Após uma briga judicial intensa entre mãe e pai, durante o julgamento, foi decidido que a guarda da filha ficaria com uma “instituição” para crianças problemáticas. Foi um enorme alívio para ambos. A pequena garota chamada Meifu não era mais problema deles.

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Quando Meifu completa 18 anos, também não é mais problema da “instituição”. Que a tinha feito passar por severos “tratamentos pedagógicos”. Afirmando que ela já estava habilitada “o suficiente” para não ser de sua responsabilidade. Como última alternativa, a garota problemática foi mandada para uma mansão isolada, que por acaso estava no nome de um parente falecido. Já na frente da porta da mansão velha e um pouco acabada, Meifu move o pescoço para os lados de forma robótica e lenta, gravando cada centímetro quadrado do novo ambiente em seus olhos opacos e mortos. 

— terreno analisado. Macio o suficiente para enterrar algo nele.

Diz Meifu de forma apática e desinteressada. A postura dela era solta, com os dois braços moles pendendo dos lados, ela não parecia ter pressa em entrar na mansão, escanear as coisas detalhadamente era seu foco atual. Depois de um longo tempo, Meifu abre a porta, usando uma cópia da chave que deram para ela. A garota entra completamente no edifício, seus olhos estão completamente abertos, porém estava calma, sim. Esse era um hábito bastante recorrente de Meifu. Chamado de “varredura” essa garota problemática tem muitos pontos em comum com câmeras de segurança

 “tudo parece intocado demais. Os quadros antigos e empoeirados deixam claro que aquela instituição me mandou para o local correto. A podridão do pecado que sinto por aqui é inconfundível.”

Pensou Meifu consigo mesma. A garota parecia ter uma noção distorcida da realidade. Acreditava que existia propósito real para terem a jogado alí. Sua forte devoção por figuras religiosas desenvolvida naquela instituição colaboraram com esses delírios. Entrando mais fundo na mansão, Meifu teve que pegar sua lanterna para continuar a explorar o local, pois a iluminação não funcionava, a escuridão do local engolia os degraus superiores da escada principal do salão. A garota segue pelas escadas. O silêncio do local era quebrado ocasionalmente por barulhos do ambiente. Alguns ratos caminhando dentro das paredes, a água das goteiras pingando e o zumbido esquisito na cabeça de Meifu, ah. O zumbido era algo rotineiro, sempre esteve alí. 

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Ao entrar em uma sala no segundo andar, Meifu finalmente encontra algo minimamente relevante. Um livro em cima de uma estante. O cômodo era o único com algum tipo de iluminação. Uma única vela perto do livro. Sem demorar muito, Meifu verifica o conteúdo do livro. 

— Como eu pensei. Isso é um livro pagão. Que louva uma espécie de rei supremo.. o Drácula.

Meifu joga o livro no chão e o pisoteia com raiva, girando seu calcanhar em cima da capa. Parando apenas quando tudo que resta são páginas esmagadas. Ela finalizou o ato cuspindo no que sobrou do livro. 

— só Deus pode ser louvado. Eu estava correta ao presumir que essa mansão era um epicentro de heresia..

A garota aperta os punhos com força, segurando a raiva. Só o mero fato desse livro existir, a deixava furiosa. 

— Uma vela não se acende sozinha. E se ela está acesa agora, quem ascendeu esteve aqui recentemente.. herege maldito..