Enquanto voltava com duas sacolas de supermercado com os ingredientes que Kizuna pediu, Hinori divagou um pouco.

“aquele beijo na bochecha.. não consigo parar de pensar sobre. É um pouco inquietante por algum motivo. Kizuna.. ela me ama mesmo e eu não tenho motivos para não gostar dela de volta..”

Após virar uma esquina e estar mais perto de sua casa, a divagação continua.

“Yuki e Ayasa, eles também são bem legais para falar a verdade.. tirando todo o lance de juntar eles e tals.. mesmo que ainda seja meu objetivo final, meio que me importo com eles..”

Hinori: — aposto que na terça-feira eles estarão animados como sempre-

Ele diz enquanto abre a porta, esperando ser recebido por Kizuna, porém encontra toda a casa vazia, como se nunca tivesse sido mexida.

Hinori: — Kizuna?

Após procurar pela casa toda, a ideia de que era ela tentando o surpreender foram descartadas, a garota não era disso, ela não iria embora aleatoriamente, a mente de Hinori tentava calcular alguma resposta, sem sucesso. 

“Eu não entendo.. a casa parece igual, tudo parece ter sido organizado perfeitamente, mas não tem sentido algum… vou mandar uma mensagem para Kizuna…”

Ao pegar seu celular, Hinori fica paralisado no lugar, deixando o aparelho cair no chão. Nenhum dos contatos estava sequer salvo. Yuki, Ayasa e nem Kizuna. Como se alguém tivesse dado um reset em seu celular.

“Isso não tem lógica alguma.. o que está acontecendo?”

Lentamente Hinori arregala os olhos e as peças se juntam, a sua constatação era pior ainda. 

Hinori: — a casa perfeitamente arrumada.. como se nunca tivesse sido mexida.. o celular limpo.. senhor universo… você não…

“Resetou todas as alterações que “Hinori” o figurante fez?”

Após pensar isso, Hinori correu apressadamente na direção da escola, estava tendo aula normalmente, como se o cronograma tivesse sido consertado, e o feriado nunca existido. Como o rapaz usava roupas casuais de casa, foi barrado pelo porteiro. 

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“Ok, eu preciso raciocinar. O universo resetou tudo? Talvez, porém também pode ser parcial. Eu preciso averiguar com cautela.”

Hinori pensou enquanto entrava na escola, após ter voltado para escola e pego seu uniforme. Nenhum dos alunos o reconhecia, o grupo dos caras não o chamou pelo seu título, as amigas de Ayasa o trataram com indiferença. Hinori vê Yuki sentado em sua cadeira, em seu mundinho próprio, uma sensação de alívio se instala em Hinori, enquanto ele se aproxima de seu amigo.

Hinori: — E aí, como cê tá hoje? Mano.

Yuki vira na direção de Hinori, de forma desconfortável.

Yuki: — é.. oi… eu te conheço?

Hinori: — … eu sou o Hinori..

Yuki: — m-me desculpa mesmo.. eu realmente não lembro de ninguém que eu conheça com esse nome… você não me confundiu com alguém?

O garoto diz de forma tímida e gentil, enquanto Hinori dava pequenos passos para trás.

“Ele não sabe quem eu sou.. não lembra de absolutamente nada… devo presumir que Ayasa e Kizuna estão no mesmo estado? Será que foram só as memórias? Ou o próprio tempo foi resetado?”

Hinori estava pensando nisso de forma obsessiva, forçando sua mente a ficar racional para não ceder a sentimentos esquisitos de desespero total que não lhe eram típicos. 

“Essa matéria.. os olhares tímidos e retraídos entre Ayasa e Yuki.. a monotonia esquisita.. tudo isso me remete ao..”

Hinori: — primeiro episódio. 

De forma lenta, Hinori coloca uma mão em seu peito, sentindo o batimento acelerar com tudo, sua respiração falha lentamente e sua visão embaça, ele se levanta e sai apressadamente da sala, sem um rumo certo.

“Meu progresso.. todo no lixo.. não acredito.. tudo que fiz..”

Hinori: — se abstenha.. ficar pensando nisso não vai me trazer o progresso desejado de volta.. 

Aquelas memórias voltam, do dia do trabalho de artesanato, do episódio da Yandere, o encontro duplo.. as conversas com Yuki, Ayasa e Kizuna.. tudo.

Hinori: — irei otimizar.. agora posso seguir novamente pela ordem de episódios… talvez tenha sido até melhor… assim…

Enquanto andava, passou por um dos armários, que refletiu sua imagem, lágrimas escorrendo pelo seu rosto deixavam claro que não foi melhor assim.

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