Abri o aplicativo de compras de passagens e adquiri para o próximo voo ao Setor 11. Seria uma viagem longa, mas eu precisava tirar aquela angustia do meu peito. Liguei novamente para o telefone de minha mãe, em vão, a ligação caiu direto na caixa postal. Bufei, abrindo uma mala e enfiando algumas mudas de roupa nela de qualquer jeito. Recolhi meus documentos, um laptop e a Veenea, depositando-os na mala de mão. Saí do meu quarto, travando a porta com a senha e a leitura da digital. Havia pesquisas importantes de mais ali para ficarem desprotegidas. Ao descer as escadas percebi que meu pai se encontrava sentado no sofá da sala. Ele se levantou assim que me viu.
—Está indo ver Cecile? – Indagou, se aproximando enquanto eu caminhava em direção a porta.
—Sim... Não posso ficar aqui sentado esperando notícias, vou enlouquecer.
—Vai dar tudo certo, ela é uma mulher forte, você vai ver. – Ele disse, apertando meu ombro. Seus olhos verdes cansados possuíam um brilho de admiração, o qual sempre surgia quando o assunto era minha mãe. Com certeza meu pai ainda gostava muito dela.
—Eu sei, mas quero poder ajudar em tudo o que for possível. Assim que tiver respostas, te aviso.
—Certo. Tenha uma boa viagem. – Despediu-se.
Cruzei o caminho até a garagem, depositando a mala no bagageiro e entrando no carro. Abri a mala de mão e peguei Veenea, conectando-a ao dispay do veículo. Veenea fazia parte do meu mais recente projeto em colaboração com Matthew e Frederick, o Spade Project, que consistia na criação de pequenos robôs com vida artificial, munidos de um sistema genético impecável, comparado ao dos humanos, mas ainda sendo máquinas.
Assim que seu sistema iniciou, Veenea abriu os olhos, mexeu os dedos e inclinou o rosto delicadamente em minha direção.
—Boa tarde Senhor. Devo calcular a rota mais rápida ao Aeroporto? – Indagou, com sua voz doce.
—Boa tarde Veenea. Não precisa, eu já analisei o percurso. – Ela assentiu, pulando de cima do painel do carro e sentando-se no banco do passageiro.
—O Sr. Gostaria que eu ligasse para a Senhora Cecile novamente?
—Por favor. – Após alguns segundos de espera ela moveu a cabeça em negativa.
—Sinto muito, não atende.
—Obrigado Veenea. Como está o céu para viagens noturnas hoje?
—Ótimo em grande parte do caminho, algumas nuvens de chuva próximo ao destino, mas devem se dissipar antes de chegar lá.
—Certo. Verifique para mim se minha mãe deu entrada no centro médico do Setor 11.
—Sim. Ficou duas horas e quarenta e um minutos no Centro Obstétrico e depois foi encaminhada a Central de Estudos Genéticos.
—O que? Por que?
—O motivo não foi registrado no sistema, Sr.
—Estranho... bom, contrate um serviço de táxi para me levar do aeroporto até o centro médico de lá.
A pequena robô assentiu.
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