Please note that Tapas no longer supports Internet Explorer.
We recommend upgrading to the latest Microsoft Edge, Google Chrome, or Firefox.
Home
Comics
Novels
Community
Mature
More
Help Discord Forums Newsfeed Contact Merch Shop
Publish
Home
Comics
Novels
Community
Mature
More
Help Discord Forums Newsfeed Contact Merch Shop
__anonymous__
__anonymous__
0
  • Publish
  • Ink shop
  • Redeem code
  • Settings
  • Log out

Segredos de Suspensyst

O coração que carrega a guerra, parte 3

O coração que carrega a guerra, parte 3

Jun 05, 2025

— Sempre soube que morreria do mesmo jeito que entrei nesse ramo, mas nunca pensei que seria de uma forma tão... injusta — lamentou para si mesmo. — Ao menos irei reencontrá-lo, Jonathan — murmurou com um sorriso, fechando os olhos.

Um filme passou em sua mente enquanto seu pulso enfraquecia pouco a pouco: a primeira vez que se interessou por exploração, sua infância e adolescência, o primeiro sexo, os conflitos internos e familiares...

Lembrou-se do dia em que foi salvo por Jonathan, na dungeon onde supostamente deveria ter morrido. Eram tão jovens, cheios de sonhos e esperanças — uma amizade verdadeira.

Por mais traumático que tenha sido, suas lembranças daquele dia eram vagas. O que mais se destacava era a recompensa da missão, alguns rostos de aventureiros... e a traição.

Presos em um labirinto repleto de bestas paralisantes — monstros impiedosos que mais pareciam minhocas verdes gigantes —, estavam cercados e à beira da morte. Encontrando uma brecha no caminho, todos fugiram enquanto eram perseguidos por uma das criaturas.

Havia uma chance de escapar, e assim fizeram, deixando para trás a última pessoa da fila: Philipe. Ao passarem pela saída, destruíram uma rocha gigantesca que bloqueava o caminho, impedindo-o de sair.

Foi engolido pelo monstro. Nenhum milagre o livrou disso. Mas, dentro da criatura, ainda estava vivo, procurando minuciosamente o coração do monstro, que conseguiu matar após horas.

Sem mantimentos, sem armas, sem elixires — tudo ficara com o grupo. Philipe estava preso no subterrâneo, cercado por criaturas indescritíveis e venenosas, cuja pele e carne exalavam toxinas.

Sobreviveu por quase três semanas apenas com a água da chuva que, por sorte, caía com frequência naquele período. Mas seu corpo precisava de proteína — algo que não tinha.

Para piorar, foi cercado por Seekers — monstros com aparência humana e comportamento canibal. Estava prestes a morrer.

Aceitando seu fim, fechou os olhos. Não viu o ataque que foi desferido contra os Seekers, mas ao abri-los, viu Jonathan diante de si. Um aventureiro solo que o alimentou, explicou sobre uma entrada/saída alternativa da dungeon e o retirou de lá. Nascia ali um laço de amizade que os uniu ao ponto de ambos desistirem da carreira.

No começo, Philipe estava cego pela vingança. Queria ver todos os traidores pagarem. Mas conforme se aproximava de Jonathan, a ideia se dissolvia... até desaparecer.

Agora, sua sede por vingança retornava — uma traição ainda mais sangrenta, sem qualquer chance de redenção. Não sabia se Jonathan ainda estava vivo, mas, considerando seu poder, imaginava reencontrá-lo no céu... ou onde quer que as almas se encontrassem.

Ao deixar este mundo, a última coisa que ouviu foram passos apressados vindo em sua direção. Supôs que fosse ajuda — mas era tarde demais. Philipe faleceu naquele instante.

Quem havia chegado era a mãe de Liz, completamente confusa diante do caos. Ao ver que a filha ainda respirava, aproximou-se calmamente... e a chutou violentamente nas costelas.

— Nem pra morrer você serve — disse, puxando-a pelos cabelos.

Mas Liz estava armada. Com uma faca de caça escondida na cintura, desferiu um corte profundo no pescoço da mãe. A mulher soltou-a de imediato, levando as mãos ao ferimento, cambaleando e derramando sangue em quantidade absurda.

Ela se arrastou até sua bolsa, onde estavam os elixires de cura. Mas não conseguiu alcançá-los — Liz já os havia pego, levando-os até Philipe. Usou quase todos tentando salvá-lo, em vão. Estava sozinha novamente.

Duas pessoas que significavam família para ela estavam mortas: uma tentando protegê-la, a outra quebrando-a dia após dia.

Liz saiu de casa completamente desconectada da realidade, caminhando a pé em direção à vila Bétula. Sua esperança era reencontrar os amigos.

Ignorou por completo o corpo sem vida de Sarah.


†

†

O que Sarah tentou explicar a Payton, mas não conseguiu, foi tudo o que aconteceu naquela noite. Enquanto se escondiam na mata, foram surpreendidas por uma horda de monstros — curiosamente, não agressivos de início.

Foi uma sensação estranha. Em todas as histórias e relatos, criaturas como aquelas eram selvagens, movidas pelo instinto de destruição. Mas ali, pareciam calmas... até demais.

Entre eles, destacava-se uma figura incomum: um zumbi em perfeito estado, vestindo um terno impecável. Ele caminhou lentamente até as garotas e se agachou diante delas, analisando cada rosto com uma calma sinistra. Quando se levantou, apenas proferiu uma ordem seca — e então, os monstros mudaram de comportamento num estalar de dedos. Tornaram-se bestas furiosas.

Dereck surgiu entre eles. Ao invés de ajudar, observava tudo de braços cruzados, com um sorriso sombrio no rosto. As meninas gritaram por socorro, mas ele permaneceu inerte, como se estivesse assistindo a um espetáculo macabro.

Carla foi capturada por um orc. A brutalidade foi tamanha que seus ossos se romperam, e ela, envolta em dor e pânico, sucumbiu pouco depois. A intensidade do trauma que sofreu foi além do suportável. Seu corpo infantil não resistiu.

Antes que as outras sofressem o mesmo destino, uma esfera flamejante rasgou a escuridão da floresta. A explosão envolveu vários monstros em chamas, incluindo Catarina, que não conseguiu se mover a tempo. Paralisada pelo medo, foi engolida pelo fogo.

O zumbi, com um olhar vazio, cochichou algo no ouvido de Dereck. Os dois recuaram, deixando para trás uma última ordem: torturar a sobrevivente até que a vida a abandonasse.

Sarah foi reduzida a pedaços de dor e sofrimento. Teve o braço fraturado, a perna dilacerada por lâminas rústicas e todo o corpo marcado por cortes e feridas profundas. Os monstros pareciam se divertir com seu sofrimento. Seu rosto foi desfigurado, o olho esquerdo arrancado em meio a gritos de agonia. Um golpe no rosto destruiu parte de seus dentes, e parte dos dedos de uma mão foram brutalmente arrancados.

Mesmo assim, ela sobreviveu.

Desnorteada e em estado de choque, conseguiu se arrastar até a borda do vilarejo, onde se encostou em uma árvore, esperando pelo amanhecer. Seu corpo tremia e sua mente girava em confusão. Tudo o que conseguia pensar era na traição de Dereck. Ele, que deveria protegê-los, aliara-se aos monstros. Por quê? Que motivo alguém teria para se tornar cúmplice de tamanha crueldade?

Payton deixou a vila apenas com fragmentos dessa história. Sabia que Catarina fora carbonizada viva, Carla morrera em circunstâncias brutais e a última sobrevivente agonizava lentamente. Ela não compreendia tudo, mas tinha a missão de levar a verdade até Beta.

Precisava avisá-lo o mais rápido possível — seu ferimento era grave e a morte se aproximava. Talvez não tivesse tempo.

†

†

— Hã? P-Payton? — murmurou Beta, despertando ao sentir o corpo balançando. — PAYTON!? E o Philipe!? Temos que voltar!

— Escute — disse ela, com o olhar perdido.

A seriedade em sua voz calou Beta de imediato.

— Enquanto estávamos escondidos na casa da Liz, a vila foi tomada. Todos... foram mortos.

— Q-quê? — ele balbuciou, perdido. — Cadê a Liz? Cadê o Philipe?

Olhou ao redor, mas não viu ninguém. As lágrimas escorriam do rosto da amiga.

— Todas as garotas foram mortas. Todos os moradores também. Philipe não resistiu aos ferimentos... Liz provavelmente já encontrou a mãe. Vai ficar com ela.

— Não... — murmurou, incrédulo.

— Liz vai acabar tirando a própria vida. Ela me disse que, se algum dia eu tivesse que escolher entre salvar você ou ela... que eu escolhesse você.

— Por quê?

— Disse que queria ver você seguindo seu sonho... tornando-se um aventureiro. Que preferia te ver salvo, pois você tem um futuro. Ela, por outro lado... sempre teve desgosto pela própria vida — disse, soluçando. — Escute, Beta... a Ferry, o Tate, o Jonathan... todos estão mortos. Dereck os traiu. Ele se aliou às criaturas. Eu não sei o motivo.

— Eu... eu vou matá-lo — disse ele, com a voz abafada, escondendo o rosto no peito de Payton.

— Não! — gritou ela, firme. — Dereck é absurdamente forte.

— Mas...

— Você vai para a Vila Bétula. Vai arrumar um trabalho, juntar suprimentos e partir para a Vila Gacha. Lá, vai contar tudo o que aconteceu. Vai estudar, treinar, e quando tiver quatorze anos, e despertar o seu núcleo, poderá se tornar um aventureiro de verdade.

— Por que você está dizendo isso... como se não estivesse incluída?

— Não busque vingança agora, garoto... — tossiu sangue. — Fique forte. Faça aliados. E só quando seu poder for maior que o daquele maldito... aí sim, vingue os que foram mortos no nosso vilarejo. Que criaram você com tanto carinho.

— Payton?

— Viva bastante — disse ela, fechando os olhos, escorregando do cavalo.

— PAYTON!!!



O grito do garoto ecoou por toda a estrada. Mas era tarde. O veneno já havia alcançado o coração da garota. Beta nada pôde fazer. Não havia como enterrá-la. Sabia, apesar da pouca idade, que permanecer ali não mudaria nada.

Montado no cavalo, seguiu em frente, chorando incontrolavelmente.

Era informação demais para uma criança. Todos que, um dia antes, viviam suas vidas normalmente... agora estavam mortos. Uma aventureira marcada por traumas havia perecido. Dois mentores — um revelado como traidor, outro morto por escolha. Guerreiros próximos a ele morreram protegendo seu povo. As amigas que ele negligenciou em nome do treino... brutalmente assassinadas. E a pessoa com quem tinha o laço mais forte, como uma irmã, morta diante de seus olhos.

Beta cavalgava sob o sol da tarde, a pele dourada pela luz, mas sem vida no olhar. Como Payton, ele também estava quebrado por dentro. Sua mente, agora, era um abismo de ódio, tristeza e vingança.

‡

daviraimundomenezes
Løser

Creator

Comments (0)

See all
Add a comment

Recommendation for you

  • Blood Moon

    Recommendation

    Blood Moon

    BL 47.6k likes

  • Mariposas

    Recommendation

    Mariposas

    Slice of life 232 likes

  • What Makes a Monster

    Recommendation

    What Makes a Monster

    BL 75.2k likes

  • Secunda

    Recommendation

    Secunda

    Romance Fantasy 43.2k likes

  • Touch

    Recommendation

    Touch

    BL 15.5k likes

  • Silence | book 2

    Recommendation

    Silence | book 2

    LGBTQ+ 32.3k likes

  • feeling lucky

    Feeling lucky

    Random series you may like

Segredos de Suspensyst
Segredos de Suspensyst

543 views2 subscribers

O mundo mudou. Criaturas antes conhecidas apenas por sua selvageria agora agem com uma frieza calculada, inteligência incomum e sede de sangue. Os humanos, frágeis diante do desconhecido, construíram academias de combate para forjar guerreiros, aventureiros e exploradores - mas nem mesmo eles estão preparados para o que está por vir.

Beta, um garoto de 10 anos, vive em um vilarejo isolado ao lado de seus amigos mais próximos. Seus sonhos de se tornar um explorador parecem distantes da realidade brutal que começa a emergir. Monstros estão evoluindo. Novas entidades, jamais catalogadas, começam a surgir das sombras. Não se sabe se sempre estiveram ali, escondidas, ou se algo - ou alguém - as libertou.

Enquanto vilarejos desaparecem e o terror se espalha, Beta se vê obrigado a abandonar a inocência da infância. Há uma força sombria concedendo poder às criaturas. E ele está disposto a atravessar até os dois reinos mais poderosos da Terra para enfrentar o que quer que esteja por trás disso... ou morrer tentando.
Subscribe

98 episodes

O coração que carrega a guerra, parte 3

O coração que carrega a guerra, parte 3

21 views 0 likes 0 comments


Style
More
Like
List
Comment

Prev
Next

Full
Exit
0
0
Prev
Next