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Segredos de Suspensyst

Não há céu debaixo da terra, parte 1

Não há céu debaixo da terra, parte 1

May 08, 2025

O dia estava nublado, e Beta, como de costume, treinava no campo com sua espada de madeira. Suas amigas o observavam entediadas à distância, até que Jonathan surgiu, acenando para as garotas antes de se aproximar.

— E aí? Sentiu alguma mudança? — perguntou, caminhando em sua direção.

— Ainda não, mas não vou desistir! — respondeu com determinação, enquanto lançava golpes no ar. Num descuido, a espada escapou de sua mão e ricocheteou em sua própria cabeça, derrubando-o.

— Moleque... — suspirou Jonathan, estendendo a mão para ajudá-lo a se levantar.

Na entrada da vila, nuvens carregadas prenunciavam uma tempestade. Três figuras encapuzadas se aproximavam, despertando o alerta de Philipe, o guarda de plantão, que empunhou sua espada ao perceber que estava sozinho.

As figuras avistaram a arma oculta entre as cercas e, num gesto inusitado, ergueram ambas as mãos em sinal de paz. Philipe, confuso, permaneceu atento. Passaram-se minutos, e Jonathan ainda não havia retornado, o que deixava seu parceiro inquieto.

— Você é o guarda desta vila? — perguntou um dos desconhecidos, alto e loiro, acendendo um cigarro com desdém.

— Sou. O que querem aqui? — respondeu Philipe de forma arrogante.

— Somos aventureiros. Estamos voltando de uma missão e queremos pagar por abrigo, comida e água — disse outro, de cabelos longos e negros, com olhos vermelhos como vinho.

— Não temos casas para aluguel. Vão embora! — retrucou o guarda, enquanto Jonathan finalmente se aproximava.

— O que está acontecendo? — perguntou Jonathan.

— Seu amigo não quer nos deixar entrar — respondeu o loiro, soprando fumaça na cara de Philipe.

— Quanta ousadia! — bradou o guarda, pronto para atacar, sendo impedido por Jonathan.

— Quem são vocês? — perguntou, colocando-se entre os dois.

— Aventureiros enviados pela Rainha Alexa. Cumprimos nossa missão e agora precisamos descansar. Oferecemos pagamento, mas seu parceiro nos tratou como intrusos.

— Você os barrou? — questionou Jonathan, recebendo apenas silêncio. — Peço desculpas, senhores. Claro que temos um lugar onde possam ficar.

Enquanto conduzia o grupo a uma casa de hóspedes improvisada na antiga igreja da vila, em uma caverna próxima mineradores faziam uma descoberta inesperada: um túnel oculto por trás de uma parede rochosa.

— Veja só... Melhor avisarmos os guardas — disse um minerador mais velho, suado, largando a picareta.

— O quê? Por quê? — perguntou um novato.

— Cavernas inexploradas são perigosas. Você nunca sabe o que pode encontrar.

— Qual é! Monstros praticamente nem existem mais por aqui, só nas florestas e dungeons — retrucou o jovem, continuando a escavação.

— Não diga que eu não avisei... — resmungou o veterano, deixando a caverna.

— Medroso... — murmurou o garoto, abrindo completamente a passagem.

— Acho melhor você não entrar aí, cara — aconselhou outro rapaz.

— Tanto faz. Não tem nada aí dentro. Vocês são paranoicos — debochou o jovem, acendendo uma tocha e adentrando o túnel.

— Vai deixá-lo entrar sozinho, desarmado? — perguntou o outro minerador.

— É arriscado, mas… Melhor isso do que deixá-lo se perder. — Respondeu, pegando uma picareta e entrando atrás dele.

O terceiro hesitou, mas antes que tomasse uma decisão, ouviu os gritos dos dois. Apavorado, fugiu em busca do chefe que se dirigia à vila — sem saber que os gritos, antes parte de uma brincadeira, logo se tornariam reais. Os dois estavam se aproximando de um ninho de aranhas monstruosas e extremamente letais.

≠

— Perdoem meu amigo, ele não tem boas lembranças com aventureiros. Mas enfim, esta é, tecnicamente, a igreja da vila. Podem dormir aqui se quiserem. Há duas camas no primeiro andar e uma ali perto da janela — apresentava Jonathan, indicando o cômodo.

— Muito obrigada — respondeu timidamente uma moça de cabelos verdes e grandes óculos.

— Então aqui está você, rapaz! Espere... quem são esses? — perguntou o minerador, desviando de seu objetivo inicial.

— Esses são os aventureiros que acabaram de chegar à vila. Eu estava mostrando um lugar para que pudessem descansar da viagem.

— Bom, que seja. Só vim avisar você, cavaleiro Jonathan, que encontramos uma segunda caverna dentro da primeira. Se puder dar uma olhada junto com o Philipe, eu ficaria grato. Assim podemos seguir com nossos trabalhos sem preocupações — pediu com formalidade.

— Claro, já estou indo — disse, fazendo um gesto com a mão para que o homem retornasse ao trabalho. — Com licença... — acrescentou, saindo da entrada da igreja.

— Espera! — disse o de cabelos longos, segurando o braço do loiro. — Eu vou com você. Não estou tão cansado, e não é seguro deixar a entrada do vilarejo sem nenhuma guarda.

— Qual a sua cor e núcleo? — perguntou Jonathan, cauteloso.

— Laranja escuro. Possuo o núcleo de força, além de ter em mãos uma espada muito especial que consegui na última missão — respondeu com orgulho, mostrando sua espada encantada.

— Tudo bem, vamos — disse, correndo sem dar muita importância.

O rapaz de cabelos longos usava botas especiais que aumentavam sua velocidade, fazendo com que chegasse antes de Jonathan — mesmo este tendo sido o primeiro a ser informado. A seriedade da situação mudara completamente. O que antes parecia uma simples pegadinha, transformou-se em algo grave sem que os próprios causadores tivessem noção disso.

— Se ao menos a Ferry estivesse aqui... — pensava o aventureiro, enquanto iluminava o caminho tomado por uma escuridão assombrosa.

A caverna era bastante escura e silenciosa de maneira inquietante. Os corredores, estreitos demais, quase o prendiam entre as paredes rochosas. Enquanto Jonathan não chegava, ele estava sozinho contra o que quer que estivesse ali dentro.

Ao alcançar o outro lado, o espaço se ampliava. Havia muitas estalactites e estalagmites, mas à frente havia outro corredor, de onde finalmente se ouvia algum som — pareciam vários passos simultâneos.

— Ele tem certeza que foram apenas duas pessoas que entraram nesta caverna? — pensou, desconfiado.

Caminhava tentando fazer o mínimo de barulho possível. Contudo, fosse o que fosse que estava adiante, escutou sua aproximação. Pensando rápido, escondeu-se entre as estalagmites. Infelizmente, a tocha que carregava se apagou, deixando-o completamente à mercê dos monstros. Estava em desvantagem, sem sequer saber com o que lidava.

Quando Jonathan finalmente chegou à entrada da caverna, pediu que o mais jovem fosse até a igreja buscar os outros dois aventureiros que estavam alojados lá. Observando o longo corredor estreito, percebeu que não conseguiria passar com sua armadura, precisando retirá-la e seguir apenas com roupas simples e sua espada em uma mão, enquanto iluminava o caminho com uma tocha na outra.

Era uma sensação angustiante. O aventureiro ouvia passos vindos de todos os lados. Seus sentidos estavam em alerta. Não sabia se deveria usar as chamas de sua espada para iluminar o lugar, nem se deveria recuar até a entrada ou se os mineradores ainda estavam vivos.

Um barulho vindo da direção oposta chamou a atenção de todos os monstros. Em segundos, as criaturas peludas e de várias pernas estavam em chamas, se debatendo freneticamente.

Jonathan havia levado uma bomba de chamas portátil presa à cintura, na esperança de atrair os monstros e proteger o jovem.

— Você está bem!? — gritou, aflito ao ouvir os gritos das criaturas em dor.

— Estou, mas acho que tem bem mais dessas aranhas pela frente! — respondeu o rapaz, com os corpos em chamas iluminando a caverna.

— Pedi para chamarem seus amigos, sabe... por precaução — disse Jonathan, alcançando o outro lado.

— Fez bem. E aí? Esperamos reforços ou vamos por conta própria? Essas criaturas não são brincadeira.

— Essas aranhas dos infernos não vão esperar o restante chegar para devorar aqueles dois irresponsáveis. Temos que seguir adiante — disse, com os estalos das chamas ao fundo. — A propósito, qual o seu nome e o dos outros dois? Esqueci completamente de perguntar.

— Meu nome é Tate. O que estava fumando se chama Dereck, e a de cabelos verdes é a Ferry. A Ferry é artilheira, com núcleo de percepção no estágio rosa sólido. Já o Dereck tem núcleo de força no estágio amarelo claro — explicou enquanto avançavam pelo corredor, não tão estreito quanto o anterior.

— A-amarelo claro? Seu amigo é forte pra caramba! — disse, sem saber se deveria ficar impressionado ou assustado.

— Pois é — respondeu, sendo o primeiro a passar.

— Tenha cuidado.

— Relaxa, já passei por coisas bem piores. Pode acreditar.

Ambos ignoravam a verdadeira gravidade da situação. Por um descuido, Tate quase caiu metros abaixo em um buraco que parecia não ter fim, com teias de aranha tão finas que quase não se podiam enxergar. Estavam diante de um ninho de aranhas verdes, monstros que usavam o canibalismo para sobreviver — criaturas com o triplo do tamanho de um ser humano comum.

— Acho que uma daquelas granadas não vai ser o suficiente — comentou, com sarcasmo.

— É o que parece... — respondeu Jonathan, perplexo.

Ambos retornaram ao local onde as aranhas estavam sendo queimadas, aguardando reforços. Aproveitaram o tempo para se conhecerem melhor, mas a trégua durou pouco — passos apressados ecoaram pela caverna.

Tate, um jovem de vinte e oito anos, havia se tornado aventureiro aos dezessete. Na caverna, vestia roupas pretas, uma bolsa de poções e uma espada na cintura. Conhecera seu grupo em uma dungeon, onde haviam se perdido e sobrevivido juntos sem saberem nada do passado uns dos outros.

— Ah, esperaram por nós — disse Dereck, entrando. — E aí? Cadê eles? — perguntou, olhando ao redor.

— Não encontramos, mas achamos um ninho dessas aranhas — respondeu Tate, apontando.

— A-aranhas? — perguntou Ferry, começando a tremer. — T-tinha que ser logo essas coisas?

— Isso é uma caverna, o que esperava? Você tem o núcleo de percepção, é a mais apta pra isso. Onde fica o objeto de ressurgimento? — questionou Jonathan, tomando a frente.

— Não vimos ainda. O buraco parece um abismo sem fim — respondeu.

— Isso é um problema — murmurou, sorrindo.

Os quatro analisaram o ninho com mais calma. Ouvia-se grunhidos, mas não se via um palmo à frente.

— Isso vai ser mais difícil do que pensei. Ferry! — chamou com um estalo de dedos. — Flecha de fogo, agora!

Sem hesitar, a garota de cabelos verdes puxou uma flecha aparentemente comum. Ao tocar o arco, ela se incendiou. Sem precisar de instruções, disparou.

O breu daquele abismo terminou. As teias invisíveis pegaram fogo, iluminando tudo. Ao colidir com o chão, a flecha explodiu, causando um imenso dano em área. As aranhas que tentavam fugir eram derrubadas de volta ao fogo, perdendo as patas em segundos.

— Acho que é minha vez — disse Tate, tirando da bolsa um galho azul aparentemente inofensivo.

Ao quebrá-lo, uma fumaça azul subiu, gerando uma chuva instantânea que apagava as chamas. Minutos depois, a fumaça era dispersada por Dereck, com rápidos movimentos circulares de sua espada.

— É bem alto... Vocês sabem como vamos descer? — perguntou Jonathan, olhando para o buraco que exalava cheiro de aranha torrada.

— Não seja bobo — respondeu Tate, rindo enquanto tirava de seus bolsos luvas e botas de coloração verde. — Ferry, o trabalho é seu novamente — disse, entregando o equipamento.

— Isso por acaso são luvas e botas de slime? — perguntou Jonathan, confuso.

— Pensei que já tivesse sido um aventureiro, cavaleiro — debochou Dereck, ajudando Ferry.

— Já faz muito tempo... — respondeu em tom nostálgico.

— Muito legal isso tudo, mas mantenham a guarda. Vou descer primeiro — ordenou Ferry, descendo pelas paredes ainda quentes.

Após 4 a 5 minutos, ela alcançou o fundo e ordenou que jogassem seu arco e flechas. Sem questionamentos, os três cooperavam com precisão.

Ao receber o equipamento, Ferry usou seu núcleo de percepção para formar uma linha invisível e disparou uma flecha presa a uma linha fina, mas resistente. Os outros três desceram, apoiando os pés nas paredes.

Já em terra firme, Ferry acendeu uma tocha, revelando o cenário horrendo — um amontoado de carcaças, mas nada dos mineradores. À frente, uma grande toca levava ainda mais fundo.

— Já vi que vou precisar descansar à noite — suspirou o loiro, ultrapassando Ferry e entrando na toca.

— Vão mesmo querer entrar? — perguntou Jonathan, surpreso.

— Acho que você não entendeu a situação. Temos que destruir o objeto. Caso contrário, essas coisas vão destruir sua vila durante a noite. Temos que ir até o fim agora — encerrou Tate, seguindo seus parceiros.

— Tá legal, então... — murmurou Jonathan, apenas obedecendo às ordens deles durante a missão.

≠

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