-... e foi assim que eu fugi do cara da pizza - diz Gabriel rindo junto com a roda de amigos, no meio de todas aquelas risadas me veio o pensamento vago (como sempre 99,9% nada haver com o assunto...) "Como vim parar aqui ?"
-"Como vim parar aqui ? Será que ainda me lembro ?... - Lala pensando com seus botões, falando consigo mesma em seus pensamentos.
- Sim, agora estou me recordando... - responde com ar pensativo (engraçado como todo esse diálogo está apenas em sua mente). - tudo começou quando tinha meus 13 anos. Meus pais eram separados, porém todos os anos, pelo menos uma vez por ano eles se encontravam para falar sobre mim (para variar) e vão ver o que farão comigo, como : se vou ficar na casa de um ou na casa de outro, não que fizesse muita diferença, meus pais sempre trabalharam muito, ficava mais sozinha do que qualquer outra coisa... Talvez por isso a notícia a seguir não me chocou tanto assim...
Em um desses encontros de meus pais eles acabaram por morrerem em um acidente de carro, nisso fui para a casa que eles haviam deixado para mim, não, não pude ir sozinha, claro que não, tinha apenas 13 anos, minha tia (irmã da minha mãe) foi comigo, nós nos entendiamos bem, ela ficava bastante comigo, pelo menos mais do que minha mãe...
Treze anos, só me lembro desse ano ser péssimo... Por conta da morte de meus pais e a mudança repentina acabei por repetir de ano, estava desanimada e por isso minhas notas caíram... Único lado bom nisso tudo foi que conheci ele... Meu melhor amigo na época e futuramente meu namorado, nesse ano também conhecido os adolescentes do condomínio aonde fui morar, são divertidos, engraçados e ótimas companhias, não me arrependo completamente desse ano por conta deles.
Depois disso só se passaram os anos, mudei de escola, fiz amizades com o terceirão, consegui convencer os professores a me deixarem estudar e me formar um ano antes. Meu namorado também veio morar comigo e a minha tia, ela também tem trabalhado bastante, então ele decidiu morar comigo.
É, foi assim que vim parar aqui...
- Lala ? - chama Gabriel
- Hã ?! - Mari responde meio desacordada
- Larissa ? - ele chama novamente
- Oi ?
- Ta tudo bem ? - pergunta a roda de amigo envolta de Lala em coro, aparentemente preocupados
- Estou, por que ? - ela responde confusa
- Você apagou do nada... - responde Lívia com um olhar preocupado
- Foi mal, me perdi nos pensamentos...
- Então tudo bem, vamos esquecer isso e voltar ao jogo - diz Gabriel, como sempre agindo como o líder do grupo.
Depois de tudo brincadeira e conversa jogada fora, todos decidem ir pra casa, assim como Lala, ela estava exausta... Aproveitando que tia e nem seu namorado haviam chegado ainda (e a água também estava ajudando) ela vai tomar banho, ver se dá alguma coragem de ir fazer a janta. Ela pega suas toalhas, coloca suas roupas de lado, entra no chuveiro, novamente esquecendo os óculos...
- Ah Merda ! Foi quase, quase molharam de novo... - diz ela refletindo com seus botões novamente - já tenho 17 anos e ainda me esqueço dos óculos - ela já usava óculos desde pequena.
Quase acabando o banho, ela se senta no chão e olha para o box tentando enxergar algo enquanto a água escorre por seu corpo lentamente, quando de repente ela vê algum vulto estranho, ela não se assusta, pois está tão acostumada em ver vultos sem seus óculos... Ela pega seus óculos e tenta ver pelas lentes embaçadas o que diabos seria aquilo, era um ser baixinho inteiramente vestido de preto e usando uma máscara estranha...
Ela corajosamente pega a máscara e vê que é apenas uma garotinha lá, ela estava fazendo alguns sinais para Lala, porém elas não compreendia o que ela queria dizer.
Lala desliga o chuveiro e tenta fazer a garota falar, notando que ela nunca deixa ela se aproximar da boca dela, em um movimento brusco e arriscado ela pega a garotinha, passando a mão em seus lábios enquanto falava para ela:
- Você tem lábios, está sentindo ? Você pode falar !
Continua...
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