Olhos abriam levemente e começavam a tentar entender o local onde se encontrava.
Um lugar muito parecido com uma pequena cidade, casas simples com cercas de madeira, porém mais impressionante era a predominância da cor acinzentada em todo lugar.
Um garoto, que tinha acabado de acordar, começa se levantar do chão da rua. Sua camisa branca de baixo do casaco azul e seu jeans estavam sujos devido a estar caído no chão.
Após se levantar, o garoto começa a vasculhar aquele lugar triste e solitário, andando no meio da rua. Não existiam pessoas ou animais, nem sequer uma alma viva naquele lugar, era praticamente um vazio preenchido com objetos.
— Onde será que eu estou?
Ele indagava sobre tudo, do porquê de não haver ninguém naquele lugar, do porquê de tudo ser tão cinza e trazer um sentimento de tristeza.
Enquanto andava, avistou finalmente no final da rua, o que parecia ser uma pessoa. Ela estava lá de pé, olhando para frente como se estivesse congelada no tempo ou hipnotizada pelo que via.
“Com licença, você pode me ajudar? Ei, você tá me escutando?”
Ele perguntou correndo na direção da pessoa, porém algo o fez parar.
A pessoa era estranha. Todo seu corpo era gosma roxa que cobria praticamente todo o seu corpo, seus olhos eram brancos como se não pudessem enxergar, mas infelizmente para o garoto, ele enxergava.
O garoto ficava mais paralisado ao perceber que aquele ser humanoide se virou na direção dele após ouvir sua voz. Ele começou a se arrastar na direção do garoto como se fosse um zumbi, porém novamente para o azar do menino, ele pegava cada vez mais jeito e impulso para acelerar.
— Corre, não fique parado
O instinto dizia isso em voz alta para o garoto, porém o medo havia enraizado seus pés no chão.
Ele podia ouvir um grunhido vindo daquele ser cada vez que se aproximava. A tensão aumentava enquanto de um lado o obscuro ser aumentava sua velocidade e feracidade e do outro o garoto tentava por toda sua energia em suas pernas que não pareciam querer fugir.
“… P-Por favor, eu não te fiz nada…”
Garoto tentava dizer em meio ao seu nervosismo e medo, enquanto lágrimas escorriam de seus olhos, já que em sua cabeça, tudo poderia acontecer ali. A criatura não ligou para o pedido.
A criatura chegou tão perto que o garoto poderia tocá-lo. Ele estica a mão para poder alcançar o menino que, desesperado, só conseguia chorar.
Por um momento, o reflexo do garoto falou mais alto e ele deu um passo para trás, acabou caindo e o movimento da criatura passou por um triz pela sua cabeça.
Finalmente livre, o garoto se virou e correu na direção contrária para fugir da criatura. Ela, agora tomando um jeito mais animalesco, começa a seguir o menino.
“FICA LONGE DE MIM”
O garoto gritava enquanto tentava despistar a criatura, que corria como um animal. Ela já havia perdido o jeito humano, isso é, se tivesse algum anteriormente.
Ele tentava jogar qualquer coisa em sua direção para atrasá-la, mas a criatura era ágil demais para ele. Toda pedra, lata e o que tivesse no caminho era jogada e desviada com uma facilidade enorme, e a feracidade da criatura apenas aumentava a cada passo em direção ao garoto. Ele então pensa numa alternativa, e tenta despistá-la pulando cercas e passando entre as casas. Por um momento, o garoto não ouviu mais nenhum barulho atrás dele, o que fez ele se esconder. O garoto se joga dentro de uma casa de cachorro, esperando que não fosse encontrado por, seja lá o que fosse aquilo que o perseguia.
— Será que desistiu?
O menino se perguntava durante aquele minuto inteiro de silêncio até que ouviu um som, algo que fez seu coração bater acelerado e começar a suar frio. Ele lentamente olhou para cima e ouviu um som vindo do teto da casinha do cachorro. A criatura estava, literalmente, em cima dele. Ela tentava procurar seu rastro, sem perceber que o garoto se escondia logo ali, bem embaixo do seu nariz.
Ele prendeu a respiração e fechou os olhos, na expectativa de que a criatura não o achasse e fosse embora. Cada segundo parecia ser uma eternidade, a criatura não saía de cima e o garoto entrava ainda mais em pânico.
— Vai embora, vai embora...
Um momento se passou e a criatura então foi vagarosamente se afastando. O garoto conseguia sentir cada passo que ela dava, cada ranger da madeira e o barulho amedrontador que ela fazia. Ele então consegue voltar a respirar, tentando não fazer nenhum barulho.
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