Ela pensou mais um pouco, em seu verdadeiro sonho, que não era apenas ganhar um prêmio e se tornar a melhor cozinheira do mundo, ela queria fazer algo pelas pessoas, algo grande.
— Eu quero abrir um complexo gastronômico, onde pessoas do mundo todo possam ir e provar pratos de todas as culturas. Eu quero dar para qualquer pessoa independente da etnia ou classe uma chance de experimentar o que o mundo tem para dar. — Miranda disse com a voz firme, mas ela sentia que talvez aquilo era uma ideia boba e que era impossível do chefe aceitar como algo sério.
— Uau! —George bateu palmas, cada uma ecoando pelo salão. — Esplêndido!! — ele disse.
— Parece que temos uma pessoa bastante ambiciosa aqui! — Ele continuou, sorrindo.
Miranda parecia um pouco surpresa, por mais que ela gostasse do chef, ela achava que ele iria rir. E talvez até zoar com o sonho dela, mas ele parecia tão gentil com suas palavras e não ironico.
— O senhor não acha que isso é um sonho bobo? — Miranda colocou o cabelo atrás da orelha. — Eu achei que era apenas uma ideia infantil… — Miranda completou.
George deu uma leve risada colocando seus cotovelos sob a mesa, seu assistente olhou para ele com desprezo, já que ele sabia o que estava por vir.
— Sabe, quando eu tinha a sua idade, eu também tinha um sonho, eu queria que todas as pessoas do mundo pudessem comer… — Depois de uma hora e meia, George havia contado sua história de vida inteira.
Já estava quase na hora de ir, Miranda estava tão feliz de ouvir as histórias do melhor chef do país que nem percebeu a hora passar. Igualmente com George que sentia que fazia tempo que ele não tinha uma conversa franca com outro cozinheiro.
— Caramba! Já é de noite? Louis, que horas são? — George se virou para seu assistente.
— São 18:30, senhor. — Louis olhou para o relógio.
— Só são seis horas?! Eu podia jurar que eram oito ou dez horas… — George engoliu seco espantado ajeitando seu paletó, mas mesmo cedo ele precisava embarcar em um voo do Brasil para a Holanda ele se levantou da cadeira. Com uma precisão ele pegou um cartão de visita do seu bolso.
— Por favor, quando tiver tempo. Me ligue, esse aqui é meu número pessoal. — Ele entregou o cartão para a garota de cabelos cacheados.
— O-Obrigada senhor! — Miranda segurou o cartão com as duas mãos, ela mostrou um sorriso largo, agradecendo George pelo convite.
O chefe sorriu, ele saiu pela porta da frente junto de seu assistente. Miranda se sentou extremamente cansada, como se ela tivesse corrido uma maratona de Caravelas à Paulo Afonso, sua expressão se modificou em uma expressão de êxtase. Finalmente ela teria o que mais desejava, um de seus maiores sonhos havia sido realizado ela foi reconhecida pelo chefe que mais adorava, era o melhor dia da vida dela depois do show do BTX.
Bruno olhou para ela com um leve sorriso no rosto, ele de alguma forma sabia que ela iria reagir daquela forma, pois era ele quem tinha chamado o chefe para o restaurante, esse era o plano dele.
Mas o trabalho ainda não tinha acabado, mesmo com a realização de um sonho, Miranda ainda tinha que limpar a cozinha e o salão também.
— Ugh, eu odeio ter que limpar tudo depois, por que a gente não contrata um faxineiro ou uma faxineira? — Miranda limpava o chão da cozinha com uma vassoura mais velha do que a vó dela. O chão estava cheio de gordura, o que dificultava a limpeza.
Olhando de canto, lá estava ele, Bruno. Um leve sorriso se formou em seu rosto, enquanto ele escondia um objeto atrás de suas costas, como se ele estivesse esperando que alguém percebesse.
— O que é isso aí? — Miranda se virou, olhando para o objeto que era em metal e comprido.
— Advinha. — Bruno deu uma leve risada, enquanto ainda segurava o objeto em suas costas.
Miranda pensou um pouco no que iria responder, antes de dizer qualquer coisa.
— É uma barra de ferro! — Sua convicção dizia que ela havia sido certeira, não tinha como ela errar.
— Errado! É um mop! M-o-p. — Bruno mostrou o tal objeto que se assemelhava a um esfregão, mas que possuía um nome diferente.
— Isso é um esfregão. — Miranda zombou dele.
Bruno pegou um balde que também tinha uma forma engraçada, ele colocou o “mop” no balde e com pressão ele começou a girar, com a água que estava no balde encharcando o esfregão.
— Um esfregão faz isso? — Ele ergueu uma das sobrancelhas sorrindo, enquanto encarava Miranda esperando uma resposta dela.
— Uau! Que magia é essa?! Caramba, tá tudo molhado! — Ela checou cada parte do Mop maravilhada. — Bruno você é incrível, obrigada! — Ela pegou o Mop agradecida.
Bruno deu um leve sorriso, tentando parecer descolado e saiu sem dizer nada. Mas ele realmente adorava quando o elogiavam, principalmente a Miranda.
Finalmente a hora do expediente havia acabado, Miranda retirou seu chapéu e avental, colocou ambos em uma bancada que posteriormente iria para a máquina de lavar. Saindo da cozinha e viu sua mãe e sua avó sentadas na mesa mais a frente do caixa.
— Temos que conversar. — A mãe de Miranda disse.

Comments (0)
See all