Depois do filme, os quatro se reuniram no quarto, sentados em círculo na cama king size. Júlio lutava contra o sono, mais dormindo do que acordado. Isadora também não precisaria de muito para adormecer.
“Bom, se nós quisermos que esse relacionamento funcione, precisamos discutir algumas coisas.”
“Tem que ser agora?” Júlio perguntou, tentando manter os olhos abertos. Marcos puxou-o para se encostar em si.
“Sim. Precisamos resolver pelo menos o básico, Ju.”
“Hm.”
“Certo. Dorinha, sexo está fora de cogitação. Mas sobre beijar e abraçar, tudo bem pra você?”
“Sim.” Ela afirmou, um tanto envergonhada. “Gosto especialmente de abraços.”
“Bom saber.” O loiro sorriu para si, oferecendo o braço, para que ela se aconchegasse em um meio abraço. “Júlio não gosta de demonstração de afeto em público, no máximo andar de mãos dadas.” explicou, tendo um aceno de cabeça do moreno para confirmar.
“Em casa tudo bem.” Ele murmurou, de olhos fechados.
“Em casa, tudo bem.” Lucas repetiu, rindo. “Ele também não é muito de falar sobre os próprios sentimentos, então é bom não esperar por isso.”
“Mas ele gosta de ouvir.” Marcos se aproximou de Dora, sussurrando em seu ouvido. “Diga algumas palavras carinhosas para ele de vez em quando, a reação é sempre incrível.”
“Eu gosto de dar presentes.” Júlio falou um pouco mais alto, ignorando a provocação de Marcos.
“E aí nós temos um problema.” Lucas coçou a nuca. “As vezes ele não se controla e exagera. Então é bom impor um limite.”
“Nós o proibimos de dar mais que um presente por mês. As únicas exceções são datas comemorativas e aniversários.”
“Pra mim, funciona.” Dora concordou. Júlio bufou, franzindo a testa.
“Já Marcos e eu gostamos de contato físico. Abraçar, beijar, fazer carinho...”
“Procure um abraço mais gostoso que o meu e falhe miseravelmente.” Declarou o mais alto, com o peito estufado.
“Ah, ele parece um polvo na hora de dormir, te prende com braços e pernas. Se isso te incomodar, melhor não ficar muito perto.” Lucas continuou.
“Tudo bem, mas eu não ligo.”
“Eu também gosto de mimar e cuidar. Tem alguma coisa que você goste ou não?”
“Não gosto de me sentir isolada. Gosto de manter contato, de conversar... de me sentir presente.” Ela pensou um pouco mais. “Não gosto de surpresas também. Que eu consigo me lembrar agora, é só isso.”
“Ótimo”
“Podemos dormir então?”
“Sim, podemos” Lucas riu, apertando o nariz de Júlio.
O moreno engatinhou para o meio da cama, sendo abraçado pelas costas por Marcos, que o envolveu em braços e pernas, exatamente como Lucas tinha dito.
“Você quer ficar no meio?”
“Se não tiver problema...”
“Nenhum, o que for mais confortável para você.”
Isadora sentiu suas bochechas queimarem pela milésima vez nas últimas duas horas. Ela se arrastou para o lado de Júlio, deitando um pouco tensa. Lucas desligou a luz e deitou atrás de si, sem encostar, mas descansando um braço delicadamente em sua cintura.
Ela sentiu um toque suave em seus dedos, levantando o olhar, deparou-se com as íris escuras de Júlio. A mão dele estava encostada na sua, em um pedido silencioso. Isadora entrelaçou seus dedos e Júlio apertou, fechando os olhos.
“Boa noite.”
Isadora se permitiu relaxar, deixando o sono finalmente vir.
“Boa noite.”

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