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Rostwood: O Último Lampejo (prévia)

Capítulo 1: Encurralados (1/4)

Capítulo 1: Encurralados (1/4)

May 18, 2025

Nos becos escuros e vielas estreitas, a guarda vasculhava sedenta, em busca dos dois foragidos. Já era noite e aquele pesadelo não parecia mais ter fim.

— APAREÇAM! — gritava um daqueles homens, inspecionando uma esquina a poucos passos de distância da pilha de barris que encobria a silhueta dos dois irmãos.

— Estão se aproximando — murmurou o mais velho atento, enquanto se mantinha recolhido —, precisamos sair daqui!

— Eu te odeio! — sussurrou Harry cabisbaixo mais uma vez.

— Já falei que não é hora para isso!

— Vamos… nos entregar logo! — suplicou em insistência. — Eu tô cansado!

— Fi-fica calmo, tá? Falta pouco!

— Eu tô com fome, tô com sede, apertado…

— Shh! Olha, nós vamos comer e beber quando chegarmos no moinho. Só precisamos atravessar a ponte para a zona rural. Vem!

O menino segurou o pulso do irmão e, ainda encurvado, seguiu pelo canto da rua, esgueirando pelas sombras a passos silenciosos até estacionar atrás de uma barraca de madeira vazia, longe da luz dos lampiões.

— Vamos logo! — pleiteou o irmãozinho. — Vamoos!

— Muitos guardas, em todo lugar. Não dá!

A patrulha naquelas ruas nunca esteve tão intensa, o número de homens ali parecia ter sido triplicado devido à fuga dos irmãos Allen. Estavam há horas em um jogo de ida e volta, encurralados demais para seguir adiante, sem caminhos livres para avançar até seu tão almejado destino.

Uma luminescência prateada e difusa, porém, surgiu naquele ambiente inusitadamente, planando no ar enquanto atravessava a parede de pedra do edifício ao lado. Se tal luz corpórea fosse vista por todos, a dupla teria sua localização entregue no mesmo instante, mas felizmente, aquele não era o caso.

— Sr. Allen — disse Hilbert tomando forma —, a via de trás está completamente livre de guardas agora. Terá que ser rápido!

— Tem… tem certeza?

— Absoluta. Siga por esse beco aqui!

— Vamos, Harry! Vem!

O rapaz se apressou e seguiu adiante, tomando o beco mais próximo, mergulhado em escuridão, enquanto o fantasma permanecia a flutuar próximo a suas costas e enquanto o irmãozinho, confuso e assustado, era quase arrastado por aquelas mãos firmes que o segurava pelo pulso. A tensão era tanta que ele não conseguia se dar ao luxo de cair na mesma exaustão que refreava os passos do garotinho que o acompanhava, embora os músculos das suas pernas suplicassem por repouso.

Ao chegar na viela mal iluminada e deserta, Artur correu pelos paralelepípedos, sondando tudo ao redor com olhos de águia. Não parecia haver mesmo ninguém ali no momento, a não ser aqueles três. Ele tinha que aproveitar aquela chance para se aproximar do riacho. Precisava se apressar.

Quando o trio chegou a um cruzamento, porém, uma extensa patrulha os forçou a pausar seus passos de supetão para recuar e se esconder atrás de uma pequena charrete repousada próxima à esquina.

Alguns homens ladearam o veículo com olhos atentos, enquanto empunhavam suas longas e afiadas alabardas para o alto. Foi difícil não prender a respiração ali, ou arregalar seus olhos. Apenas a sombra da noite os ocultava de fato.

Aquilo passou muito perto.

Quando a patrulha passou, as coisas pareciam ter ficado um pouco mais serenas naquela região. O ruído estridente de suas armaduras foi desaparecendo gradualmente, dando espaço ao cricrilar e aos uivos do vento frígido que varria aquelas veredas.

— AQUI! OS ACHEI! — anunciou outro guarda inesperadamente, posicionado em um ponto cego do trio.

— Droga!

Com um movimento, Hilbert o lançara para a parede de pedra ao lado, o apagando. Um outro grupo que se aproximava novamente deles teve a charrete lançada em suas direções com violência, caindo com intrépido em cima de seus corpos desvanecidos.

— Sumam daqui! — exclamou o fantasma com o braço erguido. — Vou distraí-los, sumam!

Artur puxou o irmãozinho pelo pulso novamente e avançou o mais depressa possível, deixando o poltergeist para trás, enquanto dobrava a esquina. Ele nem queria ver a cara de espanto esboçada por aquela criança que conduzia em sua fuga, claramente confusa com o fenômeno que acabara de presenciar.

Era possível escutar grupos de homens se aproximando por todos os cantos, inclusive por vias conectadas àquelas que aqueles dois percorriam.

Ao notar suas sombras tomando forma nas proximidades, o menino Allen arremessou suas costas contra um canto sólido ao lado de uma escadaria, ignorando a dor provocada pela reação, abraçando o trêmulo garotinho que o acompanhava e sentando-se no chão enquanto se encolhia, como um mendigo acomodado para dormir. Suas vestes estavam tão sujas que poderiam até ajudá-lo com o disfarce.

Dezenas de guardas apressados passaram pelos dois sem nem desviar seus olhos para eles. Era o momento perfeito para aproveitar a distração para finalmente avançar.

Quando os patrulheiros passaram, Artur se ergueu daquele chão e puxou Harry, o qual se recusava a se levantar. Com um puxão mais potente, ele então ergueu o garotinho no ar e o pôs pendurado em seus ombros.

— Agora falta pouco. Vamos! — sussurrou, enquanto sustentava suas pernas cansadas em torno de sua cintura.

O rapaz partiu em disparada ao longo da rua mal iluminada, sem desviar seu foco. Quanto mais andava, mais conseguia escutar as águas do afluente quebrando em sua corrente.

Quando finalmente o avistou, ele escondeu-se atrás de uma carroça. Uma barreira de homens no alto da ponte arqueada o impedia de seguir adiante. Era lógico que bloqueariam o único acesso à zona rural do vilarejo. Teriam que distraí-los ou, se não, atravessar aquele riacho nadando por baixo daquela estrutura se quisessem mesmo se refugiar no moinho de Thomas.

Furtivamente, Artur cruzou a rua clareada e se escondeu na vegetação alta que tomava aquela margem. A passos cuidadosos, enquanto se aproveitava do volume e altura daquelas folhagens, ele seguiu abaixado o mais próximo que podia daquele local.

Estar naquela posição carregando ainda seu irmão era algo que definitivamente destroçava a saúde de sua coluna, mas não havia espaço para fraquejar, ele precisava se aproximar da margem sem alertar aqueles homens que, lá em cima, papeavam abertamente sob a luz do luar.

Ao abandonar a vegetação alta e seguir cautelosamente por um terreno aberto e de solo pegajoso, algo fez seus olhos arregalarem assustados e seus movimentos travarem.

Diante de si, saindo de baixo da ponte, havia mais um patrulheiro, este estava sem o seu elmo, revelando das sombras uma cabeça enrugada repleta de cabelos brancos. Sua mão ajustava a parte de baixo da armadura. Aquele homem evidentemente se afastara de seu posto para ir urinar na água daquele rio.

Seus olhos cruzaram com os do rapaz e, de imediato, ele ergueu sua alabarda em sua direção.

— Alto! — exclamou em uma voz alta e rouca.

Aflito pela tensão do momento, Artur recuou um passo enquanto seu rosto estagnava uma feição perturbada. Harry o segurou com mais firmeza, enquanto escondia seu rostinho na nuca do irmão, observando aquele oficial os render sem hesitar.

Hilbert não estava próximo para ajudá-los, não havia arma alguma ao seu alcance. Como contornaria aquilo? Como o despistaria?

— São vocês… — constatou.

— Tá tudo bem aí, Sebastian? — perguntou uma voz manceba vinda do alto daquela ponte.

O guarda diante dos fugitivos voltou seus olhos para cima e respondeu:

— Está! — E assim, arriou inesperadamente sua alabarda. — Fujam daqui! — sussurrou para eles com muita seriedade.

— O-o quê?

— Agora! — reiterou. — E não olhem para trás!

— Não… olhar para trás?

Por que um combatente daquela guarnição com diretrizes bem específicas, além de um rígido código de honra a seguir, agiria daquela maneira?

Chocado com a atitude inesperada, Artur mergulhou lentamente seus pés naquela água frigida, sustentando o peso do seu irmãozinho. Receoso de ser apunhalado por trás, ele avançou o afluente de costas, mantendo contato visual com aquele misterioso ancião.

Ainda hesitante, a uma distância que considerava segura, ele se virou e atravessou o riacho, lutando contra a força daquela correnteza de modo a manter-se oculto pela sombra da ponte.

 

∴

 

— Thomas! Por todos os deuses, abra essa porta! — suplicou o menino, batendo vigorosamente na residência do amigo ao lado de Harry.

Não demorou muito para que os trincos fossem retirados e o caminho fosse aberto para a dupla.

— Entrem! Rápido! — exclamou o rapaz.

Assim que os dois correram para o interior do alojamento e, exaustos e ensopados, despencaram de joelhos no tapete da sala, Thomas checou ligeiramente os arredores do moinho de sua soleira e trancou a porta.

Já havia visitantes por ali. Visitantes estes que voltavam seus olhos curiosos para ambos os irmãos.

— Demoraram, hein?! — comentou Scott, sentado no sofá com uma xícara na mão, quebrando a mudez.

— Achei até que haviam sido pegos — comentou Kelly ao lado.

— Por que estão molhados desse jeito?

Ainda recuperando o fôlego, Artur voltou seus olhos para sua veste úmida e repousou a mão sobre o antebraço.

— Foi… um dia difícil — disse ele. — Enfrentamos muitos problemas para chegar até aqui.

— Imagino! Não deve ter sido nada fácil sair daqueles esgotos sozinhos e desarmados, não é? — observou o jovem Raymond, o único amigo presente que poderia compreender também o quão difícil era caminhar as cegas por aqueles infinitos túneis subterrâneos. — E depois passar o dia inteiro fugindo da guarda — acrescentou com uma careta de condolência.

— Acho que a academia… colocou quase todos os guardas nas ruas atrás de mim — informou o rapaz com seu olhar perdido. — Foi quase… um milagre não ser capturado.

Sem o apoio de Hilbert, com toda certeza, Artur não teria como fugir da captura. Ele também não poderia esquecer daquele oficial misterioso e gentil que os permitiu irem embora ao invés de cumprir seu dever de detê-los.

Atrás de todos, a menina Aiken permanecia muda, de braços cruzados e encostada na parede com um rosto amuado, iluminada sutilmente pela chama da lareira. Era a única pessoa naquele meio que parecia não olhar para ele.


(CONTINUA)

walterjscoutinho
Walter J.S. Coutinho

Creator

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Capítulo 1: Encurralados (1/4)

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