Eles deixaram a pista de patinação uma hora antes do aluguel acabar, mas nenhum dos quatro parecia se importar. O percurso foi em silêncio, mas não foi desagradável. Isadora usou esse tempo para organizar um pouco sua mente.
Ela tinha passado uma semana inteira se preocupando, com medo do que tinha a dizer. Então Júlio apareceu, arrancando todas as suas preocupações com apenas algumas palavras. Aquilo lhe trouxe tanto alívio que ela sentia como se fosse derreter.
“Banho?” Júlio ofereceu, já com tudo o que precisaria nos braços, incluindo o moletom roxo que ela tinha devolvido durante a semana.
“Aceito”
Quando saiu do banheiro, a cena que Isadora viu foi quase nostálgica. Lucas e Júlio arrumando as coisas para mais uma sessão de filme, dessa vez com pipoca no lugar da pizza. Marcos surgiu do corredor, secando o rosto com uma toalha e sorrindo ao olhar para ela. Ele se sentou aos pés de Júlio, no tapete e Isadora sentou ao lado do moreno, no sofá. Lucas retornou da cozinha com o terceiro balde de pipoca quentinha.
“Antes de começar, tem algo que eu quero dizer.” Quando os olhares dos três estavam sobre si, Isadora respirou fundo, tomando coragem para deixar as palavras fluírem. “Eu passei essa semana inteira pensando no que responder a vocês. A verdade é que eu também gosto dos três, mas estava com medo de ser rejeitada e de estragar nossa amizade por ser como eu sou.” Ela viu Marcos abrir a boca na tentativa de dizer algo, mas Júlio o cutucou. Dora agradeceu mentalmente. “Mas hoje eu percebi que estava pensando demais. Eu não tive experiências boas em relacionamentos anteriores... eu nunca consegui... dar um passo a mais, sabe?”
Isadora fez uma nova pausa, sentindo a garganta fechar e seus olhos marejarem. Júlio ofereceu a mão e Marcos e Lucas fizeram o mesmo. Isadora segurou e apertou, respirando algumas vezes para conseguir terminar de falar.
“Eu não consigo me sentir confortável com a ideia de transar com alguém e... e isso me levou a ser rejeitada pelas pessoas com quem me relacionei antes. Com vocês, eu sentia que poderia ser diferente, mas ainda tinha medo. Então Júlio me contou que também é assexual e eu me senti tão aliviada...” Como se para ilustrar o que dizia, Dora deixou que as lágrimas transbordassem. “Eu gosto tanto de vocês”
“Podemos te abraçar?” Marcos perguntou, se levantando.
“Por favor” Ela respondeu entre soluços, sendo envolvida por três pares de braços quentes e confortáveis. Os quatro ficaram assim, abraçados por longos minutos, até que Isadora começou a se acalmar. Em um instante Lucas foi até a cozinha, retornando com um copo de água, que a garota bebeu em grandes goles.
Com o clima renovado, os quatro dividiram o mesmo sofá, ficando um pouco apertados, mas ninguém reclamou.
“Então, só pra confirmar: nosso sentimento é recíproco?” Marcos perguntou, observando Isadora confirmar com um aceno. “Isso significa que podemos pedir?” Júlio assentiu e Lucas riu em concordância. “Você aceita ser nossa namorada?”
“Sim!”
A afirmação fez com que os três a abraçassem outra vez, Marcos apertando todos juntos.

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