Mdfd/HITO{ 人喰 }GUI ; For You, Centuries Later

Capítulo I: A Paranormal Oriental e o 怪隣{Forasteiro}

"Por Favor, Deuses, não me devorem..."

De manhã cedo em sua casa, estas palavras foram faladas pela garota em prece…

Com sua oração feita, seu longo cabelo loiro em seu penteado extravagante e com o novo uniforme do colégio, Hirarako Houtenshi 「縫纏師平良子」 estava pronta para começar seu primeiro dia em sua nova escola no país de Brasas.

6:45

Chegando na rua que leva até a escola particular Glória...

"Hirarako! Hirarako!!"

A garota escuta uma voz familiar lhe chamando, aquela era a voz de Mamoru Todorokado 「驫門守」, seu amigo de infância de Korimichi 「狐狸道」, sua terra natal.

"Oh… Mamoru..."

"E aí, já fez sua prece hoje?"

"Já… Já sim..."

Hirarako falava enquanto analisava o cabelo espetado laranja de Mamoru seguido de seu rosto fino.

Já se faziam meses que ela não via seu amigo de infância pessoalmente, visto que ele havia se mudado para o País de Brasas antes dela.

"No mundo, existem os Deuses, criaturas poderosas que devoram os humanos que os desagradam… Por isso, todos nós rezamos todos os dias para que eles tenham piedade de nós e não nos devorem… e eu, Hirarako Houtenshi… Posso ver os Deuses antes de todo mundo..."

Foi o que Hirarako pensou ao ouvir um estrondoso grunhido que paralisou seu corpo de medo.

"Uh… Hirarako… Tudo bem?"

"Sim… sim… tudo… tudo..."

Hirarako responde Mamoru enquanto fecha seus olhos para tentar se estabilizar e organizar seus pensamentos. "Havia um deus por perto e ele poderia atacar a qualquer momento" era o pensamento da jovem garota. Ela deveria se ajoelhar e orar pela sua vida? Ela deveria correr junto de Mamoru? Ela deveria apenas ignorar o grunhido e continuar seu dia?

Ela não sabia o que fazer.

Em toda a sua vida, Hirarako podia ver os deuses, porém, estes nunca fizeram nada com ela, apenas a ignoravam ou atacavam outra pessoa que estava no lugar, e o mais importante, eles nunca haviam grunhido dessa forma antes.

Sempre atacavam silenciosamente.

O deus dessa vez, aparentava estar furioso.

E isso amedrontou a jovem de visão abençoada, ou então, dependendo do ponto de vista, amaldiçoada, já que apesar de nunca ter sido atacada pelos deuses, a mesma já presenciara suas atrocidades sem poder fazer nada. Um fardo derradeiro que apenas aquela que podia ver aqueles serem poderia compreender e ter…

"Hirarako! Hirarako! Alguém! Socorro!"

Ao abrir os olhos e voltar a realidade que parecia ter se distanciado há muito tempo, Hirarako se vira para a voz de Mamoru e vê uma cena que a mesma não sabia que era possível, seu corpo estava no chão junto de Mamoru gritando por ajuda enquanto ambos desapareciam e davam espaço para um campo verdejante com milhares de portões espalhados pela paisagem, e então…

Outro grunhido violento…

A garota confusa vira-se rapidamente e vê um Deus, com a aparência mista entre um touro, um ser humano e um peixe, lutando contra uma figura estranha com cabeça de um canino de pelagem bege e rosa e de cabelo branco utilizando um uniforme semelhante ao uniforme militar de Korimichi de algumas décadas atrás com outras influências de moda menores.

Porém,

Não era hora de apreciar aquela explosão estética.

Havia um deus bem diante de seus olhos que era perfurado por ossos vermelhos e negros que pareciam sair da sombra do canino humanóide que aparentemente a controlava como uma extensão de seu corpo.

A deidade então olha para Hirarako com seus olhos semelhantes aos de um peixe, o que faz com que o canino também mude o foco de sua atenção para a garota.

"Cuidado!"

Foi o grito dado pelo cão rosa antes de se jogar na frente da mão da divindade que ia à toda velocidade em direção à Hirarako, sendo assim agarrado e espremido pelo deus e gritando de dor e agonia enquanto vomitava sangue.

"Ah não!"

Exclamou a garota em desespero.

"Ghuoh! Hwo ho! Merda! M… me sol… tha!"

Exclamou o cão com todas as suas forças enquanto dezenas de ossos saem de seu corpo e perfuram a mão da divindade que grita de dor e larga a figura misteriosa no chão.

"Oh não…! Oh não…!"

A garota falava repetidas vezes enquanto tentava pensar desesperadamente numa forma de ajudar a misteriosa criatura que havia a salvo.

"Pense Hirarako Houtenshi! Pense!" Era o único pensamento que tinha na mente da garota, até que...

Uma lembrança com sua avó…

"Use a magia deste caderno quando estiver em apuros, minha neta, ela irá lhe ajudar..."

Uma luz no fim do túnel, uma última esperança em meio à desolação. Uma esperança… uma esperança…!

"Irei me prender à essa esperança!"

Gritou Hirarako enquanto puxava o caderno antigo de sua avó e abrindo na primeira página onde haviam diversas escrituras e cálculos os quais a garota não entendia mas colocava toda a sua fé neles.

Colocando a mão na folha e falando

"Por favor… salve aquele cara…! Por favor!"

E então…

Hirarako e a figura estranha encontram-se em um ambiente nunca antes visto por eles. Parecia um céu noturno cheio de nuvens, porém, não havia distinção entre o chão e o céu.

"Ah… ah!? Os ferimentos… eles sumiram…?"

"Nossa! Será que foi a magia que minha avó me mostrou?"

"Magia!?"

"Mas então!"

Enquanto os dois discutem, uma entidade aparece interrompendo os dois que retrucam com um "Huh?" sincronizado.

"Vocês vão fazer o contrato, ou não vão?"

"Con… trato?"

O canino responde com uma pergunta.

"Sim, uai, um contrato. Tipo aqueles que você assina quando trabalha numa empresa ou um juramento que faz pela sua honra. Você se tornará um equipamento dela em troca de alguma coisa."

A entidade com aparência humana e máscara de gás responde

"Equipamento?"

O cão retruca.

"Sim, é para isso que este selo foi feito. Para transformar o contratado num equipamento útil para o contratante."

A entidade responde de forma neutra.

"Então… em outras palavras… eu vou ser um empregado dela, certo?"

"Mais ou menos… depende do tipo de contrato."

"Bom..."

Hirarako se mete na conversa.

"Eu não preciso de um contrato complexo, apenas não quero que ele morra..."

"Bom, isso na verdade é bem fácil de se fazer. Uma cura rápida como condição e deixará as outras nuances do contrato comigo?"

A entidade pergunta.

"Ah… hm… é… hm… sim! Sim, eu deixo!"

"Certo. E você, inugami?"

"... Se eu recusar isso nós vamos morrer praquele Hitogui, né?"

"Precisamente."

"É, não tenho muita escolha, eu aceito."

"... Pois muito bem. O contrato está feito."

A entidade estala os dedos e ambos estão de volta à realidade.

O deus, ou, o hitogui, está muito confuso para reagir, mesmo agora no mundo humano, e então, um brilho envolve Hirarako e o inugami que começa a se desfazer em diversas linhas finas como tecido.

"Mas que po--"

O inugami se desfaz completamente e envolve Hirarako, que começa a sentir o poder transbordando em seu corpo até chegar no seu ápice, que é quando os fios que um dia foram o inugami se transformam numa roupa com traços de uniforme de um período antigo de Korimichi junto de influências ocidentais e do subconsciente de Hirarako.

Neste momento, Hirarako parecia ter compreendido tudo.

Era hira de lutar contra aquele deus…

Não…

"...Contra aquele hitogui…"