[Dorinhaaaaa (⁠✯⁠ᴗ⁠✯⁠)]

[Meu chefe me enviou uns ingressos p pré estréia daquela animação nova q te falei, lembra? Vc quer ir com a gente? (⁠ʘ⁠ᴗ⁠ʘ⁠)]

[Claro! Q dia e q hora? (⁠✿⁠^⁠‿⁠^⁠)]

[É essa quarta, as 20h]

[Nós quem, cabeção? Eu tô fazendo hr extra essa semana inteira]

[Eu peguei o turno da noite essa semana, não vou poder ir também (⁠´⁠;⁠︵⁠;⁠`⁠)]

[Aaaah seremos só nós dois então, tudo bem p vc @Dorinha?]

[Por mim tudo bem sim! (⁠*⁠´⁠ω⁠｀⁠*⁠)]

[Ótimo! Te busco no trabalho então! (⁠｡⁠•̀⁠ᴗ⁠-⁠)⁠✧]

[Combinado! (⁠◠⁠‿⁠・⁠)⁠—⁠☆]

Marcos encarou os dois pares de ingressos que tinha em mãos, seguindo para fora do escritório pensativo.

“Eu poderia chamar Sam e Anna pra ir também, mas…” Murmurou, coçando o próprio queixo. Ele chegou à cozinha, onde Júlio ajudava Lucas a preparar o almoço de domingo.

“Sério, como vocês têm paciência pra colocar emojis em todas as mensagens?” O menor entre eles indagou, com um olhar crítico para Marcos, enquanto cortava as batatas em cubos.

“É uma habilidade cultivada, Juju” O maior respondeu, dando um tapinha em seu ombro, se sentando ao seu lado na cadeira e ele sabia que teria levado um beliscão, se Júlio não estivesse com as mãos ocupadas.

“Então quer dizer que você tem um encontro com a Dorinha, Ma?” Lucas o provocou. O loiro pegou a tigela de batatas com Júlio e colocou-as na panela para cozinhar.

“É o que parece” Marcos piscou em resposta com um sorriso que fez Lucas gargalhar e Júlio fazer uma careta. O maior apertou o indicador no vinco da testa de Júlio e riu. “Calma, é só um filme com uma amiga, nada de mais”

“Bom mesmo” O olhar estreito sob si fez Marcos rir ainda mais, apertando a bochecha de Júlio, que desta vez pôde revidar, começando uma guerra de beliscões no meio da cozinha.

[Cheguei (⁠~⁠￣⁠³⁠￣⁠)⁠~] Marcos enviou a mensagem, já sentado no banco do motorista do carro. Júlio esperava na porta ao seu lado até que Dora apareceu, saindo do prédio onde trabalhava.

“Oi, Júlio, oi Marcos!” Ela cumprimentou ambos com um sorriso tímido. Júlio apenas acenou em resposta.

“Oie! Entraí” O maior apontou para o banco ao seu lado e Dora deu a volta, entrando.

“O Júlio vai ficar sem carro?” Marcos podia ver a preocupação em seus olhos.

“Ah não, nós fizemos uma troca. Ele vai ficar com a minha moto” Ele apontou para trás, onde havia uma moto vermelha bonita estacionada. Dora fez um “aah” baixinho, concordando.

“Vê se toma cuidado com o meu carro.” Júlio apertou a bochecha de Marcos, mais com carinho do que com força, mas ainda assim o maior levou a mão ao rosto em uma encenação exagerada.

“Por que você fala isso pra mim, e pro Lucas não?”

“Porque ele é cuidadoso” 

“Certo, certo.” Marcos revirou os olhos.

“Divirtam-se” O moreno acenou e só então Marcos deu partida no carro, dirigindo pela cidade.

“Sabe, ele não precisava ter ficado esperando.” O maior puxou assunto, recebendo um olhar curioso da mulher. “Acho que ele queria te ver antes de irmos”

“Ué, por que?”

Marcos encolheu os ombros em uma resposta muda. Na verdade ele tinha uma certa desconfiança, mas não podia dizer nada com certeza ainda.

“Você e o Júlio implicam bastante um com o outro né?”

“Sim. Na maioria das vezes é só brincadeira mesmo. Eu sei que é o jeito dele de se preocupar comigo.”

“Deve ser bom né? Ter alguém que se preocupe assim”

“Você não tem namorado nem nada do tipo?”

Dora negou com a cabeça.

“Não é como se eu estivesse procurando também.” Ela sorriu, mas Marcos podia ver que tinha algo a mais ali. “Como foi o seu dia no trabalho?” Dora mudou de assunto e o maior achou melhor seguir o novo fluxo de conversa.

Marcos chorava copiosamente enquanto os créditos do filme subiam e a música final tocava. Ele podia sentir a mão pequena de Isadora dando tapinhas suaves em suas costas, em uma tentativa de consolo. Ao olhar para ela, viu seus olhos também cheios de lágrimas. Ela puxou do bolso uma embalagem de papel pequena, do fatsfood onde haviam lanchado antes da sessão.

“Aqui” Dora ofereceu um lenço para Marcos e usou o outro que sobrou para secar o próprio rosto.

Os dois ficaram ali, enquanto o restante do público saía, apenas assistindo os nomes passando pela tela, fungando e se recuperando da intensa catarse que os atingiu durante o filme.

“Esse filme foi incrível, não é?”

“Sim! Foi maravilhoso!” Apesar das lágrimas, o brilho nos olhos da mulher era encantador, cheio de admiração e empolgação. “Quando ela caiu no lago e a música começou a tocar, aquilo me arrepiou inteira!”

“Essa cena foi linda! Mas eu comecei a chorar mesmo quando a árvore protetora se sacrificou para salvar eles, nunca pensei que choraria por uma planta.” Ele riu e limpou os últimos resquícios de lágrimas que ameaçavam cair e Dora concordou com a cabeça. “Acho melhor irmos”

A sala de cinema já estava vazia e a tela preta, indicando que os créditos tinham acabado. Isadora novamente concordou com sua fala e ambos se levantaram, seguindo para fora do local. 

“Aceita um milkshake antes de irmos embora?”

“Aceito sim!” 

O maior fez o pedido para os dois e, assim que estavam com suas bebidas em mãos, encontraram uma mesa livre na praça de alimentação.

“Cara, a sensação depois de assistir um filme assim, é sempre incrível, não é?” Ele suspirou, deixando os ombros caírem um pouco, meio relaxados.

“Sim! Nem parece que é feito pra criança.”

“Sabe, é isso o que eu mais gosto nessas animações. Elas são feitas para crianças, mas possuem mensagens profundas, que você só entende depois de adulto.”

“Isso! Em cada fase da vida a gente consegue ter um entendimento diferente da mesma obra.”

“Uhum!” Marcos concordou, tomando um longo gole do milkshake. “Quando criança a gente acha o desenho bonitinho e a história divertida. E quando cresce e tem mais vivência do mundo e das relações com as pessoas, finalmente percebe as nuances do enredo e as mensagens que a história passa.”

“E a gente acaba se identificando com os personagens também né? É muito bom.” Marcos acenou positivamente outra vez enquanto Dora fez uma pausa para sorver parte de sua bebida. “No começo da semana eu dei uma pesquisada melhor sobre o filme na internet. Na conta oficial deles tem vários posts sobre a produção! Dá pra ver o quanto a equipe de animação se dedicou. Eles foram minuciosos até nos mínimos detalhes, que a gente nem consegue ver enquanto assiste.”

“Sim! Eu sigo a conta de um dos animadores, ele postou vários vídeos do processo de animação, principalmente das fases iniciais, é tão legal de ver, que as vezes eu passo um tempão assistindo e nem percebo”

“Eu sei como é! Fiquei assim com a conta oficial esses dias no ônibus, enquanto voltava do trabalho, e acabei passando do ponto da minha casa. Tive que voltar um pedaço do caminho a pé” Ela riu, com as bochechas coradas de vergonha.

Eles ficaram conversando sobre o filme sem perceber o tempo passar, a praça de alimentação já estava praticamente vazia e as lojas ao redor começavam a baixar as portas quando ambos notaram o quão tarde havia ficado.

“Acho melhor irmos embora, né?” O maior sugeriu, já se levantando e olhando a hora no celular. “Falta menos de vinte minutos pro shopping fechar, ficamos conversando bastante” ele riu.

“Desculpa, acho que falei demais” Dora olhou pra baixo, envergonhada. 

“Não, imagina! A gente só se distraiu com o papo, não precisa se desculpar.” Ele deu um empurrãozinho nela com o cotovelo, o que chamou sua atenção. “Eu me diverti muito conversando com você, que nem vi o tempo passar!” O tom de rosa que dominou as bochechas da mulher fez com que Marcos sorrisse ainda mais. “Agora vamos, antes que nos tranquem aqui dentro!”

- - - - - - - EXTRA - - - - - - -

Marcos parou o carro na frente do restaurante onde Lucas trabalhava. Ele aguardou pacientemente enquanto o loiro terminava de trancar as portas, despedindo-se da equipe e finalmente entrando no carro.

"Você parece feliz. Como foi lá no cinema?" Lucas perguntou, depois de dar um beijo rápido em Marcos e colocar o cinto de segurança.

"Foi ótimo! O filme foi incrível e depois ficamos conversando na praça de alimentação até quase o shopping fechar. Se não fosse isso, poderia ter virado a noite sem nem perceber."

"A companhia da Dorinha é muito agradável né?"

"Uhum!" Marcos concordou com um aceno de cabeça, sem tirar sua atenção do trânsito, mas ainda empolgado com o assunto "Você acredita que ela pesquisou sobre o filme antes? E até começou a seguir a conta oficial. Nós ficamos horas falando sobre a produção do filme, foi tão bom."

A realização no olhar de Marcos fez Lucas sorrir.

"Ela tem uma energia muito boa, é muito gostoso de sair com ela."

"Sim, mas tem algo… uma hesitação também, você já reparou?" O loiro concordou. "Acho que aconteceu alguma coisa que deixou ela insegura de se soltar mais…"

"Eu percebi isso também. Espero que com o tempo a gente consiga ajudar ela a superar isso."

Marcos concordou, seguindo o restante do caminho em silêncio.