— O quê? Já vão embora? Não iam sair só depois de amanhã? — perguntou Philipe, confuso.
— Recebi uma mensagem da rainha. Temos que encontrá-la o mais rápido possível — respondeu Dereck calmamente, acendendo um cigarro.
— O quê?
— Espera, o Beta já acordou? — perguntou Tate, notando apenas a marca do corpo do garoto sobre a cama.
— Ah, sim. As meninas passaram por aqui e o chamaram para brincar de esconde-esconde na floresta. Inclusive, eu dei a ideia. Ele precisava se divertir um pouco — disse, com um sorriso satisfeito, soltando a fumaça do cigarro. Ferry e Tate o olharam com total desaprovação.
— Seu filho da puta! — gritou Tate, correndo para fora da igreja, chamando pelo garoto.
— O que está acontecendo? — perguntou Philipe, sem entender.
— Não sei... — respondeu Dereck, levantando-se. — Mas já estou indo. Sabem onde me encontrar quando saírem da vila, se quiserem sair — despediu-se com um sorriso debochado.
Ferry estava enojada com seu parceiro. Sabia que tragédias eram inevitáveis, mas Dereck parecia fazer questão de promovê-las gratuitamente. Ele partiu em direção à saída da vila, agora mergulhada na escuridão da noite.
— BETA!!! — gritou Tate pelas bordas da floresta. — CRIANÇAS!!
— Tate, temos que sair daqui! Elas já devem ter sido pegas! — gritou Ferry, tentando puxá-lo.
— E-eu não vou deixar aquele garoto aqui!
— O que viu de tão especial nele!?
— Tate, o que está acontecendo? Que estardalhaço é esse? — perguntou Bob, aproximando-se junto com os trabalhadores.
— Bob...? — murmurou Tate.
— O que são essas coisas? Já estão partindo? O Philipe disse que ficariam por mais uma noite.
— Foi o que eu pensei também, mas... parece que houve um imprevisto — explicou Philipe, aproximando-se.
— Sendo assim, queria agradecer por sua ajuda hoje. Você é um homem bom. Que Deus o proteja durante sua viagem — disse Bob, estendendo a mão.
No momento em que Tate apertou a mão de Bob, um grande tremor sacudiu a terra. Parecia um terremoto. A noite já havia se instaurado por completo, e as luzes da vila foram acesas às pressas. Todos se olhavam com medo, sem entender o que estava acontecendo. Tate apenas fechou os olhos... e começou a rezar.
Uma grande chacina estava prestes a começar naquele humilde vilarejo, isolado de qualquer outra civilização.
O mundo mudou. Criaturas antes conhecidas apenas por sua selvageria agora agem com uma frieza calculada, inteligência incomum e sede de sangue. Os humanos, frágeis diante do desconhecido, construíram academias de combate para forjar guerreiros, aventureiros e exploradores - mas nem mesmo eles estão preparados para o que está por vir.
Beta, um garoto de 10 anos, vive em um vilarejo isolado ao lado de seus amigos mais próximos. Seus sonhos de se tornar um explorador parecem distantes da realidade brutal que começa a emergir. Monstros estão evoluindo. Novas entidades, jamais catalogadas, começam a surgir das sombras. Não se sabe se sempre estiveram ali, escondidas, ou se algo - ou alguém - as libertou.
Enquanto vilarejos desaparecem e o terror se espalha, Beta se vê obrigado a abandonar a inocência da infância. Há uma força sombria concedendo poder às criaturas. E ele está disposto a atravessar até os dois reinos mais poderosos da Terra para enfrentar o que quer que esteja por trás disso... ou morrer tentando.
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