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Segredos de Suspensyst

O coração que carrega a guerra, parte 2

O coração que carrega a guerra, parte 2

Jun 05, 2025

— Cleveland — Bob chamou.

— S-sim? — respondeu o rapaz, tentando conter as lágrimas.

— Vá para casa e fique com a sua mãe.

— Sim... — respondeu Cleveland, obedecendo sem questionar, algo raro vindo dele.

— Eu vou escoltá-lo. Vai ser perigoso — disse Ferry, barrando-o na porta e saindo à frente.

Enquanto caminhavam cuidadosamente até a casa do rapaz — cuja mãe ainda não fazia ideia do que estava acontecendo —, Tate chegava à vila seguido por um verdadeiro exército de monstros. Após a ordem do zumbi de terno, todas as criaturas que ocupavam a região invadiram a vila. Eram facilmente mais de quarenta mil monstros contra uma população que não chegava a cem pessoas.

Sem alternativas, Tate correu até a igreja onde havia passado a noite. Empurrou sua cama até a porta, tentando improvisar uma barricada. No entanto, de nada adiantava — as janelas de vidro foram facilmente quebradas pelas criaturas.

Desesperado, subiu ao primeiro andar. Usou a cama de Dereck para barrar a subida dos monstros pela escada e, com todas as forças, tentou manter o alçapão fechado. Ignorava completamente a janela do andar superior, por onde facilmente uma aranha poderia escalar.

— Filho! E então? Como foi? — perguntou a mãe de Cleveland, gentilmente, enquanto lavava os pratos.

— Mãe! Afasta-se das portas e janelas! — Cleveland correu desesperado para protegê-la.

— Cleveland, não! — gritou Ferry, ao ver a atitude imprudente do garoto.

A pia onde sua mãe lavava os pratos ficava ao lado da porta dos fundos, para onde o menino correu com a intenção de trancá-la. Contudo, a força com que ela foi arrombada feriu-o gravemente.

— Filho! — gritou sua mãe, também atingida, mas de forma mais leve. — M-mas o que está acontecendo!? — perguntou, em pânico.

— Monstros... — murmurou Cleveland, com dificuldade.

Ferry, ao olhar para o que antes era a porta dos fundos, congelou de horror. Aranhas, zumbis, arqueiros mortos, monstros suicidas e outras aberrações invadiam calmamente.

Ela sabia que não conseguiria enfrentá-los. Vendo Cleveland incapacitado e sua mãe paralisada de medo, instintivamente protegendo o filho, a aventureira decidiu correr até a igreja.

A mãe de Cleveland o abraçou, fechando os olhos em lágrimas. Uma das aranhas mordeu-a entre o ombro e o pescoço, injetando um veneno ácido e letal. Ela gritou de dor — uma dor tão insuportável que a fez soltar o filho e correr para fora da casa. No entanto, foi atingida nas pernas por flechas.

Tentando se arrastar até a porta, foi agarrada por zumbis que começaram a devorá-la viva diante de seu filho. Ela gritava em agonia, sendo comida parte por parte, de maneira lenta e cruel. Cleveland, impotente, apenas assistia, o coração despedaçado.

— PAREM COM ISSO, PORRA!!! — gritou ele, caído, chorando desesperadamente.

Os monstros, mesmo irracionais, pareciam se divertir com o sofrimento do garoto. Observavam com prazer seu desespero.

Então, uma criatura da mesma espécie que havia massacrado a vila élfica entrou pela janela, arremessada de algum lugar. As demais aberrações pareciam prestes a testemunhar mais uma morte — a de Cleveland, que já sangrava intensamente.

— Por quê... — balbuciava o garoto entre lágrimas, engasgado nos próprios soluços e saliva.

A criatura se aproximou em quatro patas, cravou os dentes em seu pescoço e arrancou metade da pele, fazendo o sangue jorrar em todas as direções. Cleveland se contorceu, morrendo rapidamente.

Fora da casa, enquanto a brutalidade acontecia, Ferry tentava se esconder na igreja. Porém, acabou cercada pela horda. Eram tantos monstros que nem mesmo eles conseguiam distinguir humanos de inimigos.

Mas sua tentativa de fuga durou pouco. Foi atingida por uma faca extremamente afiada que rasgou suas costas até a cintura. Caiu de joelhos, incapaz de conter a imensa ferida. O goblin responsável enfiou seus dedos de unhas enormes sob a pele, abrindo-a ainda mais. Ferry gritou intensamente.

Seu grito atraiu os monstros, que a devoraram viva até que restassem apenas sangue, órgãos dilacerados e alguns dedos no chão.

Na casa com o maior número de homens, eles resistiram por algum tempo usando barricadas e ferramentas como armas. Contudo, o número de criaturas era absurdo. Um a um, foram mortos tentando fugir e lutar até o fim.

Philipe estava disposto a morrer se ao menos uma única pessoa escapasse. Foi salvo por alguém que o empurrou no último segundo. Lançado para dentro da casa de Liz, estranhamente intacta, ele entendeu o motivo.

— Não acredito... — murmurou, em lágrimas.

A mãe de Liz, uma conhecedora de magia, havia protegido a casa com um feitiço. Antes considerada paranoica, sempre dizia que a vila não era tão segura quanto pensavam. No fim, todos poderiam ter sobrevivido se tivessem se abrigado ali. Philipe entendeu, com ódio, o comportamento de Dereck. No fim, ele estava certo.

— Não importa onde você esteja, seu desgraçado... — murmurou entre dentes. — Eu vou matar você.

— Philipe? — chamou uma voz feminina. Ao se virar, viu Liz, Beta e Payton.

— Não acredito... — disse, desmoronando em lágrimas.

Philipe os abraçou com força, chorando nos ombros das crianças, que não compreendiam o que havia acontecido.

— Escutem, meus garotos... Vocês precisam ir embora daqui ao amanhecer. Há cavalos escondidos em um celeiro secreto, cuidado por mim e pelo Jonathan. São apenas dois, mas devem bastar — dizia com a voz embargada.

— Por que está chorando? — perguntou Payton, preocupada.

A pergunta, tão inocente, o destruiu ainda mais por dentro. As lágrimas não cessavam. E, mesmo com os monstros dispersando, ainda havia perigo.

Pela janela quase coberta por cortinas, viram pequenos fragmentos rosados caindo como chuva e desaparecendo antes de tocar o chão. Era o selo de proteção se desfazendo. Alguém o havia anulado — alguém com muito poder.

Antes que pudesse reagir, Philipe foi atingido por um feitiço de decomposição nos rins, com parte do golpe acertando Payton.

— Fujam... pelos fundos! — gritou ele, enquanto o sangue escorria pela armadura.

O feitiço, extremamente forte, corroeu sua proteção e o afetou gravemente. Num último reflexo de ódio, conseguiu cravar sua espada na cabeça da bruxa responsável, matando-a instantaneamente.

— Quando amanhecer, vocês devem fugir daqui e seguir até a Vila Bétula.

— Não vamos deixar você aqui! — respondeu Beta, chorando.

— Ah, garoto... — disse Philipe com um sorriso, enquanto o sangue escorria de sua boca. — Eu já vivi o que tinha que viver. Por favor, me obedeçam, apenas uma vez...

—... Tudo bem — respondeu Payton, após refletir por alguns segundos.

— O quê!? — gritaram os outros dois em uníssono, em total discordância.

— Sejam racionais... não há mais nada para nós aqui.

— Não... — respondeu Beta, antes de desmaiar logo em seguida.

Payton suspeitou que fosse outro ataque, mas logo entendeu que Philipe havia usado o restante de suas forças para nocautear as duas crianças, facilitando para que a garota as levasse para longe.

— Escuta, Philipe, eu não consigo levar os dois... — disse, com Beta nos braços.

— O quê...? — murmurou ele, pálido.

— A mãe da Liz pode chegar a qualquer momento, então... vou deixá-los em um lugar seguro.

— Onde?

No mesmo lugar onde, no passado, a criança havia sido abusada de todas as formas possíveis. Philipe caminhou com dificuldade até o subterrâneo da casa — um local protegido, iluminado e seguro.

— A mãe da Liz vai ficar completamente chocada com o que vai encontrar aqui... mas eu espero que você viva para nos reencontrar na Vila Bétula, senhor — disse Payton, tentando manter a postura enquanto lágrimas escorriam por seu rosto. Em seguida, saiu carregando Beta em suas costas.

— Adeus... minha pequena — disse Philipe, com um sorriso tranquilo no rosto, antes de fechar os olhos, parecendo finalmente ter partido. Liz permanecia desacordada a poucos metros dali.

Internamente quebrada, Payton subiu as escadas com o garoto de cabelos castanhos nos ombros, dirigindo-se até o celeiro indicado por Philipe antes de nocautear as crianças. Ela montou um dos cavalos e, com seu amigo nas costas, partiu em direção à Vila Bétula, enquanto o sol nascia sobre os destroços daquele vilarejo.

Enquanto cavalgava para fora da vila, a garota notou algo próximo a uma árvore. Um corpo feminino, encostado no tronco. Desceu do cavalo com o garoto em seus braços e correu até o suposto cadáver.

— S-Sarah...? — balbuciou, com a voz trêmula.

Sua amiga estava quase irreconhecível. O que restava de seus cabelos encaracolados estava tingido de sangue e lama. A parte esquerda de seu rosto havia sido corroída, revelando o crânio, e a órbita ocular desaparecera. O braço direito estava quebrado, e a perna esquerda havia sido arrancada, improvisadamente estancada com seu próprio vestido, deixando-a quase nua. Seu corpo todo estava coberto por arranhões, cortes profundos e feridas infeccionadas.

— Sarah...? — chamou novamente, caindo de joelhos, em prantos.

— Pay... — murmurou a garota, despertando com dificuldade.

— SARAH! — gritou, largando o garoto no chão. — O que aconteceu com você!? Cadê as meninas!?

— Monstros... fogo... Dereck... — falava com dificuldade.

— Dereck? O que tem o Dereck!? — perguntou, aflita.

— Monstros... falaram... culpa... dele... — disse, com lágrimas escorrendo do único olho que lhe restava. — Catarina... queimada... e Car... — tossiu sangue e alguns dentes, caindo na grama.

— N-não fale mais, por favor... — pediu, desesperada.

— Carla... abusada... diversas vezes... — murmurou com os lábios tremendo. — Eu... torturada... — começou a chorar, sentindo todo o seu corpo doer.

— Não chora... — abraçou-a, chorando junto.

— Eu... vou morrer...

— Sarah... — apertou o abraço, sentindo o corpo da amiga ficar leve.

A criança, que ainda tentava corresponder ao abraço com os poucos dedos que lhe restavam, soltou-se, sem vida. Payton enlouqueceu por dentro. Perguntava-se o porquê de tudo aquilo, mergulhada em dúvidas sobre seu futuro e a razão de tanto sofrimento.

Ela não pôde nem mesmo fazer um túmulo para sua amiga. A magia que atingira Philipe também acertara levemente seu próprio corpo — mais precisamente, seu peito, perto do coração. Se forçasse demais, poderia não sobreviver.

Recolhendo o garoto desacordado da grama, subiu novamente no cavalo e partiu para fora do vilarejo banhado em sangue. Sangue de humanos inocentes e trabalhadores, mas também de monstros que haviam caído em batalha, tanto contra eles quanto entre si.

× 

Caminhando tranquilamente até o vilarejo após alguns minutos, o cenário de destruição causado durante a noite era evidente. Ao entrar na igreja, percebeu que a barricada improvisada com a cama ainda permanecia no lugar.

Subindo pelo lado externo, notou que o alçapão já não estava mais ali. Desceu, indo ao encontro de seu antigo parceiro, que agora estava irreconhecível e completamente estraçalhado — ainda assim, em melhor estado que Ferry, diga-se de passagem.

— Então você escolheu morrer pela vila, não é, Tate? — suspirou, desapontado e enojado, ao observar os sinais da luta.

Como previsto, a janela havia sido quebrada. Havia restos mortais de uma aranha, de um zumbi, a asa da criatura que matou Cleveland e até um goblin ainda respirando, porém sem braços nem pernas.

— Hmphf — ignorou a criatura, notando algo curioso.

Mesmo morto, Jonathan ainda conseguia surpreender e arrancar reações do rosto de Dereck. Estava exatamente como fora deixado, com o corpo intacto.

— Acho que você não vai precisar mais disso, não é, Tate? — disse, agachando-se diante do corpo do amigo, retirando o anel dimensional de seu dedo. — Isso fica comigo — completou, levantando-se com um último vislumbre da destruição antes de partir.

×

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