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Inquisição: O Teorema Perdido de Fermat

Capítulo IV (1/2)

Capítulo IV (1/2)

Jan 05, 2025

    Há 100 anos uma organização poderosa tomou as rédeas do mundo, alegando que seria impensável que pessoas despreparadas tivessem conhecimento e acesso à magia. Quando o mundo estava prestes a descobrir como usá-la, eles a esconderam de todos.
      Opositores foram mortos e pais protegeram seus filhos de um conhecimento que podia os matar. Esse processo, chamado por historiadores de Desglobalização, criou uma ditadura velada em muitos lugares do mundo. Países inteiros foram isolados, bem como o seu acesso às tecnologias emergentes, como a chamada internet. Os únicos que sabiam completamente da existência da magia eram os que trabalhavam, dia e noite, para escondê-la: a Nação das Flores. Ela era a instituição responsável por manter a ordem do mundo não mágico.
Para cada país era escolhida uma flor.
      A Nação dos Girassóis foi a primeira a cair em um grande escândalo, que expôs todos os segredos para uma população inteira. Não demorou para que o caos se instaurasse. E não era de se esperar diferente. Quando se priva todo um povo de um conhecimento poderoso, entregá-lo de bandeja de uma única vez pode trazer sua ruína, bem como a sua libertação.
      Foi nesse caos que um agente da então extinta Nação dos Girassóis foi acolhido para trabalhar no país vizinho, dentro da Nação das Rosas. Seu nome era Vicent Poisson. Foi lá que nos conhecemos. Foi nesse país, também, que uma forte amizade foi formada entre nós e uma outra garota.
      A grande organização que colocou boa parte do mundo sobre a guarda da Nação das Flores temia que a Celestina ascendesse e revelasse a verdade para todos. Sua vontade era de que a menina, se existisse, fosse morta. Em uma grande conspiração, a prole foi mantida em segredo. Protegida por mim. Protegida por Vicent.
      Meu nome é Rossane Boole, filha do grande diretor-geral da Nação das Rosas, Leonidas Boole, e eu falhei na minha missão. Mal sabia eu que aqueles pequenos dominós que caiam, um após o outro, derrubariam uma montanha.

      A casa estava completamente abandonada. Minha mestra andava, descuidada, pelos pedaços de madeira da porta arrombada. A sacada do lado de fora havia sido destruída. Estava tudo escuro, porém, sem temer, ela subia as escadas. Eu esperava na porta, honestamente, assustado com a certeza que ela tinha de que aquele era o lugar certo. A sacada  do lado de fora havia sido destruída. Estava tudo escuro, porém, sem temer, ela subia as escadas. Eu esperava na porta, honestamente, assustado com a certeza que ela tinha de que aquele era o lugar certo. Afinal de contas, aquele país vivia sobre a desglobalização há mais de 100 anos.
      — Para um Cauling, você até que não tem tanta aptidão assim — disse ela parando na escada, se referindo a fama da minha família, e levantando o tom. Ela não estava nem um pouco alegre. – E pensar que a Academia do Leste não tem o mesmo nível de antigamente.
      — Desculpa Louise, eu estava... – De repente, a guarnição da porta que estava ao meu lado se desfez. Minhas pernas tremeram e quase fui ao chão. Não é todo dia que você quase morre. Aquietei meu coração e comecei a me dirigir até ela. – Estou logo atrás de você.
      — Bom mesmo, Tim. — Ela seguiu subindo as escadas e não se virou mais para mim. — E a propósito, sou a senhorita Maes para você.
      Ela era casca grossa e experiente. Não tentou vasculhar nenhum cômodo da casa, foi logo para um cômodo quase no fim do corredor. Enquanto nos aproximávamos, comecei a notar algo bizarro: raízes saindo da porta do quarto, por todos os lados.
      Entramos no quarto e nos deparamos com o que parecia ser um quintal ou, até mesmo, uma mesmo uma floresta. O cômodo estava cheio de galhos, folhas e um jovem preso na parede, amordaçado por outra raiz, desacordado.
      Estava me preparando para sugerir que tirássemos o pobre rapaz daquela situação, amordaçado por algum usuário de habilidades que manipulavam a flora. Ele devia saber algo sobre o que havia acontecido ali. Foi quando, de um segundo para outro, as plantas, o corpo, e a parede atrás dele desapareceram em uma explosão barulhenta, mas, sem fumaça ou fogo. Uma brisa se espalhou pelo quarto, assim como o sangue e órgãos vitais dilacerados do jovem.
      Meu estômago embrulhou.
      Segurei minha boca com força para não passar vergonha perto da Srta. Maes. Aquilo era assustador demais para mim e, por ser incapaz de manter a postura nessas situações, cai de joelhos. Meus olhos estavam fechados diante de tanta brutalidade.
      Aos poucos, fui abrindo-os e me deparei com um dedo a centímetros de mim. Comecei a tremer. Sentia minha pressão cair, aos poucos.
      — Vocês, Classe Dois Um, são uma piada mesmo – disse Louise, voltando a me criticar e, logo em seguida, olhando para o que sobrou do jovem. – E você — falou ela, para os restos no chão. — Trate de se recompor.
      Com quem mais ela estava falando? Me perguntei por um momento até perceber que o dedo próximo de mim começava a se mover, junto a todo aquele sangue. Tudo se movimentava pela sala em um vórtice no centro do quarto, onde um jovem se formava, célula a célula. Não restava dúvidas:
      — Você é um bruxo – exclamei, espantado.
      — Shame Liverston. Ou deveria dizer: Shame Liouville – respondeu Maes, com certa malícia. – Quem diria que um inútil como você encontraria a Celestina, não é? Bem, ao menos você pode me provar que a encontrou? Ou terei que testar quantas vezes você consegue conjurar o Retorno Malicioso?
      Ele tossiu um pouco, tentando recobrar a plena consciência. Ou ao menos era o que parecia.
      — Você podia ter sido um pouco mais delicada Loui, você nem deve ter verificado se eu tinha energia i o suficiente.
      — Já disse milhares de vezes para não reduzir meu poderoso nome a Loui. E… se não te mataram é porque, com certeza, você tinha energia o suficiente - retrucou ela.
      — Bem pensado – disse Shame, ainda ofegante.
      — Responda logo. Você tem alguma prova do que alegou, alguns dias atrás?
      — Eu tinha um fio de cabelo imantado, mas... — Ele parecia encher-se de raiva, momentaneamente. – Um assassino o roubou de mim.
      — Qual era a Classe dele?
      — Dois ou Três, não tenho certeza. Não entrei em confronto direto com ele – disse Shame enquanto se levantava. – Mas eu posso garantir que era a Celestina. Eles desceram por aquela janela. – Apontou o Bruxo, cansado. – E dois membros da Nação das Rosas foram atrás deles.
      — Hum, então não parece ser problema algum para nós. Porém... – indagou minha mestra enquanto eu apenas fiquei queito, esperando alguma ordem. – Por que eles o prenderam?
      — Esse é o problema. Eles são quase traidores da Nação. Na verdade, existe uma conspiração sobre a Celestina há muitos anos. Eles desejam salvá-la, do jeito deles.
      Foi então que Louise se enfureceu e estourou a perna do pobre garoto em outra explosão. Ele gritou. Um grito que, provavelmente, me perseguirá nos meus pesadelos. Mas, antes que caísse no chão, ela o agarrou pela camisa e gritou com uma voz agressiva como eu nunca tinha visto ela fazer:
      — E por que você nunca reportou a ninguém, seu imprestável?
      — Eu tinha sido exilado! Não tinha o porquê me pronunciar. Nem tinha meios de faze... – respondeu o jovem, que antes de poder completar suas palavras, foi jogado contra parede. Louise, por sua vez, se virou e foi em direção à janela. Sem questionar, comecei a segui-la. Antes que saíssemos dali, Shame murmurou:
      — Eu tenho energia ainda. Você pode me matar! — Sua voz ganhava força a cada palavra, até estar gritando, tomado pela dor. — Merda! Me mata logo! Eu não posso retornar se não tiver morrido.
      — Você não é mais necessário. – Ela riu. – Morra de hemorragia, pelo menos uma vez. Vai lhe construir carácter.



      Estava tudo muito escuro. O chão frio e o chacoalhar do vagão pareciam ser minhas únicas companhias naquele fim de tarde. Minha boca estava seca e eu estava morrendo de fome. Mesmo assim, havia um milhão de perguntas sem resposta na minha mente. Era até difícil tentar listá-las e organizar tudo, para não esquecer de nada.
      Eu tentava abrir a boca, falar algo, mas me sentia ansiosa em meio aquele breu. Foi quando lembrei de uma técnica que meu pai havia me ensinado quando eu era pequena: conte até três e faça como se tudo ao seu redor não fosse real.
      Comecei a contar mentalmente: um. Meu coração começou a agonizar; dois. A contagem desacelerou e estava difícil de continuar e, antes de completar a sequência, o olhos vermelhos falou comigo:
      — O quê você quer? — Ele então abriu o olho esquerdo, apenas um pouco, e todo o ambiente já se iluminou em um tom rúbeo, até bonito.
      — Como você sabia? – indaguei, agora um pouco menos nervosa, sentido a inércia da conversa. – Isso é bizarro.
      — Você é bem ansiosa, não é, Katrin? – Ele era bom em me surpreender. – Às vezes seu coração acelera muito e sua respiração fica pesada sem motivo. É bem introvertida para alguém que deu um chilique na escola.
      — Quanto mais você fala sobre as coisas mais eu fico confusa.
      — Eu já lhe disse. Não vou contar mais nada pra você – disse ele enquanto fechava o olho e voltávamos ao escuro. – Quando chegarmos ao nosso destino e estivermos seguros, talvez você poderá saber alguma coisa. Agora você precisa me deixar dormir.
      — Como você dorme com esses olhos brilhando? – indaguei. – Suas pálpebras fica meio acesas quando você fecha os olhos.
      — Eu simplesmente não durmo. Geralmente fico dias sem dormir até desmaiar de sono. Isso é um perigo pra mim e pra você, então tente me ajudar e fique calada.
      — Hum. — Fiz silêncio. Enquanto falava, ele mostrava o quanto estava cansado. Aparentava estar em seu limite.
      Ele era um rapaz estranho. Parecia ter, mais ou menos, a minha idade. Um de seus braços, o direito, era bizarro. Parecia ser de plástico, uma prótese, sei lá. Mas se mexia como se fosse carne. Além disso, ele só usava sobretudo.
      Essencialmente uma pessoa estranha.

      Era muito perturbador ficar no escuro vendo duas pálpebras “acesas”. Então resolvi fechar os olhos, quem sabe dormir um pouco. Mas minha cabeça estava muito confusa. Será que eu estou fazendo o certo em estar aqui? Eu fugi das pessoas que viveram comigo por toda a vida para estar com um robô com lanternas nos olhos.
      Talvez eu devesse ter deixado eles se explicarem. Por que deixei minha intuição tomar conta do que estava acontecendo? Justo agora que as coisas entre Shame e eu estavam indo bem. Ele disse que me amava. Rossane e Vicent estavam preocupados comigo. Será que estou fazendo alguma loucura? Mãe, se você estivesse viva, o que você iria me aconselhar agora? “Seja destemida, filha. As vidas que valeram a pena foram vividas assim” , dizia ela em minha mente. Que saudade. Já faz 4 anos, eu acho.
      Desde que minha mãe morreu, tenho tomado remédios que afetam a minha memória, talvez até antes, eu não tenho certeza. Eu tenho vagas lembranças de diversas explicações sendo dadas do porquê eu os tomava. Controlar alucinações foi uma boa explicação por muito tempo. Por causa deles, às vezes, eu tenho lapsos de memória e esqueço o que estou fazendo. Mas isso não é nada. A cada dia, eu me esquecia mais e mais do rosto da minha mãe. Às vezes, eu olho para foto dela e estranho um pouco. O que a Rossane tinha dito, sobre eu não estar tomando, era verdade. Eu parei porque não queria perder minha mãe até dentro do meu coração.
      De repente, um aperto inexplicável atingiu meu peito. Abri meus olhos um pouco desesperada e comecei a juntar as peças de um quebra-cabeça.
      Calma… Eu comecei a tomar os remédios porque…. Por quê? Foi… Sim, eu lembro! O motivo de eu começar a tomar meus remédios é porque eu alegava que tinha visto um monstro matar a minha mãe, dizia que não tinha sido um acidente de avião, mas sim um demônio que a matou na minha frente. Mas, se esse cara aqui existe, então… Isso significa que  talvez não tenha sido loucura da minha cabeça. Talvez… Só talvez, minha mãe tenha sido brutalmente assassinada.
      O ambiente se iluminou novamente.
      — Você está descobrindo coisas por si mesma, não está? – indagou ele. – Seu coração está descontrolado. – Ele começou a olhar para mim. – Pare de chorar. E… pare de pensar no que quer que você esteja pensando. Nada disso será saudável para você, nem para mim.
      — Minha mãe... – disse eu, com uma voz frágil. – Ela foi morta. E meu pai… ele nem faz ideia…
      — Se controle, Katrin.
      — Não! – exclamei. – Eu vivo em um mundo horrível. Não dá para confiar em ninguém. Monstros existem. Isso não é aceitável! Como eu vou continuar vivendo nessa realidade? — questionei, agitada.
      — Katrin – Ele levantou, levemente, a voz. – Seja destemida. As vidas que valeram a pena foram vividas assim.
      — O quê? — Sinto um arrepio correr pela minha coluna.
      — Você escrevia tudo o que não queria esquecer, não é? – Ele sabia muitas coisas sobre mim e, por algum motivo, isso me deixava com menos medo de tudo. – Você não vai mais tomar remédios. E você não vai mais esquecer de nada. Eu te prometo. Mas, se você quer continuar viva para descobrir mais sobre tudo o que aconteceu nos últimos 17 anos da sua vida, você precisa ficar calma. E em silêncio, ok?
      — Tá… — respondi, limpando minhas lágrimas.
      — Kai Heatmore – disse ele, fechando seus olhos novamente. – Você me perguntou mais cedo, no banheiro. Eu pensei e acho que não tem problema te contar meu nome, se isso te ajudar a fazer menos barulho. Você pode confiar em mim.
      Comecei a segurar as minhas pernas com força e então, me retrair em meu canto. Mas me acalmei. Parecia ser importante de alguma forma.
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