Audiodescrição: CONTRA TEMPO – UMA VIAGEM DE 200 ANOS
Uma produção de Imagem Acessível – Soluções em Inclusão
Roteiro: Letícia Mazzoncini
Consultoria e validação: Victor Hugo Cruz Caparica
Guia Introdutório:
Este é o guia introdutório da audiodescrição da história em quadrinhos Contra Tempo - Uma viagem de 200 anos. A história é produzida por Ana Cardoso (arte/criação e desenho), Hyna Crimson (arte/cor), Igor Marques (roteiro) e João Paulo Pimenta (pesquisa histórica). As ilustrações são coloridas e elaboradas digitalmente, com proporções realistas e traço estilizado. Possuem contorno quase sempre preto, formas arredondadas e preenchimento em cores sólidas, inclusive nas sombras. É utilizada textura no contorno dos cabelos da protagonista para caracterizar seus fios crespos. Os quadros são ora quadrados, ora retângulos, sem contorno e com bordas retas. Em cenas do passado, as bordas são levemente irregulares, como se houvesse pequenos respingos de tinta em seu contorno. Em alguns momentos, as ilustrações e onomatopeias rompem a divisão de quadros, ocupando mais de um ao mesmo tempo. A bandeira do Brasil sem a faixa com a frase “Ordem e Progresso” é elemento constante, inclusive na capa, e será indicada por “bandeira similar a do Brasil”.
Capa: Uma jovem de pele marrom médio despenca, atravessando uma espécie de portal formado por uma larga argola rosa, de contorno similar ao de uma nuvem. A jovem tem cabelos pretos e crespos, na altura dos ombros. Possui olhos escuros e redondos, nariz largo, lábios grossos e marrons. Sua roupa muda a medida em que seu corpo passa pelo portal. No lado direito do corpo, veste uma camiseta branca, calças jeans azul claro e tênis vermelho. Carrega uma mala marrom e tem uma tatuagem de flor no antebraço. No lado esquerdo, usa um vestido longo com manga comprida, de cor branca no tronco e saia azul e rodada. Calça um sapato preto e tem uma faixa de tecido vermelho na cintura. Sua ilustração possui um segundo contorno, branco e mais grosso, como se ela fosse uma colagem. O fundo tem uma divisão levemente diagonal, resultando em dois cenários: de onde a jovem parte, lado de cima, e para onde ela vai, lado de baixo. O primeiro é preenchido quase totalmente em cor vermelha e representa a visão de uma cidade com prédios modernos e altos. No telhado de um deles, há uma grande bandeira similar a do Brasil. Em outro, uma cruz pintada ocupa toda a lateral. Ao seu lado, um prédio com o que parece ser um grande anúncio de refrigerante, com uma garrafa em cujo rótulo se lê “Coke”. Há fogo em duas de suas janelas. Muita fumaça sai de chaminés e ocupa quase todo o céu. O segundo cenário é preenchido na cor amarela e também retrata uma cidade, mas de aspecto antigo. Possui uma grande igreja, com janelas e entradas arredondadas e três torres com cruzes na ponta. Ao fundo, há coqueiros, um rio, um barco a vela, o detalhe de uma ponte e morros. No céu, poucas nuvens. No topo e centralizado, o título CONTRA TEMPO, em letras pretas e amarelas, maiúsculas e grossas, levemente desalinhadas e com pequenas falhas de preenchimento, como se tivessem sido carimbadas. Abaixo, o subtítulo em letras brancas: UMA VIAGEM DE 200 ANOS. Na base, os nomes: Ana Cardoso, Hyna Crimson, Igor Marques e João Paulo Pimenta.
Fim do guia introdutório.
Página 1: Dia. Vista aérea da cidade de Recife, com a ponte Mauricio de Nassau ao centro. As construções, todas com no máximo dois andares, têm aspecto antigo, com telhados triangulares. No rio, do lado esquerdo da ponte, veleiros e pequenos barcos de madeira. A imagem aproxima-se de uma grande igreja de paredes brancas e duas torres. Pessoas caminham na frente da construção. Vestem roupas antigas, como vestidos longos, chapéus e cartolas. Uma mulher de pele marrom médio carrega um balde equilibrado sobre a cabeça. Outra, de pele bege clara, com brincos e maquiagem, caminha com uma sombrinha. Do nada, uma forma arredondada e irregular de luz rosa surge no ar. Ela aumenta de tamanho e uma jovem de pele marrom médio sai de dentro, caindo no chão e levantando-se em seguida. A jovem usa um vestido longo, branco e azul, com uma faixa vermelha na cintura. Com uma das mãos na cabeça e olhar confuso, ela diz: “Onde... Quando eu estou?”. Uma mala marrom surge ao seu lado, envolta pela mesma luz rosa. O portal diminui, parecendo fechar-se. Ao fundo, uma carroça carregada com palha e pessoas passando. Um homem olha a jovem, com semblante desinteressado.
Página 2: Dia. Presente. Em uma cidade grande, a jovem de pele marrom médio corre, suando e sorrindo. Ela diz: “Estou atrasada!”. Veste uma camiseta branca, calças jeans com rasgos no joelho e um moletom vermelho amarrado na cintura. Calça tênis e carrega uma bolsa tiracolo. Uma placa indica: “Rua Coronel Ustra”. Há papéis e lixo no chão, carros de polícia parados, militares armados e um homem sendo conduzido à viatura. Um tonel pega fogo. Há fumaça saindo de janelas e pequenos focos de incêndio. Nas construções, placas nas quais se lê “Moda Gospel”, “Congregação Cristã”, “Armas”, “Deus é amor” e “Banco”. Há bandeiras similares a do Brasil em várias janelas e uma delas é carregada por uma pessoa mais ao fundo. Em um poste, o anúncio “Curso de tiro” com um telefone e a ilustração de um revólver e a pichação “Ghetto não mor”.
Página 3: Sobre o telhado de um prédio, um outdoor com a foto de um homem de pele bege clara, cabelo curto e castanho, vestindo terno e gravata, fazendo sinal de arma com as mãos. Ao lado dele, o texto “Deus, armamento e liberdade!”. No prédio ao lado, uma bandeira similar a do Brasil está pendurada em uma das janelas. Em outra, o vidro está parcialmente quebrado. A jovem vê um ônibus passando logo a frente e grita: “Meu ônibus!”. Correndo atrás do veículo, ela acena e chama: “Me espera motô...”. Já dentro do transporte e sentada, ela observa o jornal que o homem ao seu lado lê. Em destaque, a manchete “Governo destrói mais um centro de pesquisa” e a fotografia de um prédio em chamas. Ela vira para a janela e, com olhar abatido, diz: “Como que chegamos a isso?”.
Página 4: A jovem desce do ônibus e corre apressada. Ela passa por um mural com a pintura de Marielle Franco sorrindo. Sobre seu rosto, há riscos e a palavra “Lixo” pichadas. Três cartazes colados na parede, nos quais se lê: “Eu autorizo Presidente”, “Brasil acima de todos” e “AI 5, 145 já”. PIIII!! Um militar de pele bege clara, cabelo preto e curto e bigode apita, e a jovem para de correr. Ela diz: “Desculpe senhor. É que estou atrasada para o trabalho.”. Sério, ele estende a mão e pede: “Identificação.”. A jovem lhe entrega seu documento de identidade, que é conferido pelo militar. No documento, retratado apenas parcialmente, há uma foto 3X4 da jovem e os dizeres: “República Federativa do Brasil. Nome: Beatriz Nascime. Filiação: Maria Nasci. João Paulo. Nacionalidade: Indeterminada. Data de nascimento: 22/11/1999. Ainda sério, o militar diz: “Está tudo ok, mas vamos ter que te revistar. Procedimento padrão.”. Com olhar preocupado, Beatriz abre a bolsa, e o militar começa a vasculhar. Lá dentro, vê-se livro e caderno. Próximo a eles, outro militar de pele bege clara, cabelo curto e castanho, segura um fuzil, apontado para o alto.
Comments (0)
See all