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Amor em Silêncio

Nos braços do medo

Nos braços do medo

Apr 21, 2025

Capítulo 6
𝓝𝓸𝓼 𝓫𝓻𝓪ç𝓸𝓼 𝓭𝓸 𝓶𝓮𝓭𝓸


O carro avança pela rua deserta, as luzes da cidade iluminando a noite fria. A cada minuto que passa, percebo o quão tensa minha tia está. Ela está visivelmente perdida em seus pensamentos, o olhar fixo em algum ponto distante, como se estivesse tentando escapar de algo que a atormenta.

Quando chegamos perto do destino, ela parece voltar um pouco à realidade, como se sentisse o peso de estar perto de casa. O carro estaciona em frente a um prédio simples, mas bem cuidado. Minha tia se solta do cinto de segurança com dificuldade, e a vejo hesitar por um momento.

— Tia, vamos entrar, você precisa se acalmar — insisto, olhando para ela com preocupação.

Ela faz um movimento como se fosse sair do carro, mas para no meio do gesto, voltando a olhar para frente com os olhos vazios.

— Eu… Eu não sei se consigo — diz com a voz rouca, cheia de insegurança. — Não posso entrar… não agora.

Eu a encaro, tentando entender o que está acontecendo, mas sem coragem para perguntar diretamente. Algo na postura dela me faz perceber que existe um enorme peso sobre seus ombros. Aquele homem que apareceu na nossa porta a ameaçando… tudo isso parece ter feito minha tia se sentir impotente, como se fosse uma prisioneira de seu próprio passado.

— Tia, você não está sozinha. Eu estou aqui, e vamos passar por isso juntos — falo com firmeza, tentando dar-lhe alguma confiança.

Ela me olha, seus olhos um pouco mais focados agora, como se estivesse tentando me ver através do véu de medo e dúvidas que a envolvia. Ela respira fundo, ainda tensa, mas dá o primeiro passo para sair do carro.

— Vamos — digo, abrindo a porta para ela.

Juntos, caminhamos até a entrada do prédio. Ela hesita por um segundo ao chegar na porta, como se pensasse em voltar atrás, mas, ao me ver ao seu lado, toma coragem. Desliza a chave na fechadura e abre a porta.

Quando entramos na casa, o ambiente parecia familiar, mas algo estava estranho. As luzes fracas e a quietude do lugar eram desconfortáveis. O cheiro de café misturado com o de madeira envelhecida ainda estava no ar, mas havia algo de diferente. O silêncio parecia denso, carregado de uma tensão palpável.

Ao olhar em volta, percebo que a casa está desorganizada, de uma maneira que não é característica dela. O sofá estava bagunçado, com almofadas espalhadas pelo chão. O chão de madeira estava coberto por papéis amassados e algumas garrafas de cervejas vazias. Livros estavam jogados em mesas e cadeiras, como se alguém tivesse abandonado o lugar de repente. O ar estava pesado, como se a casa estivesse tentando esconder algo, e aquela bagunça só aumentava minha sensação de que algo não estava certo ali.

Ela olha ao redor, e por um instante, seus olhos se fixam nos objetos espalhados pelo chão. Seu rosto se contorce em uma expressão de dor, como se cada pedaço de desordem a machucasse.

— Tia, me conta o que está acontecendo. O que aquele homem queria de você? — pergunto, tentando quebrar o silêncio, mas minha voz sai hesitante, como se não quisesse forçar ainda mais a situação.

— Não era nada… — Ela tenta fugir da pergunta.

Eu não quero forçá-la, mas preciso saber para poder ajudá-la.

Dou um passo à frente, ficando diante dela, e toco delicadamente seu cabelo.

— Confie em mim, Clarice. Eu quero ajudá-la.

Ela arregala os olhos, surpresa por eu chamá-la pelo nome, mas logo desvia o olhar e balança a cabeça.

— Você é muito novo para entender.

Ela tenta se afastar novamente, mas, antes que consiga, coloco-me em seu caminho e seguro seu rosto com delicadeza. Meus olhos encontram os dela, suplicando para que ela se abra comigo.

Ela fica desnorteada com minha atitude, sua respiração vacila, e seus lábios se abrem como se quisesse dizer algo… mas, no último segundo, balbucia:

— Eu… preciso arrumar essa bagunça.

E foge mais uma vez.

— Eu te ajudo — digo, determinado.

Enquanto começamos a arrumar, percebo os detalhes que tornam aquele cenário ainda mais perturbador: bitucas de cigarro espalhadas por toda parte, uma fina poeira branca sobre a mesa arrisco dizer que é cocaína, cacos de vidro e flores mortas.

Um suspiro carregado de dor ecoa pelo cômodo, e me viro rapidamente.

Minha tia está parada, segurando um papel nas mãos.

— O que foi, tia? — pergunto, me aproximando.

Ela ergue o olhar para mim, os olhos cheios de fúria e mágoa.

— O Caio é um desgraçado!

Suas mãos tremem, e então, num acesso de raiva, ela rasga o papel.

— Ele me condenou! Ele não… meu pai!

Sua voz sai em um grito de dor, um grito carregado de sentimentos reprimidos, de anos de silêncio forçado.

Ela começa a puxar seus cabelos com força, o desespero transbordando em cada movimento. Seus dedos apertam os fios como se quisesse arrancá-los, como se quisesse arrancar a própria dor.

Sem pensar, seguro seus braços, impedindo-a de se machucar.

— Para, tia! — minha voz sai firme, mas aflita. — Não faz isso!

Ela tenta se soltar, mas eu seguro com mais força. Seus olhos se enchem de lágrimas, seu peito sobe e desce rápido demais.

— Eu quero morrer! — grita, a voz carregada de angústia. — Eu não aguento mais, Dylan!

O som das palavras dela me atinge como um soco no estômago. Meu coração dispara, um medo visceral toma conta de mim.

— Não! — exclamo, segurando seu rosto entre minhas mãos. — Não diz isso, pelo amor de Deus!

Ela soluça, seu corpo cedendo contra o meu. Seu desespero me parte ao meio, e tudo que eu quero é protegê-la desse sofrimento.

— Eles me destruíram, Dylan… — sua voz sai falha. — Meu pai… o Caio… eles acabaram comigo.

Ela se encolhe, como se quisesse desaparecer. Como se sua existência fosse um erro.

— Ninguém acabou com você, tia — digo, tentando fazer com que ela me olhe. — Você ainda está aqui. Você sobreviveu.

— Mas pra quê? — ela sussurra, os olhos marejados encontrando os meus. — O que sobrou de mim?

Eu inspiro fundo, lutando contra a dor que vejo nela.

— Sobrou você, Clarice. E isso é o suficiente.

Ela me encara, surpresa ao ouvir seu nome sair da minha boca com tanta convicção. Um novo soluço escapa de seus lábios, mas agora há algo diferente em sua expressão. Uma fagulha, um resquício de esperança.

Aos poucos, sua respiração desacelera. Seu corpo para de tremer tanto. Ainda está machucada, ainda está quebrada, mas agora… não está mais sozinha.

Eu a abraço apertado, como se pudesse segurá-la inteira, como se pudesse protegê-la de toda a dor que a assombra.

Tento reprimir todo o desespero que cresce dentro de mim, mas é impossível. Estou abraçando-a, sentindo seu corpo tremer contra o meu, ouvindo seus suspiros entrecortados pela dor. E então, lembro-me do que ela disse há poucos segundos.

"Eu quero morrer."

Essas palavras ecoam na minha mente, rasgando cada pedaço da minha sanidade. Meu peito aperta, minha garganta queima, e antes que eu perceba, meus olhos transbordam. Tento segurar, tento conter, mas as lágrimas caem, silenciosas.

Ela sente.

— D-Dylan? — sua voz soa hesitante, quase surpresa.

Parece que, por um instante, esqueceu da própria dor e só consegue se focar em mim.

Seus olhos, ainda marejados, me encaram com surpresa. Pela primeira vez, ela me vê vulnerável.

Não consigo suportar mais. Toda a angústia que venho segurando me consome, e, sem pensar, seguro suas mãos com força, como se isso fosse suficiente para impedir que ela se afastasse de mim, da vida, de tudo.

— Eu morro se acontecer alguma coisa com você! — minha voz sai embargada, sufocada pelo medo.

Ela arregala os olhos. Um choque. Como se não esperasse que alguém se importasse tanto. Como se nunca tivesse pensado no quanto sua dor também pudesse me destruir.

Suas mãos trêmulas sobem lentamente até meu rosto, os dedos frios tocando minha pele quente e úmida pelas lágrimas.

— Eu… não queria te machucar — sussurra, a voz carregada de arrependimento.

Eu fecho os olhos, sentindo seu toque frio e trêmulo contra minha pele. Seguro sua mão contra meu rosto, como se quisesse mostrar que estou aqui, que ela não está sozinha.

— Você acha que eu posso simplesmente aceitar que você quer desistir? Que eu vou olhar pra isso e deixar acontecer?

Seu silêncio se prolonga, mas não é vazio. É carregado de tudo o que ela nunca disse. De tudo o que eu nunca soube.

— Eu… — ela começa, a voz tremendo. — Eu não sei o que fazer. Eu só… estou tão cansada, Dylan.

Eu seguro sua mão com mais força, tentando fazer ela sentir que, por mais que ela esteja fraca, ela não está sozinha.

— Você não tem que fazer tudo sozinha. — Digo, com firmeza. — Eu estou aqui. E eu não vou te deixar ir.

Ela respira fundo, e uma expressão de vulnerabilidade invade seu rosto.

— Eu não sei o que seria de mim sem você — sussurra, com um sorriso fraco.

Eu só a abraço forte, sentindo cada pedaço de minha alma se quebrando e se reconstruindo ao mesmo tempo.

Porque, naquele momento, eu sabia que o que quer que acontecesse, eu não a deixaria ir.
Wyllaine
Lane wms

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