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Podemos morrer juntos?

Capítulo 8: Chá e biscoitos.

Capítulo 8: Chá e biscoitos.

Jun 17, 2025

Chegamos. Proclamou Mattew me colocando cuidadosamente no chão. A casa dele ficava na parte nova da cidade, um pouco distante da escola que estudávamos. Não entendia porque ele estudava naquela escola, ele deveria ter dinheiro suficiente para estudar na particular a poucos metros da rua dele. E também fui surpreendido pelo tamanho da residência, uma mansão, um pátio extenso com arbustos minuciosamente podados em formatos distintos. Sem falar da Mercedes estacionada na garagem, provavelmente era a coisa mais cara que já tinha visto em toda minha vida. Meu irmão mais novo provavelmente reconheceria o modelo, já eu não faço ideia, só sei que é branca. Fomos recebidos por uma senhora fofinha, as mãos que abriram o portão pareciam pequenas bisnaguinhas. -Bem vindo, Mattew, vejo que trouxe uma visita com você. Disse a idosa enquanto me analisava. Engoli seco, pelo visto a única coisa bonitinha era sua aparência. A sua voz era rouca e ríspida. -É meu amigo da escola. Respondeu o garoto me empurrando discretamente para dentro. A velha continuou me encarando com desaprovação, logo depois de nós ela entrou para dentro da casa. -Desculpa, ela é assim de vez em quando. Disse Mattew constrangido colocando sua mão na nuca, me guiando até seu quarto. -Tranquilo, todo mundo tem uma avó assim. Respondi tentando amenizar o clima, não conhecia nenhuma avó assim. -Ela não é a minha vó. Afirmou o menino, estava ainda mais sem jeito.
 No quarto dele, Mattew me explicou que aquela era a governanta que trabalhava lá. A avó dele e o resto de sua família viviam em Liverpool, na Inglaterra. Tentei não parecer muito surpreso com a informação, com certeza nossas realidades eram muito diferentes. -Então aceita um suco ou alguma outra coisa? Perguntou o garoto levantando da escrivaninha. -Não precisa. No momento em que disse isso meu estômago roncou, alto demais para passar despercebido. Ele riu e resolveu me trazer bolachas amanteigadas. Olhei em sua direção e ele tinha uma expressão curiosa, como se esperasse um tipo de aprovação. -Posso pegar? Ele assentiu que sim com a cabeça ansioso. Escolhi uma redonda dentre o pote com formatos sortidos, quando experimentei me surpreendi, eram realmente muito gostosas. Acabei deixando escapar um som de satisfação e pude ver que seus olhos brilharam. -Espero que tenha gostado, é a primeira vez que preparo algo assim. - São deliciosas, valeu. Agradecendo à ele. -Mas primeira vez? Tem certeza? -Sim (Ele era talentoso em tudo que ele fazia, injusto, perdi mais uma vez. A última vez que tentei fazer biscoitos eles ficaram moles e salgados.) -Bom…Depois que tu desmaiou fiquei te observando de longe na diretoria e notei que tu tinha gostado daqueles biscoitos. (Ele estava me observando?! Ele me notou??!) -Fiz uns para te presentear hoje, sei lá achei que não ia conseguir te dar mas precisava te agradecer de alguma forma. Sinto que estou dando muito trabalho pra você tradutor. (Ele sabia que seria eu que o ajudaria? Agora estou me sentindo meio mal por ter reclamado do trabalho, ele se importava comigo.) -Relaxa, a professora Andréia sempre me pede esse tipo de favor. Tento dar uma risada para disfarçar o quanto não gosto de realizar os caprichos dela, porém o que saí da minha boca é um gemido de dor, doeu. Penso ser dor mental, mas não, é física. Minhas costas de repente doem. -Gosh! (Engraçado ele falou em inglês) Deixa eu ver isso! -Pera ver o q~ Antes que possa falar o gringo levanta a camisa que estou vestindo. Ele sussurra, é quase inaudível- it's worse than i thought… Estou paralisado sem reação, não faço nada para impedi-lo. Sinto sua respiração cada vez mais próxima das minhas costas, o ar que saí de suas narinas, quente, alivia meu desconforto. Ele continua a divagar em inglês, dessa vez triste. -How could they… Ele parece chateado, também que se esqueceu nos seus próprios pensamentos, encarando bem de perto meus machucados. -Mattew? -Ah desculpas. (Plural, engraçado.) Sem falar nada ele me deixa sozinho, sem camisa e sentado na cama dele. Voltando com antisséptico e algodões se senta ao meu lado. -Posso? Aceno que sim, evitando contato visual. Na aplicação noto que ele é gentil, passa o algodão bem devagar para evitar que eu fique incomodado. Por mais que ele faça isso cuidadosamente, não posso evitar de soltar um ou dois pequenos gemidos de dor -Que droga! Ele deve estar pensando que sou um fraco. Penso. Mesmo que não veja suas reações, seus movimentos provam o contrário, quando reclamo tenho impressão de que seus toques acabam ficando mais brutos, como se quisesse… Corto o pensamento. O que é isso? Não estou dentro de uma fanfic ou coisa assim. -Já acabou? Digo com a voz trêmula. -Sim, desculpas. Devia ter sido mais gentil.
 Ele me encara por alguns segundos, não sei o que ele pensa, mudo de assunto. -Karate dahora aquele. -Não é karatê, é taekwondo. -Taekwondo? -É uma arte marcial coreana. Me vem uma memória antiga à cabeça. -Ah! Meu pai me obrigou a fazer umas aulas disso quando eu era pequeno, nunca me adaptei. Quando digo isso os olhos de Mattew brilham, a empolgação de um verdadeiro apaixonado. -Sério?! Também fazia quando era pequeno claro, faço, nunca parei. Em Yorkshire tava numa academia, desaprendi os golpes em português mas por sorte decorei eles em coreano. (De novo o sotaque engraçado escapou.) Sabe…posso começar relembrando um ap chagi com você, front kick you know? É engraçado ele está tão empolgado que nem percebe que está mudando de língua, deixo escapar certa admiração. -Que saco! Mesmo que esse cara tenha me salvado ainda tenho certa raiva de gente como ele, ele é muito perfeito- Reflito ansioso. -dwi chagi next? Espera, você fazia onde? Antes que possa responder, a porta abre. A governanta está parada na porta observando aquela cena questionável com cara de choque. -Mattew what is this?! Lembro que estou sem camisa na cama dele ainda! E ele está distraído demais para entender -What? -This kind of behavior is unacceptable! Ele arregala os olhos percebendo do que se trata. -Oh! It's not what it seems! -You better have a good excuse! Diz a idosa com a mão sobre o peito, Mattew não consegue explicar o mal entendido. Mas numa situação como essa provavelmente pensaria a mesma coisa dele, respirei fundo ouvindo a discussão dos ingleses. Finalmente consegui uma brecha e interrompi. -Sorry but I can perfectly understand what you two are saying. And I would be happy to explain everything to you. O semblante de desaprovação da ríspida senhora mudou, ela parecia feliz com a possibilidade de falar em inglês ou que eu falasse a língua deles. -So feel free to explain while we drink some tea. Diz a senhora numa voz séria mas convidativa. Mattew faz uma expressão de aversão, não entendo o motivo.

Na mesa de chá descubro, ele odeia chá. Achava que todos os ingleses gostavam de chá, eu não sou inglês e gosto, talvez Mattew seja mais brasileiro que inglês- Pensei cheio de estereótipos na minha cabeça. -Então garotos não vão se explicar? Sei que estás crescendo ,Mattew, mas trazer visitas sem avisar é um comportamento terrível. Ele não parece se importar muito com o que ela diz, parece uma criança birrenta e se recusa a tomar o chá servido por ela. -Desculpa é tudo culpa minha, devia ter recusado o convite dele. Digo botando a xícara cuidadosamente de volta no pires. -Não, tu não teve escolha. Me desculpe ,Marie, mas hoje o Érico vai ter que ficar. Ele começa a explicar toda a situação, tudo que tinha acontecido naquele dia. Marie escuta tudo atentamente parecendo preocupada, ela finalmente entendeu a minha situação. Quando menos espero ela me abraça e serve mais chá na minha xícara que tinha ficado vazia. -Agora eu que preciso me desculpar, pode ficar o tempo que precisar. Achei que pelas marcas você fosse que nem os garotos violentos que o Mattew andava. Olho para o lado e percebo que ele fica um pouco incomodado. -Sempre botando ele em confusão, fico feliz por ele ter usado uma habilidade preciosa para o bem dessa vez. And of course since you speak english you already won some points with me. Continuando a falar e servir mais chá em outra xícara para fazer Mattew tomar, ele recusa mais uma vez. Assim, acumulando um total de 4 xícaras a sua frente. -Se me derem licença vou preparar o seu banho, Érico. Você está convidado a permanecer conosco esta noite. Ela se levanta e põe mais uma xícara na frente de Mattew, rio. -Muito obrigado por tudo que tu fez por mim até agora. -Isso não é nada, só acho que seja certo. Botando uma bolacha na minha boca ele diz. -É realmente bom ter finalmente um amigo. Não consigo protestar, o biscoito me impede, é muito bom. Ele sorri e sorrateiramente vai até a cozinha se livrar de todas as xícaras. Eu sinto culpa, não sei ao certo porque, meu coração dói ou é minha costela? 
leozito
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#novel #lgbtq #slow_burn #drama #brazil #bl #romance #portuguese

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