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Entre Raios e Raízes - Piloto

Entre Raios e Raizes (parte 1)

Entre Raios e Raizes (parte 1)

May 07, 2025

Não é o mais forte ou o mais apto que sobrevive, as borboletas de sangue são frágeis e indefesas criaturas e, no entanto, povoam em massa as grandes florestas vermelhas, e mesmo os mais inteligentes inventores das cidades de pedra não podem evitar a brutal lei da natureza, somente a sorte define quem vive e morre. E por isso, meu caro guarda corpulento, eu sou o maior dos bardos que já pisou nessa terra, pois fui abençoado pelos deuses a me encontrar de frente com o palácio do grande duque Bozuk da família de Kindar, logo após sua grande vitória em batalha! Não acha que isso soa como um convite?

De frente para o homem que guardava a entrada para o jardim do imenso palácio de Çalinti Servet, um jovem de pele negra, cabelos rosados e olhos brancos com roupas de aparência elegante, mas com o aspecto como se vindo diretamente de uma degustação livre de sujeira, tirava de suas costas seu alaúde de madeira. Desenrolando sua alça de seus pequenos chifres pretos que escapavam dentre os cabelos volumosos que caíam até os ombros, o autodeclarado bardo, encara o homem 35 com seus olhos brancos tal qual uma coruja pytã, esperando um movimento. Ora, mas que pergunta idiota, pensa o guarda.

 – A sua laia não é bem vinda no palácio, garoto, e em lugar nenhum de respeito. Talvez nas tavernas da cidade Pedregulho possa ganhar alguns trocados como alvo de argola, quem sabe, hein? Ha!– O guarda sorri maliciosamente esperando a reação do jovem, que sorri de volta mostrando suas presas em um sorriso desagradável.– demoníaco, tal qual sua descendência, pensa o guarda corpulento.

 – Ora, meu bom homem, não seja tão rude com um viajante de passagem. Pode não parecer, mas meu pai foi um grande apoiador de sua majestade o Duque, e eu herdei dele o entusiasmo e seu gênio para canções mágicas.– O bardo se aproxima devagar e sussurra com teatral discrição.– Veja bem, caminhando pelas ruas estreitas eu ouvi conversas sobre a dificuldade de sua magnificência com o… Trono real privado, entende? Em minhas viagens eu descobri uma canção inventada pelas tribos druidas do sul, que em conjunto de uma 36 pena de um corvo negro de olhos rosas, destranca qualquer bloqueio, incluindo o de ordem intestinal. 

Shis-shis (os arbustos de dentro do palácio tremulam)

 – Essa canção…– diz o homem sussurrando ainda mais baixo– Não que eu acredite nessa história, é claro, mas por um acaso ela desbloqueia outras coisas também? De ordem... Nupcial? 

As bochechas do garoto flexionam de forma sutil, formando um sorriso imperceptível, mas desagradável.– Infelizmente, caro senhor, as canções de um bardo só podem ser aprendidas por outro de mesma profissão, compreende nosso infortúnio? Entretanto, eu posso começar o procedimento aqui mesmo, o que acha? Tudo que eu preciso é que o senhor feche seus olhos enquanto eu entoo a canção mística druida.

 – Você acha que eu sou idiota?– Disse o homem de olhos fechados.– Você disse que a canção só funciona com uma pena de corvo, e eu não vi nenhuma com você. 

Cobrindo o sol e criando uma sombra gigante sobre os dois, desce dos céus um corvo de penas tão 37 negras quanto um cristal de obsidiana. Ele pousa nos ombros do homem e o encara com seus grandes olhos rosas que exalam uma consciência incomum até mesmo para a espécie, uma pausa em silêncio enquanto o homem assimila a situação quebra-se com uma frase.– Que oraio o parta, maldito. Mais rápido que um piscar de olhos, o raio amarelo desce dos céus como se vindo diretamente do deus Bulut e atinge o homem em cheio, a energia percorre a armadura de metal incompleta do guarda que mal tem tempo pra pensar:
 – Isso é azar?– Antes de cair inconsciente de costas no chão, abrindo de vez o portão principal.

 – Você teve sorte, Samael.– Disse o corvo em voz aveludada, mas desagradável aos ouvidos, enquanto plana lentamente até o jovem.– Se ele fosse um pouco menos idiota, teria percebido a ilusão. 

O choque, na realidade, não tinha mais energia do que o pum de um tamanduá-come-vagalume, mas com um pouco de metal, uma pitada de teatralidade e uma fraca magia de ilusão, o homem foi atingido por 38 umraio tão real quanto quis acreditar.

 – Merda, eu odeio usar esse! Tanto faz, agora temos que ser rápidos ou vamos acabar no calabouço, e eu sei o que você acha de gaiolas, Trevo. 

– Idiota! Se você for pego, não espere minha ajuda… Não sem um preço. 

Shis-shis (outro tremular de folhas, seguido de umespirro). Atchim! 

O jardim real se estende tão longe quanto o azul do céu, que, aliás, mal pode ser visto debaixo das árvores de diferentes espécies que povoam o lugar. Entretanto, tirando o corvo suspeito voando ao céu, nenhum animal pode ser visto ou ouvido vivendo nas árvores ou plantas do terreno. O ambiente do quintal de sua majestade é similar a uma floresta, mas é quieto, triste. 

– Ei, Trevo, consegue ver se eles já foram? Sussurrou o garoto bardo pendurado em um galho alto. 

– Essa é uma pergunta? Ou um pedido?– A voz é desagradavel, mesmo em pensamento.– Daqui de cima 39 não vejo nenhum, mas as árvores não me deixam observar em detalhes. 

– Eu só quero saber se eles já foram pra eu poder descer intencionalmente, porque em alguns segundos eu vou descer não intencionalmen…– Samael sussurra enquanto sua longa cauda de cor avermelhada escorrega pelo musgo onde se segurava no galho. 

Por sorte, o tombo foi amaciado por um arbusto logo abaixo da árvore.
– Ai!– Exclamou o arbusto.

– Hm, talvez hoje seja meu dia de sorte, ainda bem que a guarda real já foi.

– EI, QUE BARULHO FOI ESSE?– Gritou o guarda retardatário que provavelmente se perdeu do grupo principal. Que sorte a dele. 

O charlatão corre pelo jardim real desviando das árvores imensas que compõem o ambiente. Até notar que seu arbusto amortecedor corria com ele, com suas próprias pernas, e três delas.

– Ei, Trevo, talvez eu seja mesmo um druida. 

Sua curta empolgação acaba rápido ao ver a criatura 40 esticando suas mãos até ele e o puxando para dentro de suas folhas, sem abandonar seu pique.

– Você, seu charlatão de quinta, atrapalhou meu plano inteiro derrubando aquele guarda! Eu deveria te deixar ser pego e jogado seja lá onde jogam os humanos.– Disse a criatura mística feita de folhas, e com galhos compondo seu rosto e chifres, mas ainda correndo.

– Mas não deixou, e eu agradeço muito sua gentileza, senhor Criatura da Floresta. Acredito que não fomos apresentados formalmente não é? Eu sou-

– O bardo charlatão que caiu em cima de mim e pretende desentupir as vias anais do rei.– O garoto tem espírito!- Pensou a ave planando acima das copas.

– Atchim!– Espirrou a criatura que, olhando mais atentamente, tinha orelhas pontudas e um cabelo castanho que escapavam por detrás da máscara de madeira.

– Ora, deixe disso, você me salvou, então eu tenho que te pagar essa dívida. Para onde estamos indo, aliás? Você pode não acreditar, senhor Criatura, mas 41 meu pai foi um grande botânico-

– Pensei que ele era um bardo de canções mágicas intestinais.

– E ele soube,– Samael continua, ignorando o comentário– em suas expedições pelo mundo, sobre uma grande árvore sagrada, na qual até mesmo seus galhos eram comestíveis e doces feito mel, e dizem que ela foi trazida para cá nesse jardim. O que acha de me levar até ela e assim ficarmos quites, hein?

– Eu não sei nada sobre o seu pai, mas de fato existe uma árvore aqui da qual eu tenho interesse. Já que você está aqui, pode servir de distração enquanto eu pego uma semente.

– Tsk. Trato feito, desde que você nos leve até ela, se pegarmos um bocado podemos dividir o valor.

– Shhh, cala boca e ouça.– A criatura para repentinamente e leva sua cabeça ao chão, sua máscara atrapalha seus ouvidos e, por isso, o garoto a tira revelando um rosto jovem, com tatuagens druidas genuínas, seus olhos castanhos, como os cabelos, brilham em entusiasmo ao dizer.– É verdade o que 42 dizem! Nós estamos perto, eu ouço ela se mexer.

– Ah, é, e o que dizem?– Samael questiona, tentando esconder o corado de suas bochechas ao ver o rosto belo do jovem. Quase angelical, ele pensa, mas continua com seu questionamento.– Pensei que comestível era sua maior qualidade.

– Não finja não saber charlatão, se você pretendia vender deve saber seu valor, é uma árvore tão antiga que lendas eram contadas sobre ela, sobre como suas raízes seguram as bases do mundo, impedindo-o de cair no abismo, mas…– O garoto levanta da terra e caminha para fora do arbusto, ele desvia de um tronco e um galho sem tirar os olhos de um ponto específico no jardim. Ele continua sua explicação, enquanto observa a árvore dos mitos antigos, agora quase sem forças pra se manter em pé.– Mas… meu avô me disse que a última árvore Pihi do gênero Iporavã ficava na cidade Pedregulho e era cuidada por seu povo, o que aconteceu com ela? 

A árvore diante dele estava fina e quase sem folhas, seu tronco se estendia até os céus, mas sua 43 madeira era seca e quebradiça.

– Ela não era assim.– O ruivo charlatão se aproxima dos galhos sem frutos e acaricia suas poucas folhas.– Ela era imensa, não só em tamanho, mas em espessura.

– Você era de lá? Pedregulho?– Pergunta o druida verdadeiro.

– Das valetas e becos, meu pai e eu não tínhamos exatamente uma casa.

– Isso não é realmente sobre dinheiro pra você, é?

– Quem sabe, talvez eu vendesse as sementes como iguaria, dizem que fica deliciosa com leite de lagartixa rubi, e o Trevo adora leite de rubi.– Trevo? O corvo negro de bico amarelo desce silencioso aos ombros do druida como se soubesse que era sua deixa.

– Eu odeio esse nome.– Disse o pássaro, antes de ser interrompido e arremessado longe pela intensidade do espirro produzido a seguir.

– A-A-A-ATCHIM!

– ALI, ESTOU VENDO DOIS INTRUSOS NA ÁRVORE!

– Ah, mas que merda!– Pensaram os três em conjunto.

– Vai e se esconde, eu te encontro mais tarde. Disse Samael com imponência. Ele sempre quis dizer isso.

– Eles não vão te dar chance pra você fazer a dança do penico, temos que correr!

– Eu vou dar um jeito, a gente se encontra aqui mais tarde pra terminar o serviço.

– Terminar o quê? A árvore não tem frutos, não tem semente!

– Idiota, por isso que vamos levar a árvore e não as sementes, ou pelo menos uma parte dela. Você é um druida, não é? Você dá um jeito.

– Mas… e se você não voltar? Se você tá esperando a minha ajuda, pode esquecer, bardo.

– Se eu não voltar,– Interrompeu Samael enquanto ajeita sua jaqueta e chama trevo para subir em seu ombro.– leve a semente até a cidade Pedregulho 45 e diga a minha mãe que eu a amo!

– Ele se vira e caminha, afastando-se da árvore e tirando seu alaúde das costas. Com o instrumento em mãos, ele dedilha suas cordas com suas unhas afiadas em um padrão suave, formando das vibrações do ar uma desagradável e maravilhosamente desafinada melodia.

– Minha santa floresta, ele realmente é um bardo charlatão dramático.– Pensa o druida, correndo e se camuflando pelas árvores.– Espero que ele consiga.

– Você é muito descuidado, Samael. Se não fosse nosso pacto, você seria um bardo a 7 palmos do chão nesse momento. 

 Embora desafinada, sem ritmo e desagradável, a melodia do instrumento invade a mente dos soldados tal qual o cântico de uma sereia, uma pequena magia de ilusão, mas com uma pitada de teatralidade criou uma música hipnotizante para a maioria deles. Infelizmente, Trevo estava certo, como ele costumava estar quando o assunto é magia.

– Eu não vou cair nesse truque de novo, charlatão.– Na sua frente, o guarda com capacete 46 chamuscado e um galo por debaixo do mesmo se aproxima do bardo com um porrete em mãos.

– Eu avisei, idiota.

– Que seja, vai ser nos punhos então - Responde o garoto com coragem. - Ora, senhor corpulento, não nos vemos a um tempo, não é? Ainda preocupado com a lua de mel imagino, o que acha de ouvir o resto canção agora? Disse enquanto se lançava em câmera lenta pra cima do guarda usando seu alaúde como arma.

~~~

Samael acorda de cara em um chão úmido e se percebe em uma sala escura. No lugar de uma das paredes, somente grossas barras de ferro, e na de trás, uma pequena janela para entrada de ar com espaços largos entre grades...
CONTINUA
rickesilva542
IdiotaSimplista

Creator

Conto piloto da obra Entre raios e raizes de mesmo nome publicado no livro "Contos da guilda arco iris" em Maio de 2025. Historia curta sobre a aventura de Samael e Erevan no reino magico de Kindar em busca da ultima arvore mitológica do gênero Iporavã.

#Fantasia #rpg #elfo #demonio #Magia #druida

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