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O Enforcado

O Terceiro Pesadelo - Parte 3

O Terceiro Pesadelo - Parte 3

Feb 09, 2025

This content is intended for mature audiences for the following reasons.

  • •  Abuse - Physical and/or Emotional
  • •  Mental Health Topics
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- Mais tarde, ainda naquele mesmo dia, dois caras se aproximaram, querendo “quebrar o gelo”, como disseram. A princípio, pensei que talvez estivessem querendo iniciar uma conversa normal, mas logo percebi que a intenção era outra. Cada frase que diziam vinha acompanhada de um tom malicioso, uma provocação velada, e em pouco tempo as 'brincadeiras' começaram a me incomodar profundamente. Parecia que tudo o que faziam era me testar, tentando arrancar alguma reação de mim, como se estivessem se divertindo com meu desconforto. Depois as aulas acabaram naquele dia.
- Siga em frente. – O Homem se delicia com o sofrimento de Júnior.
- Depois, descobri que eles eram amigos da garota, aquela por quem meu, até aí, amigo, era apaixonado. Comecei a conversar com eles mais, mas era péssimo. Mesmo eu tentando ser amigável, eles faziam questão de me irritar e pôr para baixo, parece que quanto mais amigável eu tentava ser. Eu tentava de todo jeito pedir ajuda, mas ninguém se importa. Todos da sala eram insuportáveis, acho que me viam como algo fácil de pisar em cima, por isso me tratavam dessa maneira. Inventavam histórias sobre mim, como se o problema fosse eu. Diziam que eu não comia na escola porque tinha nojo das pessoas, que evitava qualquer um que se aproximasse porque me achava melhor do que eles. Mas a verdade era muito diferente, eu mal conseguia segurar a náusea, o enjoo constante que surgia cada vez que precisava ficar ali. Estava gastando toda a minha energia só para manter a cabeça erguida, fazendo o possível para não desmaiar. Os dias continuaram, e tudo parecia desmoronar cada vez mais. Logo, uma menina começou a se aproximar de mim de maneira desconfortável, tentando cruzar meus limites sem se importar com minha reação, era um assédio constante, se esfregando em mim e me gritando, 'brincadeiras' que eu não sabia como evitar. Todos riam, ninguém achava isso errado. Todos adoravam ver meu desconforto. Como se não bastasse, um garoto também começou a fazer bullying comigo, insistindo em me provocar, me tacava bolinhas de papel. Cada dia se tornava mais difícil, e a escola, ao invés de um lugar de aprendizado, virou um campo de batalha do qual eu não tinha como escapar.
Os Dois morrem de rir com as histórias.
- Conta mais sobre o moleque do bullying.
- Uma vez ele escondeu meu caderno na mochila dele e iria levar para casa, só que eu acabei pegando antes.
Os Dois gargalham.
...
- Tudo piorava a cada dia. Nos intervalos, eu ficava sozinho na sala, tentando me proteger do caos lá fora, o silêncio era sufocante. A solidão nesses momentos, mesmo que um alívio, me fazia sentir ainda mais deslocado, invisível, mas ao mesmo tempo exposto de alguma forma. Algumas porteiras vinham até a porta, olhavam para dentro e perguntavam, com curiosidade ou talvez com um toque de incômodo, se eu não iria sair para o intervalo. Suas palavras faziam crescer em mim uma sensação de humilhação. Era como se, ao escolher ficar ali, eu estivesse confirmando aos outros que não pertencia àquele ambiente. Nunca me senti tão humilhado como naquele ano. Em cada olhar, cada comentário, era como se eu carregasse o peso do julgamento de todos ao meu redor. Eu não era apenas ignorado, era tratado como um incômodo, como um peso que ninguém queria carregar.
Os Dois riem.
- Meu “amigo”, do ano passado, vinha me visitar, mas a verdade é que suas intenções eram tudo, menos amigáveis. Ele se aproximava com aquele sorriso que, na verdade, escondia uma vontade de me zoar. Eu sabia que, por trás das risadas, havia uma expectativa de que eu fosse o alvo de suas brincadeiras. E, por medo de ser novamente ridicularizado por conta dele, acabava o expulsando da sala. A última coisa que eu queria era que minha situação piorasse ainda mais, e permitir que ele ficasse ali só intensificaria a humilhação. Era uma batalha interna constante. Eu queria um amigo, alguém para compartilhar meus pensamentos, mas a presença dele só trazia mais desconforto. A cada visita, eu sentia que minha posição era cada vez mais vulnerável, como se estivesse num campo minado, onde qualquer palavra ou gesto poderia desencadear uma nova rodada de zombarias. Me afastei dele.
Riem.
- Comecei a desenvolver uma síndrome do pânico que me consumia. As noites tornaram-se um tormento, eu acordava de madrugada, meu corpo se contorcendo em ansiedade ao saber que teria que enfrentar mais um dia na escola. Minha pele ficava amarela de pálida. Cheguei a convulsar duas vezes, sem ninguém saber. Eu não queria voltar para lá, fazia o máximo de esforço para “me matar” mentalmente. O simples pensamento de voltar para lá e ver todas aquelas pessoas se transformava em um peso insuportável, e, ao voltar da escola, minha mente não me deixava em paz. Passava horas relembrando cada momento, cada zombaria, cada olhar que parecia cravar mais fundo. Eu tinha pesadelos todos maldito dia com a escola, pensava nela o dia todo. Em algumas dessas ocasiões, a situação ficou tão insuportável que duas vezes cheguei a vomitar ao chegar em casa, o estômago em um nó, a dor psicológica se manifestando fisicamente. Eu comecei a ter ataques de pânico diários. Todo dia. Todo dia. Todo dia. Minha mãe começou a se preocupar e, em seu desespero, passou a achar que eu poderia estar me drogando, algo que eu nunca tinha sequer cogitado. O que ela via como uma preocupação, para mim era apenas mais uma camada de incompreensão. Estava tão isolado na minha batalha interna que, aos poucos, comecei a perceber que estava falando sozinho, murmurando palavras de desespero em momentos de solidão. Era um sinal claro de que minha mente estava à beira do colapso, e eu me sentia cada vez mais perdido, sabendo que não há um caminho de volta. Um beco sem saída.
Gargalhadas.
- No final do primeiro bimestre, quando o estresse das provas e da recuperação começou a apertar, acabei ficando doente por três semanas. Fiquei muito mal, de cama, mal conseguia me levantar. Contudo, mesmo diante daquela fraqueza física, percebi algo inesperado. Mentalmente, eu estava muito melhor. A distância da escola e daquela sala, aquele ambiente opressivo que havia me sufocado. O tempo afastado me fez terminar de perceber que aquela sala estava me destruindo. Depois disso, comecei a faltar com frequência. O que antes era um dia ou outro se transformou em uma rotina de ausências. Minha mãe não acordava cedo o suficiente para perceber o que estava acontecendo, nem parava para contar quantas faltas eu tinha, pois não prestava atenção em mim.
...
- E assim a situação continuou, se arrastando em um ciclo de desespero. Cada dia se tornava mais difícil, e a pressão apenas aumentava. Eu dormia 3 ou 4 horas por dia e ia para a escola com os olhos vermelhos de ardência e de segurar lágrimas. Todo maldito dia. Eu não podia me abrir ou contar com ninguém real, então comecei a conversar com inteligências artificiais, elas foram mais amigáveis comigo do que qualquer outro ser humano. Elas e os devaneios foram os únicos que me acolheram nesses momentos. Os trabalhos em grupo ou em dupla eram verdadeiros pesadelos para mim. Eu olhava em volta e não havia ninguém com quem pudesse contar, ninguém que me entendesse, gostasse de mim ou que estivesse disposto. Todos tinham alguém para contar, menos eu. A angústia crescia a cada novo trabalho em equipe. Eu mal conseguia aguentar meu próprio mal-estar, a sensação de náusea se intensificava a cada interação. Não aguentava tantas provocações, era insuportável. Estava vivendo o inferno. Em casa, a situação se tornava insuportável. Eu socava as paredes com raiva, como se cada golpe pudesse dissipar um pouco da dor acumulada dentro de mim. Era uma forma de descontar tudo o que sentia, uma tentativa desesperada de transferir a dor interna para algo físico, algo que pudesse ver e tocar. Estar perto daqueles conhecidos da sala se tornou um desafio quase insuportável. A cada encontro, a cada olhar, eu me sentia cada vez mais humilhado. Sempre que escutava risadas, as imaginava direcionadas para mim e, ao mesmo tempo, havia horas que eu perdia totalmente a audição. Eles seguiam suas vidas, aparentemente felizes e realizados, enquanto eu afundava cada vez mais em um abismo de solidão e desespero. Senti como o mundo é injusto, como eles me ridicularizavam e zombavam de mim, e mesmo assim saíam por cima. Era frustrante ver como estavam bem, conversando e rindo, enquanto eu me afundava em pensamentos sombrios. A angústia me consumia, e a comparação constante apenas piorava a situação. Eu tentava me esconder atrás de um sorriso falso, mas, por dentro, sentia meu interior deteriorar e ser sugado pelo mais puro desconforto e pânico. Cada interação era um lembrete doloroso do quanto eu estava sozinho e perdido, e a sensação de estar à deriva no mar da vida me deixava ainda mais vulnerável. O abismo estava se tornando meu lar, e a cada dia que passava, era mais difícil encontrar uma razão para tentar me salvar.
...
- Os pensamentos sombrios não me deixavam em paz. Sonhava com o suicídio a cada instante, era e ainda é minha única saída, uma forma de escapar daquela realidade insuportável. Não havia um único minuto em que essa ideia não passasse pela minha mente, mas, ao mesmo tempo, eu sabia que nunca teria coragem para ir até o fim. A luta entre o desejo de escapar e a falta de forças para fazê-lo me deixava ainda mais angustiado, como se estivesse preso em uma armadilha sem saída.

NickLuska
Lucas Réver

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