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Podemos morrer juntos?

Capítulo 10: Café e silêncio

Capítulo 10: Café e silêncio

Jul 20, 2025

Me sento à mesa e sou surpreendido com uma imagem bizarra, meu café da manhã é torrada com feijão por cima e linguiça. -Feijoada? -British toast! Retiro o que eu disse Mattew é bem inglês, nenhum brasileiro faria essa atrocidade. De repente bate uma saudade do pão com chimia. -Não vai provar? O garoto diz como um cachorro pidão esperando que eu dê uma mordida. -Vou…só tô curioso, nunca comi uma coisa assim. Respondo enquanto Mattew dá pequenas garfadas no prato me assistindo atento. -Olha, desculpas estar tão ansioso, nunca tive que preparar café pra ninguém. “Desculpas” ele é fofo, penso enquanto experimento com calma a comida nada familiar à minha frente. - Nos sábados sempre fico sozinho aqui. Diz ele tentando não desfazer o sorriso de costume -É bom! Os olhos que estavam perdendo o brilho voltam a cintilar. -Bom, é um pouco estranho de início mas é bom é como um sanduíche de feijoada pra ser sincero. -Feijoada sandwich! Ele ri empolgado. Eu não sei o porque mas toda vez que ele sorri não posso deixar de fazer o mesmo, ele é como um transmissor de felicidade. Estranho -penso. 
   -Tá melhor? -Que? -Os machucados… Me engasguei com achocolatado que eu tomava, de repente começo a relembrar de todas as coisas que aconteceram comigo ontem e que não foi só um sonho bizarro. -Nem se preocupa com isso. O silêncio entre nós é constrangedor, tento finalizar minha bebida quente sem fazer barulho, é inevitável tenho que dar pequenos sopros de ar frio para não queimar a boca. Observo Mattew, ele não parece se importar com o silêncio diferente de mim, ele apenas devora sua torrada. Parece que ele está acostumado com a falta de conversa, descobri que alguém aparentemente cheio de amor pode ser incrivelmente sozinho -penso. Mesmo sendo solitário não consigo lidar com a quietude, a minha cabeça fala por si. Eu sinto um pouco de pena dele para ser sincero. Mattew percebe que estou o analisando então ele em resposta me dá um sorriso sem abrir a boca cheia de pão. Ele engole -Tu sempre parece estar pensando em alguma coisa. Ele não tá errado. -Sabe eu também penso muito, às vezes esqueço que preciso usar palavras. Na minha cabeça estamos tendo uma conversa sobre nossos pensamentos. Eu penso em duas línguas, é bom. Você consegue entender todas elas. Ironicamente não entendo o que ele está tentando me dizer então só aceno com a cabeça e continuamos nosso café da manhã silencioso.
 Assim que terminamos de tomar café me ofereço para ajudar a recolher as louças, ele recusa a ajuda firmemente - I'll do it! -Yes sir! Respondo em tom de provocação, faz muito tempo que não brinco com alguém assim, talvez seja a primeira vez. Ele faz pose de sentido e ri, mesmo claramente surpreso com a caçoagem repentina. Olho ele empilhando os pequenos pratos e talheres na pia, ele é extremamente cuidadoso para não derrubar. Ouço um barulho, Mattew acabou se distraindo e bateu com a cabeça nos armários em cima da bancada. Ele tenta parecer inabalado enquanto verifica se não danificou nenhuma louça. Rio, ele é realmente divertido. Saco! Além de legal, bonito ele também tem um lado fofo. Ele olha em minha direção para verificar se eu tinha visto, apenas pretendo que estou ocupado acariciando Wurly que implora por um pouco de carinho e que eu devolva a salsicha tirada da boca dele, ele mia. Verifico o relógio antigo da parede que marca onze horas, nesse momento me recordo que é sábado e preciso estar em casa, meu avô almoçaria lá hoje. Eu realmente não quero voltar, não queria ver meu irmão. Vou ter que aceitar apanhar de novo afinal ou vai ser dele ou do meu pai depois então tanto faz, merda! Volto para realidade. -Mattew, preciso ir! Digo derrubando a salsicha no chão, Wurly parece satisfeito. -Agora? Ele parece uma criança chateada. -Desculpa eu preciso estar em casa agora, muito obrigado por me ajudar. Vou até à porta calçando meus tênis. Olhar do inglês é triste, ele se despede de mim segurando o gato que tenta consolá-lo. -Mais um dia? -We could try. Respondo sem sorrir, tentando animar ele também. Aceno em despedida e saio começando meu trajeto de volta para casa.
 A cidade é pequena então me achar não é um problema, conheço cada esquina daqui. Mas por algum motivo nunca tinha visto a mansão que Mattew mora, talvez seja porque quase nunca passo perto do rio da cidade. O rio é fundo e um pouco assutador, mas o reflexo da luz do sol brilha de maneira ofuscante tirando qualquer sinal de profundidade. Vou pular -penso enquanto ignoro a realidade à minha volta. Dou um passo em falso e quase caio mas sou preso pelo meu próprio senso de sobrevivência. -Que droga! O que tá acontecendo comigo? Sinto que tudo isso está mexendo comigo, não gosto ou talvez goste e não queria admitir. Continuo meu caminho levando comigo algumas pedras terrosas do rio. Charming man do The Smiths toca em algum lugar próximo, ironicamente quase sou atropelado por uma bicicleta quando tento atravessar a rua.
leozito
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#slow_burn #romance #portuguese #novel #lgbtq #romance_ #drama #brazil

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