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Segredos de Suspensyst

A dungeon do inferno sem fim, parte 1

A dungeon do inferno sem fim, parte 1

May 22, 2025

— CLEVELAND!!! — Smallters gritava pela janela aberta, sendo encharcado pela chuva.

— Smallters? O que faz aqui? Não vê como está chovendo? — perguntou a idosa, abrindo a porta para que o homem entrasse.

— Boa tarde, senhora. É que eu preciso urgentemente falar com seu filho — respondeu, adentrando a casa e deixando as botas ao lado de fora.

— Aconteceu algo? — perguntou, preocupada.

— Não, apenas uma mensagem do Bob a respeito das próximas minerações — tranquilizou-a com um sorriso sem jeito.

— Você ainda vai continuar com esse trabalho? Mesmo depois do que aconteceu ontem? — perguntou, apreensiva.

— Não depende só de mim, senhora. Preciso de dinheiro para sobreviver. Além disso, foi culpa nossa por termos sido teimosos.

— Ora, não diga isso! A culpa é desse tal Bob, que não cumpriu com o papel dele como chefe.

— Eu não acho que... — murmurou, ao ver seu parceiro de trabalho se aproximando. — Ah, aí está você. Já está bem?

— Sim. Aquelas poções dos aventureiros são realmente muito boas. E pensar que um líquido pode curar você por inteiro — disse ele, sorrindo.

— Tire esse sorriso da cara — sua mãe falou, puxando-lhe a orelha. — Você quase me matou do coração ontem. E essas poções não foram grande coisa. Vocês dois apenas desmaiaram de medo e sofreram alguns arranhões que nem vão deixar cicatriz.

— Eu vim apenas repassar uma mensagem do Bob... E também queria aproveitar para irmos agradecer pessoalmente aos aventureiros por terem nos salvado de toda aquela confusão.

— Tudo bem. Vou só pegar meu casaco, pode se sentar — disse, caminhando pelo corredor em direção ao quarto, enquanto apontava para o sofá.

— E então, meu rapaz? Sabe quando irão voltar ao trabalho? — perguntou, acompanhando-o até o sofá com passos cansados.

— Depois de amanhã já devemos retornar. Como nosso ponto de mineração foi completamente destruído pelas aranhas, iremos até uma outra caverna que fica na floresta. Ela é inexplorada, então o cavaleiro Jonathan irá conosco — respondeu, sentando-se.

— Parece muito perigoso. Às vezes tenho medo de deixar meu filho trabalhar, ainda mais nesse tipo de ramo, sabe? É um trabalho digno, mas mesmo assim...

— Eu entendo a senhora. Só que trabalhar como minerador não é tão perigoso quanto parece. Por mais que os eventos de ontem tenham manchado a reputação da profissão, encontrar monstros é algo praticamente impossível — explicou, olhando para a chuva que caía do lado de fora. — E também tem a questão da iluminação. Com a luz adequada nessas cavernas, é quase inexistente a possibilidade de alguma criatura se esconder lá dentro.

— Assim espero, porque depois de ontem, ver meu filho saindo para trabalhar vai me deixar inquieta e preocupada.

— Não há com o que se preocupar, senhora. Como disse agora há pouco, foi um erro nosso. Não vamos cometer a mesma imprudência duas vezes.

— Tô pronto, vamos — o rapaz disse, vindo do corredor enquanto ainda vestia o casaco.

— Bom, até mais, minha senhora — despediu-se Smallters, levantando-se e caminhando em direção à porta.

Os dois então seguiram pelas beiradas das casas, tentando se molhar o mínimo possível diante da chuva que caía à frente.

— O que o Bob queria? — perguntou o rapaz, curioso.

— Depois de amanhã, faremos uma varredura em uma nova caverna para começarmos a minerar. Ele me pediu para avisar que você deve estar acordado às cinco horas em ponto, na saída do vilarejo.

— Tão cedo?

— Quanto mais cedo sairmos e encontrarmos a caverna, mais rápido e menos perigoso será o retorno para casa.

— Entendi... — respondeu, atravessando o caminho de terra correndo e parando em frente à igreja.

Na casa de Payton, a garota estava deitada na cama, lendo um livro qualquer enquanto ouvia a chuva cair. Logo, ouviu batidas na janela. Era Catarina, com uma expressão irritada no rosto.

— Catarina?

— Posso entrar? — perguntou, encharcada.

— Pode? — respondeu, confusa, abrindo a janela.

— Obrigada — disse, pulando para dentro.

— O que você quer aqui? — perguntou, fechando a janela.

— Eu não sou mais amiga da Liz. E, de tabela, deixei de ser da Carla e da Sarah também — respondeu, sentando-se na cadeira em frente ao criado-mudo.

— O quê? Por quê? — questionou Payton, confusa, sentando-se na cama.

— Por causa de uma discussão envolvendo você — respondeu com um suspiro. — Embora você não saiba, desde aquele incidente venho discutindo com a Liz sobre o modo como você é tratada. Ela ainda tem a mentalidade de quando éramos mais novas. Decidi abandonar aquele grupinho e estou sozinha agora, porque finalmente tomei consciência das minhas ações e vi que não é certo te tratar dessa forma sem ao menos termos pro— — ela parou ao notar a expressão inexpressiva de Payton, de cujos olhos escorriam lágrimas, como se estivesse em transe. — Payton? V-você está bem?

— S-sim — respondeu, enxugando as lágrimas com as mãos. — Eu só... não sei, esperava tudo menos isso — disse, sorrindo.

— Eu sei que levaram quatro anos para isso acontecer, mas espero que possa me perdoar. E que perdoe as meninas também, pelo menos até elas entenderem o que estão fazendo.

— Tudo bem... Mas, o que aconteceu? Como chegaram nessa discussão?

— É uma longa história... — suspirou, preparando-se para contar tudo desde o início.


†

†

Lembro-me como se fosse ontem, quando completei meus quatorze anos de idade e participei da minha primeira raid — a primeira de muitas. Lembro das pessoas que conheci naquele dia, de suas ambições, defeitos e objetivos.

Estávamos prestes a entrar em uma dungeon repleta de zumbis e esqueletos, e todo cuidado era crucial para cada integrante da equipe. Nos primeiros andares, tudo seguia conforme o esperado: os monstros vinham até nós por puro instinto, tentando nos matar, e nós os eliminávamos logo em seguida.

Havia uma moça muito bonita na minha equipe. Chamava-se Elsa. Era uma mulher mulata, de cabelos cacheados, que possuía um núcleo de consciência. Uma verdadeira estrategista em combate. Na época, tinha vinte e três anos. Não parecia pertencer à plebe, tampouco a uma casa nobre, mas dava a entender que tinha uma vida estável. Contava ter dois filhos, um com quatro e outro com dois anos de idade.

Sua beleza chamava a atenção de todos os homens — inclusive a minha, mesmo que eu fosse apenas um adolescente com os hormônios à flor da pele. Além disso, Elsa era simpática e comunicativa, respeitada por todos. Essa influência fazia com que todos obedecessem suas ordens sem questionamentos, o que ajudava bastante durante as missões.

Aquele tipo específico de dungeon, conhecida como "Dungeon do Inferno Sem Fim", ou DISF, exigia aventureiros de alto nível. Era uma estrutura formada por inúmeros andares, muitos deles ainda inexplorados e possivelmente habitados por criaturas nunca vistas na superfície. Diferente das demais, que geralmente se limitavam a espaços reduzidos, a DISF era gigantesca, como se tivesse sido moldada especialmente para abrigar aquelas aberrações.

A raid da qual eu participava não tinha como objetivo uma missão especial, tampouco a busca por algum artefato. Era apenas um exercício de experiência. Eu usava aquela incursão como aprendizado, como uma oportunidade de enxergar com mais clareza o mundo dos caçadores, aventureiros e exploradores.

No sétimo andar, o clima começou a mudar. O ambiente ficou mais macabro. Não havia tochas iluminando o caminho, e dependíamos da magia dos magos de fogo para enxergar. Descíamos em direção ao oitavo e último degrau da dungeon. Até então, tudo transcorria normalmente, exceto pelo silêncio absoluto — não havia nenhum sinal de criaturas.

Cada degrau descido acelerava meus batimentos cardíacos. Eu era um adolescente ingênuo querendo se destacar, então me ofereci para ser o primeiro a descer, diante dos outros quinze membros da equipe.

O que vi ao chegar ao oitavo andar foi completamente diferente dos andares anteriores. Havia uma água de pântano esverdeada que batia nas canelas, e uma luz ciana irradiava por todo o local. Era assustadoramente lindo, com construções destruídas — casas, talvez até mesmo os restos de uma cidade subterrânea tomada pela água.

Caminhávamos maravilhados, mas também confusos. Era improvável que houvesse zumbis ali — e, de fato, não havia sinal de vida. Elsa tentava compreender a situação usando seu núcleo, mas nem mesmo ela conseguia obter respostas claras.

Então, tudo aconteceu.

Em questão de segundos, quando estávamos prestes a sair dali, algo sobrenatural ocorreu. Essa é a melhor palavra para descrever a sequência de horrores que se seguiu.

Em um piscar de olhos, antes mesmo de reagruparmos em posição de batalha, vigas metálicas emergiram do chão em direção aos nossos peitos. Elsa, por puro instinto, pulou na minha frente. Não conseguiu evitar que eu fosse atingido, mas impediu minha morte.

Quatorze pessoas foram mortas em menos de cinco segundos.

A adrenalina me impedia de sentir dor ou processar a tragédia diante de mim. Cortei a viga com a espada e saí correndo, mesmo com um buraco aberto entre minha costela e a cintura.

Antes de subir as escadas, olhei para trás uma última vez e vi o rosto da Elsa. Suas lágrimas escorriam enquanto seu corpo jazia sem vida. Todas as vigas haviam sido programadas para matar — e cada uma acertou em cheio o coração das vítimas.

Enquanto fugia, escutei um pedido de socorro. Era um garoto, aparentando ter dezesseis ou dezessete anos, apavorado, perdendo muito sangue. Sem pensar, voltei à água, temendo uma nova armadilha, e o resgatei.

Mesmo fraco, ele usou suas últimas forças para me curar e remover um envenenamento que eu sequer sabia estar sofrendo. O veneno das vigas atrofiava os ossos, causava cegueira, surdez e, por fim, tirava a voz.

Com a voz falhando, ele me explicou que não havia como salvá-lo. No último suspiro, pediu que eu o matasse.

Eu só tinha quatorze anos. Já havia matado monstros, mas nunca um ser humano. Ele deixou uma lágrima escorrer enquanto eu, em prantos, me preparava para cortar sua garganta. Não sabia o quanto uma pessoa podia sofrer com uma morte como essa. Se ele ainda manteria a consciência após a decapitação, eu não fazia ideia.

Mas mesmo assim, eu o fiz. Com um golpe preciso no pescoço, arranquei sua cabeça.

Caí de joelhos, ao lado do corpo, chorando por todos que haviam sido ceifados sem sequer entenderem o motivo. Mas então ouvi passos vindo da água. Peguei minha espada e assumi uma posição defensiva.

O que emergiu dos degraus seguintes foi algo indescritível. Parecia um homem maltrapilho, mas seus olhos brilhavam com uma luz branca e densa, como fumaça. Ele sorria, enquanto eu recuava, buscando mais espaço para lutar.

Então, ele falou:

— Fui eu quem fez tudo isso. Acha mesmo que uma espada vai me matar?

Perguntei por que ele havia feito aquilo. Por que toda aquela chacina?

— Da mesma forma que matar monstros não significa nada pra você, matar humanos não significa nada pra mim. Além do mais, queria lhe parabenizar por ter sobrevivido ao ataque.

Eu estava atônito, sem saber se aquilo era real.

— Você vai morrer da forma mais dolorosa e agonizante possível, meu jovem. Esteja preparado.

E com uma risada, ele desapareceu, conforme as luzes do último degrau se apagavam.

Todas as raids que participei depois desse dia foram traumatizantes. Passei a viver esperando pela minha morte — e quase morri várias vezes. Foi por isso que desisti dessa vida aos vinte e nove anos, quando conheci Philipe em minha última raid, aquela que prometi a mim mesmo que seria a derradeira.

Talvez nosso encontro naquele lugar infernal já estivesse predestinado.

†

†

— A chuva nos faz pensar profundamente em várias coisas, não é verdade? — perguntou Philipe a Jonathan.

— Sim... muitas coisas... — respondeu, pensativo.


daviraimundomenezes
Løser

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