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O Enforcado

O Primeiro Pesadelo - Parte 2

O Primeiro Pesadelo - Parte 2

Feb 09, 2025

This content is intended for mature audiences for the following reasons.

  • •  Abuse - Physical and/or Emotional
  • •  Mental Health Topics
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A fama de Marco pela cidade ficou escancarada e seu pai começou a trancar a filha em casa para tentar mantê-la longe dele. Em uma dessas ocasiões, Luciana pula o muro e o portão da casa para fugir para a casa do Marco. A reprovação dos pais dá combustível para ela ir para ele, uma adolescente rebelde. Tempos depois, Luciana engravida com apenas 16 anos. Luciana fica contente com a notícia, já que era seu sonho. Marco fica preocupado. Apesar do contexto péssimo, os pais de Luciana e Marco ficam relativamente contentes. Luciana corta o cabelo por problemas químicos e para de ir para escola e nunca o conclui, passa quase um ano totalmente reclusa no quarto por uma depressão e baixa autoestima. Seu período de gestação não foi como esperava, e nem o resto seria. Todos da família de Luciana contribuíram para a construção da casa, uma ajuda coletânea, entretanto, sem um pedreiro profissional. Fizeram a casa em cima da casa do tio de Luciana por não ter dinheiro para comprar um terreno, escolha que depois traria arrependimento. As paredes foram mal feitas, as janelas muito baixas, e muitas coisas estavam tortas. Pelo menos, era uma casa. Para as condições dos envolvidos, estava até perfeito. A mãe de Luciana, Maria, insistiu para que se casassem no cartório. Marco gosta da ideia. Luciana recusa.
- Agora voltemos para o presente. – A Mulher comanda.
- O “presente” que é passado. – O Homem debocha.
Os Três são levados ao tempo indicado.
Marco nunca procurou um emprego decente, trabalha numa oficina ganhando uma mixaria. Era confortável para ele, pois passava o tempo lá fumando maconha, cigarro e conversando com o chefe, sem pressa de realmente trabalhar. Os vícios em bebida e drogas, agravam a situação. Ele chega em casa, muitas vezes bêbado e vomita a casa inteira, e a mãe de Júnior que tinha que limpar. O comportamento decadente dele e as agressões verbais começaram a se tornar comuns.
Os Três estão no quarto da casa. 
Marco, irritado, quebra um celular Nokia no chão. Os estilhaços se espalham e por pouco não alcançam o rosto de Júnior, ainda bebê.
A Mulher tampa a boca em surpresa, chocada.
O atual Júnior observa. – Minha mãe me disse uma vez que foi nesse dia que ela teve certeza que se separaria dele. – Relembra.
Os conflitos e o estresse só aumentaram. A mãe dele já não sentia mais atração por Marco, a relação havia chegado ao fundo do poço. Ele só a perseguia e a imprensava cada vez mais. Uma vez quando ela demorava no banheiro para não ter que ver a cara de seu cônjuge, Marco quebrou a porta de raiva. Ao ver a porta quebrada, ameaçou ela a ficar calada e dizer aos parentes que forem na casa nos dias seguintes que foi o pequeno Júnior quem a quebrou sem querer. Ela tentava desabafar com sua mãe Maria sobre o que acontecia, mas a avó, sendo uma pessoa conservadora e com pensamentos retrógrados, era totalmente contra qualquer tipo de separação. 
Para Maria, mãe de Luciana, se eles estavam casados teriam que estar juntos para sempre, até que a morte os separe. Morar junto nessa época era visto como casamento. O divórcio é pecado e seria feio para os vizinhos, que comentariam coisas ruins sobre Luciana. Maria estava mais preocupada com o que os outros poderiam pensar ou dizer sobre sua filha, do que com o próprio sofrimento dela.
- Uma vida de aparência e fingimento, o molde cristão. – Júnior expressa raiva e indignação.
O gesto de empatia ou ética que Maria demonstrava era tentar ajudar com os deveres de casa. Em um desses dias que ela estava ali para ajudar, o casal briga. Durante a discussão, Marco conta detalhes íntimos e degradantes sobre Luciana na frente de sua mãe. 
Atual Júnior tampa os ouvidos na discussão, mesmo que eles não possam ver o presente Júnior, ele não quer nem ouvir isso. A Mulher ri e O Homem observa.
Só mais um dia no ridículo circo que era esse lar. Essa convivência durou cerca de um ano e meio. Até então que Marco se envolve em um roubo. 
Um amigo e um vizinho o trazem uma moto para consertar. Após uma manhã trabalhosa mexendo na moto, ele tem seu momento invadido pela polícia. No susto, tenta reagir e é sufocado temporariamente com uma sacola. Os policiais dizem que ele deve os seguir até a delegacia. A moto, sem conserto, não conseguia andar. Então ele é forçado a empurrá-la quebrada longamente até o centro da cidade enquanto é seguido pelos policiais, onde todos das ruas viam e o menosprezavam, o chamando de bandido.
Júnior vê aquela cena do homem carregando a moto quebrada enquanto é julgado por todos. Seu pai está carregando sua cruz.
- O que aconteceu depois? – O Homem questiona.
- Teve todo um caso. Ele conseguiu se safar porque seu irmão pagou sua fiança, aliviou sua barra. Meu pai mentiu por muito tempo que não sabia que a moto era roubada, agora finalmente admite que sabia, já foi mais mitomaníaco.
- Onde estava você e sua mãe durante esse ocorrido? – A Mulher pergunta, curiosa.
- Estávamos numa viagem para outra cidade há uns 3 dias. Chegamos no dia seguinte.
- Que coincidência. – Os Dois dizem.
- A família do meu pai quis colocar culpa na minha mãe, acharam que foi todo um plano para minha mãe ferrar meu pai por todos as coisas que ele a fez. Só que conta não fecha, como ela saberia que a moto dos amigos do meu pai era roubada? Como ela faria a moto ser roubada e ser levada ao meu pai estando tão longe e não tendo contato com os amigos dele? Como ela convenceria eles a fazerem isso? Celular naquela época não era que nem hoje, as ligações eram péssimas e eram curtas. Isso foi em 2008. É uma ideia absurda, a vida não é um roteiro de novela.
O tempo adianta.
- Depois disso tudo só ficou pior. Meu pai ficou ainda mais insuportável e as discussões tiveram suas durações diárias triplicadas. Então em um fatídico dia, meu pai deu um soco nas costas da minha mãe.
- Chegou nesse nível?
- Sim. Minha vó, mãe da minha mãe, presenciou tudo. – Júnior segura a respiração. - Foi o estopim. Se separaram depois disso. O pai e o irmão da minha mãe foram a favor, sua mãe e o resto, que não sabia de nada, foram contra. 
O término virou fofoca de vizinhança. 
Marco vai embora e só leva a geladeira, até porque a maioria das coisas foram compradas pelos pais de Luciana, e quase nada lá era dele.
Mesmo depois de finalmente se livrar de Marco, Luciana ainda não estava nem perto de ver o fim dos problemas. Ele volta para sua antiga casa que dividia com o irmão, mas, ao invés de desaparecer, ele começou a ameaçar sua ex-mulher e seu filho de morte. Luciana e Júnior. Pagava amigos que eram vizinhos dos dois para o vigiar. Não demorou para ele começar a invadir a casa deles. O muro, pequeno e sem proteção, tornava a invasão extremamente fácil e o matagal nos fundos, que o tio maluco de Júnior e Luciana mantinha ali dava uma cobertura perfeita para ele se esconder. Às vezes, a mãe ouvia passos vindo de lá embaixo ou percebia respirações pesadas vinda da escadaria da casa. Outras vezes, ele ficava em frente ao portão rodopiando de forma mais clara. Júnior muitas vezes o avistava no flagra, sem compreender o que estava acontecendo por debaixo das cortinas. Achava que ele vinha para visitá-lo e que estava se preparando para subir as escadas e bater na porta, como um pai que ama o filho, não um que ameaça mata-lo.
Júnior do presente tampa os olhos. – Não quero lembrar disso.
A Mulher agarra seus braços e os abre. - Sshhh. – O censura. – Assista sem reclamar.
O Homem ri sadicamente.
Na época, era apenas uma criança, sem a menor noção da gravidade da situação. O pai sorria, camuflado de falsidade. Olhando agora, sabendo do contexto, sua expressão é medonha.
Luciana tentava contar para a família sobre o que estava acontecendo, mas era tida como maluca pelos próprios malucos. Todos achavam que ela estava exagerando ou que estava enlouquecendo, havia muitas desconfianças em relação à sua sanidade mental, devido a sua rebeldia que demonstrava na infância e pela depressão que desenvolveu após cortar o cabelo, além dos traumas que havia vivenciado quando era jovem e a origem de insanidade da família. Em uma noite, a mãe de Júnior saiu para o quintal e avistou um homem surpreso correndo, ao ser visto, ele saiu correndo, subiu em uma escada de madeira no canto do quintal e fugiu. Ela, achando que era um assalto e sem ver direito, saiu correndo, assustada, também correu para chamar a sua família que mora na mesma rua. Quando chegaram ao local pouco depois, encontraram a escada derrubada no muro e um chinelo jogado ali. Não tendo como negar, a família passou a acreditar nela depois desse evento, vendo com os próprios olhos a prova de que Marco estava de fato invadindo o local. Um dos principais motivos que a impedia de denunciar o pai de júnior à polícia, além das ameaças de morte que ele fazia, era o medo de que a guarda de Júnior fosse compartilhada. Ela temia que caso denunciasse o governo fizesse uma guarda compartilhada, e Júnior passasse metade do mês com o pai, ela temia o que ele poderia fazer para se vingar dela.
- Ninguém com uma infância assim acabaria normal. – O Homem ironiza.
- Isso é o mais curioso. Na infância eu era relativamente normal. Eu tinha amigos na escola e até paquerinhas. Era sorridente, simpático e feliz. Uma antítese do que sou hoje. Minha relação com meus pais era ok, eles eram distantes para mim desde aí, mas não me chateava.
A paisagem em volta se distorce e vai para a casa de Maria, a avó de Júnior.
- Eu gostava mais dos meus avós e dos meus tios que moravam na mesma rua. Lá era a minha segunda casa. Havia poucas casas nas ruas e não havia crianças perto, nem por isso me sentia sozinho, eu andava entre os adultos. Acho que por isso desenvolvi um gosto musical de velho. – Brinca. - Eu passava muito tempo com meu avô, vendo desenho e lendo jornal dias inteiros, acredito que só desenho e escrevo hoje por causa do meu avô. Ainda lembro do dia que ele me trouxe Super Onze, meu primeiro quadrinho. Nem sabia ainda o que era um mangá, fiquei cativado com aqueles desenhos de tinta nanquim, que nem sabia o nome. Gastava folhas e folhas tentando reproduzir, falhando, mas se divertindo.
Júnior então se lembra de seu tio e seu tablet. – Eu jogava muito Angry Birds Star Wars, as cutscenes me chamavam a atenção. Eu então a passava para quadrinhos com minhas próprias histórias. Uma espécie de Fanfic Infantil. Fazia Angry Birds Naruto, Angry Birds Dragon Ball. Criava universos, arcos e personagens. Era bem criativo, apesar de bem ruim, já que eu era uma pequena criança. Fazia também autorais, um quadrinho de 50 páginas de um cara saindo de uma cadeia com um rifle roubado. Eu desenhava tudo sem balões, essa ideia não passava na minha cabecinha. Escrevia o roteiro no canto de baixo dos painéis, como legenda de filmes, então eu dublava para meus amigos e parentes. Eles se divertiam com o humor. Um dia acompanhando meu pai que estava voltando a estudar, no CIEP, mesmo lugar que eu estudo atualmente, ele me ensinou a escrever balões de fala dentro de seu Chevrolet. Minha criatividade aumentou ainda mais.
Os Dois riem pela empolgação do atual Júnior, de 17 anos, falar sobre desenhos e quadrinhos como aquela mesma criancinha.
A cena transita para o jardim de infância. 
- Foi difícil eu me adaptar no começo. Já tinha medo de mudanças e medo de ficar longe da minha mãe.
Estão no banheiro da escolinha do jardim de infância.
- Os banheiros dessa escola me deu uns problemas.
Os dois prestam a atenção e esperam pelas histórias.
- Eu tava apertado e o banheiro masculino tava fechado. Fui para o feminino porque eu estava muito apertado. Mijei, soltei a descarga e a professora ouviu da sala, me puxou pelo braço e disse para eu nunca mais fazer isso. O jeito que ela me apertou no braço doeu e fiquei assustado. Ela não me explicou o porquê e fiquei muito confuso. Nos dias seguintes, eu passei a pedir para minha mãe se eu poderia ir ao banheiro, comecei a achar que era errado ir ao banheiro.
Os Dois morrem de rir.
Transita para outro dia.
Júnior vê a si mesmo entrar no banheiro do andar de cima da escola sem acender a luz. Na porta de madeira com fechadura e não conseguir mais destrancar. - A vez em que me tranquei sem querer. A fechadura não abria de jeito nenhum, emperrou.
Júnior criança bate na porta e grita com sua voz aguda e baixa. – Socorro! Tô preso. – Repete.
- Como eu era bem pequeno, isso me amedrontou. Eu passava minutos e ninguém entrava no banheiro. Eu só sentava na privada e ficava olhando para cima. A janela que era a única fonte de luz naquela escuridão que era o banheiro.
- Quanto tempo durou?
- Não sei. Eu era criança. Para mim foram como 2 horas, mas acredito que devem ter sido 30 minutos.
- Que diferença de tempo.
- Eu estava com muito medo. Eu esperava ouvir alguém entrar no banheiro e eu pedir ajuda. Só conseguia ouvir o som abafado, bem distante, das crianças da escolinha. Todos iam ao banheiro, mas o banheiro de baixo. As crianças da minha sala estavam tendo brincadeiras no parquinho do segundo andar, mas havia vindo pouca gente nesse dia, e esse era o segundo banheiro da escola, que nem todo mundo ia.
- Dois banheiros na escola do jardim de infância?
- Era privada. A única vez que estudei privada foi durante esse jardim de infância. Graças ao meu avô.
- Seu avô fazia muito por você.
- Sim. Ele é uma das únicas pessoas que ainda gosto e não guardo mágoas hoje em dia.
- Resumindo, esperei um tempão até alguma criança entrar no banheiro e eu pedir ajuda. Ela chamou um adulto e esse também não conseguia abrir a porta emperrada. Lembro que ele pediu para que eu me afastasse da porta que ele iria arrombar.
- Quanta burocracia.
- Sim. Quando saí do banheiro, já tinha outra sala chegando no parquinho e a minha já estava até indo embora, a professora pediu desculpas por não ter notado minha ausência durante esse tempo. Eu estava mudo, só acenei. Fiquei com medo de ninguém nunca entrar no banheiro e eu ficar perdido lá para sempre, a imaginação de uma criança é muito exagerada. Fui para minha sala e logo depois foi o horário da saída. 
Os Três veem a cena acontecer com os próprios olhos. O Homem acha hilário a cara assustada do mini Júnior.
O dia muda.
- Teve também a vez que tava apertado e fui no banheiro, bati a porta algumas vezes e perguntei se tinha alguém dentro. Ninguém respondia. Continuei batendo, ninguém respondia. Tentei abrir, algo na mesma hora puxou a porta de volta e levei uma portada no dedo, o deixando todo vermelho.
- Você tem um problema com banheiros, hein?
- É... Por isso, hoje em dia, não vou ao banheiro em nenhum lugar que não seja minha casa. Me certifico sempre de mijar antes de sair de casa.
- Você nunca mais foi ao banheiro da escola depois destes três casos?
- Fui algumas vezes. Nessa mesma época eu continuei indo no banheiro, e pior, eu cagava lá. Eu não sabia me limpar sozinho nessa época e tinha que pedir para a professora me limpar, eu gritava o nome dela para ela vir me ajudar.
- Que ridículo! – Riem em voz alta, uníssono.
NickLuska
Lucas Réver

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