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A primeira vila que formava a região de Zheng Qi não era muito grande, então não demorou para que chegassem ao centro. Apesar de já ser noite, ainda havia bastante movimento nas ruas. Restaurantes, casas noturnas, pequenos teatros e algumas lojas chamavam por clientes, elencando serviços ou fazendo demonstrações e, mesmo com a agitação, todos por quem passavam cumprimentavam as cultivadoras com extremo respeito. Zhen Ming se admirava com as cores e luzes que banhavam aquele vilarejo, animando-se tanto quanto os transeuntes, ansiosa para provar as comidas e experimentar as atividades que o lugar lhe proporcionaria no período em que se estabelecesse por ali.
O pequeno grupo entrou em um restaurante um pouco mais afastado da agitação. O local não era tão grande quanto os outros pelos quais haviam passado, mas trazia um ambiente familiar e agradável, mais reservado. Era bem decorado e espaçoso por dentro, não tinha muitos clientes e por isso parecia mais tranquilo, onde poderiam conversar e se ouvir sem precisar falar muito alto. Não era muito diferente dos restaurantes que Zhen Ming já havia visitado em sua viagem, mas com certeza se sentia confortável ali.
Um atendente indicou uma mesa redonda, numa área mais calma do estabelecimento, onde deveriam se sentar, e logo uma senhora gorda, de cabelos grisalhos e sorriso doce as abordou.
—Há quanto tempo pequena Li, Huihui! É sempre um prazer recebê-las!
—Agradecemos a hospitalidade, Madame Bo. Gostaria que nos servisse o especial da casa, por favor. – Yahui solicitou.
—Pimenta extra para pequena Li? – A líder de seita apenas concordou com um aceno e a senhora sorriu mais, seguindo de volta para a cozinha.
—Senhorita Zhen... – A médica chamou sua atenção, servindo o chá que havia sido posto sobre a mesa. – Você não é daqui, certo?
—Hn. – Negou com a cabeça – Sou uma viajante! – Ansiosa por uma boa conversa, seu tom de voz acabou saindo um pouco mais alto do que o necessário. Yahui se mostrava tão mais comunicativa que Hongyu, o que deixava Zhen Ming empolgada. Porém, percebeu que a líder de seita não parecia menos interessada, observando-a esticar as íris sobre xícara de chá ao se concentrar na conversa alheia. – Eu vivia isolada nas montanhas do leste. Depois que meu pai faleceu, resolvi sair para conhecer o mundo.
—Oh... Eu sinto muito pelo seu pai.
—Não se preocupe com isso, mas agradeço. – Bebeu um longo gole do seu próprio chá. – Não foi uma viagem agradável nem fácil, tive que atravessar o deserto… vocês sabem, cheio de obstáculos no caminho. Mas pelo menos consegui chegar até aqui antes de morrer de fome! – Zhen Ming riu, aliviada depois de sua longa jornada.
—Ah, sim. Espero que goste da refeição, este é o melhor restaurante da região. – Yahui retribuiu o sorriso.
—Obrigada, tenho certeza de que irei adorar!
Em pouco tempo de espera, a velha senhora retornou e serviu a comida. Vapor subia das panelas, carregando o aroma rico e variado dos pratos. Zhen Ming se animou ainda mais, salivando enquanto seu estômago se agitava, ansiosa para experimentar um pouco de tudo.
A comida era realmente saborosa, e a pequena cultivadora se empanturrou com tudo o que colocava seus talheres em cima, apreciando cada nova combinação. Cada prato que experimentava tinha um sabor único, que nunca havia provado em outro lugar. A carne de porco grelhada com o molho agridoce quase a fez chorar de tão deliciosa, podia reconhecer o sabor do mel, do gengibre e de alguma fruta cítrica ali, mas tinha algo de especial que não fazia ideia do que era. Definitivamente um sabor excepcional. O arroz com vegetais, os bolinhos assados e os caldos, todos carregavam vários temperos que Zhen Ming desconfiava serem típicos da região, pois não havia provado nada igual antes.
Encantada com tantos sabores diferentes, ela esticou os pauzinhos para tentar alcançar o recipiente do centro, onde estava a carne de galinha refogada com vegetais, pimenta e molho vermelho, que não havia experimentado ainda. No entanto, Hongyu lhe impediu, segurando seu pulso.
—Não exagere. – Alertou. A menor olhou da panela para a tigela que a outra tinha nas mãos, reparando no quanto estava cheia e em como ela comia tranquilamente.
Zhen Ming não diria que tinha baixa tolerância à pimenta, pelo contrário, conseguia lidar muito bem com a picância. Mesmo assim, resolveu seguir o conselho e ir com cautela, colocando apenas uma pequena porção em sua própria tigela. Quando direcionou aquele pouquinho à sua boca, sentiu imediatamente sua língua queimar e os olhos arderem. Aquilo não era apenas uma pimenta especialmente forte, mas também uma mistura desta com diversos temperos que ressaltavam ainda mais aquela ardência infernal. Seu rosto ficou muito vermelho em questão de instantes e até mesmo respirar tinha se tornado uma tarefa difícil.
—Eu avisei. – Hongyu bufou, enfiando as mãos em um de seus bolsos e retirando de lá um frasco pequeno, entregando-o a menor. – Não beba direto, espalhe na boca.
Zhen Ming obedeceu, sentindo o alívio logo que derramou o líquido em seus lábios, o que fez a ardência sumir quase que imediatamente, por mais que sua língua permanecesse um tanto dormente.
—Está melhor? – Yahui indagou, oferecendo-lhe um pouco de água e um guardanapo de tecido, que a viajante aceitou prontamente. – Hongyu tem uma tolerância bastante elevada à pimenta. Todos da nossa seita estão acostumados com o tempero mais forte e picante, mas nossa líder está em outro patamar.
—Eu... percebi. – Respondeu, com a voz rouca e a garganta arranhando.
—Experimente os outros pratos. Pode ficar tranquila, só aquele tem pimenta extra. – A médica incentivou com um pequeno sorriso.
A menor permaneceu receosa, mas não se conteve por muito tempo, voltando a encher sua tigela como se tivesse passado fome pelas duas últimas semanas – o que era parcialmente uma verdade. Um atendente se aproximou com uma garrafa de vinho e os olhos de Zhen Ming brilharam, ela estendeu seu copo que o rapaz encheu rapidamente.
A líder da seita Li observou Zhen Ming comer e virar uma taça atrás da outra, com um olhar estreito, que a menor não deixou de notar.
—A líder de seita parece intrigada. – Comentou, sem reservas. – Não precisa se preocupar comigo, tenho bastante resistência ao álcool. – Sorriu, virando mais um copo. – Aliás, é muito difícil encontrar alguém que me acompanhe. Gostaria de tentar? – Piscou e estendeu seu copo novamente, que o atendente outra vez encheu até a borda.
Os olhos de Hongyu se abriram em surpresa com o desafio. A líder de seita não costumava cair facilmente em provocações, mas o olhar desdenhoso da mais nova acendeu a competitividade em seu sangue feito faísca em carvão e não hesitou em aceitar, virando seu copo já cheio ao mesmo tempo em que Zhen Ming o fez.
Após limpar as panelas e esvaziar quatro garrafas de vinho, Li Hongyu ainda parecia longe de demonstrar qualquer sinal de embriaguez. Mostrava-se tão sóbria quanto antes, apenas trocando a carranca irritada por uma expressão ligeiramente mais leve e vitoriosa. Ela encarou a pequena cultivadora sentada à sua frente, que tinha as bochechas em tons de rosa e um olhar nublado. O sorriso de Zhen Ming era brilhante e ela balançava suavemente de um lado para o outro, como se estivesse tentando manter o equilíbrio. Estava claro para Hongyu que a viajante havia atingido seu limite, por mais que ela não quisesse dar o braço a torcer.
A líder de seita reprimiu um pequeno sorriso e meneou a cabeça em negativa, chamando o atendente.
—A Líder Li já vai encerrar?! Ainda aguento uma garrafa ou duas! – Zhen Ming riu, pendendo mais para um lado do que para o outro.
—Vejo que sim. – Hongyu concordou com um leve tom de deboche, mantendo-se séria enquanto se dirigia ao atendente e lhe entregava uma bolsinha cheia e pesada. – Providencie um quarto para esta jovem dama. Tem o suficiente para cobrir as refeições e estadia pela próxima semana.
O rapaz agradeceu, recolhendo o dinheiro e chamando outras duas atendentes para lhe ajudar a retirar os pratos e preparar o quarto solicitado.
—Por favor, não precisa de tanto! – Zhen Ming tentou impedir, meio apavorada, pois não estava acostumada a tanta gentileza vinda de desconhecidos.
—Não se preocupe com isso, é apenas uma pequena retribuição. A vida de nossos discípulos valem muito mais do que uma refeição e algumas moedas. – O tom da maior fez com que Zhen Ming fechasse a boca imediatamente para qualquer outra reclamação.
Li Hongyu desembainhou sua espada, que no mesmo instante emitiu um brilho avermelhado, vindo de sua longa e elegante lâmina escarlate. Utilizando energia espiritual, fez com que a arma flutuasse para os seus pés e, antes de subir nela, a líder de seita fez uma breve reverência direcionada à pequena cultivadora viajante, novamente em um agradecimento silencioso.
—Tenha uma boa noite. – Despediu-se, recebendo um aceno de cabeça meio confuso de Zhen Ming, em resposta.
—Espero encontrá-la novamente no futuro, senhorita Zhen. Tenha uma boa noite. – Yahui também se despediu com um sorriso, subindo em sua própria espada para então seguir a líder de seita, que já havia atravessado a porta. – Parece que encontrou um bom desafio, hn? – A médica comentou divertida ao emparelhar sua espada com a de Hongyu.
—Hn – Foi tudo o que a líder de seita respondeu, sua mente já trabalhando nas suspeitas quanto a chegada dessa nova cultivadora em seu território.
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