Era o dia da ida, Miranda, sua mãe e avó e os demais cozinheiros estavam todos no aeroporto esperando o horário de embarque. Miranda tentava esconder as lágrimas mas mesmo assim elas saiam.
— Eu vou sentir muita saudade! — Ela abraçava eles, inclusive os cozinheiros enquanto chorava.
— Nós também vamos sentir… — Eles disseram enxugando as lágrimas.
A avó de Miranda que usava uma cadeira de rodas se posicionou do lado de Miranda.
— Menina, tu vai conseguir, tu é foda. — Ela disse enquanto puxava a neta para mais perto.
— Obrigada, vovó! — Ela respondeu sorrindo, levemente abraçando a sua avó.
O avião estava quase pronto para voar, Miranda deu mais um adeus antes de ir para o local de embarque.
— Por favor, minha filha se cuida! — A mãe de Miranda disse de forma calorosa enquanto abanava sua mão gentilmente.
— Tudo bem, mãe! — Miranda abanou sua mão igualmente, se virando e caminhando para longe.
De repente, passos poderiam ser ouvidos por aquele andar do aeroporto, era de uma pessoa que estava correndo parecendo estar apressada.
— Mira! — Ele ofegava, parecia que ele havia corrido uma maratona, enquanto ele tentava recuperar o fôlego ele entregava algo para Miranda.
— O que é isso Bruno? — Miranda olhou para o pequeno objeto, era um amuleto daqueles de madeira que vem em saquinhos.
— É algo pra você não se esquecer de mim… — Bruno olhou para cima, seus olhos começaram a se encher de lágrimas. Como de uma criança que foi deixada em uma creche e se sentiu abandonada.
Miranda ficou olhando para ele inclinando sua cabeça, intrigada com o fato dele estar preocupado que ela pudesse de certa forma esquecê-lo.
— Mas por que você tá tão preocupado? — Miranda disse despretensiosamente, ela olhava para ele confusa mas ainda assim se preocupando com seus sentimentos.
Bruno segurou o choro, sua histeria fazia ele ficar sem palavras, ele tentou dizer algo mas as palavras simplesmente não saiam. Ele respirou fundo várias vezes, até conseguir se acalmar.
— É que eu vou sentir muita saudade! e quando você voltar eu quero que você me diga “Olá, como você está? Há quanto tempo!” — Ele disse enquanto enxugava as lágrimas que escorriam por suas bochechas. Suas palavras eram sinceras mesmo que parecessem infantis, ele pensava em como ele iria se sentir mal se ela não dissesse um simples “Olá!” para ele.
Miranda olhou para ele sorrindo, suas expressões e comportamento a intrigavam, ela se aproximou dele lentamente, abraçando ele de forma calorosa.
Ele não disse nenhuma palavra, mas abraçou ela de volta, embora usualmente fosse uma pessoa bastante calma, ele era sensível. Até demais.
Bruno foi o primeiro a liberar o abraço, Miranda deu mais um tchau a todos e saiu andando em direção à saída de embarque.
Sua mala era grande, talvez ela pudesse levar sua casa inteira lá dentro, mas havia apenas o necessário. Suas roupas, itens pessoais e algumas lembranças de seus parentes e funcionários. Ela era branca com alguns detalhes de flores, parecia um prato de avó.
Em sua bolsa que diferente da mala era na cor marrom, com mais bolsos e com um estilo de camping. Tinha seus documentos, dinheiro, algumas maquiagens, seu celular, e outras coisas pessoais como um espelho e um garfo, que era usado para comer comidas de rua.
Miranda foi até o detector de metais, ela colocou sua mala e sua bolsa na esteira, obviamente a máquina detectou um objeto metálico no interior da bolsa. Imediatamente os guardas pediram que ela aguardasse. Sem entender Miranda foi levada à uma sala que ficava um pouco afastada da grande fila que cada vez mais aumentava.
— A senhorita tem algum histórico criminal? — Um policial se sentou em uma cadeira frente à ela, ele tinha um físico excelente e era bem parrudo.
— Não, senhor. — Miranda se segurava firme na cadeira, se sentindo um pouco nervosa, talvez ela seria presa em seu primeiro voo.
— Você já andou de avião antes? — O policial perguntou, ele não piscava apenas a encarava.
Miranda sentia seu corpo congelar, seu coração batia rápido e parecia para ela que seu destino já estava selado.
— É minha primeira vez viajando senhor… — Ela disse, suas mãos tremiam enquanto engolia a saliva que não existia em sua boca.
O policial pegou o passaporte de Miranda, ele checava cada carimbo com um instrumento especial.
— Miranda, não é? Nós encontramos um objeto cortante em sua bolsa, mais especificamente, um garfo. — Ele perguntou ainda focando principalmente no passaporte.
— Ah, é meu garfo de rua! — Ela disse sorrindo.
— Para brigas nas ruas? — O policial a interrompeu.
Miranda foi para trás com essa fala, ela ficou indignada com a fala do policial.
— Não não! É para comer! Comer na rua sabe? — Ela tentou se explicar para o policial.
O policial encarou ela mais uma vez, ele checou seu passaporte e liberou ela. Mas antes dela passar pela porta ele a chamou.
— Você não é aquela menina que trabalha naquele restaurante? Aquele com comidas de vários tipos. — O policial tinha uma expressão diferente de quando estava a interrogando, era mais suave mas ainda assim séria.
— Eu mesma, o senhor já foi lá? — Ela perguntou.
— Sim, mas por que você está aqui? — Ele disse entregando o passaporte de volta à ela.
— Eu decidi abrir meu próprio restaurante, não, um complexo que possa ter todos os tipos de comidas para todos provarem da cultura e gastronomia de cada local! — Ela colocava suas mãos em sua cintura.
O policial piscou mais de uma vez, mesmo que ele não confessasse, ele estava confuso com a proposta da moça em sua frente.
De repente um alarme ecoou pelo corredor, uma voz robotica falava no alto falante.
— Embarque para o voo quatro-meia-nove no portão cinco em dez minutos. — A voz robótica repetia a frase.
— É o meu voo! Eu tenho que ir! Tchau senhor! — Ela pegou seus pertences e se dirigiu à o ponto de embarque.
O policial abanava sua mão levemente, enquanto um leve sorriso se formava em sua boca.
— Boa sorte… — Ele gritou. — Filha. — Ele disse baixo.
Miranda olhou para ele mais uma vez e acenou, ela nunca havia visto esse homem antes. Mas sim, ele era o pai dela.
— Obrigada, senhor! — Ela gritou de volta e começou a correr.
Mesmo com alguns contratempos, por sorte Miranda não se atrasou para seu voo, ela entrou no avião tranquilamente. O dia de hoje estava sendo bastante cansativo, ela se sentou em seu assento e reclinou o banco um pouco.
De repende ela começa a escutar duas pessoas discutindo furiosamente.
— Esse assento é meu. — Uma voz suave exigia o assento, que um senhor estava sentado.
O homem se levantou e começou a xingar aquela pessoa, ele era maior do que ela. Ele repetia enfurecido que aquele lugar era dele enquanto ela defendia seu ponto de forma lógica.
Miranda que estava em seu sono, que foi atrapalhado por uma série de gritos. Ela lentamente abriu os olhos, observando um rapaz e um homem velho discutindo.
— Qual o problema de vocês? — Ela se virou para o outro lado, tentando dormir.
A pessoa que estava de pé começou a reclamar que o homem estava sentado no banco dela, ela exigia que o homem se retirasse de lá.
O homem gritava de volta, enfurecido, ele se levantou ameaçando atacar aquela pessoa, que era claramente menor do que ele e consequentemente menos forte.

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