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Segredos de Suspensyst

Silêncio no laboratório, parte 1

Silêncio no laboratório, parte 1

May 01, 2025

Com o passar dos anos, a humanidade evoluiu. Desenvolveu-se, raciocinou e se consolidou como a espécie dominante na Terra. Nas primeiras eras, quando ainda existiam homens das cavernas, o mundo era habitado por criaturas ferozes, selvagens e incontroláveis — seres que não podiam ser domados e tampouco eram fáceis de derrotar.

Essa ameaça quase levou os humanos à extinção, eliminando os mais fracos, sem distinção entre homens e mulheres. No entanto, os poucos que sobreviveram — os mais fortes — começaram a desenvolver técnicas básicas de combate que, com o tempo, se tornariam avançadas.

Naquela época, o termo “caçador” ainda não existia como o conhecemos hoje. Ainda assim, o mais importante foi a decisão de homens e mulheres em treinarem intensamente, reproduzirem-se e expandirem seus territórios, empurrando os monstros cada vez mais para longe das regiões dominadas.

A humanidade, então, começou a se reerguer. Surgiram impérios com reis e rainhas, e pequenos vilarejos espalharam-se pelo mundo. Aventureiros passaram a transmitir seus conhecimentos às gerações seguintes, ensinando técnicas de combate e compartilhando histórias de suas jornadas.

Com o tempo, percebeu-se a necessidade de criar academias especializadas ao redor do mundo, destinadas à formação de aventureiros e defensores dos vilarejos. Como a humanidade era a única espécie que evoluía de forma consistente, os monstros passaram a se tornar cada vez mais escassos, escondendo-se em regiões distantes e de difícil acesso.

Atualmente, cerca de 40% da Terra é controlada pelos humanos, enquanto os 60% restantes são compostos por florestas densas, habitadas por animais selvagens e monstros que se adaptaram a viver escondidos. Pouco se sabe sobre essas criaturas: como vivem, o que comem ou se são capazes de se reproduzir. Nenhum aventureiro retornou de lá para revelar o que de fato existe nas profundezas dessas florestas.

Como os ataques a vilarejos tornaram-se quase inexistentes, as academias passaram a ser exclusivas para nobres e pessoas influentes, restringindo o conhecimento sobre monstros aos plebeus. Ainda assim, por questão de segurança, cada vilarejo deve contar com pelo menos dois guerreiros altamente treinados, preparados para proteger a população — tanto contra monstros quanto contra aventureiros de intenções duvidosas, que por vezes são ainda mais perigosos do que as criaturas das sombras.

★

Vila Élfica - Scolli

— E então? Ainda não encontraram o problema? — perguntou um ancião, acariciando sua longa barba branca que alcançava o umbigo. Estava vestido com um manto verde, bordado com tons mais escuros nas extremidades.

— E-estamos fazendo o possível, senhor — respondeu um dos elfos, enquanto segurava um mapa, examinando-o em busca de algo.

— Sabe quantos meses estamos sem a água dos rios? E o risco que corremos, todos os dias, de darmos de cara com aqueles macacos sem pelos? — sua voz transbordava indignação.

— Como podemos garantir que isso não é obra dos humanos? — questionou um jovem elfo de cabelos curtos, estilo indígena, com três sardas em cada bochecha, dentes incisivos um pouco grandes e óculos.

— Adolf, o que os humanos ganhariam com isso? — indagou outro jovem elfo.

— Não sei. Me diga você: por que acha que eles não fariam isso? — retrucou Adolf.

— Ponha-se no seu lugar, moleque! Sabe com quem está falando? — disse um dos elfos adultos, dando-lhe um tapa na cabeça.

— Não se preocupe, Osley. Ele é só um garotinho teimoso — respondeu o elfo, apaziguando.

— Resolveremos a questão da água em breve, senhor — afirmou o elfo com o mapa em mãos.

— Assim espero — respondeu o ancião, dando dois tapinhas no ombro do rapaz antes de sair da pequena sala, que era parte de uma enorme árvore.

A vila élfica era um lugar secreto e isolado na floresta, inacessível para humanos comuns. Considerada uma das regiões mais belas do território de Suspensyst, suas casas eram construídas nas árvores, com toques modernos, em meio a um ambiente ensolarado e verdejante. No centro da vila, uma corrente de água outrora límpida agora se encontrava seca.

O velho que discutira com o jovem elfo era Hambar, o mediador e líder da comunidade. Participara de grandes batalhas territoriais e era reconhecido por ter lutado ao lado dos lendários reis Steven e Alexa.

— Papai, você viu o Adolf? — perguntou uma voz feminina, vinda de outro cômodo.

— Aquele pestinha metido a sabichão estava me enfrentando há pouco — respondeu, buscando com os olhos a origem da voz.

— Eu estava pensando se não poderia... — começou a jovem, hesitando ao final da frase. Mas Hambar já sabia o que ela queria dizer e interceptou-a na porta do quarto.

— Não — disse com firmeza, encarando-a.

— Mas, papai! — protestou ela, fazendo birra.

— Você não é mais uma criança, Clara. Sabe muito bem dos perigos de sair da área élfica. Sabe o quanto os humanos são repugnantes e perigosos, principalmente os tais “aventureiros” e “exploradores”. Foi o Adolf que colocou essa ideia na sua cabeça, não foi? — indagou, irritado.

— Não, ele não colocou nada na minha cabeça — respondeu, irritada, evitando encará-lo.

— Por que você quer tanto sair daqui, minha filha? — perguntou ele, respirando fundo.

— Vocês sempre dizem que os humanos são a pior raça, até piores que monstros. Mas eu tenho certeza de que escondem algo. Por quê?

— Você ainda pensa como uma criança, mesmo já tendo doze anos. Sabe que elfas amadurecem mais rápido que os homens, não sabe?

— Pai, não venha com esse papo só pra me enrolar. Sempre diz que tudo isso é pra minha proteção e a do nosso povo. Até quando acha que vai conseguir impedir que tenhamos contato com os humanos?

— Enquanto eu estiver vivo — respondeu com dureza —, enquanto eu respirar neste mundo, você jamais ultrapassará os selos de Scolli.

Saiu do quarto e trancou a porta, deixando Clara sozinha.

Clara era uma jovem energética e, de certo modo, inteligente. Apesar de não aceitar a cultura élfica, era treinada como todos os demais: desde pequena, aprendera a manejar arcos e flechas, montar armadilhas, sobreviver na mata e até aplicar táticas de combate.

Tinha cabelos loiros, olhos azuis e estava sempre limpa e bem arrumada. Carregava uma arma branca portátil. Era um ano mais velha que Adolf, seu melhor amigo desde a infância.

— Hambar? Os elfos patrulheiros querem falar com você — disse sua esposa, entrando apressada.

— Os patrulheiros? — repetiu, surpreso, pois não esperava uma visita desse tipo.

Na sala, os patrulheiros mostravam-se nervosos. Sua esposa preparava chá na cozinha.

— O que têm a me dizer? — perguntou Hambar, ao perceber a tensão.

— É difícil colocar em palavras, senhor. O melhor seria o senhor ver com os próprios olhos — disse um dos patrulheiros.

— Como assim?

— É uma criatura nova, senhor. Nunca vimos nada parecido — disse um deles, interrompendo o outro.

— Vieram me falar de uma criatura nova em vez de vigiar possíveis invasões humanas? — exclamou, furioso.

— Entendemos sua frustração, mas pedimos que nos acompanhe. Por favor.

— Aqui está o chá — anunciou sua esposa, entrando com uma bandeja.

— Querida, não. Não é necessário. Essa não é uma boa hora — disse ele, saindo com os patrulheiros, sem olhar para trás.

— Quando vimos a criatura, ela estava no rio, aquele que vem da Vila de Carvalho, poucos metros da nossa área.

— Então é isso que está causando a falta de água?

— Acredito que não, mas ainda assim é preocupante.

— O que há de tão preocupante em uma criatura aquática?

— Em nenhum momento dissemos que ela vive na água.

Hambar franziu o cenho, mas preferiu ver com seus próprios olhos. Atravessaram parte da floresta, evitando possíveis encontros com aventureiros.

— E então? Onde está? — perguntou, impaciente.

— Aqui, senhor — apontou um dos elfos para a margem do rio.

Hambar se aproximou descrente, mas seus olhos se arregalaram ao ver o que jazia ali.

— Tirem isso da água — ordenou.

— Esse é o problema, senhor. Essa criatura entra em combustão ao contato com o sol. Tentamos antes de vir até você, veja as queimaduras.

Hambar se ajoelhou e examinou o corpo.

— Que espécime mais estranho...

A criatura tinha asas de cerca de 2,5 metros, pele azul-escura — possivelmente resultado das queimaduras —, coluna exposta, pernas curtas e corpo largo. Uma verdadeira aberração.

— Acha que pode ser uma nova espécie? — perguntou um dos elfos, assustado.

— Tudo é possível... mas nunca vi nada assim. — Abriu a mandíbula do monstro, revelando dentes pequenos e afiados. — Contaram a mais alguém sobre isso?

— Não, senhor.

— Ótimo. Mantenham assim por enquanto. Levem essa coisa para dentro dos selos, mas cuidem para que não queime mais do que já está.

— Sim, senhor...

Hambar observou os olhos esverdeados da criatura, pensativo.

— Que diabos é isso...? — murmurou para si mesmo, ainda sem acreditar no que via.

★

 Vila de Carvalho

— E então? Como está indo? — perguntou um jovem de cabelos loiros e longos, olhos azuis e vestes elegantes, dirigindo-se ao adolescente do outro lado do cercado.

— Nada bem... Eu não consigo evoluir meu núcleo de força! — respondeu o garoto de cabelos castanhos, completamente suado e irritado, vestindo roupas rasgadas e empunhando uma espada de madeira.

— Sério? Ainda está no estágio preto? Não saiu nem do primeiro estágio? — perguntou o loiro, incrédulo, pulando o cercado e se aproximando do garoto, que estava ajoelhado no chão.

— Isso é ridículo! Já fazem três semanas que estou nisso e ainda não cheguei nem ao estágio cinza! E como vou saber se evoluí? — perguntou exausto, mal conseguindo se manter em pé.

— Você ainda é novo, então talvez não entenda bem... Mas é uma sensação única. Quando seu núcleo evolui, o sistema de recompensa do seu cérebro é ativado — explicou o mais velho, ajudando-o a subir em suas costas. — Por alguns segundos, você se sente ótimo. Seu corpo começa a se adaptar ao novo estágio, tornando-se mais forte. E quem sabe até desperte uma habilidade incomum.

— Qual é o seu núcleo mesmo, Jonathan? — perguntou o menino, bocejando.

— Vermelho sólido. Doze estágios acima do seu — respondeu ele, enquanto abria a pequena porta do cercado e seguia pela trilha que levava ao vilarejo, pela floresta.

— Como você conseguiu chegar nesse estágio? Pode me dar alguma dica? Por favor! — implorou o garoto.

— Não reclamando. Relaxa, você só tem dez anos. A evolução normalmente se intensifica durante a puberdade, por volta dos doze — disse, com certa impaciência.

— Mas você disse que, se eu começasse a treinar desde cedo, poderia evoluir mais rápido! — reclamou, irritado.

— Nunca houve um caso assim. Mas treinar desde cedo é uma forma de preparar o corpo para a puberdade. Você quer ser espadachim, certo? Então precisa ser forte e ágil. Quando atingir o estágio marrom sólido, eu te ensino uma técnica avançada. Mas não conte isso a nenhum superior, nem a ninguém da vila, entendeu?

— Tá bom, obrigado, Jonathan! — respondeu eufórico. — Mal posso esperar pra evoluir! — disse antes de fechar os olhos e adormecer.

[…]

Núcleos. O sistema usado para medir força física, mental e até mágica.

São divididos em 17 estágios, do preto ao branco, com três subdivisões: escuro, sólido e claro.

A ordem é: preto, cinza, marrom, verde, azul, roxo, lilás, rosa, vermelho, laranja, amarelo, bege e, por fim, branco.

O núcleo de força aprimora as capacidades físicas, podendo até conceder habilidades incomuns — raras, porém possíveis. Já o núcleo de magia eleva o poder dos encantamentos, mas é perigoso: magos que alcançaram o estágio branco enlouqueceram pelo poder. Por isso, há uma lei em Suspensyst e nos territórios continentais que proíbe magos de ultrapassarem o estágio azul sólido — a punição é a morte.

O núcleo de percepção é voltado para arqueiros e lutadores de longa distância. Aumenta a acurácia, reflexos e, com evolução suficiente, pode permitir ver alguns segundos no futuro.

Já o núcleo de consciência é o mais raro, exigindo altíssima inteligência e força mental. Proporciona vantagens estratégicas, sendo mais comum entre os elfos.

[…]


daviraimundomenezes
Løser

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