O estranho estava de costas para mim e parecia bem concentrado no que fazia "talvez ele ainda não tenha me notado", pensei confiante enquanto olhava para os lados a procura de qualquer coisa que pudesse usar para me defender, ou mesmo agredir e por algum motivo o meu taco de beisebol estava ali do lado do batente da porta, como se estivesse esperando ser pego por mim, o que era muito estranho já que o deixei no quarto desde que comprei. Resolvi deixar os detalhes de lado, por enquanto, e peguei o taco na mão, dando passos largos e silenciosos para que pudesse me aproximar do rapaz alto.
―Você não vai conseguir me acertar com esse taco. ―Disse o rapaz que usava meu fogão, o que me assustou me fazendo abaixar o taco e suspirar desanimada.
A voz dele era bem tranquilizante, já que imaginava algo mais assustador, e soou baixa e calma me dando uma sensação de conforto. Mordi meu lábio inferior e estiquei a mão direita, que segurava a minha nova arma, deixando o taco apontado em sua direção fazendo minha melhor expressão séria e disse em tom autoritário.
―Quem é você? Como entrou aqui? Onde estão meus pais? E por que raios está usando minha cozinha e fritando o meu bacon?
―Escuta. ―Ele suspirou e tirou a frigideira do fogo, finalmente virando-se para mim. ―Vamos com calma, ok?
Não queria dizer isso, mas ele tinha uma aparência ótima. Seus cabelos eram negros, não completamente já que as pontas eram azuis. Os olhos eram de um cinza tão bonito que quase fiquei hipnotizada enquanto os olhava, não era muito escuro e nem muito claro, era uma cor perfeita. Ele era alto, deveria ter uns 1,82 de altura, não tinha um físico musculoso e nem muito magro, ao menos era o que dava para notar já que ele usava uma camiseta vermelha bem justa por baixo de uma blusa de touca cinza, usava calça preta e um all star também preto. Até que se vestia bem, era simples, porém me agradava.
Ele me olhou dos pés a cabeça, como se me analisasse e então deu de ombros e cruzou os braços, parecia entediado.
―O que foi? Não vou com calma, acordo com um estranho na minha casa e quer que eu tenha calma? Começa falando agora, isso se não quiser que eu amasse sua fuça. ―Conforme eu ia falando minha voz ia aumentando o tom. Ele apenas balançou a cabeça para os lados.
―Elae, você realmente não se lembra de nada?―Sua voz era quase um sussurro.
―E eu deveria me lembrar de algo? ―Por algum motivo me preocupei. Sakamoto não conseguia falar comigo tem um dia inteiro, a única coisa que vinha em minha mente era que alguém tenha me dopado e esse cara estava envolvido. Ele suspirou mais uma vez.
―Antes que você comece a pensar besteiras, senta ai que te explico. ―Mesmo que estivesse na minha casa, ele parecia autoritário e como estava atrás de respostas e preferia não arrumar briga com um estranho, resolvi sentar na cadeira mais longe dele.
O rapaz antes de sentar desligou o fogo e colocou os bacons em um prato, deixando este no centro da mesa ao alcance dos dois. Ele me olhou em silencio por algum tempo, parecia que estava esperando eu dizer algo, mas antes mesmo de eu pensar no que dizer ele deu continuidade ao que falava antes.
―Primeiro de tudo, me chamo Ian e sou seu aliado. ―Ian olhou em volta, verificando se era realmente um lugar seguro antes de voltar a falar. ― Vou começar a contar de uma forma que você entenda, o resto explico depois. Vim para esta cidade três anos atrás a pedido dos seus pais. ―Eu ia interrompê-lo para perguntar o motivo, mas ele me lançou um olhar de que se eu fizesse isso iria ser a próxima a fritar na frigideira. ―Eles me ajudaram em muitas coisas, não conhecia nada desse lugar... Eu tinha uma missão de levar a guerreira de volta ao lar no vigésimo aniversario dela e manter os seus guardiões a salvo. Então dois dias atrás eu estava preparando tudo para poder partir.
"Quando senti algo estranho, uma distorção vinda dos portais e foi quando me lembrei do dia que era e corri para cá, mesmo que tivesse acabado de atravessar o portal, mas quando cheguei já era tarde demais, eles tinham feito seus pais de refém. Tive que lutar contra eles, e eu não imaginava que eles estavam tão poderosos assim... E, infelizmente, meu poder fica menor neste mundo, mas ao menos consegui mantê-la a salvo.".
Se fosse possível estaria saindo fumaça de meu cérebro, não estava entendo nada do que ele dizia. Parecia que estava contando alguma história de ficção e só me fez pensar que ele tinha uma ótima imaginação, mas um lado de minha mente entendia o que ele estava dizendo. Ele estava se referindo sobre aquelas duas criaturas do meu possível sonho, mas era apenas um sonho, certo? Tinha que ser um!
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