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O Enforcado

O Terceiro Pesadelo - Parte 5

O Terceiro Pesadelo - Parte 5

Feb 09, 2025

This content is intended for mature audiences for the following reasons.

  • •  Abuse - Physical and/or Emotional
  • •  Mental Health Topics
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...
- Nessa época, meu desespero estava tão insuportável que tentei de tudo que me vinha à mente, como se cada tentativa fosse uma tábua de salvação em meio ao turbilhão que era minha vida. Magia, rituais de trabalho, pseudociência, orações, mesmo não acreditando em nada, tudo parecia ser uma possível solução para o caos em que estávamos imersos. Eu buscava qualquer forma de controle sobre a situação, algo que me fizesse sentir que, de alguma maneira, ainda havia esperança. E, de forma surpreendente, o dinheiro voltou a entrar na conta um mês depois. A origem desse retorno era tão aleatória quanto a sua interrupção. Sem explicação clara, a conta que antes estava em silêncio começou a se encher novamente.
...
- No entanto, mesmo com essa reviravolta inesperada, eu continuava a viver com medo. O temor de que a qualquer momento tudo poderia se desmoronar novamente era uma sombra constante que pairava sobre mim. O mais estranho de tudo é que, mesmo com tantas coisas fora de lugar, o conselho tutelar nunca veio. Essa ausência se tornava uma espécie de estranha ironia. Talvez não tenham notado minha ausência. Era uma sala com 40 pessoas, eu era um nada, ninguém devia sequer lembrar meu nome.
- Uau... – O Homem se surpreende com tudo que escuta, orgulhoso. Com a intensidade de rancor e tormento que Júnior carrega.
- Mesmo com a leveza temporária trazida pelo retorno do dinheiro, a tensão e a angústia continuavam a permear minha vida, refletindo-se em boas brigas que ocorriam ao meu redor. Uma delas ocorrendo na casa da sogra da minha tia, onde o clima estava horroroso. Ao chegar, fui recebido por olhares críticos e palavras carregadas de julgamento. A velha, com seu ar de superioridade, começou a me dar lições de moral, tudo porque Maria, a mulher que deveria chamar de avó, havia reclamado de mim com ela e a família inteira. Aquelas palavras ressoavam como lanças afiadas em um coração já agoniado. A cada frase que saía da boca dela, meu controle se esvaía, e pensamentos intrusivos crescia em mim como um monstro faminto. Eu me sentia transtornado, um vulcão prestes a entrar em erupção. Era como se cada provocação se tornasse um estopim, eu estava vendo a hora de cometer uma loucura. Fui até o parque perto da casa me controlar. Minha mãe apenas sorria e cuidava do sobrinho, não dando a mínima para mim, como sempre. Depois de uma briga me culpou pelo climão e ridicularizou minha aparência, a única coisa que importa para ela. Foi um fim de ano repleto de impulsos, me contendo em um esforço desesperado para manter a calma. A raiva borbulhava dentro de mim, e a única coisa que me impedia de explodir era o fio de racionalidade que ainda tentava segurar.
...
- E assim o ano passou. Estou aqui novamente no segundo ano do ensino médio, desta vez no turno da noite. Já sem nenhuma esperança, porque descobri a verdade sobre minha vida no ano passado. A esperança não existe, o bem nunca virá. As coisas se acalmam um pouco, mas logo pioram. Tentei abaixar a guarda naquele ano e tudo piorou. Não se pode abaixar a guarda. Eu fui fraco, tentei ter esperança nas coisas, tentei ser bom. O bem não existe, por isso fui pisado. Eu tentei me iludir e sofri. As coisas nunca melhorarão para mim e minha família, somos amaldiçoados. Sigo evitando trabalhos grupais e ir para a escola sempre que posso, minhas notas estão igualmente péssimas e odeio ver a cara dos professores conhecidos e esses colegas de sala. Quando vejo conhecidos do ano passado, que também se transferiram ou vagam pelas ruas noturnas, tenho que fazer de tudo para me segurar e não fazer nenhuma loucura. Sigo remoendo tudo, rasgando a ferida toda maldita noite, nunca irei esquecer de tudo que eu passei.
...
- Ah, como queria... – Júnior se contorce, em pura dor e raiva.
Os Dois apenas observam.
- Ainda lembro de um dos últimos dias de quando frequentei a escola. Uma feira estava para acontecer, não tinha grupo, nem ninguém. Me botaram em um. Os mesmos que riram de mim no primeiro dia de aula.
- Puta merda. – O Homem está ansioso pelo encaminhar da história. - E o que aconteceu daí?
- Tive que ir para a casa de um deles. Senti tanto ódio. Só ficava calado o tempo inteiro. A menina falou que só me botaram no grupo porque eu ia preencher o espaço como substituto de um outro amigo dela que tinham brigado. E também porque imaginou que eu não tinha ninguém para fazer o grupo, ela falava comigo como falava com um inferior.
- Maravilha! E falava! – O Homem ri, zombando.
- Todos sorriam e pareciam tão bem. Eles falavam de uma outra pessoa que desconheço, que era muito fechada. Sentia como se falassem de mim, era como ouvir comentários de mim mesmo em terceira pessoa. Me sentia ofendido em cada palavra. Me senti tão frustrado. Tivemos que ir para o mercado comprar materiais e pegamos uma puta chuva.
- E então?
- Dias depois tivemos que apresentar esse trabalho, para toda a escola e um pessoal da universidade.
- Puta merda!
- É, puta merda. A escola estava cheia e a apresentação não era só uma única vez, você tinha que apresentar várias vezes para o pessoal que ia entrando. Tive que fazer todos os meus esforços para não infartar ou vomitar ou ter um ataque epiléptico.
- Sabe o que minha mãe falou quando cheguei em casa?
- O que?
- Me parabenizou por finalmente ter ido à uma feira. Por não ter tido “frescura”. – Júnior range os dentes.
Os Dois riem.
- Sabe o que mais ela falou?
- O que?
- Que tem vergonha de mim, que eu sou um retardado. Que só trago vergonha para ela e que só falta eu “virar viado”.
Riem.
- Queria que todos que riram de mim provassem do meu veneno.
Continuam a rir.
- Você sabem o que ela me perguntou uma vez?
- O que?
- O que os outros pensavam de mim quando me veem ficar vesgo. Ela disse isso enquanto ria da minha cara.
Os Dois riem.
- Eu só queria que me pedissem desculpas... Que me enxergassem como sou... Que me tratassem como mereço...
...
- Sabe o porquê de eu contar tudo para vocês? – Júnior entorta o olho.
Os Dois esperam a resposta.
- Porque vocês foram os únicos que me ouviram em toda minha miserável vida. Apesar de também rirem de mim, assim como todos os outros.
Os Dois se acabam de rir.
- E sei também... Que vocês não passam apenas do fruto de meu inconsciente que me julga.
Os Dois gargalham alto. - Então você percebeu?
Júnior acena. Olha fixamente para seus rostos borrados, sem medo ou fraqueza.
Os rostos borrados Dos Dois desfazem suas manchas, seus rostos são revelados agora. Os Dois tem o rosto de Júnior, sua imagem e semelhança. São também seu pai e sua mãe.
Com os olhos tortos e seu rosto que expressa uma carranca.
O palhaço autômato surge da escuridão novamente, rodopiando em volta de Júnior. – Amaldiçoado! Amaldiçoado! Amaldiçoado!
O rosto de Júnior se deforma, se tornando uma criatura horrenda e dolorosa de visualizar. 
O canto de um anu-branco reverbera.
As raízes se desfazem.
Os galhos afinam.
A árvore apodrece.

NickLuska
Lucas Réver

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