[Você vem patinar com a gente hoje?] Dora recebeu a mensagem de Marcos logo depois do almoço.

[Vou sim (⁠✿⁠^⁠‿⁠^⁠)]

[Passamos às 16h pra te buscar então (⁠ ⁠˘⁠ ⁠³⁠˘⁠)⁠♥]

Ela ainda não estava segura do que fazer, de como falar o que precisava. Mas tinha sido a própria Isadora a pedir que eles continuassem agindo como sempre, ela não podia se afastar.

“Você não precisa pensar demais nisso. Se tiver algo te incomodando, basta falar. Nós vamos resolver juntos.” As palavras de Júlio, no almoço do dia anterior, ecoaram em sua cabeça. Sua semana havia sido igual a todas as outras, apesar do almoço diário com Júlio ser um pouco mais silencioso que o de costume.

Soltando um suspiro pesado, ela se levantou indo se arrumar para a tarde.

Depois de pouco mais de uma hora patinando sem parar, Dora se sentia exausta. Suas pernas pareciam geleia e ela sabia que se não sentasse agora, ia acabar escorregando e caindo. Seguiu para fora da pista, procurando um banco vazio onde pudesse sentar e respirar. Enquanto descansava, Júlio se aproximou, oferecendo-lhe uma garrafa de água e sentando de frente para si.

Ele também parecia cansado. Seu rosto estava suado e a franja grudava em sua testa. Ao observá-lo, Dora viu algo que chamou sua atenção: um pin de metal preso à alça da bolsa transversal que ele carregava. Era uma fatia de bolo, com listras preta, cinza, branca e roxa. 

“Isso é...” Ela não conseguiu completar a frase, sentindo seu rosto perder o calor.

“Uma fatia de bolo ace. Anna me deu de presente.” Júlio tocou o pin, traçando o contorno com a ponta do indicador.

“Então você... é assexual?” A voz de Dora saiu baixa, quase inaudível, como se estivesse perdendo a coragem a cada sílaba, mas ao mesmo tempo ansiava pela resposta.

“Sim.”

Algo se mexeu dentro do peito da mulher. Seu coração pareceu acelerar de zero a cem em quatro segundos, o que fez seu rosto voltar a se aquecer. 

“Você acha estranho?” O moreno pendeu a cabeça para o lado, franzindo a testa.

“Não. Eu só não esperava.” Ela respondeu, apertando a garrafa em suas mãos.

“Porque eu tenho dois namorados?”

“hm.” Dora fez que sim com a cabeça. “Eu sei que ser assexual não impede ninguém de ter um relacionamento, mas parece uma realidade muito distante de mim”

“Você também é?”

Isadora respirou fundo antes de responder.

“Eu... acho que sim.”

“Entendi.” Ela observou enquanto o moreno tomava um longo gole de sua própria água. “Quer ir pra nossa casa hoje?”

“Quero.”

“Vou chamar os outros então.”