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Jinkan - A Perdição da Estrela

Amara V

Amara V

Nov 15, 2025

Uma gota de orvalho pingou sobre o nariz da jovem moça, deslizando fria por sua pele até o canto dos lábios. A brisa que seguia a manhã era gentil, mas gelada o bastante para arrepiar-lhe cada fibra do corpo, e um calafrio percorreu-lhe o espinhaço como uma onda viva.
Os olhos de Amara se abriram devagar, piscando contra a luz pálida que filtrava entre as folhas. O mundo estava silencioso, fresco e úmido — um despertar que parecia mais um renascimento.

Não sonhara naquela noite.
Talvez sua mente estivesse cansada demais para lembrar-se, ou talvez Tahyama tivesse esquecido de visitá-la.
De todo modo, sentia-se... diferente.
Levemente melhor, como se o peso do dia anterior tivesse sido lavado junto com o orvalho da madrugada.

Com esforço, apoiou-se no próprio joelho, e com a outra mão empurrou a terra úmida para erguer-se. O solo afundou sob seus dedos, frio e pulsante como se respirasse com ela.
Por um instante, o mundo girou — uma vertigem leve, um lampejo de tontura. Mas logo o corpo encontrou equilíbrio, e o coração retomou seu ritmo.
Endireitou as costas, respirou fundo, sentiu o ar encher-lhe os pulmões com o cheiro de musgo e folhas frescas.

Precisava continuar.
Não poderia permanecer naquela floresta — não mais à mercê dos elementos, nem da piedade dos deuses.
Olhou ao redor: o chão salpicado de luz, e o som distante da natureza parecia chamá-la adiante.
Reuniu a pouca força que lhe restava, ajeitou as vestes ainda encharcadas e deu o primeiro passo.
Um passo vacilante, mas dela.
Um passo rumo ao mundo dos vivos.

Seguindo seu caminho, agora mais desperta e disposta, Amara passou a olhar o mundo com olhos novos — como se visse, pela primeira vez, a vida ao seu redor.

Notava os pequenos movimentos que antes lhe escapavam: os pássaros saltitando nas copas, os insetos que dançavam entre feixes de luz, e a marcha paciente das formigas, carregando o peso do mundo em fileiras silenciosas.

Sob troncos caídos, cogumelos brotavam em colônias delicadas, tingindo a madeira morta de tons ocres e alaranjados — dando nova vida ao que já deixara de ser.

Amara observou tudo isso com uma calma quase reverente. O ciclo era belo. Mesmo o que morria servia. Mesmo o que caía sustentava o que nascia.

O tempo passou sem pressa.

Horas depois, ouviu o murmúrio cristalino de um riacho e seguiu o som até encontrá-lo. Era um fio de água tímido, serpeando entre pedras cobertas de musgo, mas aos seus olhos parecia um milagre.

Ajoelhou-se à beira da margem, sentindo o frescor úmido tocar-lhe o rosto. Apoiou as mãos na terra fria e curvou-se, bebendo.

Cada gole era uma bênção.

A água, clara e gelada, escorria por sua garganta ressecada e espalhava um arrepio doce por todo o corpo.

Nunca havia apreciado tanto algo tão simples — e, por um instante, tudo o que existia era o sabor límpido da vida correndo dentro dela outra vez.

O vento soprou leve, agitando as folhas ao redor, e Amara ergueu o rosto. Pela primeira vez em muito tempo, sentiu uma chama de esperança nascer em seu peito.

Os pés já doíam, castigados por horas de caminhada sobre raízes e pedras. O chão parecia pulsar sob suas solas, cada passo um lembrete de carne viva e cansaço.

Foi então que algo diferente rompeu a monotonia verde à sua frente.

Entre a vegetação espessa, o mato se abria em uma faixa larga, marcada por sulcos irregulares.

Uma trilha.

Seu coração acelerou.

Aproximou-se devagar, quase sem respirar. A terra ali era compacta, batida pelo tempo e pelo peso de carroças e passos. As marcas recentes ainda guardavam rastros de ferraduras e rodas — sinais de movimento humano, de vida.

Por um instante, Amara apenas observou.

O vento agitava as folhas ao redor como se a encorajasse, e a trilha parecia chamá-la, serpenteando entre as árvores como uma linha de destino.

Não sabia onde aquilo poderia levar.

A geografia fora do monastério sempre lhe parecera um mapa em branco: sabia da existência de vilas dispersas, mas nunca havia pisado em uma. Sua vida inteira se limitara à rotina entre monges, Kenshi e mercadores ocasionais — um mundo de disciplina e silêncio, nunca de descoberta.

Seus passos hesitaram na beira do caminho.

O instinto gritava cautela; o coração, esperança.

Por alguns segundos, ficou imóvel, com o vento brincando entre os fios cacheados de seu cabelo, indecisa entre o medo e o desejo.

Mas sua mente — e algo mais profundo dentro dela — a empurrava para frente.

Precisava continuar. Precisava de vozes, de rostos, de calor humano.

Mais que abrigo, precisava de pessoas.

De amigos.

De alguma razão para seguir respirando.

Com um suspiro longo, deu o primeiro passo sobre a trilha. O som suave de sua pegada ecoou como um juramento.


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MrHawken

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Nas noites silenciosas, um brilho incomum corta o céu e rasga a paz das terras abaixo. Rumores surgem como sussurros — ora esperança, ora presságio — anunciando a queda de um fragmento vindo das alturas. Ninguém sabe se é um presente ou uma ameaça, apenas que seu impacto pode mudar o destino de todos.

Enquanto o mundo observa o firmamento, algo mais antigo que as próprias estrelas começa a despertar. Espíritos que há séculos dormiam entre raízes, rios e ventos abrem os olhos etéreos para a chegada do visitante celestial. Suas presenças cintilam nas sombras, nas névoas matinais e nas clareiras ocultas onde a magia respira.

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Com a aproximação da estrela caída, o mundo se curva entre luz e sombra. E nas entrelinhas desse encontro — entre o céu, a terra e o espírito — nasce uma jornada que unirá destinos, revelará segredos adormecidos e decidirá que tipo de futuro surgirá das cinzas do firmamento.
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