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Entre Raios e Raízes - Piloto

Entre Raios e Raizes (parte 2)

Entre Raios e Raizes (parte 2)

Jun 09, 2025

Samael acorda de cara em um chão úmido e se percebe em uma sala escura. No lugar de uma das paredes, somente grossas barras de ferro, e na de trás, uma pequena janela para entrada de ar com espaços largos entre grades.

 – Imagino que aquele balde no canto seja meu trono real privado. – Samael se levanta e observa o ambiente, por fim desiste e decide sentar no balde da vergonha.

 – Agradeça eles não terem espelho aqui, esses hematomas deixaram sua pele mais parecida com a da sua espécie.– comenta o gato negro de olhos rosas brilhantes, que caminha entre as grades da cela saindo e entrando como bem entende.

 – Seu senso de humor está afiado hoje, Trevo, estranho considerando que foi culpa sua estamos aqui, sua e daquele druida enxerido.

 – Você não pareceu incomodado com a presença dele mais cedo, se eu não te conhecesse tão bem, diria que você ficou encantado com o menino. E eu não tenho culpa que ele tem alergia a corvos, ora.

 – Eu não tenho.– Disse a voz smilinguida vinda da pequena janela na parede.– Pra começo de conversa, o que você tá fazendo nesse balde, por acaso é sua magia laxativa druida?– O pequeno rato marrom de olhos castanhos aparece por entre as grades de ferro da janela e fica de pé em suas duas patas.

 – A noite das piadas é na terça, na taverna da Vaca Rose, por um acaso vocês se perderam no caminho?

 – Eu me perdi? Por acaso você tinha a intenção de vir dormir nessa cela?

 – Tanto faz, eu não pedi sua ajuda, eu vou sair daqui em um minuto, talvez dois.

 – Assim como você ia dar um jeito nos guardas? Escuta, Samael, a gente não tem tempo pra isso, a árvore não vai durar muito mais tempo.

 – Ela não vai morrer, não por alguns dias pelo menos.– O menino caminha até as grades e coloca sua cauda pela tranca tentando destrancar a porta de metal.– Tsk– Vai embora, druida, de qualquer forma faz tempo que o Trevo não come e ele costuma ficar estressado em lugares fechados.

 – Eu odeio gaiolas– o felino ronrona em cima do tecido sujo que compõe a “cama” da cela, e então começa a observar o rato apetitoso na janela. 

 O pequeno rato entende sua deixa e desaparece.

 – Pelo menos, esse é mais aconchegante que meu último quarto, aquela espelunca desumana da cidade alta.

 – Eu imagino.– interrompeu a voz, ecoando pelas 49 paredes. O som das partes metálicas da armadura incompleta denuncia quem se aproxima pelo corredor escuro do calabouço.– Dizem que as celas pra charlatões são nojentas na cidade alta, é verdade que os prisioneiros dividem o quarto com os cães?– O capacete, ainda chamuscado como o resto da armadura, não esconde o brilho maléfico nos olhos do homem.

 – Que irônico, vindo de um cão de estimação real… Me diz uma coisa, sua majestade por acaso lhe deu um osso depois dele massacrar os cidadãos da cidade Pedregulho em troca de uma árvore de enfeite no seu quintal?

 – Que se dane, se o Duque queria vender, cortar ou usar de decoração no seu jardim pouco me importa, eu fico é feliz que aqueles vagabundos enfermos das cidades de pedra voltem pras valetas de onde vieram, sem aquela árvore pra manter de pé a cidade infestada de gente pobre, doente e criminosa, finalmente a gente de bem vai poder viver tranquila.

 – Então, por que não fechamos nossos olhos em uma reza aos grandes feitos do duque? Graças a ele a reputação da gente de bem está segura, e o preço foi somente as vidas de uma centena de inocentes, vamos, feche seus olhos comigo.
 
 – Você acha que eu sou idiota? Disse o guarda, de olhos abertos, mas ignorando o ruído dos passos de um rato se aproximando pelas suas costas.– Eu não vou cair no seu truque de novo charlatão.

 – Dá na mesma– Disse o druida em forma humana, enquanto seu galho de apoio se encontrava com as partes íntimas desprotegidas pela armadura do guarda idiota. O galho, assim como as partes íntimas do guarda, partiu-se em alguns pedaços. O garoto não pareceu contente com a situação, mas muito menos o guarda, cujo corpo se manteve em pé, mas sua consciência já tinha partido. Logo o corpo a acompanhou.

 – Pensei ter dito que não precisava de ajuda, druida sem nome.

 – Desde quando você manda em mim? Charlatão de quinta.

 –É Mortos, Samael Mortos, minha mãe me batizou assim, logo antes de se mandar.

 – Sou Erevan, parte do nome do meu avô, foi ele que me criou, na maior parte.

 – Sem dúvida comovente, mas eu acho que vocês deveriam correr antes que o próximo guarda venha checar o barulho no calabouço. O gato negro, quase invisível no escuro corredor, passa pelas pernas do elfo carregando nos dentes uma chave prateada de formato conveniente. Trevo podia ser gentil às vezes, ou talvez ele realmente estivesse com fome.

 – Atchim! Os 2 aventureiros correm pelo labirinto em forma de calabouço, tochas ajudavam com parte da escuridão criando uma penumbra, mas adivinhar o caminho de volta era um jogo de sorte. Samael odiava isso, a sorte. Durante a corrida ambos percebem pequenas rachaduras nas paredes, teto e até mesmo no chão, finas a princípio, mas cada vez maiores nos corredores em diante.

 – Samael, o que são esses buracos? Não consigo ver nesse escuro.

 – São galhos se mexendo, não, raízes… É a árvore Pihi! Mas dentro de um calabouço de pedra, a mais de 20 palmos embaixo do castelo?

 – Não fique tão surpreso, eu disse que ela é tão antiga que mitos eram contados sobre ela, não disse? As raízes daquela árvore prendiam os solos e os seus galhos direcionavam os ventos.

 – Então a conversa dela ser sagrada não era uma embromação do meu pai, jurava que ele já tava gagá.

 – Bom, disso eu não sei, mas não tem como tirarmos essas raízes de dentro dessas pedras sem prejudicar a árvore ainda mais, se eu achasse a raiz certa poderia fazer uma muda, mas um corte errado, mesmo pequeno, vai terminar o serviço de vez.

 – Vamos continuar pensando, não dá pra simplesmente abandonar ela pra morrer aqui, mas não podemos ficar pra sermos pegos também. 

 Recomeçando sua fuga, os garotos começam a correr quando o azar os interrompe com uma raiz protuberante saindo do chão. Samael desvia do pedaço de raiz pulando por cima da mesma, mas Erevan só a nota quando já está enroscada nos seus pés. O som do tombo reverbera pelo calabouço.

– Eu… Não consigo, minhas pernas tão no limite já há algum tempo, e sem meu galho minha magia está muito fraca pra me transformar. Vai na frente e eu te encontro mais tarde, eu vou dar um jeito.

 Samael demorou pra perceber, mas Erevan estava com o rosto corado de dor, sem seu galho de apoio mesmo um pequeno tombo tornou doloroso continuar, ele não conseguiria ir mais longe. Era uma situação difícil, mas a escolha foi óbvia.– É alei da natureza de novo, o azarado fica pra trás enquanto os sortudos avançam. O charlatão, sem vontade de mais explicações, corre pelo corredor procurando uma fenda grande suficiente para pôr suas mãos. Ele encontra a fenda perfeita não muito distante.– Desculpe, Pihi, eu e você, os azarados, temos que fazer o que a gente pode pra manter seguro a pouca sorte que a gente tem, não é? Eu acho que você entenderia. Ele arranca do vão um pedaço da raiz, que se mexe em espasmos como um membro decepado, o garoto então corre de volta pelo corredor e para de frente ao menino ainda sentado no chão.

 – Eu mandei você me deixar e ir na frente, idiota.

 – Você não manda em mim, pega logo a muleta, a gente tem que ir, antes que…

 – Samael, pare de baixar sua guarda, não aprendeu nada? O homem de armadura incompleta, caminha em silêncio com sua longa espada desembainhada, seu fio, tão fino que parecia cortar a escuridão, deixa claro sua intenção assassina. Samael pensa em correr, seus olhos podiam ver no escuro melhor que um humano comum, mas o homem, mesmo não vendo tão bem, já havia localizado pelo barulho que estavam fazendo. O homem bloqueia a passagem, e correr para a saída colocaria o garoto druida em risco. Samael hesita, mas o homem não. Em menos de um piscar de olhos, o fio de sua espada atinge a cabeça do garoto, a silhueta de um rosto agora coberto de sangue deixa escapar satisfação com a resistência que sentiu no golpe, ele vê o corpo atingir o chão inconsciente, sem dúvidas fatalmente ferido.– Menos um.– Avoz ecoa com a clara entonação de um sorriso. A espada se levanta em direção ao segundo intruso, sem hesitação de quem a empunha. Mas ao atingir seu alvo, espada se quebra, e o homem nota ter atingido somente o chão. Ele se vira de costas pra encontrar o falso bardo ainda deitado alisando seu chifre, na verdade, a metade de um. Ele olha sua lâmina e observa confuso enquanto o líquido viscoso e vermelho some tanto dela, quanto de seu rosto, junto com seu sorriso presunçoso.

 – Não pensei que tivesse mesmo magia, talvez você não seja tão charlatão assim, por que não canta uma canção de ninar druida pra mim?

 – Você quer ver uma magia druida? Hoje é seu dia de sorte. As paredes, como se em harmonia, começam a tremer, as rachaduras antes pequenas agora se abrem 56 revelando os grandes tentáculos de raízes que se libertam e se mexem como cobras em caça. O homem observa assustado a cena de um teatro de horror enquanto uma criatura da floresta toma o lugar de onde antes estava um jovem assustado sentado ao chão. O ser é levantado pelas raízes, e com um gesto do novo cajado em suas garras, elas se enrolam nos membros do soldado que, em completo desespero, tenta gritar por ajuda antes de ter sua boca completamente coberta de raízes.– Isso é uma magia druida.– Disse a criatura, tirando sua máscara e revelando um rosto preocupado.– Samael, se machucou? O chifre vai crescer de novo…?

 – Ei, ei, tá tudo certo, mais importante que isso é a gente sair daqui, o seu truque de mágica vai desabar o castelo em cima da gente.

 – Tá, vamos em frente, o alçapão é logo virando esse corredor.

 – Como você sabe?– Pihi me contou. 

 O céu do lado de fora tinha se tornado mais escuro enquanto estavam dentro do calabouço, o sol começava seu descanso no horizonte, infelizmente um monumento impedia sua visão, o grande castelo do Duque Bozuk da família de Kindar. Os dois correm pelas folhas da floresta, afastando-se do que agora se assemelhava ao epicentro de um terremoto de grande escala.

 – Erevan, acho que você exagerou um pouco nos seus poderes druídicos

 – Não sou eu, a árvore tá fazendo seu último ato de proteção, um sacrifício. Ela quer…

 – ...Levar o castelo junto dela pro caixão?

 – …Ou tentar. 

 Os dois ficaram parados observando enquanto a terra fez estremecer as rochas que formavam o grande palácio. – Que se dane, eu nunca fui muito sortudo mesmo. Samael, dobra os joelhos e fecha os olhos levando as palmas de suas mãos uma à outra. Erevan observa e compreende a situação , mas não interrompe. – Ó senhora do azar, rainha do infortúneo, maldito seja seus atos e suas vontades, maldito sejam os tropeços, as pedras, e as faíscas. E maldita seja sua tempestade de raios, pois hoje eu rogo a ti que tome minha sorte como oferenda e derrame dos céus seu azar.

– Finalmente entendeu, criança.– Disse a voz desagradavel, mas celestial do gato preto de olhos rosas. Como se ouvindo suas súplicas, as nuvens do céu se quebram e colidem, tal qual as ondas do mar aberto, a tempestade que se forma escurece o dia e exala uma eletricidade tão poderosa que sua teia de raios poderia alimentar um portal, talvez dois, mas os raios não caem, em vez disso um único relâmpago concentrado desce e atinge o topo do castelo, tão rápido que Erevan quase não conseguiu entender o que havia acontecido. O castelo, como uma peça de dominó sendo empurrada por uma força maior, desmorona por cima do calabouço e das raízes, que agora param de se mexer.

 – Não pensei que fosse um bruxo.– Erevan cai de costas exausto na grama macia, enquanto observa a última pedra desmoronar e quicar até seus pés. 

 – Vamos dar o fora, eu ouvi falar de uma taverna aqui perto onde servem vinho de rubi.– Ele estende sua mão de unhas afiadas para o druida.

 – Isso é um convite para um encontro? Talvez você seja um bardo, afinal.

 – É o que eu tenho dito pra pessoas, mas ninguém acredita.

 – Bardos sabem cantar, e geralmente eles não têm um pacto com um ser que causa esse tipo de destruição. Que tipo de ser é seu pacto, charlatão?

 – Do tipo mais maléfico e vil.

 – Atchim! Ah sim, eu também odeio fadas. Erevan segura a mão do bruxo, que levanta o garoto e enrola seu braço em torno de seu pescoço, usando seu corpo de apoio para o druida. Os dois caminham ao horizonte, agora visível, em direção a Vaca Rose, afinal, hoje é noite das piadas. 
rickesilva542
IdiotaSimplista

Creator

Conto piloto da obra Entre raios e raizes de mesmo nome publicado no livro "Contos da guilda arco iris" em Maio de 2025. Historia curta sobre a aventura de Samael e Erevan no reino magico de Kindar em busca da ultima arvore mitológica do gênero Iporavã.

#Fantasia #rpg #elfo #demonio #Magia #druida

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