Sobre um semblante vazio e negro, ao respaldo de um desconfortante sentimento, um jovem garoto se sente agoniado com um profundo ferimento interno.
'...'
A dor desta agonia o consome psicologicamente, com o intuito de negligenciar sua perceptível existência ele à endura, desejando mais do que unicamente o fim de seu tormento.
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[Brasil, Rio de Janeiro: 10|09|2025, 17:04 da Tarde, Sexta-Feira.]
Por Niterói, calmamente um jovem anda pelo Campus da Praia Vermelha em direção a sua próxima classe, esse era Otávio enquanto reclama do frio intenso que o atinge.
"Atchim!..."
'Droga, está fazendo 17°C Graus hoje, justamente quando meu casaco tá lavando, assim pegarei um resfriado...'
Otávio possui 19 anos, finalizou seu Ensino Médio ano passado e ingressou em uma faculdade de Relações Internacionais. Seguindo a recomendação de seu professor, optou pela faculdade UFF.
Sua aparência física não difere-se dos jovens com quem convive, seu cabelo é naturalmente preto e curto, seu físico é magro e nunca se interessou tanto em preservar sua aparência, possui olhos marrons, altura de 1,76, usa óculos e é branco. Sua personalidade varia entre um humor simpático e gentil à um pouco irritado e ignorante, seu modo de vestir é simples o suficiente para agradá-lo.
'Daqui a 15 minutos começa minha classe, posso passar pela cantina pra tomar um café talvez.'
Otávio caminha por uma das praças da faculdade enquanto admira um pouco sua natureza, diferente de outros lugares, essa área se localiza perto do curso de Botânica, os alunos por puro capricho cuidam dela, tornando-a um dos lugares mais bonitos de se admirar e relaxar do campus.
Por tal motivo, ela tende a atrair bastante alunos assim como casais, ou seja, é um perfeito ponto de encontro.
"Otávio! Chega aqui, tá ignorando o sinal que tô fazendo? Passa pra dar um oi pelo menos." Exclama uma voz familiar.
Otávio se vira e reconhece a pessoa que lhe chamou, por não estar em um dia tão bom, ele tenta desviar o olhar e ignorá-la.
"Ah qual é, para de me ignorar e vêm logo cara." Continua a voz.
A pessoa que estava falando era Léo, Otávio retruca um pouco irritado. "Que foi Léo, tá querendo chupar meu pau pra ganhar atenção?"
Léo é bastante conhecido pela faculdade, alguns evitam-no por não gostar de sua personalidade instável, enquanto que outros gostam de tê-lo ao lado por ser sociável.
Os dois se conheceram recentemente, eles se encontraram enquanto perambulavam entre classes, Otávio até gosta de Léo, ele é divertido e animado, mas assim como os outros, sua personalidade instável tende a ser um sério problema.
"Ah vai se fuder, queria só conversar com você e também te apresentar uma garota, sinto que tu tá muito sozinho recentemente, vem logo que isso vai animar o seu moral, confia em mim!"
Com esse comentário, Otávio se sente incomodado, mas como havia atraído um pouco da atenção das pessoas ao redor por falar alto, ele pensa se vai ou não.
"De novo você com essa merda cara, já te disse que não estou ligando pra garotas recentemente, e não eu não me sinto sozinho. Estou bem como estou agora, gostaria que tu parasse de encher meu saco."
"Para com essa porra e vem logo, não somos amigos? É só pra se distrair também cara, se sua cabeça tá muito cheia, libera um pouco dessa energia ae."
Após se mostrar recessivo, Otávio cede e vai em direção a Léo.
Enquanto repara nas pessoas ao redor, ele nota a garota sentada ao seu lado. "Pronto, estou aqui, agora que porra você queria falar. Seria essa garota ao seu lado?" Otávio exclama agressivo.
Tal garota conversava com Léo, assim como os dois, ela é bem jovem, porém se destaca por sua beleza. Ela é branca, tamanho mediano de corpo fofo, seu cabelo possui colorações roxas, enquanto usa algumas roupas pretas e meia-calça, o sonho de qualquer adolescente moderno em sua puberdade.
"Com calma tigrão, o nome dela é Esther, disse que está interessada em conhecer alguém mais nerd, achei que você seria perfeito pra isso."
"Ah para, não disse nada disso de nerd não, mas qualquer garoto consegue ser melhor que você Léo, se o seu amigo precisa de companhia, eu gostaria de ajudá-lo." Complementa a garota.
"Olha não quero estragar expectativas nem nada, mas eu já disse que não estou a fim de ficar com nenhuma garota, então com todo o respeito, vai tomar no cu Léo, tá envergonhando ela."
Léo não ligou pelo o que Esther disse, mas de certa forma ficou ofendido pelo o que Otávio falou, seria o seu tom de voz mais sério? Não se sabe ao certo, mas ele decidiu retrucar agressivamente.
"Acordou hoje sem dar o cu porra? Só tô gastando cara, qual teu problema? Ignorante do caralho, depois daquela merda tu tá cheio de coisinha recentemente, por acaso não consegue superar?"
Naturalmente Otávio ignoraria algumas brincadeiras ou entraria na zoação, mas justamente nesse dia havia algo a mais de errado, ele estava mais sério assim como raivoso, mais do que ficaria quando houvesse essa troca de humor, seria uma forte influência daquele acontecimento? Não dá para saber, mas tudo indica que ele tinha um mau pressentimento.
Percebendo que está alterado, ele tenta se recompor.
"Ah, é que eu tô cansado cara, atualmente meu mental não tá muito bom, estou tentando melhorar e não quero fazer isso com mulheres."
"Tu tem que esquecer logo aquela parada, já aconteceu a mais de 1 mês e você ainda não se recuperou. Não deu nada de errado pra nós e nem pra você, o cara sumiu, então para de se preocupar com essa porra caralho, uma hora você vai arrumar problema pra gente assim."
"Não fala assim não papo reto, eu até gostava do moleque, mas precisava de dinheiro, não consigo não pensar nisso, não importa o que eu faça, me sinto zoado quando lembro do que ele disse."
A situação da conversa ficou tensa, qualquer um perceberia isso, Esther não entendia sobre o que eles estavam conversando, porém decidiu tentar quebrar esse clima.
"Eu sei que eu não deveria me meter, principalmente porque eu não faço ideia do que aconteceu, mas o que o Léo tá falando é verdade, sei que você precisa do seu espaço, mas ficar se remoendo por algo passado não ajuda em nada, só te deixa cada vez mais destruído."
As palavras de Esther, diferente do que ela esperava, acabaram por piorar a situação. Ninguém queria dizer mais nenhuma palavra, faltavam 7 minutos para iniciar a próxima classe de Otávio.
"Acho melhor eu ir, estou apenas perdendo tempo aqui, minha classe já vai começar."
Léo se levanta do banco e segura o braço de Otávio, sussurrando em seu ouvido.
"Como eu te conheço, se você tentar levar esse caso pra qualquer outra pessoa, você vai tá fodido. Vê se me escuta, se de repente der merda pro meu lado, eu vou te cobrar."
Isso soou como uma ameaça, Otávio joga a mão de Léo para longe e começa a argumentar.
"Me larga porra, tá dizendo que vai me matar então? Me mata caralho, mas isso não vai apagar toda a culpa que você tem nesse caso."
Léo então desencadeou uma fúria dentro de si, começou a gritar criando uma discussão onde puxou a atenção de boa parte das pessoas na praça.
"Para de falar merda seu desgraçado, você que o enganou por três dias pra que esse esquema desse certo, ainda estamos com o dinheiro, então se eu precisar eu te calo sim. Pra ficar se remoendo por tanto, não deveria nem ter topado primeiro."
"..."
Otávio se viu encurralado, o que Léo disse é verdade, ele sabe que se não tivesse aceitado, isso não teria acontecido.
"Ficou calado seu merda? Sabe que é verdade, não joga tudo pra cima da gente, todos fizeram algo, ninguém fez mais nem menos, então agora cale a porra da sua boca, isso não é assunto pra se falar aqui, não vê que temos uma caralhada de curiosos escutando nossa conversa?" Diz Léo enquanto se vira pras cabeças ao redor.
Agoniado por não poder argumentar contra, ele então decide se afastar de Léo. De repente, percebe-se uma agitação em uma das entradas da praça, algumas pessoas passavam correndo, não falaram nada mas estavam eufóricas. Outros que estavam sentados começaram a levantar, ninguém sabia o que estava acontecendo, até que então, deu pra se ouvir o grito de uma mulher.
"KYAAH!!"
O grito ecoou por todos os lados, essa mulher parece em choque, desesperada assim como os outros. Isso desencadeou um efeito dominó, os mais próximos dela puderam ver o motivo de toda a confusão e por consequência correram também, e com isso, o restante da praça começou a ficar agitado.
"AAAAH, S-SANGUE!"
"CORRAM, ELE TÊM UMA ARMA!"
"ANDEM LOGO PORRA."
"SOCORRO! CHAMEM A POLÍCIA."
"SAI DA FRENTE CACETE."
Otávio, Léo e Esther começam a correr, não queriam descobrir do que se tratava, mas se havia um motivo para isso era o melhor a se fazer. 'E se for um massacre?', esse é um plausível pensamento naquele momento, coisas assim infelizmente estão se tornando mais comuns, principalmente em universidades grandes.
Enquanto corriam, foi possível escutar disparos, um total de 5. Isso apenas confirmou o pensamento de todos, de fato, era algum tipo de massacre ou tiroteio, fazendo aqueles que prezam por suas vidas correrem ainda mais. Otávio olha pra trás para ter uma visão do que aconteceu, e percebe Léo caído no chão, rolando um pouco, pelo visto, ele foi acertado por alguns dos tiros, seu coração começou a disparar, bater muito rápido, nessa fração de segundos, vários pensamentos cruzaram sua cabeça.
Depois do choque se passar, ele sentiu uma imensa dor em sua perna esquerda, que o fez cair também. Um dos disparos o acertou, imobilizando-o. Era possível ver Esther olhando pra trás enquanto corria, ao perceber os dois caídos, o tempo para ela parou, breves milésimos pareciam anos, ela não sabia o que fazer...
Logo, ela decidiu continuar correndo e ignorá-los.
Léo tenta ficar de pé mas não consegue, ele foi acertado em ambas as pernas. Otávio vê a visão da morte, um homem alto, usando um simples casaco, encapuzado, anda calmamente na direção deles, ele porta um Revólver em sua mão assim como uma Pistola na outra, há sangue em suas roupas.
Da pistola dá para se notar uma simples fumaça saindo dela, parece que ele atirou exclusivamente para acertar Léo e Otávio, ninguém mais foi atingido, e em questão de poucos segundos, a praça que estava completamente cheia, só se encontra agora com os dois.
Léo olha pra trás e também nota esse homem, ele começou a ficar desesperado, tentou ficar de pé novamente mas não conseguiu, a dor parecia imensa, com o restante de sua fúria ele então começou a gritar.
"AAAH, MAS QUE MERDA... ESSES BANDOS DE FILHOS DA PUTA... NINGUÉM PAROU PRA NOS AJUDAR, NEM MESMO AQUELA DESGRAÇADA! EU VI ELA OLHANDO PRA NÓS, ELA NOS IGNOROU, ELA ME IGNOROU TOTALMENTE..." Diz Léo, se demonstrando totalmente frustrado.
Ele então começou a se arrastar para que pudesse tentar fugir do homem, mesmo sabendo que não iria adiantar de nada. Otávio também tentou se levantar, ele pôde ficar de pé pois só foi acertado em uma das pernas, mas a dor ainda é imensa.
O homem parece caminhar primeiro na direção de Léo, Otávio percebeu isso, andava com sua única perna para que pudesse fugir, mesmo sem esperanças, tentou, mas para sua infelicidade, foi possível escutar outro disparo.
POW!
"PORRA!"
Otávio caiu no chão imediatamente, esse tiro acertou sua perna que não estava ferida, ele então começou a se arrastar para perto de uma parede. Léo olhou o homem se aproximando novamente, desesperado para que não morresse, parou de gemer de dor e voltou a gritar.
"VOCÊ, O QUE VOCÊ QUER DE MIM PORRA? DINHEIRO? EU TENHO, POSSO TE OFERECER, QUER QUE EU SE JUNTE A VOCÊ? TUDO BEM, EU TAMBÉM FAÇO ISSO, Q-QUALQUER COISA CARA, ME DEIXE VIVER AO MENOS, POR FAVOR..."
Léo chora, como se estivesse lembrando de seus pecados, ele ainda mantém sua compostura por conta de seu orgulho, mas em sua mente, rezava a Deus para que pudesse viver.
"ARGH! DROGA, PORRA CARA, CALMA AI VAMOS CONVERSAR, PRA QUE TUDO ISSO, SÉRIO, OLHA PENSA SÓ, SERIA MAIS BENÉFICO PRA VOCÊ OUVIR O QUE EU TENHO A DIZER, VAMOS CHEGAR A UM CONSENSO, ME ESCUTA POR FAVOR MESMO!"
A natureza de Léo foi posta a uma provação, era como se ele estivesse em um julgamento. Ele grita desesperadamente enquanto se arrasta pelo chão, mas o homem o ignora, continuando com os seus ensurdecedores e profundos passos.
Otávio conseguiu chegar até uma parede, percebeu que fugir seria inútil então decidiu se encostar nela. Os dois se perguntavam quando iria chegar alguém para salvá-los, seja um aluno, funcionário, principalmente a polícia, mas ninguém... Ninguém apareceu.
Léo então começa a olhar para Otávio, os dois estão em situações desesperadoras, mas diferente de Léo, Otávio não esboça nada, nem parece abalado. Essa reação o emputeceu, fazendo ele começar a se rebater e a socar o próprio chão.
Suas mãos se enchem de sangue, sua pele rasga a cada soco dado no concreto, ele não aceita morrer tão precocemente, principalmente em um massacre escolar por um homem qualquer.
Léo novamente olha para Otávio, ainda sem reação, ele começa a profanar diversas palavras em cima dele, com o intuito de fazê-lo reagir a alguma coisa, ou ao menos a dizer alguma coisa.
"MAS QUE MERDA OTÁVIO, FAZ ALGO TAMBÉM SEU DESGRAÇADO! FICA AI PARADO, SEM DIZER PORRA NENHUMA, CAPAZ DISSO TUDO SER CULPA SUA TAMBÉM, AH MAS QUE SACO... VOCÊ E A MERDA DA SUA DEPRESSÃO DO CARALHO! CHAMA A ATENÇÃO DELE, TENTA CONVENCÊ-LO A PARAR... EU ME RECUSO A MORRER PRIMEIRO QUE VOCÊ, É SUA OBRIGAÇÃO COLOCAR SUA VIDA ABAIXO DA MINHA! EU ME RECUSO–"
Léo é interrompido por um simples mas misericordioso barulho, o homem encapuzado já havia se aproximado o suficiente. O som do revólver sendo carregado o silenciou na hora, Léo se vira para ele, e como últimas palavras, começa a pedir por clemência.
"Já vai tarde." Ditava o homem encapuzado.
Com isso, Léo sente, que realmente chegou o seu fim, que agora é sério, que ele realmente, vai morrer...
BANG!
Um certeiro tiro em direção a cabeça de Léo, é possível ver o buraco feito pela bala. Léo está morto, pra valer agora, o chão começou a se preencher com muito sangue, e finalmente, o desespero de Otávio se desabrocha.
Agora ele é o próximo, seu destino era ser morto por esse homem assim como Léo. 'Por que?' Se pergunta, 'Seria por causa dele?', Otávio está confuso, ele nunca foi de acreditar tanto em divindades, mas agora, ele pensa, se é algum julgamento divino de seus crimes.
O homem se aproxima, chegando bem perto de Otávio. Ele recarregou o revólver, girando o tambor, é possível escutar novamente o mesmo som que silenciou Léo.
Otávio sente calafrios, começou a hiperventilar, a sensação que ele sente é próxima a de uma tortura física, a certeza da morte é pesada, sua consciência começa a ficar desesperada e instintos naturais veem a tona, seu coração bate extremamente rápido, e assim como Léo, Otávio grita, pedindo por clemência a sua vida, ele não queria morrer, mesmo insatisfeito com ela, ele ainda gostava, e queria ver o que o mundo tinha a oferecer.
"Sua ganância lhe corrompeu, assim como a fúria em mim."
O choque mental que atingiu Otávio chegou a seu ápice, ele treme enquanto chora, baba, se rebate, essa terrível realização...
A certeza da morte.
É agonizante.
BANG!
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