Hinori dispara na direção das escadas, na mesma hora Kizuna faz o mesmo, enquanto dizia algo.

Kizuna: — ei! Pare de correr, espere!

O tom dela era até normal e simpático, mas o canivete em sua mão encorajava Hinori a continuar correndo.

“Puta merda! Kizuna virou uma Yandere!!! Isso nunca chegou perto de acontecer no anime original. A distorção do universo foi brutal dessa vez, o gênero mudou de romance para terror psicológico em um passe de mágica..”

Enquanto ele corria de Kizuna, virando em alguns corredores vazios, algo veio à sua mente. 

“eu preciso distorcer mais.. é a única forma de escapar disso.”

Ele pega seu celular e disca o número de Yuki. Quando o garoto atende, Hinori fala apressadamente.

Hinori: — vá para baixo da grande árvore sem folhas atrás da escola. Sem tempos para explicações. Minha vida depende disso!

Yuki em ligação: — espera o que-

Hinori desligou, apertando o passo, pois Kizuna seguia atrás dele. 

“Estou desesperado, completamente. Afinal, tem uma garota querendo zerar a constante da minha vida. Bem atrás de mim.”

O rapaz não estava correndo em uma direção aleatória, não, Tinha um plano. Entrando em uma sala específica, ele sai de dentro dela puxando Ayasa pelo pulso. 

Hinori: — Sem tempo para explicações! Só venha! 

Ayasa: — mas o que!?? 

Os dois começam a correr de Kizuna, apressadamente. Ayasa questiona Hinori entre respiradas frenéticas da corrida. 

Ayasa: — O que aconteceu com a Kizuna?! 

Hinori: — depois eu explico, caso tudo dê certo. 

A expressão de Kizuna fica completamente raivosa ao ver Hinori conversando com Ayasa enquanto correm, ela acelera a velocidade com força. Hinori faz várias curvas nos corredores, ele tinha decorado bem a estrutura da escola. 

“Estamos tão perto…”

Ele pensa enquanto olha para uma das janelas. Vendo a grande árvore sem folhas lá fora. Seu plano era forçar o final prematuro naquele momento mesmo, assim poderia de alguma forma salvar a própria vida e ir para casa com tal distorção. Ao ver que Kizuna iria alcançar eles, Hinori para e grita algo. 

Hinori: — Ayasa! Vai!! Agora! Encontre o Yuki embaixo da árvore sem folhas! Sem perguntas! 

Ayasa relutantemente segue o caminho, olhando para trás antes de ir. Hinori se prepara para impedir que Kizuna siga a garota.

Hinori: — Pare!!! 

  Ele gritou, se colocando na frente da porta. Mas nada aconteceu, Kizuna nem se mexe.

“O que? Ela realmente vai deixar esses dois se encontrarem? Não faz sentido. Eu sei que ela também quer me matar, mas não é um pouco burro deixar o amor dela se encontrar com sua rival?”

Hinori: — acho que você perdeu.

Kizuna: — Do que você está falando?

A voz da garota estava diferente. Era doce, mas parecia doentio por algum motivo. Os olhos dela estão completamente fixos em Hinori agora. 

Hinori: — seu amor está indo se encontrar com outra garota, isso parece uma derrota para mim. 

Kizuna: — não, meu amor está bem na minha frente. 

Hinori olha em volta, para trás, para o teto e até atrás de Kizuna, procurando a pessoa de quem ela estava se referindo.

Hinori: — ué, não tem ninguém aqui.

Kizuna dá mais um passo na direção do rapaz. 

Kizuna: — é você. 

Nessa hora Hinori trava completamente.

Hinori: — quê? 

Kizuna: — eu te amo. 

A garota dizia, ficando mais eufórica. Colocando as mãos nas bochechas, um ato que seria adorável, caso ela não tivesse um objeto cortante em mãos. 

Hinori: — mas e a carta super bizarra me ameaçando de morte?

Kizuna o olha confusa, e então responde.

Kizuna: — acho que você não entendeu direito. A pessoa errada não era você, e sim Yuki. Você passa tanto tempo andando com ele.. enquanto deveria prestar mais atenção em mim! 

Hinori estava calmo, pensando.

“Acho que poderia ser interpretada assim também. Mas não faz sentido ela ter ficado obcecada por mim do nada. Eu ativei algum evento e não notei? Poderia ser o encontro no segundo episódio?”

Hinori: — ok, mas por que você gostaria de mim? Eu só sou um cara aleatório, não faz muito sentido.

Quando Hinori diz isso, Kizuna se contorce levemente, como se sentisse prazer no que iria falar em seguida.

Kizuna: — Porque você é a pessoa mais especial para mim, notei isso desde o primeiro instante. Sim, naquele dia em que falou comigo, me alertando sobre mudar o caminho.. seus olhos, seu jeitinho, sua letra.. eu fiquei olhando folha por folha do seu caderno de matemática naquela noite.. seus rascunhos desajeitados de equações, seu cheiro impregnado nas páginas..

“Ela cheirou as páginas? Minhas mãos fedem a ponto de deixar cheiro?” Hinori pensou enquanto ela continuava sua declaração doentia.

Kizuna: — eu quero cortar sua barriga e morar no meio dos seus órgãos internos… eu te amo, amo, amo, amo! 

Nesse ponto, o olhar dela estava completamente perturbado. A garota se aproximava dele, com o canivete em mãos. Hinori já assistiu muitos animes em sua vida, e por isso estava calmo. Sabia o que fazer naquela situação.

Hinori: — Bem, se você me ama, vamos namorar. Eu também te amo. Até mais tarde, Kizuna. 

Ele diz, passando do lado dela. A garota não reage, ficando completamente confusa, olhando para a parede em sua frente. O canivete caiu no chão. 

“Sim, eu sou um veterano em clichês, arquétipos e situações genéricas dos animes. E Yanderes são uma das coisas mais fáceis de se resolver. A Yandere tem um objetivo claro: ficar com seu alvo de amor e fará qualquer coisa para que isso aconteça, mas se o alvo simplesmente aceitar ela na primeira oportunidade? A Yandere simplesmente buga, seu objetivo está completo.”

Hinori concluiu mentalmente enquanto se apressava para chegar na área da árvore sem folhas. Ele chegou a tempo de ver os dois se encontrarem, Yuki e Ayasa

Yuki: — E então? O que está acontecendo? O Hinori me ligou desesperado me dizendo para vir aqui..

Ayasa: — ele também me pediu para vir aqui, nós tivemos que correr da Kizuna, ela estava com um canivete.

Yuki: — um canivete?! Você está bem? 

Ayasa: — eu? Estou sim, porém não sei sobre Hinori. Ele deve ter aprontado alguma coisa. 

Yuki: — como assim? Não é melhor irmos ver? Ele pode estar machucado. Você está muito calma..

Ayasa: — eu duvido que Kizuna machucaria Hinori de verdade. Intuição de garota.

Yuki: — hum, se você diz, eu acredito..

Ayasa: — acredite, eu sei das coisas..

Os dois riram baixinho, conversando de forma animada, fluída, pela primeira vez. Hinori estava observando de longe, um pouco indignado. 

“Eu já virei fofoca pelo visto. Mas ao menos tivemos um avanço na relação deles dois, ter evitado a fatalidade de hoje já valeu o esforço. As distorções vão ficar cada vez mais violentas.”

Hinori pensou antes de ir embora de lá.

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