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Segredos de Suspensyst

O coração que carrega a guerra, parte 1

O coração que carrega a guerra, parte 1

Jun 05, 2025

Beta despertava aos poucos de seu longo sono. Seus olhos castanhos se abriam lentamente, ainda embaçados, enquanto ele se sentava na cama, tentando raciocinar. O silêncio dentro da igreja o incomodava. Subiu as escadas até o primeiro andar, mas não havia ninguém por lá. Quando estava prestes a descer novamente, percebeu algo preso na janela — parecia ser um bilhete.

— O quê... — murmurou, subindo na cama de Ferry, que estava perfeitamente arrumada, e retirando o papel da janela.

— Guarde todos os bilhetes que encontrar, para que assim, uma conclusão possa tirar.

— O que isso significa? Acho que deve ter relação com eles — falou consigo mesmo, amassando o papel e guardando-o no bolso.

Descendo até o térreo, o garoto seguiu até a porta. Ao abri-la e sair da residência, notou que já era por volta das quatro e vinte da tarde. O silêncio na vila era estranho, como se todos tivessem desaparecido — até que avistou Jonathan vindo rapidamente em sua direção.

— Algum dos aventureiros está aí dentro? — perguntou Jonathan, com o desespero estampado no rosto.

— N-não...

— Vá para sua casa e fique lá! — ordenou, empurrando Beta de lado e entrando rapidamente pela porta.

— Onde estão todos?

— Todos os homens foram para a caverna, e as mulheres já terminaram seus afazeres e estão em suas casas. Agora vá para a sua! — respondeu, fechando a porta com força.

Sem entender, Beta apenas continuou andando em direção à sua casa. No caminho, ao virar uma esquina, viu um grupo de meninas reunidas ao redor do aventureiro Dereck. Curioso, foi até lá para ver o que acontecia — pretendia também entregar-lhe o bilhete que havia encontrado.

— Ora, ora, Beta! Venha cá! — chamou Dereck com um sorriso amigável.

— Liz? Payton? Vocês não estão mais brigadas? — perguntou confuso.

— Não! Isso é passado. O Dereck está nos chamando para uma brincadeira superdivertida!

— Que brincadeira?

— Como eu estava explicando para elas, passei os últimos dois dias espalhando totens de proteção pelo vilarejo. Ou seja, agora é seguro andar pela floresta durante a noite. Então, sugeri uma brincadeira de esconde-esconde, para relaxarmos um pouco e nos divertirmos.

— Na floresta? À noite?

— Isso mesmo! E eu serei o procurador. Como sou adulto, encontrar vocês é fácil. O desafio é se esconderem o mais fundo possível na floresta, em lugares altos ou baixos. Quem não for encontrado até as oito horas da noite vence.

— E como vamos saber quando for exatamente oito horas?

— Eu vou soprar um apito especial que ecoará por toda a floresta. Aqui, tome — disse, abrindo a mão do garoto e colocando nela uma pedra azulada.

— O que é isso?

— Quem não for encontrado até o fim do tempo deverá quebrar essa pedra. Ela vai emitir uma fumaça azul brilhante, revelando sua localização.

— Dereck, eu não acho que seja uma boa i—

— Vamos lá, Beta! Faz tempo que não brincamos todos juntos. E, pela primeira vez em quatro anos, estamos todos reunidos novamente — disse Carla, segurando sua mão com ternura.

— Tá bom... Mas só hoje — cedeu, sorrindo.

— A brincadeira começa às cinco e quarenta. Estejam todos prontos. Só não vale ir até a localização da caverna onde estão os outros. Corram para a mata, entendido? Quem descumprir será automaticamente desclassificado — completou em tom descontraído.

— Tá bom! — respondeu Sarah, animada.

— Por que não aproveitam para conversar entre si até lá? — sugeriu Dereck, afastando-se.

— Boa ideia! — concordou Liz, abraçando Payton.

— Vamos ver o que é mais importante para você, Tate: as crianças e o vilarejo... ou a missão.

Enquanto isso, Jonathan, que não era tolo, vasculhava o primeiro andar da igreja em busca dos colares mencionados por Tate e Dereck. Sabia que algo terrível estava prestes a acontecer, mas não conseguia identificar o que. Se ao menos soubesse a natureza exata dos colares, talvez pudesse impedir a tragédia.

Utilizando-se do próprio cansaço como desculpa, havia mandado Philipe até a caverna com os aventureiros, sem contar nada sobre suas descobertas. Queria ficar sozinho para procurar pistas nos pertences de Dereck. Mas, infelizmente, não encontrou nada além de roupas, poções e alguns kits médicos.

— Eu sabia que você tinha escutado — disse uma voz zombeteira atrás dele, fazendo-o assumir uma postura de combate.

— O que vai acontecer aqui, seu desgraçado!? — gritou Jonathan, encarando Dereck.

— Algo que nem você, nem nós podemos controlar. Veja bem... tivemos ordens da rainha. Ou melhor, a essa altura, você já ouviu tudo, não é? — falou com sarcasmo.

— O quê? A rainha está envolvida nisso!?

— Ops! — zombou. — Estou intrigado... como soube dos colares?

— Não sou idiota. Vocês não estariam tão tranquilos com uma catástrofe prestes a acontecer se não tivessem algum meio de se proteger. Alguma garantia de segurança.

— Realmente muito perspicaz da sua parte — respondeu, aplaudindo com sarcasmo. — Mas, infelizmente para você, está no estágio vermelho sólido, e eu no amarelo claro. Sabe como isso vai acabar, não sabe? — disse, puxando uma espada de seu anel dimensional.

— Não se deve julgar a habilidade de alguém apenas pelo estágio do núcleo — respondeu Jonathan, firmando a posição de combate.

— Tem razão — concordou Dereck, lançando a espada em direção à cabeça do oponente.

Jonathan conseguiu bloquear o ataque com sua própria arma, mas não percebeu o laço que se enroscava em seu pescoço, apertando-o e puxando-o para mais perto. Antes que pudesse reagir, Dereck transformou seu braço em uma lâmina afiada e atravessou o crânio do guerreiro, poucos centímetros acima do olho esquerdo.

O corpo caiu inerte no chão, o sangue escorrendo e manchando o solo. Com frieza, Dereck arrastou o cadáver até a cama de Ferry, cobrindo-o com os lençóis para ocultar o crime. Em seguida, usou os lençóis de sua própria cama para limpar os rastros de sangue.

— Acho que é hora de arrumar minhas coisas — murmurou, balançando a mão ainda transformada em lâmina para escorrer o sangue restante.

Enquanto isso, as crianças conversavam animadamente. A ideia de entregar o bilhete a Dereck já nem passava mais pela cabeça de Beta. Faltavam poucos minutos para as cinco e quarenta, quando o aventureiro se aproximou calmamente do grupo, com as mãos nos bolsos.

— Bom, antes de tudo, sei que ainda devem estar com receio de ir até o fundo da floresta. Para mostrar que está tudo bem, os que conseguirem "sobreviver" ao esconde-esconde vão ganhar um prêmio — ressaltou Dereck, usando a promessa como forma de manipulação.

— Prêmio? Que prêmio!? — perguntou Catarina, curiosa.

— É um segredo — respondeu ele, fazendo um cafuné em sua cabeça. — Vamos começar o mais cedo possível. Ah, seria uma surpresa, mas se eu fizesse isso, ia ficar fácil demais — comentou, misterioso.

— O quê? — franziu o cenho Beta.

— Tate, Ferry e até os mineradores vão gritar por vocês, mas não se revelem. Isso já está combinado entre nós. Mas, como assim ficaria fácil demais, estou avisando agora — disse, levantando o polegar em sinal positivo. — Vocês sabem as regras: só podem sair da floresta a partir das oito horas em ponto. Se conseguirem, serão premiados.

— Sim, senhor! — gritaram todos, animados.

— Eu vou contar até dois minutos dentro da igreja. Depois disso, irei atrás de vocês. Vale toda a área daqui, então deem o melhor de si — falou, virando-se em direção à igreja com um sorriso malicioso, enquanto as crianças corriam em direção à floresta.

— Ei, Payton! — Beta segurou seu braço. — Antes da gente ir, o que aconteceu pra vocês ficarem amigas de novo? Eu ainda nem processei isso.

— Conversamos e nos acertamos. Além disso, o Dereck disse que a Ferry pediu pra ele contar o que realmente aconteceu há quatro anos. Eu não sabia que ela tinha o poder de ver o passado — respondeu com um sorriso alegre e inocente, correndo logo em seguida para dentro da floresta.

Beta não tinha o que dizer, opinar ou julgar. Como Payton havia dado por encerrado o conflito entre elas, só lhe restava aceitar e aproveitar ao máximo a brincadeira — levando em consideração que, após aquela noite, talvez passasse os próximos dois anos treinando com toda a dedicação que tivesse.

★

Ao apertar a mão do chefe dos mineradores, um grande tremor teve início — parecia um terremoto. A noite havia caído de vez, e as luzes já estavam acesas por toda a vila. Enquanto todos se olhavam com medo e sem entender o que estava acontecendo, Tate apenas fechava os olhos, iniciando uma prece silenciosa. Uma grande chacina estava prestes a começar naquele humilde vilarejo, isolado de qualquer outra comunidade.

— Juntem-se! — Bob gritou com autoridade, cuspindo as palavras.

— Tate, não há o que fazer! — Ferry tentava trazê-lo de volta à razão.

— N-não, tem que haver alg— — murmurava, em transe, até receber um forte tapa da aventureira.

— A gente tem que sair daqui! — gritou, impaciente.

— Vocês sabem o que é isso!? — Cleveland perguntou, tomado pelo pânico.

— N-não! — Ferry tentou disfarçar, justo quando o tremor cessou.

Sussurros, suspiros de alívio e dúvidas surgiram entre os mineradores. Em suas cabeças, o que quer que tivesse acontecido parecia ter chegado ao fim. Mas aquilo era apenas o começo.

— Acho que devemos volt— — Smallters sugeria, apontando para a vila, quando foi interrompido por uma flecha que atravessou sua órbita ocular, matando-o instantaneamente.

— Smallters!!! — Bob correu até ele, em desespero. — Acorda! — gritava, segurando o corpo morto nos braços.

— Levant— — Cleveland tentou reagir, saltando para proteger o chefe, mas foi salvo por Philipe, que desviou a próxima flecha com um golpe giratório de espada, criando uma ventania contrária.

— Achem o Jonathan! — ordenou Philipe aos mineradores, colocando-se em posição de batalha ao lado de Tate e Ferry, que mal conseguiam enxergar em meio ao breu.

Um a um, os homens corriam em pânico em direção à vila iluminada, forçando os corpos a se moverem. Ferry já havia ultrapassado o limite de sua runa — qualquer esforço adicional poderia causar danos permanentes.

— O que está esperando!? Use seu elemento terra! — Philipe gritava, transtornado, desviando de mais uma poderosa flecha.

— E-eu não posso! — chorava, encolhida no gramado.

— Por quê!? — esbravejou, permitindo que uma flecha atingisse seu ombro direito, fazendo-o cair de joelhos em dor. — Droga! Usa logo o elemento terra!

— Se ela usar, ela vai morrer! — Tate gritou, furioso, colocando-se à frente da parceira para protegê-la.

— Por que continua— AÍ!!! — Philipe gritou ao tentar remover a flecha cravada no ombro.

— Ferry! Volte para a vila com o Philipe e proteja os mineradores o máximo que conseguir. Não há como sairmos daqui — disse Tate, melancólico, não por empatia, mas por saber que todos estavam destinados ao mesmo fim.

Ferry correu, levando Philipe consigo o mais rápido que podia, mesmo com ele mal conseguindo acompanhar seu ritmo.

Tate, então, entrou em posição de ataque, recitando uma magia de fogo extremamente poderosa. Uma esfera flamejante, parecida com o próprio sol, formou-se na ponta de sua espada, crescendo cada vez mais e iluminando o ambiente ao redor.

O que viu o deixou abismado. Era uma verdadeira horda de monstros de todos os tipos, espalhados não apenas entre as árvores, mas também por toda a vila. Aquilo era uma visão do inferno. O mais assustador era o fato de que muitos dos monstros apenas observavam, imóveis, o desespero que se instaurava.

— Foda-se — disse Tate, suando intensamente. — Liberar!

Ele lançou o feitiço, que avançou na direção da horda à sua frente. A bola de fogo apagava da existência tudo o que tocava, como um enorme apagador de chamas infernais. Mesmo assim, aquele feitiço, capaz de percorrer quilômetros, não conseguiu eliminar nem metade do exército inimigo.

— Por quê... Dereck... — Tate sussurrou, sentindo-se pequeno e fraco diante de algo tão avassalador. — Já era... — soltou uma risada nervosa, à beira da insanidade. Jamais imaginou que morreria assim, de forma tão brutal.

Em uma das casas onde estavam abrigados, Bob se culpava pela morte do minerador, afundando lentamente na loucura.

— Isso não foi culpa sua. Não havia como prever o que iria acontecer — disse Philipe, com o ombro sendo tratado por uma das mulheres, que conhecia o básico de medicina.

— P-por que isso está acontecendo!? O que fizemos para merecer isso!? — chorava. — O Smallters era um sujeito honesto, queria casar, ter filhos, viver uma vida comum, como qualquer outro... — falava, como se revivesse memórias em sua mente.

— Sei que estar frente a frente com a morte pode ser desesperador, mas contra ela... não há o que fazer. Não é algo contra o qual se possa lutar — dizia Philipe, preocupado com o estado mental do companheiro.

Ao longe, no topo de um penhasco, um zumbi elegantemente trajado observava o massacre. Sorrindo maliciosamente, deu a ordem para que os monstros invadissem a vila.

Tate sabia que, independentemente do quanto lutasse, não afastaria aquelas criaturas — tampouco as destruiria. Restava-lhe apenas correr para dentro da vila, como todos os outros, e tentar sobreviver.

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