Depois de um longo tempo a caminho de casa, admirando-a, lembro que na última vez que a vi, ela estava de calça e blusa de manga longa, e eu sei que ela odeia esse tipo de roupa. Dizia que a dava muito calor. E cá está ela, de vestido preto longo, com mangas longas e gola alta.
Voltando para o momento presente, ela está tomando banho.
Estamos sozinhos em casa, minha mãe está na casa da minha avó e meu pai está por aí.
Pego seu vestido para colocar para secar e consigo sentir um cheiro doce vindo dele. Não é perfume, é o cheiro dela. Ahh, faz tanto tempo que não sinto esse incrível cheiro.
Não ouço mais a água caindo do banheiro e corro para estender o vestido antes que ela pense que sou um pervertido.
— Nana, me traz a roupa da sua mãe", ela pede.
Corro e pego uma saia e uma blusa refrescante. Não posso negar que quero ver sua pele.
Ela abre a porta e só coloca sua mão para fora para pegar as roupas. Por respeito e nervosismo, nem olhei para sua mão.
— Querido, sua mãe não tem calça e uma blusa de manga comprida?
— ...Tem
— Me traz, por favor.
Ela devolve as roupas e não consigo evitar de olhar sua mão e seu braço.
— ...O que é isso, tia?",
Assustado, agarro seu braço e passo suavemente meu polegar em suas cicatrizes.
Ela puxa rapidamente sua mão.
— Tia, você tentou se m-
— Traz logo a roupa!
— Mas, tia...
— Isso não é da sua conta, ela responde friamente.
Minha doce tia tentou se matar? Como? Por quê? O que aconteceu com a alegria de viver que ela tinha?
Trago a roupa e bato na porta para ela pegar.
— Traz o meu vestido.
— Mas está encharcado.
— Eu vou embora.
— O quê?! Não vai não!
— Traz logo", ela insiste.
— Ainda está chovendo lá fora, espera pelo menos estiar. Por favor, tia", suplico.
— ...Você promete que não vai contar para a sua mãe o que você viu?", ela pergunta, com tom de preocupação.
— Prometo! Eu juro!", respondo rapidamente.
Ela abre a porta e pega a roupa. Graças a Deus, ela decidiu ficar.
Ao sair do banheiro, ela parece meio sem jeito, colocando as mãos em seu pescoço.
— Vem para o sofá, tia. Eu trouxe uma coberta quentinha.
— Obrigada, querido.
Finalmente, estou reconhecendo o seu sorriso. Aquele sorriso.
Ela se senta e eu pego a coberta, coloco nela com todo cuidado. É como se ela fosse uma boneca de porcelana. Bom, para mim, ela é uma boneca de porcelana.
— Você ainda está com essa calça molhada? Você está gelado!", diz ela enquanto toca meu braço com um olhar bravo.
— Vai tomar banho agora!
Como está de dia, não precisa acender a luz da sala, mas como está chovendo, está um pouco escuro. E não sei se é
minha imaginação, mas parece que seu pescoço estava roxo.
— Vai logo, desse jeito é você que vai ficar doente!
Fui rapido, não podia mais ficar nem um segundo longe dela.
Enquanto tomava meu banho, minha mente não parava de pensar no sofrimento que ela havia enfrentado, a ponto de tentar tirar a própria vida. Se ao menos eu soubesse antes, eu teria feito aquele homem pagar, torturado, maltratado, talvez até tirado sua vida.
Quando percebi, já tinha terminado. Fui correndo ao seu encontro.
Ela tinha adormecido, em paz. Parecia que, pela primeira vez em muito tempo, ela conseguia descansar, sem medo, se sentindo segura.
Eu não conseguia deixar de admirá-la, de me sentir atraído por sua presença.
"Dylan, Dylan..."
Acordo com sacudidas e uma voz doce me chamando.
Tinha adormecido no chão ao lado dela
- Querido, desse jeito que está dormindo, vai ficar todo dolorido!
Ela estava certa, mas a presença dela fazia a dor ser insignificante.
- Vai para a cama.
- Que horas são?
- Quase 3 e meia.
Olha, sua mãe tem um secador?
- Tem, vou buscar.
- Desculpa, querido, eu dormi sem perceber e acabei molhando o sofá com meu cabelo.
- Tudo bem, tia, já já ele seca.
Encontro o secador e pergunto se posso secar o seu cabelo.
- Obrigada, querido, mas vá dormir, você tem que acordar cedo para ir à escola, não é?
- Amanhã não tem aula para os terceiros anos.
Não era verdade, eu só não queria me afastar dela.
- Sério? Ok, então vamos logo, porque posso ver nos seus olhos o sono que você está.
- Não é nada.
Ela se senta no banco em minha frente e eu ligo o secador, fazendo seus fios loiros balançarem suavemente, como se estivessem dançando.
A sensação de tocar em seu cabelo é incrível, tão macio.
Um aroma doce se espalha. Será que tudo isso é um sonho?
Eu amo você, tia.
Enquanto seco cuidadosamente seu cabelo, percebo um hematoma roxo na lateral de seu pescoço. Sem pensar duas vezes, me coloco na frente dela e me abaixo para examinar mais de perto. Parece a marca de uma mão. Rapidamente, ela cobre o pescoço com as mãos.
- De novo, você está vendo o que não deve! - Diz ela desesperada.
Desligo o secador e fico de joelhos à sua frente.
Tia, eu juro que não vou contar a ninguém, por favor, me diz o que aconteceu com você, por favor - digo enquanto olho fundo em seus olhos, desesperado para que ela confie em mim.
Enquanto imploro, eu a abraço.
Lágrimas começam a cair de seus lindos olhos verdes. Lentamente e tremendo, ela retira suas mãos do pescoço e me abraça de volta.
Foi o Caio - diz ela com a voz trêmula.
Eu tento reconfortá-la, dizendo que ele não pode mais fazer nada de mal para ela.
Repreendendo minha raiva por aquele demônio.
Depois de alguns minutos, ela se acalma e a levo para o meu quarto.
- Onde você vai dormir?
- Na cama da minha mãe, você pode ficar à vontade.
- Certo.
Me afasto da cama para ir para o quarto que vou ficar e sinto algo me puxando.
É minha tia, seus olhos estão me implorando para que eu fique com ela
- Desculpa... Boa noite.
Ela me solta surpresa
Parece que ela quer me pedir para ficar, mas não consegue.
Pego uma historinha e me sento na cadeira da minha escrivaninha.
- Vou contar uma história para você dormir.
Ela ri, surpresa.
- Eu não acredito que você ainda tem essa história e ainda por cima vai contar para me botar para dormir, hahaha.
Essa história é a minha preferida, porque era a história que ela sempre me contava para dormir.
Dylan sempre teve uma conexão especial com sua tia Clarice, cuja vida se torna sombria após seu casamento forçado. Ele sente a necessidade de protegê-la e, após a morte de seu marido, acredita que pode ajudá-la a reencontrar a felicidade.
No entanto, ao reencontrar Clarice, percebe que as feridas do passado ainda a assombram. Enquanto tenta curá-la, sentimentos complexos emergem, desafiando seus laços familiares e levando Dylan a confrontar o verdadeiro significado de seu amor por ela.
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