- O que você vê, Mona?

Mona estava de olhos fechados. Estava sentada num pequeno sofá esverdeado. Seus cabelos deslizavam na almofada de forma achatada na qual apoiava a cabeça. Ela forçava os olhos enquanto imaginava.

- Eu vejo... - ela começou, incerta - Um chão - respondeu baixinho.

- Um chão? - Uma voz masculina repetiu.

- Um chão azul. - Desta vez, Mona quase gritara a resposta.

- E o que mais? - Tinha uma voz imperativa, o que enchia Mona de respeito e um pouco de temor.

- Passos... de alguém... Um homem. Está andando no chão azul. É... é um corredor, na verdade.

- Um corredor? Tem certeza?

- Absoluta. Há também um tapete e portas fechadas - Mona estremece - Espere! Vejo uma aberta. Dentro dela...

- Dentro dela...?

- Um quarto. Um quarto de hotel, com uma mulher e uma criança. Eles parecem assustados...

- E... o que mais? - O homem fitava o esforço de Mona. Era um psicólogo de certa idade. Estava em casa naquele momento.

- Mais nada, pai. - Mona ficou triste e a imagem que via desapareceu.

- Abra os olhos, Mona.