Meifu já estava fuçando todos os quartos da mansão há um tempo. Já tinha ficado completamente de noite lá fora, o vento frio entrava forte pelas janelas e portas abertas. Algumas corujas emitem barulhos característicos das árvores dos arredores da mansão. Quando era meia noite, Meifu acendeu a lareira da sala de estar. Se sentando no sofá empoeirado, colocando sua mochila em seu colo para revisar seu inventário.
"Ainda tenho mantimentos por mais quatro dias. Após esse ponto, vou precisar me virar com o que eu encontrar. Acho que preciso iludir a minha fome agora."
Concluiu Meifu em pensamento. Tirando uma cartela de comprimidos brancos junto de uma barrinha de cereal da mochila. Ela lasca um pedaço da barrinha e come junto com um comprimido, mastigando e engolindo. A ausência de reação ao fazer isso sugere que era um hábito. Explicando a fisionomia magra e pequena de Meifu, sinais de desnutrição na fase de crescimento.
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Já era de madrugada, às 03:33 da manhã. Meifu estava dormindo com um dos olhos completamente aberto. Encarando a lareira, o globo ocular dela varre o perímetro em volta em um trajeto repetido sem pausas. A guarda dela estava alta, mesmo inconsciente. Tudo parecia silencioso, alguns estalos da lenha velha queimando na lareira enchem o lugar. Lentamente uma forma humanóide se materializa na sala. Sem emitir som algum. Os olhos da figura em vermelho brilhante. Sua pele recém formada tinha fortes tons de cinza. Sua roupa era mais um pano preto por todo seu corpo. Seus dedos eram pontiagudos como espinhos, seu corpo era magro e ossudo, parecia ter uma fome eterna. Ele dava passos lentos na direção da forma sentada e inerte de Meifu.
- sangue quente.. tanto tutano para chupar de seus ossos..
Sussurrava a figura em um tom rouco e impaciente, sua boca lentamente abria, revelando algumas fileiras de dentes afiados. Fios de saliva ligavam as fileiras superiores com as de baixo, escorrendo pela boca até suavemente pingar no carpete velho. Ele estendeu sua mão longa pairando perto do rosto de Meifu.
- AAAAHHHHHHHHH!!!
gritou a figura quando Meifu enfiou seu dedo do meio em um dos olhos da criatura. A fazendo cambalear para trás imediatamente. Meifu se levanta rapidamente.
- É impossível me pegar desprevenida. A partir do momento em que você foi pego na minha varredura ocular, eu já sabia da sua existência.
Afirmava Meifu, analisando a figura na frente dela. Estava lá, era real. A encarnação da Heresia, um monstro injustificável.. a encarnação do mal, de tudo que Meifu odeia. Porém ela não parecia ter raiva em seu rosto.
- Deus é realmente benevolente.. me proporcionando tamanho milagre..
Ela diz enquanto um pequeno sorriso maníaco se forma na cara dela.
- c-como assim? O que pensa que está dizendo? Humana..
Perguntou a figura, sentido um ressentimento esquisito ao olhar o sorriso da garota.
- não é óbvio? Tenho a total liberdade de te exterminar com as minhas próprias mãos. Sem limitações, ninguém vai vir para te salvar! Sua morte vai agradar meu amado Deus!
Meifu Exclama. A apática garota agora estava eufórica, rapidamente pegando algo de seu bolso, um canivete. Se preparando para encarar a criatura horrenda na frente dela. O papel de presa e caçador parecia ter se invertido completamente. A figura a encarava com confusão, a garota parecia não entender que era muito mais fraca que ele, uma mortal, sua única arma sendo uma lâmina. Um pequeno momento de silêncio inerte se estendeu, ambos aguardavam o primeiro movimento.
Após anos em uma instituição cruel, Meifu é jogada em uma mansão esquecida por Deus.
Fria, fanática e armada com um canivete, ela inicia sua caçada contra o sobrenatural.
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