Júlio adorava semanas com feriado prolongado. Ainda mais quando vinham logo depois de um final de mês estressante. E desta vez seriam quatro dias sem se preocupar com o trabalho, fazendo apenas o que quer que ele quisesse fazer.
Porém, sair do quarto e se deparar com seus dois namorados sentados ao redor da mesa, se encarando seriamente, não parecia um bom sinal.
“Jú, que bom que acordou. Sente aqui um minuto, por favor.” Lucas o chamou, puxando a cadeira ao seu lado, na qual o moreno sentou. “Precisamos conversar”
Júlio suspirou pesado. Ele não tinha tomado seu café ainda, o que significava que nada de bom poderia escapar de seus lábios até que tivesse uma caneca fumegante nas mãos. Parecendo ler seus pensamentos, Marcos se levantou, encheu a primeira caneca que alcançou com café e leite e entregou para o menor. O silêncio entre eles permaneceu até que Júlio tomasse o primeiro gole de sua bebida.
“Eu tô apaixonado pela Dorinha” Marcos soltou, sem qualquer preparação e a surpresa quase fez Júlio espirrar sua bebida pelo nariz, mas não o impediu de se engasgar.
“Marcos, não foi assim que combinamos de falar pra ele.” Lucas deslizou a mão pelas costas de Júlio, tentando acalmá-lo do susto.
“Lu, é melhor arrancar o curativo de uma só vez, não acha?” O mais alto cruzou os braços em frente ao peito, se recostando na cadeira e o loiro bufou.
“Você também?” O moreno encarou Lucas com olhos marejados por conta da irritação na garganta. “Você… também está apaixonado por ela?”
“Perdidamente.” Foi tudo o que o loiro respondeu. Júlio se endireitou na cadeira, observando suas duas mãos em volta da caneca de café. Ele não estava irritado ou com raiva. Na verdade, se sentia… aliviado.
“Eu acho que também… Acho que também estou gostando dela. Romanticamente.”
“É, nós percebemos” Os outros dois falaram em uníssono, rindo.
Júlio não fez questão de esconder o rubor em seu rosto desta vez e, diferente do usual, Marcos resolveu não provocá-lo.
“Cara, ela é tão adorável!” O maior comentou, encostando a testa no tampo da mesa.
“Não é?”
“Eu queria poder abraçá-la e não soltar nunca mais.”
Os dois passaram longos minutos tecendo elogios e enumerando os motivos que fizeram com que se apaixonassem. Júlio preferia manter aqueles pensamentos para si mesmo, mas seu peito se aqueceu ao saber como seus namorados se sentiam. Ele não se incomodou em interrompê-los por um tempo. Porém, ainda tinham algo a discutir, então chamou a atenção dos dois com um leve pigarro.
“Tá, mas o que a gente faz agora?”
“Se declara pra ela, é claro”
“Você não acha que é demais?”
“Certo, nós vamos conversar com ela sobre isso. Mas tem que ser de um jeito sutil.” O olhar de Lucas estava fixo em Marcos, já sabendo que por ele, faria tudo sem pensar nas consequências. “Deve ser assustador ter três caras gostando dela ao mesmo tempo.”
“Eu tenho dois e não acho nada assustador.”
Júlio não se conteve em socar o ombro de Marcos com certa força.
“Tá, eu vou ficar quieto. Vocês pensam no que fazer.”
Lucas riu do bico nos lábios de Marcos e se encostou mais perto dele, segurando sua mão.
“Sei que está ansioso com isso, mas precisamos levar o assunto com calma. Dora nunca nos contou nada sobre namorados ou namoradas anteriores e eu acho que tem um motivo pra isso. Pode ser um assunto delicado pra ela.”
“Precisamos nos preparar para a rejeição também.” A voz de Júlio tremeu um pouco com sua própria frase.
“Ugh…” Marcos escondeu o rosto com as mãos. “Eu definitivamente vou chorar se ela nos der um fora.”
“É uma possibilidade, Ma.” O loiro abraçou-o pela cintura, aconchegando-se em seu peito. Júlio também se aproximou, deitando a cabeça no ombro do maior. “Eu sinto que ela também gosta de nós, mas não tenho certeza de que seja de forma romântica. É melhor estarmos psicologicamente preparados.”

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