A forma bestial de Gilbert se atira como uma bala na direção de Meifu em linha reta. A garota novamente desvia por pouco, no último segundo, porém nunca completamente. Um pequeno corte ultrapassa o tecido do seu Casaco e blusa, causando um sangramento superficial perto das costelas direitas dela. Antes disso, o livro parece ter avisado a garota do mesmo, guiando ela a desviar. Era seu instinto? Talvez. Enquanto Gilbert se reposicionou, saindo dos escombros de outra parede destruída, Meifu dá alguns passos para trás, antes de correr na direção dele com toda a velocidade que tinha, sedenta para esfaquear o vampiro com abandono da razão. O corte em seu rosto não parava de sangrar em nenhum momento, uma mancha vermelha se forma na área de sua costela direita, onde foi cortada superficialmente. 

- raahh! 

Gilbert exclamou sem coerência alguma, se lançando para frente novamente feito um animal furioso. A força de seus golpes eram fortes o suficiente para estraçalhar paredes de madeira, era como um urso enfurecido. Destruindo tudo em seu caminho. Suas garras ficam novamente a centímetros de encontrar o tórax de Meifu. No último segundo, a garota bloqueou o golpe botando o livro na frente. 

- Que droga é essa?! 

Gilbert grita em confusão enquanto vê que suas garras não foram capazes de perfurar o material. A força do impacto ainda tem efeito em Meifu, a jogando para longe. Dessa vez ela consegue apoiar os dois pés e uma das mãos no chão, deslizando para trás até parar, amortecendo a queda. Ela ignora ou não sente os impactos internos disso e insiste em correr na direção do vampiro animalesco em sua frente. Suas articulações estavam começando a queimar internamente, seu coração estava acelerado. O livro poderia ter absorvido boa parte do impacto, mas a onda de choque que passou por seu corpo foi nauseante demais para seus ossos. A adrenalina não a deixava sentir algumas de suas costelas rachadas. 

- isso é ridículo! Pare de ter esses malditos golpes de sorte! Vou te matar! 

Gilbert estava impaciente, assim como Meifu, queria destruir a garota o mais imediato possível. Porém não estava conseguindo. Será que era uma série de coincidências? Ou seria intervenção divina?

Em mais uma colisão entre os dois, Meifu corre, se esgueirando por baixo da postura de Gilbert. Conseguindo brecha o suficiente para estacar seu canivete no olho direito dele com toda a força que tinha, na mesma hora, ele reagiu. Gritando enquanto debatia os braços rapidamente, a garota golpeia o vampiro freneticamente com o livro, tendo largado o canivete enfincado no olho dele. O material leve tinha um efeito inesperado em Gilbert, ele sentia cada pancada a ponto de gemer de dor. Se defendendo com os braços. Quando Meifu fica sem fôlego, após ter golpeado ele, ela é surpreendida com a disparada imediata do vampiro bestial em sua direção, como um touro raivoso. Suas duas mãos seguram o livro na frente de seu corpo, a cabeça de Gilbert é impedida de acertar o peito de Meifu diretamente. O material tinha propriedades de outro mundo. Absorvendo a força do impacto, mas novamente, Meifu sente o impacto passar por seu corpo, caindo contra uma parede com força. Sentindo o ar sair de seus pulmões forçadamente. Ela observa com sua visão turva a forma dolorida de Gilbert, segurando a cabeça com força, Havia doído. Enquanto a garota via isso, um sorriso brotava em seu rosto, seu nariz e corte na bochecha sangrava intensamente, seus lábios sujos de sangue pronunciavam palavras com devoção. 

- esse livro é obra do meu Deus..

Gilbert se recuperava da fadiga de ter batido a cabeça, também arrancando o canivete fincado em seu olho, jogando longe. Uma fumaça emana da ferida, que já se regenerava. Meifu se coloca de pé, um de seus braços estava dolorido. Os cortes feitos pelo monstro de corpo seco ainda latejavam um pouco. A adrenalina a deixava em pé, pronta para continuar. Gilbert também, suas vestes de gala estavam sujas de poeira e detritos, seus olhos estavam brilhando em vermelho, seu trapézio estava visivelmente hipertrofiado, mesmo por baixo das roupas grossas. Se colocava em postura de arrancada novamente. A garota olhou sutilmente para cima, e então sorriu. O vampiro animalesco não espera mais para disparar na direção de Meifu, em velocidade assombrosa. Ela teve só alguns segundos para reagir. Em um movimento de pura fé e loucura, a garota abre o livro de capa branca na frente de Gilbert. na mesma hora, uma luz forte emana do livro. Fazendo o vampiro desengonçado cair para trás, com as mãos protegendo os olhos. Sua pele estava levemente queimada. Um medo primordial toma conta dele por um segundo, de forma inconsciente. Seu corpo temia aquilo. 

Ao se espatifar no chão, Gilbert sente o chão cedendo embaixo dele. Durante toda a loucura irracional do vampiro, ele destruiu paredes essenciais, os dois tinham se movido do corredor até uma área mais frágil da mansão. A madeira mofada e estagnada do lugar não iria suportar tanto esforço. Antes mesmo de poder se levantar, um pedaço do telhado frágil caiu em cima do peito do vampiro. O peso foi o suficiente para mandar o chão abaixo. Um som de impacto é ouvido soando no primeiro andar. Meifu se apressou em sair daquele corredor antes que a estrutura cedesse mais. 

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Já longe de lá, a adrenalina estava baixando. Meifu se apoiava na parede perto de si, andando lentamente. A enorme dificuldade ao respirar estava a deixando com náuseas. O corte em sua bochecha já estava seco. Seu casaco desbotado havia ficado com uma mancha de sangue seco expandida na área direita de seu corpo. Seu braço livre segurava o livro de capa branca, estava mole ao lado de seu quadril. De repente algo correu na direção dela. Saindo da escuridão de um dos corredores. Não conseguia ver o que era. Não teria tempo de desviar, não teria forças para isso-

- Meifu! 

Gritava uma voz chorosa, mas familiar. Meifu apenas sente alguém a abraçando com força pela frente. A segurava com medo. Estava tremendo. Meifu faz esforço para afastar a cabeça e ver de quem se tratava, ela já sabia. 

- Sara? 

Ela disse com um tom confuso. Antes de repetir, a abraçando de volta com força, deixando o livro cair aos pés delas, o tom de voz de Meifu era de alívio. Já era impossível ignorar, Sara era importante. 

Meifu: - Sara! Sara.. Sara.

Sara tenta falar entre soluços, porém não consegue. Diferente de Meifu, ela estava chorando feito uma criança. Após alguns minutos se acalmando, ainda no abraço, Sara solta Meifu. Estando mais calma ela finalmente conseguiu falar. 

Sara: - eu estou tão feliz.. Meifu, eu- 

De um momento para o outro, a exaustão e alívio finalmente caíram contra Meifu. Pela primeira vez em anos, ela ficou completamente inconsciente, caindo nos braços de Sara, que a segurou. As duas haviam sobrevivido, até aquele momento. 

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