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O Trilho do Trem (PT-BR)

Noite Transfigurada - Parte 1

Noite Transfigurada - Parte 1

Feb 25, 2025

This content is intended for mature audiences for the following reasons.

  • •  Drug or alcohol abuse
  • •  Mental Health Topics
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11 de Dezembro de 2023, Segunda-Feira.
Rua Sete.
Fiquei tão ansioso acumulando forças dormindo que acabei exagerando. Acordei passando do horário de ir trabalhar, dormi demais. 

“4 chamadas não atendidas de ‘Chefe’”

Devo ir para o trabalho, preciso me desculpar para o chefe. Além de que não posso perder o acesso às ferramentas e o local. O envio uma mensagem dizendo que irei me explicar quando chegar.

Monotonia, indo de bicicleta ao campo da universidade, lembro de Tatiana, ela já não tem mais valor para mim. Tenho outro objetivo agora. Durante a jornada até o campo avisto o bar que tanto frequentava, fechado no momento. Me lembro das conversas com os colegas do bar, do velho Beethoven, foi um curto período de dois dias, mas foi bom enquanto durou. Agora Deus me deu um objetivo e uma redenção, tenho um objetivo a cumprir.
Enfim chego no campo, me direciono à área onde fica as ferramentas de jardinagem. Sou recebido pelo meu chefe, braços cruzados, um semblante sério e uma postura brava. 
- Precisamos conversar.
- Sim, é isso que te mandei no WhatsApp, posso me explicar por ter demorado hoje para chegar.
- Não, não só hoje. Os últimos dois meses.
- Hã?
- Você sempre foi bom no trabalho, mas vem decaindo notavelmente, não fazendo progresso na jardinagem e aparo do campo. 
- Eu estive me forçando tanto quanto antes...
- Eu mal posso notar a diferença em seu trabalho nos últimos dois meses! Não me surpreenderia se você estivesse mentindo e não fazendo nada durante esse tempo.
- Eu posso melhorar, é só me explicar quais áreas preciso me focar. – Não posso deixar que ele me demita hoje, preciso das ferramentas e só tenho meu ancinho de jardinagem que está preso à bicicleta.
- Não. Já encontramos alguém para te substituir, alguém confiável e esforçado no trabalho.
Fico congelado.
- Você sabe o esforço que fiz para você ter entrado nesse trabalho, principalmente com seu histórico. Não tenho nada contra você, espero o melhor em sua vida, mas você está demitido.
A palavra demissão me causa um arrepio na espinha e um frio na barriga, sinto meu corpo tremer. Mas algo me incomoda ainda mais...
- “Seu histórico”?
- Hã? – Ele recua com um passo para trás.
- Meu “histórico?”
- Bem, você sabe... 
- Sei? O que?
- Não quero cutucar suas feridas, foi sem querer.
- Qual meu histórico?
- Hã? Você não lembra? 
- ...
- Está brincando? – Seus olhos arregalados trêmulos me perguntam.
- Responde...
- Há dois anos atrás você foi-
Puxo a enxada guardada ali na área de jardinagem. Aponto para ele. O Ex-Chefe tenta segurar meu braço para me impedir, mas já a tenho em minhas mãos, fui mais rápido que seus movimentos. O dou uma cotovelada para que se afasta de mim.
- Álvaro? – Ele se distancia.
Me aproximo lentamente.
- Álvaro, tira isso da mão. – Tenta me domar, como um primata com um tacape tenta domar o tigre.
- Álvaro... tira isso da mão, agora. Você não quer fazer isso.
- Quem você acha que é para dizer o que eu quero?
- Álvaro... não vá destruir sua vida. – Ele se distancia lentamente também, sem dar as costas para mim. Treme.
Sou eu quem tem o tacape e é o caçador.
- A área de jardinagem é sempre deserta, não? – Chacoalho a enxada, é divertido.
Ele soa.
Todos sempre riram, agora é minha vez.
Me aproximo. 
Ex-Chefe se distancia, mas bate na parede do edifício. 
- Não há para onde escapar. Está encurralado.
- ÁLVARO, TIRA ISSO DA MÃO OU VOU LIGAR PARA A POLÍCIA!!!
- E você acha que eles vão te salvar até chegarem aqui?
Ele entende e tenta correr para um lado, o faço tropeçar com a enxada. 
– SOCORRO!!! – Ele grita enquanto levanta desesperadamente.
Levanto a enxada e perfuro sua costela enquanto ele tenta fugir.
Ele cai novamente.
Sangue flui pela sua roupa e pinta o chão. Geme, ofega e se contorce em dor caído ao chão. A memória de Tatiana com o Macaco vêm em minha mente.
Sinto ainda mais ódio. Levanto a enxada com o um jogador de baseball, lá vai a tacada final.
Ele implora por sua vida. Grita, geme e lacrimeja. Ridículo.
Almejo sua cabeça. A perfuro e a explodo com a enxada. Sangue escorre por todos os lados, seus miolos voam e evacuam pelas paredes e o piso da área de jardinagem.
É como quando se pisa em um tomate.

Não tem mais volta.
Sinto ânsia de vomito no desespero ao mesmo tempo que sinto êxtase. 
Sinto... Eu sinto agora.
Nesses dois anos só sentia o vazio, agora sinto adrenalina.
Anestesiado pelo êxtase, estou me livrando do encantamento que Priscilla fez em mim. 


Limpo a enxada.
Todas as ferramentas ficam aqui.
Tranco a área de jardinagem com o corpo dentro, não tenho tempo para enterrar ou esconde-lo, tenho outro foco. Até que encontrem o corpo já será tarde, o local fechado irá reprimir o fedor de seu corpo morto. Me apresso com a bicicleta para a casa, preciso me preparar.

O celular vibra e apita.
Tatiana está a me ligar. Estala um pensamento na minha cabeça, Tatiana pode ser útil dessa vez. Muito útil. Atendo a ligação.
- Alô?
- Oi, Álvaro!
- Oi.
- Quantos dias sem falar com você... Estava preocupada. Você viu meu texto? Eu queria me desc-
- Estava ocupado, não vi.
- Ah, entendo... Pode ler daqui a-
- Você me ligou numa boa hora, preciso que você me faça um favor.
- Qual? – Sua voz já não parece mais tão contente, imprestável.
- Naquele dia quando fui embora.. Me esqueci da carteira e do celular... 
- Não me diga que perdeu! – Ela se espanta. - Só foi perceber isso agora depois de 3 dias? 
- Estou de ressaca até agora. Estive ocupado com o trabalho e as tarefas domésticas. Fui fazer compras e só notei na hora de pagar, não pude nem usar o cartão, pois ele ficou na carteira.
Ela solta uma bufada pelo nariz, prende a risada. – Meu Deus! Coitado.
- Quando voltei não estava mais lá, perguntei a algumas pessoas e uma delas me disse que uma mulher chamada Priscilla havia o pego.
- Oh... – Sua voz expressa constrangimento, provavelmente relembrando os acontecimentos daquele dia. – Priscilla... A namorada do... A-Acho que sei quem pegou...
- É mesmo? –  Talvez dê certo.
- Conheço ela de vista... Não sei o porquê ela pegaria sua carteira, ela parece ser uma boa pessoa, deve ter guardado para procurar o dono da carteira, você. – Apesar da explícita vergonha e do desconforto, ela não percebe minha malícia.
- Não me importo com as intenções dela. De todo modo, eu preciso do número dela e da bendita carteira.
- Posso pegar com ela eu mesma caso queira, então eu poderia te ver pessoalm-
- Não, estou aqui na universidade, será mais rápido assim.
- Ok, - Ela me manda o número pela conversa. Priscilla realmente trocou de número. – Quando nos veremos novamente? – Desligo a ligação.
Salvo o número na lista e entro no perfil. A foto está visível. Há a foto de perfil de uma mulher em frente a um espelho. Está sentada em sua cama com uma cara lotada de maquiagem e um bico de pato. Ela usa uma blusa decotada, apertada contra o corpo, e um shorts jeans azul rasgado, que deixam à mostra suas coxas. Uma qualquer. 
- Puta - A voz de Beethoven em minha mente me esclarece. 
Essa era a Priscilla que eu costumava conhecer? Será que ela sempre foi assim ou mudou? Sua imagem atual com a de minhas antigas memórias se mesclam e se confundem, já não tenho mais certeza de sua pessoa.

Há borrões de sangue em minha blusa, tiro minha blusa. Vou embora para me trocar e guardar minhas forças, depois voltar na madrugada para pegar as ferramentas, de madrugada os guardas não estão aqui. Ninguém me verá carregando-os na minha bicicleta. Hoje é dia de semana, poucas pessoas pelo campo e os estudantes estão dentro da universidade, inclusive Priscilla. Sigo com minha bicicleta, pensando na desculpa que inventaria para os guardas. Os guardas me conhecem vagamente, então não vão implicar tanto se eu não estiver de blusa.

Passo pelos guardas, minha justificativa é que eu rasguei a roupa por acidente enquanto fazia meu trabalho. Eles me julgam por estar sem camisa, mas caiem na minha mentira.

Priscilla...
Só por seu amor, havia me esquecido de Deus.

Tic-tac. O relógio repete.
É noite.
O tempo se desfigura em espirais de alucinações, previsões do que está prestes a acontecer. A frequência da batida do ponteiro do relógio sincroniza com o grave do meu coração. O tempo estica e encolhe. O ar é pesado, oprime minha respiração. Sinto um nó na garganta, um frio na espinha e o suor frio. Mascaro o medo arranhando minha pele com a ponta da minha unha, cada lasca de carne avermelhada exposta tira minha atenção do tempo que espero passar.

Mesmo que agora tivesse o número de Priscilla, como jogaria a isca? Forço a cabeça a pensar, até doer. Fingir ser o macaco? Não, eles com certeza devem estar juntos. Fingir ser um professor? Não, não vai dar certo e vai soar estranho. Fingir ser Tatiana? Talvez isso dê certo, ela não se sentirá ameaçada se for uma mulher, muito menos com uma conhecida.
Excluo meus contatos. Uso uma foto da Tatiana de biquíni que printei no dia em que me masturbei. Coloco um recado femininamente estúpido repleto de emojis. Um nome com fonte de texto estilizado. Tudo para parecer confiável e coerente. 
Como posso chama-la para um lugar? O que devo pedir?
Um pensamento apita em minha mente como um relâmpago que desce à terra. E se eu a chamar para conversar sobre mim? Ela deve ter visto Tatiana me seguindo, aquela desgraçada pode até mesmo ter falado coisas sobre mim. Mas e se ela não for? As pessoas no mundo de hoje só se falam através do celular... Não, deve ser algo sério, algo gravíssimo e urgente.
Mando a mensagem para ela.

“Oi, preciso te encontrar. É sobre o Álvaro, é urgente.”

A mensagem em poucos segundos é marcada como vista.
Mas já?!

“Olá. Em qual lugar podemos nos encontrar?”

Ela respondeu. 
Mamão com açúcar.

“No Parque do campo da Rural. O mais breve possível.”

Respondo a pressionando. Não terá ninguém lá hoje uma hora dessas em um início de semana, está tudo indo perfeitamente.

“Ok. Já estou indo.”

Está predestinado.
Vou até a cozinha. Puxo a gaveta da mesa, guardo uma faca na parte de trás da minha bermuda.
Priscilla...
Volto para o meu quarto e pego minha chave jogada em cima de minha cama desarrumada. Ali diante do chão lá está meu altar que aguarda sua oferenda.

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Lucas Réver

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