Capítulo 1: Vinte Anos Depois
Vinte anos se passaram desde a Grande Batalha Final contra Giygas...
E, cá estou eu, refletindo sobre o quanto tudo mudou desde que salvamos o multiverso.
O Cadeirante voltou ao "normal" — se é que podemos chamar assim. No fim, descobriu-se que ele só queria destruir o Rabisco com o "Sol de Mijo" porque estava sob o controle de Giygas. Liberto da influência maligna, ele... bem, surpreendentemente, encontrou um novo propósito: desenhar comissões NSFW de yaoi furry. E, para minha incredulidade, ficou ridiculamente rico com isso. Tipo, muito rico mesmo.
A Prism também seguiu seu caminho. Usando magia, mudou de gênero e agora vive feliz como Prismy, deixando para trás o título de "O Prism". Ainda bem — a felicidade dela é contagiante.
Ron, por sua vez, assumiu o cargo de Presidente do Rabisco, apagando qualquer vestígio do Rei Demônio ou de outras entidades malignas. Mas... há algo estranho. Durante uma inspeção nos arquivos, ele encontrou dois objetos enigmáticos: uma máscara dourada com chifres longos e olhos que brilham em azul, e um bloco conhecido como "Orbe da Dominância". Um duende nos alertou sobre o nome do bloco, mas não sobre seu propósito. A máscara, por outro lado, tem um lado rachado, como se tivesse sido danificada em uma luta épica. Ron não faz ideia de onde vieram, mas, por precaução, decidiu escondê-los.
O Kit seguiu um caminho mais terreno: entrou na faculdade de Artes Marciais para aprimorar suas habilidades. Seu sonho? Tornar-se um astro de filmes de ação, igual ao Jackie Chan. E, convenhamos, ele tem o talento e a determinação para isso.
Mas... mesmo depois de todos esses anos, há algo que ainda me perturba.
Algo que me assombra nas horas vagas.
Algo que me rouba o sono, fazendo-me ficar acordado por horas, encarando o teto no escuro... EU NÃO SUPEREI O SOFRIMENTO QUE EU PASSEI
EU… EU VI. AQUELA COISA. NÃO ERA UM ROSTO… NÃO DE VERDADE. ERA COMO SE ALGUÉM TIVESSE GRITADO TANTO QUE O PRÓPRIO ROSTO DERRETEU. OS OLHOS… OU O QUE PARECIAM SER OLHOS… ESTAVAM AFUNDADOS, ESCUROS. A BOCA — ABERTA DEMAIS — CHEIA DE DENTES, COMO SE ESTIVESSE CONGELADA NUM GRITO QUE NUNCA ACABA.
ERA TUDO VERMELHO… COMO CARNE VIVA, PULSANDO, SUJA DE SANGUE SECO. O CABELO… SE É QUE ERA CABELO… PARECIA ESTAR GRUDADO NA PELE, SE MEXIA COMO SE RESPIRASSE JUNTO COM A COISA. NÃO TINHA CORPO, SÓ AQUELA CABEÇA… FLUTUANDO, SE CONTORCENDO NO ESCURO.
ELA NÃO ME ATACOU DE IMEDIATO. FICOU PARADA, OLHANDO. COMO SE ME CONHECESSE. COMO SE ESTIVESSE ESPERANDO EU LEMBRAR DE ALGUMA COISA. MAS EU NÃO LEMBRO… EU JURO QUE NÃO LEMBRO…
E AINDA ASSIM, TODA VEZ QUE FECHO OS OLHOS… EU ESCUTO AQUELE SOM. O SOM DELA TENTANDO FALAR COM UMA BOCA QUE SÓ SABE GRITAR
AS VEZES EU AINDA CONSIGO OUVIR O QUE ELE ME DISSE NA BATALHA FINAL
-…E-eu estou f…e…l…i…z…
-…a-amigos…
-Isso…Dói,Isso …dói…
-Neo, Neo, Neo, Neo, Neo, Neo, Neo, Neo, Neo, Neo, Neo, Neo, Neo, Neo, Neo, Neo, Neo, Neo, Neo, Neo, Neo, --Neo, Neo…..
-…v…o…l…t…e…
-….Neo…
-Eu me sinto… b…e…m…
-…Eu estou tão triste... …..Neo
-N̵̡̢̧̢̧̨̡̧̢̧͚̳̮̼̖̖͓̭̝̼̲͇̯̣̩͔̥̝͕̫͎̻̹̹͓̥̝̪͚̘̪̝̭͖̭̗͚͈̤̼̦̳̯͉̩͈̯̪͙͔̤͔͙͔͈̱̣̤̞̺̬̞͓̯͉͈͙̺̩̜̦͚͓̝̜̭̫̼̦͖̣̙̥̜̦̯̤͎͓̫͉̯̫̼̰͍̬̹̭̦̮̮͊̓̈́̔͆̓̍͗̃̇̌̉̀̔́̐͗̉̆̓̏͌̐̑́̄͆̌̾́̂̆́͆̾̂͊̿̏͊̋̒̓̈́͐̋͑̽̒̆̔͒͘̚͘̚̕̕̚͘͜͝͝͝͝͝ͅͅͅͅE̵̡̢̢̨̧̢̬̣̩̱̪̫̹̼̜̺͉̲͇͍̬͉̟̮̲̼̩̠͙̳̗̠͇̻̯̪͎̻̩̳̺̔́͂̈́͂̄̾̒̆̐́͛͐̆̐̇͌̈̾̄̂̏̌́̈́̍̽̎́̐̑̈́̊̓̈̔̏͛̓̃͌̅̔͗̓͑̃͂͛̎̄̑̈̽̊̽̄̆͛̿͐̂̊̽͘̚͘͘̕̕̚͝͝͝͝͠͝͝ͅƠ̴̡̢̧̨̨̡̧̢̛̛̛̛̛̛͎̤͇̲̰̗̤̪̳̗̩͈̹̩͙͇̲͈̳͚͚̤͔̞̗̣͍̥̥͎̤͇̖͔̙̞̩̼͔̪̠̝̜̤̞̦̟͉̺̣̜̱͇̼̥̮͓̦̊̀͗̀̅̑͊͒̐̓̓̒͆̍̑̾͌̌̒͊͂̈͋̑̏̈́̿̇̏̉͑̍̐̂̑́͑̀̋͒͑̅̅̽̍̓̌͆̾͛͋̈́̿̈́̈̀́̐̏̈́̅͂̔̎͑͋̈̈́̊͑͗̀́̓̒͆̾͛͑͋͐͐̿̋͋̀̾́́́̐̒̓̔̒̑̃̍̑̇̐̋̔͂̂̚͘͘̚͘͘̕̕͜͝͝͠͠͝͠͝ͅ!
-Ah, Grrr, Ohhh…
-Argh… Yaaagh!…
-Não está certo… não está certo… não está certo...
-Por favor, só... Neo
"EU NÃO CONSIGO ESQUECER O QUE AQUELES VILÕES FIZERAM... AS CENAS HORRÍVEIS QUE VI...
A DITADURA DO REI DEMÔNIO.
Ele escravizou as criaturas do Rabisco.
Abusou físicamente e psicologicamente de todos.
Torturou os gnomos.
E mesmo depois de eu tê-lo matado, de ter acabado com tudo...
Me arrependo profundamente.
Arrependo ao ponto de querer me matar.
Mas pelo menos o Ron assumiu seu lugar – um governante bom, diferente daquele monstro.
E o King Neo? Nem se fala...
Mesmo vindo de um universo alternativo, às vezes penso:
"Aquilo poderia ter sido um dos meus futuros..."
Ele também matou o Rei Demônio, mas, ao contrário de mim – que resetei o universo, apagando sua existência –,
Ele tomou o lugar dele.
E pior:
Matava e clonava seus próprios habitantes.
E aquele maldito agia como se fosse a coisa mais normal do mundo.
Aquele porão... cheio de corpos, órgãos e tripas expostas...
Nunca vou conseguir desver aquilo.
Depois de todo esse tormento...
Eu desejo...
Eu desejo...
Eu desejo...
Que este mundo acabe.
E que todos que conheci e amei
Sintam na pele a ira do fim de tudo."
Prismy: "Neo, acorda! Estamos atrasados!"
Disse Prismy, tentando acordar Neo, que ainda estava mergulhada em um sonho.
Neo: "Huh? Prismy, o que você está fazendo na minha casa?"
Falou Neo com uma expressão confusa e voz sonolenta.
Prismy: "Você deixou a porta aberta..."
Retrucou a fedorenta, lançando-lhe um olhar raivoso.
Neo: "Ah, é... Agora que me lembrei! O que estamos esperando? Vamos logo!"
O sol da tarde banhava as ruas do Rabisco em tons dourados, e o ar estava repleto do aroma de comida de rua e do som distante de músicas festivas.
— Hoje é o dia... — pensei, olhando para o convite brilhante em minhas mãos.
O Grande Festival do Rabisco — um evento que comemorava o aniversário da morte do temido Rei Demônio e, ao mesmo tempo, celebrava a vitória daqueles que salvaram o multiverso da invasão de Giygas.
— Prismy, Kit, Ron e eu éramos convidados de honra, é claro.
Mas... nem todos poderiam comparecer.
Muitos dos Neos de outros universos — aqueles que lutaram ao nosso lado na Grande Batalha Final — jamais pisariam no festival.
Alguns, por sequelas da guerra. Outros, porque seus mundos ainda carregavam as marcas da destruição deixadas por Giygas.
— Era injusto.
Eles mereciam estar aqui, sendo aplaudidos, celebrados... mas a realidade nem sempre é gentil com heróis.
— "Vamos." — disse, ajustando meu casaco.
E assim, os dois saíriam de casa, em direção ao festival.
O Rabisco estava vivo, cheio de luzes, risadas e lembranças.
Mas, no fundo, eu sabia...
Que Alguns rostos importantes estavam faltando.
O pôr-do-sol pintava o céu de tons avermelhados quando Prismy e Neo caminhavam pela estrada empoeirada que levava ao festival. Prismy, com seu vestido rodado e cabelos castanhos balançando ao vento, olhava para Neo com uma expressão de desaprovação.
"Eu literalmente te lembrei todos os dias desta semana, Neo", disse Prismy, cruzando os braços. "Até o Cadeirante, que passa o dia desenhando furry NSFW, fez suas lições de japonês!"
Neo, uma mulher baixa mas ágil com sua jaqueta de couro e Keyblade no ombro, apenas deu um sorriso despreocupado. "Relaxa, Prismy! O Duolingo não é tão—"
BAM!
Um vulto verde aterrorizante surgiu num redemoinho de penas e ódio linguístico. O Duolingo brandia uma faca de cozinha ensanguentada (virtualmente), seus olhos brilhando com a fúria de mil streaks perdidos.
"¡TE DIJE QUE ESTO PASARÍA, NEO! ¡AHORA PAGARÁS CON TU VIDA!"
Prismy agiu primeiro. Com um movimento gracioso, suas mãos brilharam em azul enquanto canalizava a umidade do ar. "Toma isso, seu pássaro maldito!", gritou, lançando um poderoso jato d'água que se transformou em gelo instantâneo, aprisionando o Duolingo em um bloco cristalino.
Mas o monstro dos idiomas não estava derrotado. Com um BRILHO SINISTRO, o gelo começou a rachar...
"Hora da aula particular!", Neo anunciou, girando sua Keyblade. A lâmina começou a brilhar com energia flamejante. "FIREZA!"
O golpe ardente atingiu o Duolingo no exato momento em que ele se libertava, resultando numa explosão épica de:
Penas verdes carbonizadas
Notificações de "Your 7-day streak is in danger!"
Um único sapato linguístico voando
Quando a fumaça baixou, só restava um celular quebrado e o silêncio constrangedor.
"...Prometo que vou fazer as lições amanhã", murmurou Neo, evitando o olhar assassino de Prismy.
"AMANHÃ VOCÊ VAI É PRA CASA, NEO!", rugiu Prismy, puxando a orelha da amiga enquanto arrastava ela pra longe do local do crime.
Enquanto se afastavam, uma única notificação fantasma ecoou no vento: "Your family will miss you..."
Enquanto isso O luxuoso quarto do Cadeirante estava iluminado apenas pela tela brilhante de seu notebook, onde ele rolavam as atualizações do Twitter enquanto mastigava um sushi de ouro (porque pobre era ele há vinte anos atrás).
— "Hm... Notícias chatas... Política... Gatinhos... Ah!"
Seus olhos brilharam ao se deparar com um vídeo intitulado:
"DUOLINGO VS NEO: O PASSARO DA MORTE ATACA NOVAMENTE!"
Assistiu ao vídeo inteiro, desde o ataque surpresa do pássaro verde até a explosão final causada pela Keyblade de Neo.
— "KKKKKKKK! Essa desgraça mereceu! Por que será que a Neo nunca aprende?"
Seus dedos voaram sobre o teclado:
🐾 @CadeiranteFurryRico
"Prismy salvando a Neo de novo... Cadê a novidade? Mas essa cena do Duolingo pegando fogo vale cada centavo dos meus impostos! #JustiçaSejaFeita"
Quase instantaneamente, uma resposta apareceu:
🏛️ @Ron_PresidenteDoRabisco
"Isso foi claramente um ataque terrorista linguístico. Como presidente, sou obrigado a condenar. (Mas confesso que ri.)"
O Cadeirante esfregou as mãos, sentindo a inspiração para o crime verbal surgir.
— "Hora de destruir essa amizade..."
🐾 @CadeiranteFurryRico
"Ron, meu querido presidente... Você é igual a um Blastoise: durão, joga água e me deixa com vontade de te dar um Surf na sua Caverna Oceânica 7w7"
Do outro lado da cidade, no imponente escritório presidencial, Ron congelou ao ler a mensagem. Seu olho esquerdo começou a tremer involuntariamente.
— "Chega."
Sem hesitar, ele apertou o botão vermelho em sua mesa — sim, aquele que dizia "SÓ EMERGÊNCIAS" — e em menos de dez segundos, dois guardas arrombaram a janela (porque a porta era para plebeus) e agarraram o Cadeirante pelo colarinho.
— "Ei! Ron! Isso é censura! Eu tenho direitos! OLHA, EU TENHO UMA PIADA DE DIGIMON TAMBÉ— MMPPHHH—"
Os guardas enfiaram uma mordaça de aço em sua boca antes que qualquer outra atrocidade verbal pudesse ser cometida.
Enquanto era arrastado para fora, ainda dava para ouvir seus gemidos abafados tentando completar a piada.
Ron, agora de cabeça baixa e segurando um dos arquivos dentro da sua cabeça de pasta de arquivos, suspirou profundamente.
— "Por que eu ainda não bani esse homem do país...?"
Do lado de fora, distante, um único grito ecoou:
— "RON, SEU ARCANINE SEM GRAÇA! VOCÊ VAI SENTIR FALTA DAS MINHAS PIADAS QUANDO O DUOLINGO VIR TE PEGAR!"
E então, o silêncio finalmente reinou.
O Grande Festival do Rabisco fervia em cores e sons: lanternas flutuantes iluminavam o céu, barracas de comida exalavam aromas de yakitori e algodão doce, e crianças correndo com máscaras de heróis da Grande Batalha. Mas no centro do palco principal, cercado por guardas e um tapete vermelho, estava Ron — agora de terno impecável e a máscara dourada escondida sob o paletó.
— "Onde diabos estão elas?" — Ron resmungou, checando o relógio pela décima vez.
PLIM!
De repente, um jato d’água gelada atingiu suas costas.
— "Surpresa, presidente!"
Prismy e Neo surgiram rindo, com roupas tradicionais do festival (e Neo segurando dois espetos de takoyaki roubados).
— "Vocês... vocês são insuportáveis" — Ron tentou manter a pose séria, mas um sorriso escapou.
Antes que pudessem trocar mais insultos, um jato de glitter dourado explodiu no ar.
— "FESTA DO CADEIRANTE SURPRESAAAA3!"
Todos se viraram para ver o Cadeirante descendo de um helicóptero rosa, vestindo um kimono aberto que mostrava uma estampa de um lobo furry segurando uma katana. Atrás dele, dois ajudantes carregavam uma placa escrita: "20 Anos de Derrota do Giygas: O Afterparty Que Ele Não Merece".
— "Cadeirante..." — Prismy cobriu o rosto. — "Por que você sempre tem que ser... você?"
— "Pergunta retórica, Prismy!" — Ele pulou do helicóptero (quebrando o salto do kimono) e abraçou Ron com força. — "E aí, Blastoise? Já pensou em legalizar furry art como moeda nacional?"
Ron, agora com glitter no rosto e dignidade morta, suspirou:
— "Guarda, por favor, impeçam ele de falar."
Os guardas avançaram, mas o Cadeirante já estava ocupado abraçando Neo:
— "Vi seu vídeo, garota! Quer ser minha musa pra próxima comissão? Te pago em memes!"
— "Só se for em dinheiro mesmo" — Neo riu, desviando de um guarda que tentou agarrá-lo.
Enquanto o caos se instalava, Prismy olhou para o grupo: Ron tentando manter a ordem, Neo rindo enquanto devorava takoyaki, e o Cadeirante posando para selfies com fãs usando máscaras do Giygas.
— "É... eles não mudaram nada" — ela murmurou, sorrindo.
Mas então, seu olhar caiu sobre Ron. Mais especificamente, sobre a bolsa dele, de onde um brilho azul sobrenatural vazava — o Orbe da Dominância.
— "Ron..." — Prismy aproximou-se, séria. — "O que exatamente você escondeu depois da batalha?"
Antes que ele respondesse, as luzes do festival se apagaram.
TUDO FICOU EM SILÊNCIO.
Quando as luzes voltaram, um símbolo antigo — igual ao da máscara dourada — estava projetado no céu.
— "Isso... não era parte da programação" — Ron sussurrou, pálido.
O Cadeirante, porém, estava radiante:
— "OH MEU DEUS, FIZERAM UM HOLOGRAMA DA MINHA ARTE?"
NEEEEOOOOOMMMMM!
Um rugido ancestral ecoou, e o chão começou a tremer.
— "Grupo..." — Ron puxou a máscara dourada da bolsa, seus olhos brilhando em azul. — "Acho que despertamos algo."
Neo, já com a Keyblade em punho, deu um sorriso nervoso:
— "Pelo menos não é o Duolingo de novo, né?"
Enquanto as pessoas corriam em pânico, os quatro se entreolharam. Vinte anos depois, a velha equipe estava pronta.
De novo.
[FIM DO CAPÍTULO CONTINUA NO PROXÍMO VOLUME]
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