a situação estaria cheia naquele horário, ou seja, tudo se tornou impossível de ser ignorado.

Não aguentou, teve que erguer seu corpo e puxar o celular urgentemente.

— A Clarisse e o João está por lá, preciso falar com eles.

Tic-tac. Tic-tac. A cada minuto, o mal-entendido ganhava uma proporção ainda maior. Raimundo queria que o piloto fizesse o impossível e acelerasse ainda mais, só que ele já estava no limite.

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O Thi

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AoiTakashiro
AoiTakashiro

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Agora, que a Raíssa tá enrascada e a Aiyra mais ainda... Não tá escrito, mané.

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Raimundo e Raissa são dois irmãos de uma das doze famílias serventes, aquelas que recebem os poderes dos discípulos de Sândalo pelo passar das gerações. Raimundo é o primogênito da família Buloke, sendo taxado como escolhido para seguir o legado da família e proteger todos do mal. Entretanto, o mesmo não desperta as cores da sua "marca da vontade" e tenta fugir de seu destino sendo um garoto normal, porém alguns inimigos da família não querem deixar isso barato.

Autor: O Thi (@othi_oficial) - Ilustrador: Rren (@rren_san)
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