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A líder da seita Li escutava atentamente enquanto Yan lhe contava a história de como havia se machucado. A pequena estava animada, sem demonstrar qualquer sinal de dor. Hongyu pretendia levá-la para o quarto e colocá-la para dormir, pois era a única forma da menina ficar quieta por algum tempo enquanto seus ferimentos se recuperavam.
No entanto, no meio do caminho, ouviu o som de um sinalizador estourando no céu. A Flor de Seda brilhava em vermelho no alto e, no mesmo instante, toda a seita se agitou. Hongyu colocou Yan no chão.
—Vá para o seu quarto, está bem? Preciso resolver um problema.
—Tá bom… – A menininha balançou a cabeça, um tanto chateada, mas seguiu pelo corredor da área residencial da seita.
Quando teve certeza de que Yan ficaria segura, Hongyu desembainhou sua espada, disparando até o pátio na entrada da seita. Um grupo de discípulos já se reunia ali e a líder se aproximou de Li Quan, sua assistente pessoal.
—Tem notícias do que está acontecendo? – Viu-a negar com a cabeça. – Envie um esquadrão de resgate e chame Yahui para a retaguarda. Eu vou na frente. – Recebendo um aceno positivo, a líder de seita voou na máxima velocidade que conseguia na direção em que o sinalizador apontava.
Rapidamente ela chegou ao centro da floresta, mergulhando entre as árvores e desviando dos galhos. Encontrou três cultivadores da Seita Li erguendo uma barreira ao redor de uma clareira. Dentro dela havia uma massa disforme que se remexia e emanava energia demoníaca, como se estivesse tentando se transformar em algo.
—Líder Li! – Chamou o que estava mais próximo de si. Era Chen Luxuan, um dos cultivadores sênior da seita.
—O que está acontecendo ali?
—Não sabemos. Estávamos fazendo a patrulha aqui perto e sentimos essa forte energia demoníaca. Quando chegamos, essa coisa estava brotando do chão. Achamos melhor colocar uma barreira para impedir que fugisse.
—Certo, deixe-me passar.
Ao dar um passo à frente, uma abertura surgiu na barreira, fechando-se assim que Hongyu passou. A energia demoníaca que se acumulava ali era pesada e a massa aumentava a cada instante, começando a tomar a forma de um tigre com chifres.
A líder de seita fez um selo com a mão e soltou sua espada, que flutuou veloz na direção do monstro, mas apenas o atravessou, como se ele fosse uma sombra. Ela puxou o chicote do cinto, ainda manuseando a lâmina para tentar destruir a criatura, mas sem sucesso. Ao se aproximar mais alguns passos, o chão a seus pés começou a brilhar. O monstro urrou tão alto que fez os ouvidos de Hongyu doerem, sua forma oscilou e se desfez diante dos olhos da líder de seita.
Ela olhou para baixo, deparando-se com um desenho elaborado na terra, que emitia uma luz branca intensa.
—Uma matriz...? Por que isso está aqui? – Hongyu subiu em sua espada, ganhando altitude para ver o desenho todo. A matriz tomava um raio de cerca de dez metros, preenchendo toda a clareira.
A líder da Seita Li conhecia aquele local muito bem e tinha certeza de que aquele desenho nunca estivera ali antes.
—Desfaçam a barreira, não há mais presença demoníaca. – Sua ordem foi imediatamente atendida e os três cultivadores se aproximaram de onde ela estava.
Ao mesmo tempo Yahui chegou com mais um grupo de cultivadores.
—Quero que montem um esquema de vigilância desta área, com pelo menos cinco cultivadores sênior. Também preciso de uma equipe de busca para procurar por mais clareiras como essa, precisamos avaliar se existem mais dessa matriz espalhadas pela floresta.
—Nunca vi nada desse tipo. – Yahui comentou, analisando o desenho com cuidado.
—Eu também não. Irei pesquisar sobre. Investiguem a área e me avisem imediatamente se algo acontecer. – Todos ao seu redor assentiram e se dispersaram, alguns permanecendo sobre a matriz para avaliá-la.
Hongyu começou a se afastar, caminhando em direção à seita junto com Yahui, mas assim que seus pés deixaram a clareira, o brilho se apagou e o desenho no chão desapareceu.
—O que-? – Ela colocou um pé novamente no local e a luz retornou. Quando se afastou, mais uma vez a imagem sumiu. – O que isso significa?
—Está reagindo a você.
—Mas... por que?
Yahui encolheu os ombros, sem uma resposta para lhe dar. Restava apenas continuar sua investigação e descobrir o que tudo aquilo significava.
—
Já havia passado da hora do almoço quando Hongyu retornou à seita, carregando uma pilha de livros e pergaminhos que pegou na biblioteca central. Ela já se sentia um tanto exausta, sua mente trabalhando sem parar em tentar descobrir o que era aquela matriz.
No entanto, antes de seguir para seu escritório, ela foi para área residencial da seita, alcançando o quarto de Yan. Queria verificar se ela estava bem, mas a menina não estava lá. Provavelmente havia saído para comer ou brincar com as outras crianças. Dirigiu-se então à enfermaria. Precisava pegar os livros que tinha deixado lá e ver como Zhen Ming estava.
Chegando ao local, encontrou Yan dormindo na cama ao lado de Zhen Ming. A cultivadora estava acordada, com um de seus livros em mãos e logo percebeu a chegada de Hongyu.
—Ela disse que não queria ficar sozinha então veio pra cá. – Explicou, notando o olhar da líder de seita em direção à menina. – Nós almoçamos juntas e ela dormiu depois de comer.
Hongyu assentiu, sentando-se na beirada da cama de Yan e tocando seu rosto com carinho. O inchaço no nariz tinha diminuído e não havia mais vestígios de sangue em seu rosto ou sua roupa.
Dirigiu então o olhar a Zhen Ming que lhe sorriu, causando uma sensação estranha no peito de Hongyu. Ela parecia um tanto abatida e pálida. A maior franziu as sobrancelhas, achando estranho.
—Como está se sentindo?
—Bem! – Ela respondeu rapidamente e desviou o olhar. – Ah, desculpe por pegar seus livros sem pedir, eu não tinha nada para fazer e estava me sentindo entediada. – Zhen Ming coçou a bochecha. – Aconteceu alguma coisa lá fora?
—Sim, mas já estamos lidando com isso. – Hongyu notou sua inquietação. Algo lhe dizia que Zhen Ming sabia sobre o que tinha acontecido mais cedo.
—Ah... Se precisar de ajuda...
A líder de seita estreitou os olhos, um tanto desconfiada, mas, ainda assim, puxou um dos desenhos que havia feito da matriz, entregando-o à menor. Não se sentia segura para confiar em Zhen Ming, mas se ela pudesse lhe dar ao menos uma pista de por onde seguir em sua pesquisa...
—Esse desenho... – A menor ponderou por um instante, seus olhos passeando agitados pela folha. – Eu já vi algo parecido antes. É uma matriz restritiva, mas esse tipo de matriz só funciona por um tempo determinado.
Hongyu sentiu um arrepio na espinha. Isso não significava algo bom. Ainda mais quando uma criatura demoníaca havia quase brotado de lá.
—Tem como saber quanto tempo essa matriz ainda tem?
Zhen Ming negou com a cabeça.
—O desenho dela é muito complexo. Até mesmo a outra que eu vi, foi difícil descobrir.
—Onde você viu isso? – Hongyu não estava apenas curiosa, mas havia uma chance de encontrar livros e documentos que pudessem ajudar na pesquisa.
—Em um livro do meu pai. – Zhen Ming soltou um suspiro cansado, abaixando seu olhar. – Infelizmente não tenho mais acesso a esse material, mas posso transcrever tudo o que li sobre.
—Eu... agradeço. – Hongyu recolheu o papel de volta.
—Ah, não precisa! Eu fico feliz de ser útil à Jiejie. – Ela exibiu um novo sorriso que fez Hongyu sentir seu rosto esquentar. – E também, vai ser bom ter algo pra fazer enquanto não posso sair.
A líder de seita assentiu, levantando-se e seguindo até a porta.
—Vou buscar tinta e papel.
Deixando a enfermaria Li Hongyu pretendia ir ao seu escritório, mas percebeu uma movimentação estranha no fim do corredor, exatamente onde ficava a sala de Yahui. Diemeng andava ansiosa de um lado para o outro no cômodo vazio. Hongyu bateu suavemente na porta aberta, esperando não assustar muito a menina, o que funcionou em partes.
—Mestre Li! – Pela expressão de surpresa em seu rosto, Diemeng não esperava encontrar com a líder de seita naquele momento. – Eu…
—É melhor me contar o que aconteceu. – O olhar inquisidor de Hongyu não deixou brecha para que a mais nova escapasse. Ela soltou um suspiro pesado e apertou uma mão na outra.
—É sobre a Srta. Zhen…Ela tentou deixar a enfermaria, mesmo naquele estado. - Contou, com a voz baixa.
—Quando?
—Logo depois de lançarem o sinalizador. Mas… ela já parecia agitada antes disso. – Diemeng não conseguia sustentar o olhar da Líder de Seita, claramente hesitante, talvez por culpa de causar problemas para sua salvadora.
—Tudo bem, não se preocupe com isso. – Hongyu apertou o ombro de Diemeng de leve e, com um movimento de cabeça indicou que ela seguisse seu caminho, deixando a líder de seita sozinha na sala.
Hongyu subiu a mão para o pingente em seu pescoço girando-o entre os dedos. Ela tinha certeza que não dava para ver o sinalizador da enfermaria e também era impossível sentir a energia demoníaca de tão longe, mas de alguma forma Zhen Ming havia percebido algo de errado, não pela movimentação na seita, mas antes de qualquer coisa acontecer.
Restava para Hongyu tentar descobrir como ela conseguia fazer isso.
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Eita que temos ai um acontecimento novo, uma ~matriz misteriosa~!! E o que será que foi essa reação da Zhen Ming hein?!
Os próximos capítulos vão estar cheios de ação e novidades hihihihi

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